sábado, 1 de julho de 2017

O PRIMEIRO EDITORIAL
PARA SERVIR
Cada jornal que se abre há de ser, pelos próprios objetivos da imprensa, uma trincheira a mais na defesa da dignidade do homem e das instituições por ele criadas para garantia da vida comum, na paz e no entendimento, assim como daquelas outras instituições que, transcendendo o humano, refletem e guardam as mensagens e o exemplo deixado por Deus na terra.
Assim se explica havermos colocado junto ao nome deste jornal, para que diariamente penetre, com ele, todos os olhos e alcance todos os corações, o brasão da altiva e generosa cidade de Santos, que justamente se orgulha de sua tradição de ensinar não apenas o amor pela pátria, mas também a grande virtude da caridade.
CIDADE DE SANTOS chega para, em harmonia com os demais que sobre seus ombros tomaram o alto mister do jornalismo no grande porto do café, assim como em todas as áreas que com ele formam a grande metrópole os frutos primordiais da Imprensa, que são, conforme consagrou sua Santidade o Papa Paulo VI, a informação e formação.
Forcejaremos para que o jornal que agora se apresenta à ordeira e laboriosa população santista esteja à altura daquelas tradições que o emblema do município ressalta. A informação imparcial, o comentário sereno, a total independência, a preocupação de ajuntar aos fatos o complemento cultural que contribua para o aperfeiçoamento intelectual, a certeza de que nossas portas e colunas estarão abertas ao diálogo, o empenho em dar à notícia de Santos a divulgação que ela merece, a férrea disposição de defender a justiça social – eis um pouco da matéria-prima de que será feita a CIDADE DE SANTOS.
Contamos, para isso, com o apoio dos leitores, das grandes massas de trabalhadores e dos empresários, veículo que o jornal dos interesses das mensagens de uns e outros. Juntos, haveremos de servir à Pátria e ajudar os homens na sementeira do Amor, a grande força construtiva.

ACERTOS PARA VENCER. Superado o impacto de lançamento, a tiragem do jornal não cresceu por causa dos limites de encalhe. A rotina editorial envolvia denúncias de descalabros na Prefeitura de Santos, de corrupção, especialmente nas empresas públicas e nos postos de gasolina, sem contar golpes imobiliários como o que resultou na grilagem de parte da praia do José Menino, divisa com São Vicente. Todo esse cenário era apresentado ao leitor com a criatividade gráfica de Fraterno.
A tiragem era realmente baixa, apesar do esforço dos repórteres e colunistas. Frias e Caldeira cobravam resultados de Aggio Jr.; Adolfo (Circulação) e de Pires (Publicidade) o pressionavam. “Precisávamos descobrir o que estava acontecendo, pois, teoricamente, tínhamos tudo para crescer.” Diante do problema o triunvirato foi às ruas pesquisar. Freddi, Adolfo e Ággio Jr. ouviram leitores, não leitores e, principalmente, jornaleiros – os que escutam o leitor em primeira mão. E foi uma portuguesa, dona de uma das principais bancas da cidade, quem elucidou o enigma. “Ela apontou para um exemplar do jornal pendurado na banca e, com linguajar rude e direto, proclamou: ‘É vonitinho, mas ordinário. Não tem letras, só vranco. E vranco ninguém lê’.”
Eles voltaram para a Redação e tentaram mostrar a realidade a Fraterno Vieira. Inutilmente. Com muito custo extraíram dele uma pequena alteração nas páginas internas, mas nada de alterar a cara do jornal. A verdadeira modificação aconteceria algum tempo depois, após uma crise interna provocada por Fraterno e que resultou na saída dele. Horley e Torres assumiram a responsabilidade de mudar a apresentação do jornal a partir das próprias concepções gráficas, com resultados positivos nas vendas.

Mais tarde dois profissionais de peso deixaram A Tribuna para se juntar ao novo periódico: o cronista esportivo DE VANEY e o chargista J. C. LÔBO.

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