domingo, 17 de junho de 2018


AVENIDA PAULISTA E O VERDE
Nesse mostruário de arquitetura contemporânea, em que se transformou a Avenida Paulista, há muitas surpresas para apreciadores da natureza. Como o belo jardim do Hospital Santa Catarina que tem 3 925 metros quadrados, com uma pequena área aberta ao público entre a entrada do estacionamento e a capela; porém, com o agendamento de uma visita é possível conhecer a área principal. Nesse espaço cheio de tranquilidade, existem 100 tipos de plantas: além de rosas e orquídeas, há hortênsias, gardênias, jasmim, antúrios e camélias entre cerca de 180 árvores – ciprestes, cerejeiras e pinheiros –, e palmeiras. Uma delicada escultura de São Francisco de Assis se destaca em meio ao verde e mais adiante há um insólito grupo de anõezinhos. Nos fundos, encontram-se uma gruta e um lago com carpas coloridas. Sabiás, periquitos, bem-te-vis, beija-flores, rolas, pardais e papagaios se encarregam de alegrar o ambiente com seus gorjeios e cantorias. Inaugurado em 6 de fevereiro de 1906, como Sanatório, o Hospital Santa Catarina foi criado por iniciativa da Irmã Beata Heinrich, do médico austríaco Walter Seng e de Dom Miguel Kruse. A visita agendada inclui o acervo histórico da instituição, como fotos de época, mobiliário, objetos usados pelas equipes médicas e mesmo artigos pessoais. Avenida Paulista, 200. Telefone para agendamento: 11-3016-4155.  Metrô Brigadeiro.
Do outro lado da avenida, há o famoso jardim que se sobrepõe ao Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura mais conhecido como “Casa das Rosas”. O palacete de 1935, que leva assinatura de Ramos de Azevedo, está bem preservado e a iniciativa de tornar o jardim em passagem da Avenida Paulista para a Alameda Santos foi muito bem sucedida. Na edícula, funciona um café sempre cheio. Avenida Paulista, 37. Metrô Brigadeiro.
            Vale a pena observar o prédio da esquina da Avenida Paulista (altura do nº 1230) com a Rua Pamplona até a Rua São Carlos do Pinhal, onde a calçada se destaca pela beleza do ajardinamento simples. O pedestre pode caminhar pela calçada junto da pista de carros ou subir alguns degraus para desfrutar de tranquilidade, sentando-se em um dos bancos para uma pausa, uma leitura ou um sorvete amigo. Metrô Trianon-MASP.
         Mais adiante, do lado esquerdo da avenida, encontra-se o Parque Municipal Prefeito Mario Covas, criado em 2010.  Com 5.396 m², a área fazia parte da propriedade do advogado René Thiollier (1882-1968) – organizador da Semana de Arte Moderna e um dos fundadores do Teatro Brasileiro de Comédia – TBC. Ao vender o imóvel a família exigiu, em escritura pública, que toda a área verde fosse preservada. A cidade agradece. O visitante desfruta de um bosque agradável em que se destacam o pinheiro-do-paraná, figueira-da-índia, cafeeiro, cedro, mangueira, paineira etc.
Avenida Paulista, 1853. Metrô Trianon-MASP.  
Quem jura que o Trianon fica na Avenida Paulista, engana-se. O endereço é Rua Peixoto Gomide, 949. Mas não faz mal, porque ninguém escreve para o Fauno, escultura de Victor Brecheret que se encontra no Parque. A obra é de 1941/42. Trianon era a denominação do belvedere que existia na área que o MASP ocupa como escrevi antes; o bosque em frente ao belvedere já estava destinado por Joaquim Eugênio de Lima (pai da avenida) para ser um parque, que foi criado pelo paisagista Barry Parker e era uma complementação do Trianon. Em 1931 a área ganhou o nome de Parque Tenente Siqueira Campos, em homenagem ao militar, que participara a Revolta do Forte de Copacabana (1922) e acabara de morrer em acidente de avião. Ninguém ligou para o nome novo. Assim, o Trianon resistiu. E resistiu bravamente a todas as mudanças da Avenida Paulista. As autoridades desistiram.
Ele tem 48.600 m² de vegetação remanescente de Mata Atlântica (há algumas exóticas). Existem 135 espécies registradas – destas oito estão ameaçadas como a cabreúva e o chichá. Vale a pena conhecer o araribá-rosa, o cedro e o jequitibá entre várias outras árvores nativas. A fauna é pobre, afinal, bem mais difícil para os animais se adaptarem a um ambiente tão urbano quanto a Avenida Paulista. A Prefeitura registra principalmente a presença de “seres alados”: sete espécies de morcegos e duas de borboletas (só, felizmente) e 28 de aves – entre as quais alma-de-gato, pitiguari, quiri-quiri, saíra-amarela e tico-tico. Há também a rãzinha-piadeira, característica de Mata Atlântica. O parque ocupa duas quadras da Avenida Paulista à Alameda Jaú. Uma passarela sobre a Alameda Santos mantém a sua unidade.    

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