quinta-feira, 7 de junho de 2018

AVENIDA PAULISTA

Então, Todos Foram Embora...

A II Guerra Mundial terminou em 1945 e com ela o velho estilo de vida. O primeiro sinal veio mesmo em pleno conflito, quando em 1941 surgiu no final da Avenida Paulista o Edifício Anchieta que, provavelmente, não teria aprovação de José Eugênio de Lima, idealizador da Avenida. O prédio, encomendado pelo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI) ao escritório carioca de arquitetura MMM Roberto, tem apartamentos simples (60) e duplex (12). O objetivo do IAPI era alugar os apartamentos para os funcionários, mas... Isso é outra história. O segundo prédio da avenida Paulista também leva um jeito carioca e data do início dos anos 1950: o Nações Unidas, na esquina da Avenida Brigadeiro Luis Antônio (lado par). O projeto é do arquiteto Abelardo Riedy de Souza.
Inauguração da Avenida Paulista, aquarela de Jules-Victor-André Martin (1832-1906).

O primeiro casarão a vir abaixo foi o de Horácio Sabino (1869-1950), na esquina com a Rua Augusta, projetado por Victor Dubugras (1868-1933). O palacete foi vendido pelos herdeiros ao argentino José Tjurs, que construiu o Conjunto Nacional, inaugurado em 1956. O projeto tem assinatura do arquiteto David Libeskind (1928-2014).  
Em 1951 o belvedere do Trianon já fora abaixo para a implantação de um pavilhão para abrigar a I Bienal Internacional de São Paulo. O terreno havia sido doado por Joaquim Eugênio de Lima à Prefeitura sob a condição de que se mantivesse a vista para o vale onde um dia houvera o riacho Saracura. O empresário, jornalista e oportunista Assis Chateaubriand (1892-1968) conseguiu um acordo com a prefeitura paulistana (Ademar de Barros) e a arquiteta Lina Bo Bardi fez o projeto da sede do MASP de forma a atender os desejos de Joaquim Eugênio de Lima, criando o famoso vão livre de 74 metros, obra viabilizada pelo engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz (1918-1994). A construção arrastou-se por dez anos, sendo inaugurada em 1968.
A Avenida Paulista residencial de José Eugênio de Lima durou pouco mais de meio século e no lugar dela brotaram os arranha-céus estilosos, alguns residenciais, outros mistos, mas a maioria comercial.
Dos velhos tempos resta pouco. O palacete do coronel Joaquim Franco de Mello, bastante deteriorado, mas sem perder a majestade. Em estilo eclético (mistura de várias tendências arquitetônicas), a casa está situada em um terreno de 4720m e tem 35 cômodos. Ficou também a Casa das Uvaias (1905), com 11 cômodos,  e que pertenceu a Álvaro da Rocha Azevedo (1869-1942), advogado e ex-prefeito de São Paulo. Um presente do sogro, Joaquim Eugênio de Lima. O arquiteto foi João Gullo. Infelizmente, ainda não encontrei referências sobre o casarão em que funcionou a lanchonete Mc Donald.
Quem sabe, se tantos anos depois, o empresário Joaquim Eugênio de Lima aprovaria a Avenida Paulista...

CURIOSIDADE: uvaia é uma fruta cítrica nativa, rica em vitamina e utilizada para sucos.
Fotos: Hilda Prado Araújo, 2018.

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