segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

PARIS ME ENCANTA

OLEGÁRIO MARIANO (1889-19958)


PARIS

“Paris me encanta, esse rumor constante

De sirenes, de carros e de gente,

Enche meus olhos turvos de viajante

De uma grande volúpia surpreendente.

 

Passa a turba, em farândola envolvente,

Num doido bruaá febricitante...

Paris! Dás-me aos sentidos, de repente,

Um gozo forte, acídulo, excitante.

 

E tudo freme!... Em meio à populaça

Há conflitos de amores em tumulto...

‘Mimi Pinson’... Musette... E a turba passa...

 

E no velho Montmartre, em noite feia,

Em cada esquina obscura e em cada vulto

A sombra de Verlaine cambaleia...”

Paris, maio de 2012.

Paris, maio de 2012.




domingo, 28 de dezembro de 2025

"VIDA"

 

“Percebo que, à medida que envelheço, vou-me desprendendo, cada vez mais, das coisas do mundo, não levado pela ideia da morte, mas pelo sentimento da vida. As ambições, as recompensas, as injustiças vão-me parecendo, cada vez mais, elementos ligados ao que a vida tem de progressivamente circunstancial. Mas o viver é, na minha idade, desligar-se das circunstâncias e explorar o que a vida tem de próprio, de independente de tudo o que se chama ‘vencer na vida’.  Agora compreendo bem isto, e nada do que é inerente ao êxito me atrai mais. A vida me impele às afeições, à leitura, à meditação do que leio, à contemplação, às viagens, a conversas com alguns poucos, ao bom vinho, às coisas simples pelas quais os homens devem viver e morrer.”

AFONSO ARINO DE MELO FRANCO

In: "Alto-Mar Maralto". Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1976.

"Le verre de vin et la demi-baguette de pain." Auguste Renoir (1841-1919).

Egito, 2011.


sábado, 27 de dezembro de 2025

HILDA ROSE

 

Com a cidade praticamente vazia, resolvi fazer uma excursão ao Morumbi que, graças ao metrô, não é tão longe. E lá fui eu de bermudas, sandálias e chapéu para enfrentar o calor. Na estação, me dirigi à cabine para pedir informações sobre algum ônibus que passasse na altura do cinco mil e tanto da avenida Morumbi. Quando me viu o funcionário todo sorridente me disse que eu parecia a Rose. Rose? Sim, do Titanic. Retribui o sorriso e disse que não havia assistido ao filme mesmo porque no fim o navio afunda. “Mas a Rose não morre!” E logo perguntou como poderia me ajudar. Quis saber meu nome e pediu à colega no computador para achar o ônibus que servisse para Hilda Rose. Enquanto a moça pesquisava, ele contou uma parte do filme. A essa altura eu já sabia que ele se chama Damião. Outro funcionário chegou do almoço e Damião rapidamente me apresentou como Hilda Rose ao “Brad Pitt” – o rapaz realmente é muito bonito. E bem-humorado porque, sem saber do que se passava, tratou de informar que era o “Brad Pitt depois da guerra”. A moça achara o ônibus para mim: Água Espraiada. Agradeci muito à gentileza do grupo, desejei feliz ano novo e fui para o calor infernal da avenida Francisco Morato. Pensei com meus botões: o que não faz um chapeuzinho. Eles tornaram minha tarde muito agradável.

Pilar da antiga porteira da Fazenda Morumbi.


quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

QUEM RESISTE AO SOL?

 Vesti roupa leve, calcei sandálias confortáveis, peguei o chapéu e a bolsa e fui caminhar – a meta ir até a Praça João Mendes pelo caminho dos ônibus. Calculo que sejam dois quilômetros e meio; se cansar durante o trajeto tenho a possibilidade de pegar um dos dois ônibus para a Aclimação ou embarcar no metrô da Sé. Na esquina encontro uma vizinha e depois de longo papo nos despedimos. As ruas estão praticamente vazias. Resolvo me abastecer no Posto Aclimação, o posto de gasolina mais antigo do Brasil ainda em funcionamento. Foi inaugurado em 1930: Avenida Aclimação próximo à Rua Pires da Mota. Com arquitetura neocolonial e a logomarca da Anglo-Mexican Petroleum (Shell) na portada, ele é tombado como patrimônio Histórico. Entre, pego água na geladeira, pago e prossigo o caminho.

Na esquina seguinte, parado no farol um carro da PM na Rua Conselheiro Furtado e outro na travessa. Nada demais se o policial no banco do passageiro não estivesse explicando para o civil as funções das cores do semáforo. Pensei com os meus botões que, se o cidadão está dirigindo, deve ter carteira de motorista e conhecer a sinalização. Atravessei passando por trás do incauto. Ali está o Templo Lohan, junto ao Viaduto do Glicério, que pretendo visitar um dia. Foi fundado em 1995 com o propósito de “produzir conteúdo de qualidade relacionado ao Budismo, Kung Fu, Medicina Tradicional e Arte, Filosofia e Literatura Chinesas”.

O início da Conselheiro Furtado é uma ladeira desencorajadora, mas enfrento sem problema. O mais estranho é que a calçada é dividida entre uma escadaria e uma rampa que conduzem à Rua Conde do Pinhal (fundos do Fórum João Mendes). Cheguei à Praça e decido que não retornarei a pé – farei o percurso de ida e volta num final de tarde. No ponto do ônibus, apenas uma senhora e não demora para iniciar um bate-papo. Vai a casa da irmã na Rua Lavapés. Ela se apresentou, mas para variar não guardei o nome. O motorista a deixa na Rua da Glória para onde ela descerá em direção ao Cambuci.

Sou a única passageira. O motorista diz que ainda tem duas viagens para fazer. Ida e volta conta uma viagem. Lá pelas 16 horas terminará o dia de trabalho. Lá atrás a cobradora olha a paisagem. Eu desejo bom dia e desço a 50 m de onde moro. Meu objetivo é beber mais água. O almoço será mais tarde.






quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

NOEL ESTÁ CHEGANDO À CIDADE


Milagres tecnológicos – Frank Sinatra (1915-1998) nunca soube deste dueto. A gravação da música “Santa Claus is coming to town” é de 1948, quando o cantor americano estava com 33 anos – vídeo é dessa época. O britânico Seal nasceu em 1963 e tinha 35 anos quando Sinatra morreu.

A técnica não é nova. O dueto mais famoso é “Unforgettable” de Natalie Cole (1950-2015) feito com o pai já falecido Nat King Cole (1919-1965). A gravação foi realizada em 1991.

Seal é nome artístico de Henry Olusegun Adeola Samuel (1963) – ele tem avô brasileiro e já fez shows no Brasil.



https://www.youtube.com/watch?v=G6Lp0i_I34w




terça-feira, 23 de dezembro de 2025

DIA DO VIZINHO

Hoje é o Dia do Vizinho. 

Para marcar a data lembro os vizinhos terríveis do filme “O bebê de Rosemary” (1968), dirigido por Roman Polansky; mas prefiro Kramer (Michael Richards), o vizinho inconveniente da série “Seinfeld” (1989-1998), minha série predileta junto com “I Love Lucy” (1951-1957), que tem vizinhos muito simpáticos – Ethel (Vivian Vence) e Fred (William Frawley).   

Ah! O personagem foi inspirado no vizinho de Larry David, roteirista da série.

Michael Richards no papel de Kramer.

https://www.youtube.com/watch?v=3xde0TX7IWI&t=304s



domingo, 21 de dezembro de 2025

MON NOUVEAU CHAPEAU

 


Verão chegando daqui a pouco e já providenciei um novo chapéu para as próximas caminhadas.

           Estudei Francês no ginásio e no colegial, mas tive aulas com um professor particular e sempre que vejo um chapéu lembro-me dele por causa de uma lição em que um chapéu tinha papel de destaque.

O PERU DE NATAL

“Comprou-se o peru, fez-se o peru, etc. E depois de uma Missa do Galo bem mal rezada, se deu o nosso mais maravilhoso Natal. Fora engraçado: assim que me lembrara de que finalmente ia fazer mamãe comer peru, não fizera outra coisa aqueles dias que pensar nela, sentir ternura por ela, amar minha velhinha adorada. E meus manos também, estavam no mesmo ritmo violento de amor, todos dominados pela felicidade nova que o peru vinha imprimindo na família. De modo que, ainda disfarçando as coisas, deixei muito sossegado que mamãe cortasse todo o peito do peru.” 

Conto de Mário de Andrade: "O peru de Natal" (1947).


Foto: Frank Schulenburg, Wikipedia.

A sobremesa pode ser o Bolo Divino: ½ quilo de açúcar, 24 ovos (sendo 12 sem claras), 120 g de manteiga. Bate-se como para pão de ló; junta-se um coco ralado e continua-se a bater; engrossa-se com farinha de trigo. Vai ao forno em forma untada com manteiga.”  

“AÇÚCAR: uma sociologia do doce com receitas de bolos e doces do Nordeste do Brasil.” Gilberto Freyre.