Conheci
a Praça Roosevelt, que já não era agradável, em 1982, quando mudei para São
Paulo e comecei a frequentar a Biblioteca Circulante da Mário de Andrade. Além
da Circulante, lembro que havia uma escola infantil, uma loja Pão de Açúcar e
uma floricultura. Meu caminho incluía os programas do Biju, ainda um cinema que
exibia filmes de arte, e o Teatro Cultura Artística na Rua Nestor Pestana. A
história da praça, que já se chamou Consolação, está ligada à Dona Veridiana
Prado, cujas terras abrangiam uma extensa área daquela região e foi loteada no
final do século XIX. Nas imediações da Rua Nestor Pestana a família Prado
construiu o Velódromo, que divulgou um esporte estrangeiro praticado entre os
ricos que podiam importar bicicletas; porém, a moda durou pouco porque outro
esporte estrangeiro ocupou o espaço, mas dessa vez conquistou o grande público:
o football.
Na
época da construção da igreja da Consolação, 1910, ali se realizavam feiras no
final de semana e havia também um grande estacionamento. A Praça já se chamou
Consolação e Guianas até que em 1947 recebeu o nome do presidente
norte-americano Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), que faleceu dias antes do
término da II Guerra na Europa (no Japão, acabou em agosto de 1945). Se a praça
nunca agradou a gregos e troianos do ponto de vista estético e urbanístico, atualmente
ainda balança o coração dos velhos boêmios que frequentaram o bar e restaurante
Baiúca – reduto de Johnny Alf, Zimbo Trio entre outros grandes nomes da MPB, e
o Djalma’s Bar, onde Elis Regina fez seu primeiro show em São Paulo, e outros grandes
artistas se apresentaram.
A
velha e boa Roosevelt passou por várias transformações até chegar ao formato
atual. Confesso que não gosto do resultado da última reforma que fizeram na praça.
Sem graça. Concreto em abundância. Sonho de skatistas. Eu, porém, não vivo no
entorno. Uma moradora que passeia com seu cãozinho me conta que o resultado foi
muito bom: “A praça se tornou um lugar familiar”, segundo ela, pois há
policiamento 24 horas por dia e as pessoas podem sair de casa com tranquilidade
para passear, tomar sol ou fazer compras". Ela faz uma ressalva: se as noites
são calmas e agradáveis de segunda à quinta-feira, o alvoroço acontece nas
noites de sexta, sábado e domingo.
A caminhada que fiz numa noite de
quinta-feira, confirmou a tranquilidade do lugar. E para quem quer saber, no lado
par da Praça encontram-se entre outros o Espaço Parlapatões, Satyros Bijou –
Espaço Patrícia Pilar, o bar Pick your beer... Enfim, melhor ir e conferir.
Do
outro lado da Praça encontra-se a Escola Caetano de Campos (Rua João Guimaraes
Rosa, 111). A Escola Estadual de
Ensino Fundamental e Médio (EEEFM), cuja origem foi na Praça da
República, foi transferida em 2003 para a Rua Pires da Mota, 99, na Aclimação. O
prédio da República, obra do Escritório Ramos de Azevedo e inaugurada em 1894, é
a sede da Secretaria Estadual de Educação, e está passando por obras de restauração.