quarta-feira, 29 de abril de 2020

PORTAS E CONFINAMENTO.

Simples ou sofisticadas, elas sempre implicam uma decisão: sair ou ficar. Transpor a soleira é sempre bom, não importa em que direção. 
algumas portas fotografadas em minhas caminhadas.







 
Edifício Martineli. 

segunda-feira, 27 de abril de 2020

CONFINAMENTO: SAÍDAS NECESSÁRIAS.

 Quando supermercado vira programa...


Ficar em casa não é um problema para mim, mas não desfrutar os dias de abril que vai chegando ao fim me frustra um pouco, entretanto, uso as idas ao supermercado para aproveitar pelo menos um pouco desse mês tão simpático. “Mês de lagartear ao sol”, citando Monteiro Lobato. A vizinhança se adaptou aos novos tempos: um idoso caminha pela pracinha das 6 às 7 horas; outro, que jogava tênis, agora corre cerca de um quilometro todas as manhãs; há um terceiro que deve estar se preparando para as Olimpíadas das calendas gregas, pois corre, faz abdominais, saltita sob a supervisão de um “personal trainer” no quarteirão aqui de casa. Um exibido! Só de ver fico exausta. Nessas saídas necessárias, vejo que a prefeitura aproveita para fazer recapeamento da nossa rua; notei que o uso de máscaras aumentou bastante, mas ainda há muitos rebeldes; nos supermercados, há medidas sanitárias evidentes ‒ pelo menos nos três ou quatro que costumo frequentar. Enquanto algumas árvores floriram e já perderam as flores, outras começam a esbanjar beleza e cor. Com a diminuição de veículos nas ruas, semáforos estão no amarelo piscante ou simplesmente desligados. A última vez que peguei um ônibus foi em 12 de março, quando fotografei o cartaz da prefeitura de São Paulo alertando sobre o vírus. E já era a única passageira. Continuam vazios. Se vou ao supermercado no Largo Ana Rosa, uso a passagem subterrânea do metrô, que parece abandonado: ninguém á vista. Uns poucos restaurantes estão abertos, mas a entrada vetada: comida só para levar. As bancas de jornal funcionam e aproveito para comprar um livreto de Sudoko, meu vício.  Bom mesmo é observar que muitos comerciantes adaptaram os negócios aos tempos difíceis: a loja de coisas domésticas funciona, mas ninguém entra: o cliente faz o pedido na porta, onde há uma pequena fila, todos mantendo distância adequada. Uma senhora que faz roupas de bebê, sem clientes, usa os retalhos para produzir máscaras anatômicas e vai bem. Hora de voltar para casa. Sem pressa.


Terminal de ônibus Ana Rosa.


sábado, 25 de abril de 2020

PARA UM SÁBADO DE QUARENTENA

Espero que todos estejam com esse ânimo. O filme “Três palavrinhas”, dirigido por Richard Thorpe (1896-1991), tinha no elenco Fred Astaire (1899-1987), Vera-Ellen (1921-1981) e Bob Hope (1903-2003). Fred Astaire ganhou o Globo de Ouro de melhor ator de musical. A trilha musical é de André Previn (1896=1991). Um ótimo fim de semana!

sexta-feira, 24 de abril de 2020

QUARENTENA: GELADEIRA X BALANÇA.


O filme, lançado em 1963, trata dos esforços de um inspetor de polícia atrapalhado (Peter Sellers) em perseguição a um ladrão famoso (David Niven) não só por sua audácia como pelo charme junto às mulheres, uma delas a bela Claudia Cardinale. Entretanto, a comédia dirigida por Blake Edwards tem dois componentes que ganharam espaço próprio e até hoje são um sucesso: a música de Henri Mancini e o desenho animado de uma desastrada Pantera-cor-de-rosa incluída nos créditos do filme. A animação era uma alusão ao diamante cor-de-rosa da história e ao desastrado inspetor Clouseau.  

Com o sucesso do desenho, surgiu a série em 1964 vinculando definitivamente a música à Pantera-cor-de-rosa, que pode ser vista na TV até hoje envolvida em várias peripécias e quase sempre se dando mal. Do elenco principal, apenas Robert Wagner (1930) e Claudia Cardinali (1938) estão vivos e Wagner ainda faz aparições recorrentes na série NCSI, esbanjando simpatia.  





quinta-feira, 23 de abril de 2020

DIA MUNDIAL DO LIVRO


Este ano a data tem uma conotação muito especial. Os livros são uma ótima companhia neste período de quarentena, porque podem nos transportar para onde quisermos. Folheando páginas ou rolando uma tela, com eles podemos viver grandes aventuras, grandes paixões; resolver crimes; conviver com fadas e bruxas; mergulhar nas experiências de grandes cientistas; examinar os caminhos de grandes estadistas ou canalhas imortais; descer ao fundo do mar ou subir aos céus; voltar ao passado que não vivemos ou saltar para o futuro que não viveremos. Os livros são aqueles amigos silenciosos que desenvolvem nossa imaginação, estimulam os sentidos (a descrição de uma comida pode nos dar água na boca ou a beleza de uma melodia nos levar em busca da música para desfrutar prazer igual); os livros despertam nossa curiosidade ‒ e o que seria do mundo se não existisse a curiosidade? Qual o meu livro preferido? Todos. Porque mesmo aquele que não me agradou contribuiu de alguma forma para minha formação ‒ afinal, tive que desenvolver uma justificativa para não colocá-lo entre os preferidos, ou seja, ele me fez pensar, analisar e mexeu comigo de alguma forma. Receber um livro é sempre um elogio para mim, como a cópia de “Malerische reise in Brasilien” (Viagem pitoresca ao Brasil), de Moritz Rugendas, encadernada com minhas iniciais, que ganhei de um amigo. Lindíssimo! Tem um lugar especial em uma das estantes.


quarta-feira, 22 de abril de 2020

DIA DA TERRA

A Terra é nossa casa e hoje é o dia dela. Em quarentena, temos bastante tempo para refletir sobre os hábitos que precisamos mudar em nossas vidas
 para preservar nosso Planeta.




terça-feira, 21 de abril de 2020

O ISOLAMENTO DO PODER


Sessenta anos de Brasília.

Depois de décadas, em 2019, voltei  a Brasília para conhecê-la melhor e a única coisa de que gostei foi do céu por onde as nuvens navegam ameaçadoras ou alvas, rapidamente, de um lado para o outro, mudando a paisagem de concreto. Uma cidade de prancheta, onde o homem comum, o povo, não se encaixa. Cidade pensada para o poder. 







segunda-feira, 20 de abril de 2020

CINEMA, MÚSICA E ISOLAMENTO (5)



Se há um ator cujos filmes sempre revejo com muito prazer ele é  Cary Grant (1904-1986). Além de bonito e elegante, Cary Grant parece natural em praticamente todos os papéis. Em "Suzy" (1936), dirigido por George Fitzmaurice (1885-1940), ele "canta" para Jean Harlow (1911-1937). Como canta mal! E nem assim estragou a cena. Para conferir em mais esta segunda de isolamento.

domingo, 19 de abril de 2020

CINEMA, MÚSICA E ISOLAMENTO (4)

Ava Gardner (1922-1990) é considerada uma das cinquenta melhores atrizes do século XX pelo American Film Institute, o que não significa que haja outras tão boas quanto as estrelas relacionadas na lista da AFI (ou melhores). Fez filmes de qualidade, mas não vi muitos. Lembro-me de “A condessa descalça” (1954), tenho uma vaga lembrança de “55 Dias em Pequim” (1963), “O Sol também se levanta” (1957), “Sete dias em maio” (1964) e “O barco das ilusões” (1951).
Em “O barco das ilusões” Ava Gardner cantou para as câmeras, mas o que o público ouviu mesmo foi a voz de Annette Warren (1922), cantora de jazz que dublava grandes atores. Aí vai a tomada com o som original. A música é “Can’t help lovin’ that man”.  Ava Gardener foi casada com o ator Mickey Rooney (1920-2014), o músico Artie Shaw (1910-2004) e Frank Sinatra (1915-1998). O casamento mais longo foi com Sinatra e depois do divórcio não se casou mais ‒ talvez não tenha conseguido deixar de amá-lo... 

sábado, 18 de abril de 2020

CINEMA, MÚSICA E ISOLAMENTO (3)

Robert Mitchum (1917-1997) faz parte da lista de cinquenta melhores atores do cinema feita pelo American Film Institute, organizada quando o cinema completou um século (1999). Não concluiu os estudos, teve uma vida errante e diversos tipos de trabalho para sobreviver, inclusive como pugilista e fazendo textos para um astrólogo. A irmã o convenceu a se reunir ao grupo de teatro onde ela atuava e assim ele começou - e até escreveu peças para a companhia. Desistiu do teatro para trabalhar na indústria durante a II Guerra, mas após um esgotamento nervoso e após se recuperar tentou o cinema. A carreira no cinema começou em 1942 e já em 1945 foi indicado para o Oscar de ator coadjuvante. Vi vários filmes estrelados por ele e gostei de quase todos, mas não me lembrava de tê-lo visto cantando. E cantou em vários. Gravou entre 1957 e 1967 dois álbuns e quatro discos. Basicamente country music. O filme que escolhi é de 1948, um western dirigido por Norman Foster, e além de Mitchum tem no elenco o grande William Holden (1918-1981). Rachel é interpretada por Loretta Young (1913-2000), outra estrela dos velhos tempos. Com certeza não assisti ao filme, mas para um sábado caseiro não custa ouvir o velho Mitchum. A propósito da sua personalidade lembro-me de uma entrevista, que li quando estudava inglês, em que ele disse ao repórter que decidira ser ator quando vira Rin-Tin-in: “Se ele consegue, eu também”. 

sexta-feira, 17 de abril de 2020

CINEMA, MÚSICA E ISOLAMENTO (2)

COM TYRONE POWER  QUE ENCANTAVA E... CANTAVA.
Vi poucos filmes com Tyrone Power (1914-1958), acho que assisti a um ou dois de capa e espada e, décadas depois da estreia, “Testemunha de Acusação” (1957), dirigido por Billy Wilder. Gostei muito. Era um homem muito bonito e considerado bom ator. Ao longo da vida curta foi soldado, atuou em rádio, teatro e cinema. Nunca ouvi falar que fosse cantor, mas é possível ouvi-lo cantar um dos clássicos dos anos 1940 “Chattanooga Choo Choo”. Eu gosto demais dessa música sobre um passageiro que espera o trem com destino a Chattanooga, no Tennessee, lançada por Glenn Miller e Orquestra em 1941. Boa surpresa, embora não se possa imaginar Tyrone Power ganhando a vida como cantor ‒ pelo menos naquela época em que era preciso realmente cantar para vencer na profissão. Vale como curiosidade e para que os mais jovens conheçam um pouco dos grandes atores do século passado, graças à feliz ideia que alguém teve de colocar a gravação no youtube. Boa diversão para uma sexta-feira de isolamento. 

quinta-feira, 16 de abril de 2020

CINEMA, MÚSICA E ISOLAMENTO.

Cada um com suas preferências. Eu, por exemplo, continuo fã de atores do século passado, aprecio o jazz e as grandes orquestras americanas dos anos 1940.  E buscando o que ouvir nesses dias tão atípicos, encontrei uma joia rara que apresenta atores que não se destacaram em musicais cantando em cena ou não.
        O ator Rock Hudson (1925-1985) derreteu o coração de jovens adolescentes especialmente como galã de Doris Day ‒ há quem não goste, mas são bem divertidos. Ele estrelou bons filmes como “Assim Caminha a Humanidade”, “Sublime Obsessão” e “Embrião” (ficção científica, que se tornou um cult). Rock Hudson também foi considerado um dos homens mais elegantes de Hollywood, junto com Cary Grant (1904-1986).

        Um dos três filmes que Hudson fez com Doris Day foi “Confidências à meia-noite” (“Pillow Talk”). Uma história açucarada em que a mocinha bem comportada e muito elegante divide telefone com o vizinho nada comportado. Enfim, a trama fornece o tema da canção “Pillow Talk” que Doris Day (1922-2019) canta deliciosamente. E que, surpreendentemente, Rock Hudson também gravou e não se saiu mal. Depois de ouvir o CD, achei a gravação no Youtube. Pena que, tanto no disco quanto na internet, não constem informações adicionais sobre a gravação ‒ local, data e motivo. Vale conferir nesses dias em que sobra tempo.  

quarta-feira, 15 de abril de 2020

MIGUEL E ARNALDO (2)


Os pais de Arnaldo Vieira de Carvalho eram de Santos, mas ele nasceu em Campinas. O pai Joaquim José Vieira de Carvalho (1841-1899) era advogado, foi vereador em Santos, deputado no Império, época em que viveu em Campinas; e vice-presidente da Província de São Paulo (vice-governador) e senador estadual na República. Arnaldo estudou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1883-1888) e nas férias frequentava a Santa Casa de São Paulo, onde atuava seu professor Pereira Barreto. Após a formatura começou a trabalhar na Hospedaria dos Imigrantes em Santos, vindo depois para a Santa Casa de São Paulo e em 1895 se tornou o primeiro Diretor Médica da Santa Casa de São Paulo.
Em gestão de Arnaldo de Carvalho desenvolveu na instituição um ambiente de ensino, que sempre pautou vida do médico. No início do século XX, São Paulo sofria com a falta de profissionais para atender à demanda crescente de doentes. A cidade, com crescente população, ainda não tinha uma faculdade de medicina, deficiência que Arnaldo de Carvalho tratou de enfrentar, capitaneando a campanha para a fundação da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo (atual Medicina USP).
Arnaldo de Carvalho queria a melhor escola e assim viajou durante oito meses pelo exterior, visitando as melhores  escolas de medicina da época para instalar em São Paulo uma faculdade de medicina de alto padrão. Enfim, em 1912 o Governo do Estado de São Paulo assinou decreto criando a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo e no dia 2 de abril de 1913 a Faculdade iniciou suas atividades, nas instalações da Escola de Comércio Álvares Penteado.
Mais uma vez investimento em educação voltada para benefício de todos. Arnaldo de Carvalho “estruturou o curso preliminar de um ano e o geral de cindo anos, com o total de 28 cadeiras. Segundo sua orientação, o ensino deveria ter base científica e experimental, com destaque para a pesquisa e os testudos laboratoriais, o que assegurou inicialmente a contratação de professores estrangeiros. Mais tarde, a partir de 1916, as concepções vigentes permitiram a aproximação e posterior efetivação de acordos com a Fundação Rockfeller”. (Arquivo Histórico/Fundação Faculdade de Medicina da USP, janeiro 2020.)
Com a Faculdade de Medicina implantada os métodos cirúrgicos foram atualizados e introduzidas recentes conquistas científicas. Arnaldo Vieira de Carvalho preocupou-se com os problemas médicos aliados às questões sociais, apoiou as campanhas de vacinação e defendeu a melhoria das condições sociais da população (alimentação, moradia, ambiente). Esteve na linha de frente ao combate da epidemia da Gripe Espanhola em 1918 junto com os alunos, como já havia participado junto com Oswaldo Cruz do combate à epidemia de febre amarela que atingiu São Paulo e Campinas em 1889l.
Para o professor da Faculdade de Direito Frederico Vergueiro Steidel (1867-1926) “Arnaldo era o médico dos desprovidos, aquele que se inquietava com a dor dos pacientes da Santa Casa”.
Mostra: Arnaldo Vieira de Carvalho e a Faculdade de Medicina/USP, no Arquivo Público do Estado de São Paulo (janeiro 2020).
Dr. Arnaldo participou da solenidade de lançamento da pedra de fundamental do edifício da faculdade, mas morreu logo depois, vítima de uma infecção causada por um corte na mão com um bisturi. Novamente, chama atenção a grande popularidade do médico pela afluência de admiradores ao ao préstito fúnebre. A Faculdade de Medicina da USP é conhecida como Casa de Arnaldo e a antiga Avenida Municipal em 1931 ganhou o nome do Dr. Arnaldo.


terça-feira, 14 de abril de 2020

MIGUEL E ARNALDO (1)


Médicos! Ah! Os médicos! Há quem os ame. Há quem abomine, mas na hora do aperto todos recorrem a esse profissional que cuida dos simples mortais ignorantes do que se passa em suas entranhas. É verdade que muitas vezes se veem lidando com situações que lhes são obscuras, mas que nem por isso deixam de enfrentar e fazem o melhor que podem para aliviar o sofrimento dos enfermos. No momento, eles estão na linha de frente combatendo o novo Coronavírus 19.
       Dois médicos brasileiros foram amados especialmente pela população: no Rio de Janeiro, Miguel Couto (1865-1934), em São Paulo, Arnaldo Vieira de Carvalho (1867-1920). Miguel Couto e Arnaldo Vieira de Carvalho tiveram origens muito diferentes, mas trabalharam com o mesmo empenho pelo desenvolvimento da medicina e a modernização do ensino no Brasil.
Os mais velhos primeiro.
Miguel Couto nasceu na zona portuária do Rio de Janeiro. Quando o pai Francisco de Oliveira Couto morreu, a mãe Maria Rosa do Espírito Santo teve que mudar com os quatro filhos para Niterói e trabalhar para o sustento da família. “Minha mãe costurava dia e noite para extrair do anonimato de nossa pobreza um doutor”, disse Miguel Couto. Ainda no curso fundamental (ginásio), trabalhava em uma farmácia para ajudar nas despesas e aos 14 anos era calouro da Faculdade de Medicina; no quarto ano tornou-se interno da enfermaria da Santa Casa de Misericórdia; passou em primeiro lugar no concurso para interno; formou-se aos 20 anos e dedicou-se à Medicina, que norteou também a sua passagem pela política como deputado constituinte.
O médico carioca tinha consultório particular, visitava os pacientes em casa, trabalhava na Santa Casa, lecionava na Faculdade de Medicina e ainda passou pela política concentrando suas ações na educação. Clínico geral, ele começou pesquisando a febre amarela e como professor implantou várias inovações. É célebre a conferência que fez na Associação Brasileira de Educação em 1927 e que serve como uma luva para os dias que correm:
“A ignorância é uma calamidade pública como a guerra, a peste, os cataclismos, e não só uma calamidade, como a maior de todas, porque as outras devastam e passam, como tempestades seguidas de céus de bonança; mas a ignorância...”
[...]
A educação do povo é o nosso primeiro problema nacional; primeiro porque o mais urgente; o primeiro porque resolve todos os outros; primeiro, porque resolvido, colocará o Brasil a par das nações mais cultas, dando-lhe proventos e honrarias e lhe afiançando a prosperidade e segurança; e se assim fez-se o primeiro, na verdade se torna o único.”
Enfim, ele resumiu a questão muito bem no título da palestra: “No Brasil, só há um problema nacional: a educação do povo.”
A morte de Miguel Couto causou uma comoção nacional com manchetes em quase todos os jornais. E para o JORNAL DO BRASIL os funerais do professor Miguel Couto ”tiveram um cunho de verdadeira apoteose”. A despedida reuniu o povo, políticos, intelectuais e amigos que chegaram a paralisar as ruas do Distrito Federal.

(Primeira página do DIÁRIO CARIOCA, Fundação Biblioteca Nacional.)

segunda-feira, 13 de abril de 2020

DIÁRIO DO CONFINAMENTO: E LA NAVE VA.


Quem costumava dizer que “odeia as segundas-feiras”, provavelmente, nunca imaginou que um dia viveria segundas-feiras com jeito de domingos ou feriados... E nada estimulantes porque o ambiente além das portas de cada um de nós tornou-se hostil, ameaçador. Nem todos, entretanto, têm portas para fechar. Enfim, é segunda-feira. Ficamos em casa. Quase metade de abril... “Monday, Monday”. Um amigo enviou este link do grupo norte-americano que fez sucesso na metade da década de 1960. "The Mamas & The Papas" não faz parte da minha história, mas é segunda-feira.

domingo, 12 de abril de 2020

2020: SEM DESFILE DE PÁSCOA

O filme dirigido por Charles Walters (1911-1982) é um clássico prazeroso de se ver em qualquer época do ano. O roteiro é de Sidney Sheldon cujos romances “água com açúcar” foram Best Sellers do século XX. Walters, por sua vez, fez dois outros grandes filmes: “Hight Society” e “Lili”. Em tempos de coronavírus o bom senso manda evitar as ruas, assim nada melhor do que ficar entre quatro paredes e se divertir com os esforços do personagem para roubar do garoto o último coelho disponível na loja. O filme é de 1948. 


PÁSCOA E ISOLAMENTO

O czar Alexandre III (1845-1894) da Rússia encomendou ao joalheiro Peter Carl Fabergé (1846-1920) um ovo para presentear a esposa Maria Feodorovna (1847-1928) na Páscoa de 1885. O presente foi um imenso sucesso e o czar passou a oferecer aos familiares os “ovos Fabergé” nos anos seguintes e membros da nobreza aderiram à moda. Atualmente, existem apenas 57 dos 65 ovos Fabergé grandes e dos cinquenta ovos imperiais restam somente 42. Material usado pelo joalheiro: ouro, prata, platina, diamante, rubi e jade.

Memory of Azov Egg (1891). Localização: Moscow Kremlin Armoury. Foto: Stan Shebs, Wikipedia.



Alexander III Equestrian (1910). Moscow Kremlin Armoury. Foto: Stan Shebs, Wikipedia. 

sábado, 11 de abril de 2020

CONFINAMENTO E VIAGENS VIRTUAIS...


Estação Júlio Prestes.

Estação da Luz.

Estação Sorocabana, Santos (SP).

Estação de Ribeirão Pires, São Paulo.


sexta-feira, 10 de abril de 2020

CONFINAMENTO E O EXPRESSO ORIENTE


Istambul. Manhã tórrida. Caminho por uma rua estreita e movimentada. Gente e veículos ainda dividem o espaço com um bonde. Chego ao porto de onde partem os barcos para Uskudar, no continente asiático, meu destino. Antes faço uma visita à gare moderna onde fica a antiga estação terminal do luxuoso Orient Express (Expresso Oriente). O trem fez a rota Paris-Istambul no século passado até 1977. Agatha Christie, Ian Fleming e Graham Green escreveram histórias tendo o trem como cenário e o cinema trilhou o mesmo caminho. Ao longo dos anos o itinerário do Expresso Oriente mudou muito, especialmente, por questões políticas.
         A velha sala de espera está vazia; alguns garçons circulam à espera de clientes no restaurante, onde mesas cobertas com toalhas e louça brancas mais parecem peças de um cenário abandonado. Visito um pequeno museu ferroviário no fundo da estação moderna. Uma funcionária atenciosa dá informações sobre os objetos em exibição. Entre as raridades um gato cochila tranquilamente. Um cartaz no saguão informa que à noite haverá uma apresentação de dervixes rodopiantes (confraria religiosa muçulmana que virou atração turística). Num cercado na parte externa da estação, encontra-se uma velha locomotiva do Oriente Expresso. Tempo de pegar o barco para atravessar o Bósforo.


Adicionar legenda

Difícil fotografar a locomotiva entre as grades da cerca e com um garoto tentando roubar minha bolsa.


quinta-feira, 9 de abril de 2020

VIAGENS EM TEMPO DE CONFINAMENTO


Essa viagem de trem pelas lembranças me transporta a uma cidade do interior da França. Não lembro qual. Teria que pegar o diário, mas não tenho certeza do ano. Costumo escolher uma cidade estratégica para ficar e explorar o entorno em viagens de um dia. Foi assim que, após uma jornada pela cidadezinha, fui para a gare e como estava adiantada sentei-me em um banco que ficava entre as duas portas de acesso à plataforma de embarque. 
Vagão de trem da Normandia, região francesa muito chuvosa.
É sempre revelador observar as pessoas em trânsito por estações e aeroportos. Chegou um trem, desceram algumas pessoas e, de repente, elas apareceram. À frente vinha a professora seguida por umas dez ou doze meninas entre oito e nove anos. Vinham em fila dupla puxando suas malinhas, por ordem de tamanho, menores à vanguarda. As duas meninas da frente tinham os cabelos penteados em cabeleireiros, impecáveis; as roupas eram muito bonitinhas, novas, mas com um jeito meio antigo. Caminhavam como duas princesas. Confiantes. As demais não chamavam tanta atenção. Eram crianças bonitas, saudáveis e bem arrumadas. No final do batalhão, um tanto atrasada, vinha uma garota muito magra, cabelos loiros escorridos como o vestido que usava, simples e gracioso. Parecia exausta e logo descobri o motivo do cansaço. Era a única cuja mala não tinha rodinhas e, embora não fosse grande, a maleta devia ser pesada para ela. Mais duas professoras cuidavam para que as ovelhinhas não se perdessem. Muito bem comportadas, passaram em silêncio em direção à saída, mas ficaram na minha memória.


Cartões postais ressaltam com bom humor o mau tempo da Normandia.

O LEÃO CONFINADO



Nosso leão praiano em confinamento? Em janeiro do ano passado, caminhando pelos jardins da praia notei o leão isolado por essa fita plástica e achei a cena divertida. Esse leão faz parte da infância de milhares de pessoas, santistas ou não, que frequentaram ou passaram pela praia do Gonzaga. Quem não tem uma foto no baú fazendo pose em cima do felino? Ele continua firme à disposição das novas gerações. Santos, 30 de janeiro de 2019.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

VIAGEM EM TEMPO DE ISOLAMENTO

Ontem peguei o trem sem destino. E me lembrei de Paul Teroux (1941), autor de O Grande Bazar Ferroviário:
“(...) as ferrovias são irresistíveis bazares, serpenteando perfeitamente nivelados qualquer que seja a paisagem, melhorando seu estado de ânimo com sua velocidade sem jamais derramar seu drinque. O trem pode inspirar segurança em lugares muito desagradáveis – muito diferente dos suores de pânico provocados pelos aviões, do odor nauseabundo dos ônibus de longa distância, ou da paralisia que aflige os passageiros de automóveis. Se um trem é grande e confortável, pouco importa seu destino: um assento num canto basta e você pode ser um daqueles viajantes que permanecem em movimento em cima dos trilhos, e nunca chegam nem sentem que precisam chegar – como aquele homem de sorte que passa a vida nos trens da ferrovia italiana porque é aposentado e tem um passe livre”.
Já que não é possível sair de casa sempre há o maravilhoso “Trenzinho do Caipira” de Heitor Villa-Lobos e a imaginação para nos levar a qualquer lugar. Amo trens.

(Bacchianas Brasileiras Nº2 - IV Tocata (Trenzinho do Caipira), Orquestra Sinfônica Brasileira, regência Maestro Roberto Minczuk.)



Palácio das Indústrias, São Paulo.
Estação da Luz.

terça-feira, 7 de abril de 2020

BRIGA, PRAÇA, ARTE E CONFINAMENTO.



Hoje o dia começou com uma briga e tanto! Abri as janelas bem antes das 7 horas, quando vi os elementos em ação. Parecia briga de gangue. O zangado do grupo não encontrou páreo para suas arremetidas. Alguns até se defenderam o suficiente para não fazer feio, mas logo se punham em retirada! Na verdade apenas se afastavam do brigão que andava de um lado para o outro e voltava ao ataque, pondo todos para correr. Não sei como terminou o confronto. Esse confinamento está mudando meu comportamento. Quem diria que eu ficaria à janela uns 10 minutos assistindo passarinhos a brigar por quirera na cobertura da passarela do prédio! (7/04/20) Foto: Wikipedia.

Sete de abril, dia do jornalista. O bairro homenageou pelo menos três jornalistas: José do Patrocínio (1853-1905), Paula Ney (1858-1897) e José Carlos de Moraes (1922-1999). José do Patrocínio foi muito amigo de Paula Ney. Por coincidência ou de propósito as duas ruas que levam o nome deles se reúnem numa esquina. José Carlos de Moraes, entretanto, não teve tanta sorte: os vereadores deram o nome dele a uma nesga de terreno que chamam de “praça”, na confluência das Ruas Brás Cubas com Topázio. Moraes formou-se em Direito (Largo de S. Francisco), começou a carreira no rádio e mais tarde passou para a televisão (TV Tupi).  Entrevistou todos os papas da sua época e não hesitou em subir no carro do presidente norte-americano Dwight Eisenhower (1890-1969) para entrevistá-lo. Viajou pelo mundo fazendo grandes reportagens. Na verdade, era mais conhecido como “Tico-tico”.    

Há 500 anos morreu o grande pintor e arquiteto italiano renascentista RAFAEL DE SANZIO. Ele morreu no dia 6 de abril, quando completaria 37 anos. RAFAEL (1483-1520) fez parte da trindade encabeçada por Leonardo da Vinci e Michelangelo. É considerado o mais perfeito dentre eles “capaz de unir a forma da estatuária clássica à naturalidade da expressão humana, interpretando o modelo de classicismo que se desejava - uma síntese especial de beleza, elegância e naturalidade, chamada de graça pela crítica da época”. Opinião de Elisa Byington, curadora da mostra “Rafael e a Definição da Beleza”, promovida pelo Centro Cultural SESI em 2018.
Escola de Atenas (1509), Museu do Vaticano.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

O TRABALHO E OS DIAS

(Com meu pedido de desculpas a Hesíodo* pelo uso do título de sua obra.)

1970: De barco em avenida alagada.

1970: Entrevistando Leila Diniz na praia do Gonzaga.



Anos 1980: reportagem na General Motors do Brasil.

Anos 1990: entrevista no telhado do Museu Paulista.

Anos 1990: com trabalhadores do Projeto Pomar.

Final dos anos 1990: reportagem no Parque Estadual fa Ilha do Cardoso.

No princípio, a máquina de escrever. (Foto: anos 1980.)

Na era da informática: final dos anos 1990.
APOSENTADORIA E NOVOS CAMINHOS


 
    

*Poeta grego do Hesíodo do século VIII A.C.