terça-feira, 30 de agosto de 2022

JOSÉ BONIFÁCIO, O CIENTISTA.

 

Homem culto e viajado, um cientista que percorreu a Europa numa época tumultuada pela Revolução Francesa, o que deixou nele profundo receio dos levantes populares e das revoluções, José Bonifácio de Andrade e Silva confessava ser amante da liberdade controlada, da monarquia constitucional, inimigo dos despotismos, contrário à escravidão do negro, favorável à concessão do voto às mulheres e crítico do latifúndio improdutivo. Desprezava homens servis e bajuladores e aqueles que disputavam títulos de nobreza.” Emília Viotti da Costa (1928-1917), professora emérita da USP e professora da Universidade de Yale nos Estados Unidos. Revista de História da Biblioteca Nacional.

José Bonifácio de Andrade e Silva nasceu em Santos, no dia 13 de junho de 1763. Os pais, Bonifácio José Ribeiro de Andrade e Maria Bárbara da Silva, eram abastados e descendentes de famílias tradicionais portuguesas. José Bonifácio foi o segundo dos dez filhos do casal; Antônio Carlos Ribeiro de Andrade e Martim Francisco Ribeiro de Andrade, que desempenharam importantes papeis na História da Independência, foram os sétimo e oitavo. Aos catorze anos, José Bonifácio mudou para São Paulo, iniciando os estudos preparativos para o ingresso na Universidade de Coimbra para onde partiu em 1783, mesmo ano em que se matriculou no curso jurídico e, paralelamente, fez o curso de Filosofia. Estudante brilhante, de acordo com historiadores, em cinco anos concluiu os dois cursos e obteve dois diplomas acadêmicos.

“José Bonifácio devia também à Universidade de Coimbra o inicio de uma sólida formação como naturalista. Domingos Vadelli (1730-1816), seu professor de História Natural, reconhecendo sua inteligência e inclinação para todas as matérias relacionadas ao estudo do universo físico, encarregara-se de recomendá-lo ao duque de Lafões (1719-1806) presidente da Academia” – escreveu a professora Ana Cristina de Araújo, da Universidade de Coimbra. O talento do jovem e o patrocínio do duque impressionaram os membros da academia. Com apenas 26 anos ingressou como sócio livre na Academia Real das Ciências de Lisboa.

O seu primeiro trabalho para a Academia foi sobre “a pesca das baleias e a extração de seu azeite, com algumas reflexões a respeito de nossas pescarias”. A professora Ana Cristina de Araújo afirma que uma década mais tarde, seus méritos como homem de ciência, dotado de um espírito livre e tolerante, já eram reconhecidos em toda Europa e ratificada pelas principais academias e centros de saber de Paris a Iena, de Berlim a Upsala, de Londres a Viena”.


A vida intelectual não interferiu no lado amoroso: casou-se em 1790 com Narcisa Emília O'Leary, uma jovem órfã irlandesa, nascida em 1770 que imigrara para Portugal, onde vivia com uma tia. Logo em seguida José Bonifácio inicia sua carreira internacional, sempre com o apoio do duque e de diplomatas: durante dez anos percorreu os mais importantes centros científicos europeus na companhia de Manuel Ferreira da Câmara e Joaquim Pedro Fragoso. A conjuntura politica da Europa, entretanto, não lhe escapa. “Pretendia, com o que vira praticado em outras nações e com os conhecimentos que adquirira, dinamizar, em primeiro lugar, o desenvolvimento das atividades econômicas, modernizando tecnologicamente a indústria, em especial a metalurgia, difundindo ensinamentos aos agricultores e fabricantes, melhorando as infraestruturas várias, tirando o melhor partido das riquezas naturais e auxiliando o progresso material com o incremento do bem-estar, da educação e da saúde das populações.” A professora Ana Cristina Araújo afirma que José Bonifácio “revelou grande competência e brio no serviço que prestou à Coroa portuguesa. Durante as invasões francesas (1807-1811) participou ativamente do movimento libertador, integrando o corpo voluntário de batalhões acadêmicos. Pegou em armas, preparou munições e coordenou operações militares”.

Entre 1800 e 1819, José Bonifácio ocupou altos cargos no governo de Portugal; apoiou a vinda da Família Real para o Brasil porque “se o Rei não passasse ao Brasil, perdia-se de certo este ou pelo ataque dos ingleses, ou pelo levantamento dos colonos”. (Ana Rosa Clorclet da Silva, professora da UNICAMP. A comitiva real partiu em 29 de novembro de 1807, aportando em Salvador em 22 de janeiro de 1808.

José Bonifácio de Andrade e Silva só retornou ao Brasil em 1819, mas esta é outra História.

Fontes: Revista de História da Biblioteca Nacional (Ano 2, Nº24, Setembro, 2007.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

UM MANEQUIM E DUAS HISTÓRIAS

 

A Sears, inaugurada em Santos na década de 1950, ocupava um prédio enorme na rua Amador Bueno com saída pela avenida São Francisco. Em meados dos anos 1970, depois de uma compra, estava na fila do caixa, quando esbarrei em alguém, pedi desculpas e a pessoa não se moveu. Olhei e... lá estava ele, rígido, com o olhar fixo em algum ponto da loja, impávido, indiferente... O manequim. Nada demais, não tivesse contado o incidente para alguém que achou divertidíssimo e a história se espalhou: Hilda cumprimentou um manequim! Muito tempo depois, já morando em São Paulo, fui apresentada a uma pessoa como “a minha amiga que cumprimentou um manequim”.  

Por causa disso desenvolvi um certo temor por essas figuras, nada semelhante à história de um episódio de Twilight Zone (“Além da Imaginação”) em que os manequins criam vida quando a loja encerra o expediente para horror de um cliente perdido; contudo, quando vou a algum lugar em que haja manequins presto atenção para evitar algum mal-entendido. Em 2017, fui visitar a graciosa casa de Betsy Ross, a costureira que teria criado a bandeira americana. Era a única pessoa por lá naquela tarde. Percorri os aposentos silenciosos, satisfeita pela tranquilidade que sempre proporciona momentos de reflexão. Ao descer as escadas para um dos cômodos a vi sentada à mesa – simpática, imóvel, com um sorriso estampado no rosto, roupas de época, mas eu estava mais interessada no mobiliário do século XVIII, quando ouvi o “Hello!”. Confesso que foi um susto e tanto e ela percebeu. Rimos, conversamos rapidamente e fiz a foto dela para não esquecer o dia em que a situação se inverteu e confundi um humano com um manequim... Dessa vez não contei para ninguém.

                                            A moça que atua na Betsy Ross House, 239 Arch St, Philadelphia, Pensilvânia.  Setembro de 2013.

(Há também um episódio da série CSI New York em que o funcionário de uma loja de departamentos, viúvo e solitário, comemora o aniversário de casamento dançando tango com um manequim no depósito...)

domingo, 21 de agosto de 2022

SÁBADO GELADO

Um frio escandaloso, mas reclamar do quê? É inverno. O sábado amanheceu com o jeito paulistano das crônicas de Guilherme de Almeida (1890-1969). Cinzento e uma garoa fina cai silenciosa. Tão silenciosa que o sabiá madrugador ensaiou uma cantoria e desistiu; um passarinho indiscreto diz lá do seu ninho “bem-te-vi”, mas logo cala o bico e arrepia as penas para se proteger do vento. Café quentinho, o pão no ponto e inicio os planos para devolver os livros na biblioteca sem congelar no caminho. Desisto do ônibus depois de uma longa espera ao lado de vizinhos encolhidos que consultam o aplicativo dos transportes. Prefiro a surpresa ou alívio do aparecimento do monstrinho subindo a ladeira. Metrô quase vazio, ao contrário dos corredores do Centro Cultural São Paulo. O pessoal da dança está em plena atividade – rapazes e moças ensaiam coreografias mirabolantes em frente aos vidros que refletem imagens juvenis. Três jovens observam um dançarino que, não fosse o entorno, diria que estava em convulsões – preconceito de uma senhora que viveu os tempos em que Elvis foi mal visto e Chubby Checker, incompreendido. Mas havia novidade no pedaço, que vai deixando para trás o vazio daqueles dias sombrios da pandemia. À primeira vista pareciam um bando de cangurus saltando pelo corredor próximo à biblioteca. Deve ser um novo esporte saltar por aí com as duas pernas ao mesmo tempo, separadas e flexionadas. Penso com meus botões que os cangurus fazem há isso há milhares de anos, mas em solo macio, nas pradarias australianas que habitam. Cimento não me pareceu adequado para esses saltos. Enfim, escolhi os livros e voltei para casa abastecida para as tardes frias que a meteorologia promete. No final da tarde, dois passarinhos no parapeito da janela me espiavam através da vidraça, ansiosos por sua quirera antes de se recolherem...

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

PATRIMÔNIO SANTISTA

Coincidência ou não, dois amigos, no mesmo dia, me falaram do “bondinho” do Monte Serrat – o funicular que há quase um século transporta moradores, crentes e turistas entre a Rua Itororó e o topo do antigo morro do Vigia em Santos. Lá em cima, como indica o nome original, se tem uma visão de quase 360º da região – a Ilha de Santo Amaro, as praias de Santos e o Porto... Lá de cima (o ponto mais alto fica a 147 m do nível do mar), os pioneiros do século XVI podiam perscrutar a costa para se resguardar do inimigo, de piratas e corsários, mas principalmente aguardar a chegada de naus amigas com notícias, mercadorias e encomendas de Portugal. O “bondinho” foi inaugurado em junho de 1927.

 

Para os muito devotos, o caminho ainda é pela escadaria de 430 degraus, com direito a uma paradinha nos patamares para admirar as esculturas de bronze em alto relevo que representam a Via Sacra. A escadaria chama-se Monsenhor Moreira em homenagem ao sacerdote português José Benedito Moreira que foi transferido para o Brasil após atuar na Índia, Japão e Estados Unidos. Serviu no Rio de Janeiro e em Petrópolis, onde fundou o Colégio Moreira e permaneceu por 32 anos até se estabelecer em Santos, onde continuou a se dedicar ao ensino. Apesar da idade avançada subia o monte Serrat todos os dias para cumprir suas atribuições sacerdotais. Era estimado por todos. Ele faleceu em 6 de setembro de 1924, ocasião em que o vereador Benedito Pinheiro, após solicitar a consignação de voto de pesar pela morte sacerdote, sugeriu que se desse o nome dele ao caminho.

        Na década de 1930, M. Nascimento Júnior, diretor do jornal A TRIBUNA, lançou uma subscrição pública para a instalação dos quadros da Via Sacra ao longo das escadarias. O primeiro nicho foi inaugurado em fevereiro de 1939, ano em que se comemorou o centenário de elevação de Santos à categoria de cidade; o segundo e terceiro nichos foram entregues no dia da padroeira da cidade – Nossa Senhora do Monte Serrat – daquele mesmo ano. Os demais demoraram mais: a inauguração ocorreu em 13 de setembro de 1941.

        Um dos meus amigos lembra, saudoso, do tempo de criança em que a família subia o morro pelas escadarias e quando chegava ao topo fazia um delicioso convescote em que não faltavam sanduíches de pernil e vinho (para os adultos, claro). Descansavam e desfrutavam da paisagem litorânea. O outro, um jovem senhor com uns cinquenta e poucos anos, talvez, visitando a cidade resolveu fazer o passeio da infância. “Não me lembrava mais do bondinho, nem sei se já funcionava.” Dou risada e explico que, com certeza, existia e há bastante tempo! Provavelmente, subiu a pé.

 

Eu subi duas ou três vezes pelas escadarias para fazer reportagens e durante uma delas o entrevistado, gentilmente, insistiu para que eu tomasse um copão de garapa feita por ele e que tive que aceitar. Eu detesto garapa, embora goste muito de cana-de-acúcar. Há uns dez anos voltei a passeio... Sem garapa.

       




terça-feira, 16 de agosto de 2022

GOLPISTA SIMPÁTICA

 

Sexta-feira, no meio da tarde, em plena rua Vergueiro, calçada lotada de estudantes do Etapa em intervalo de aulas, aproveitavam o sol. A moça, uns 30 anos se tanto, usando máscara, passou por entre os jovens e me abordou toda simpática, como se fôssemos velhas amigas. “Olá, como vai a senhora? Passeando?” Não a reconheci, mas eu estava de bom humor e retribui o cumprimento, disse que ia resolver problemas e pretendia seguir meu caminho, mas ela continuou, apesar de não ter me mostrado tão entusiasmada como ela com o encontro. “A senhora não está me reconhecendo, não é? Sou do banco”. Por mais distraída que eu seja e apesar da máscara, com certeza não era do banco. Disse que ela estava me confundindo com outra pessoa.  Garantiu que não, nos conhecíamos do BB, sorri e disse que não tenho conta no BB, mas ela não perdeu a linha: tinha saído do BB e estava no Bradesco. Já certa de que a figura tinha todas as más intenções, não desmenti.  Em seguida me perguntou se eu já tinha ido atualizar meu cartão de crédito e, quando me mostrei surpresa com a novidade, ela “explicou” que era medida recente e aquele era o último dia para fazer o procedimento e se não o fizesse o cartão seria bloqueado. Ela pareceu realmente preocupada – acho que até mais quando eu disse que passaria na agência para resolver o “problema”. Então a esperta me informou que a agência estava fechada para desinfecção do COVID e muito solícita me perguntou se eu me lembrava do número do cartão para ligarmos e tentar regularizar a situação. Sorri e disse que não tinha ideia do número do cartão. “Vão bloquear” – avisou com cara de pena pela minha futura situação. “Não faz mal, se bloquearem terão que desbloquear e nesse período não gasto, economizo. Segunda-feira resolverei. Tchau. Um ótimo fim de semana para você.” E lá fui eu, certa de que ela era uma golpista frustrada. Ontem passei no banco por outro motivo e conversei com a gerente, que ficou surpresa com o novo golpe. Então, amigos, cuidado!


domingo, 14 de agosto de 2022

SANTOS NOS ANOS DE 1950

 

A década de cinquenta começou com uma importante iniciativa: a criação da Sociedade Visconde de São Leopoldo com “a finalidade a de criar, organizar, manter e dirigir faculdades e estabelecimentos de ensino superior na Baixada Santista”.  A Sociedade foi fundada em 28 de agosto de 1951 pela Mitra Diocesana por iniciativa do bispo Dom Idílio José Soares (1887-1969).

A Sociedade Visconde de São Leopoldo instalou-se no casarão com colunas amarelas, situado na Avenida Conselheiro Nébias, 589. Nos fundos, construiu-se um prédio onde começou a funcionar a Faculdade de Direito de Santos – a segunda instituição de ensino superior da cidade, a primeira foi a faculdade de Santos foi a de Ciências Econômicas e Contábeis, na década de 30. O presidente Getúlio Vargas assinou o decreto nº 31.134, autorizando o funcionamento do curso de bacharel em Direito, no dia 15 de julho de 1952. A instalação da Faculdade ocorreu em 23 de novembro daquele mesmo ano e contou com a presença do governador do Estado, Lucas Nogueira Garcez, do cardeal arcebispo de São Paulo, D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota. Dom Idílio José Soares, bispo de Santos, abriu a solenidade, presidida pelo diretor do Fórum e professor de Direito Constitucional, Ademar de Figueiredo Lyra.

O primeiro vestibular realizou-se ainda em 1952 com provas dissertativas. Inscreveram-se 196 candidatos dos quais 150 foram aprovados. O primeiro colocado foi Walter Theodósio. As aulas começaram em 14 de março de 1953. Os alunos trataram logo de criar o Centro Acadêmico "Alexandre de Gusmão", fundado em 1953 e declarado de utilidade pública em 1959. O endereço da Faculdade de Direito de Santos ainda é o mesmo, mas a famosa Casa Amarela foi demolida dando lugar ao prédio atual.

            Em 29 de dezembro de 1954, a Sociedade Visconde de São Leopoldo teve autorização para o funcionamento da Faculdade Filosofia, Ciências e Letras de Santos – FAFIS, com os cursos de Pedagogia, Letras e Jornalismo, reconhecidos em 24 de julho de 1957.  A nova unidade instalou-se na Rua Euclides da Cunha, 247, em um prédio doado pelo então governador do Estado, Jânio da Silva Quadros, em 14 de maio de 1958.  Era um casarão em estilo eclético que Francisco Loureiro, dono de uma grande área na Pompeia, mandou construir na década de 1930, quando a filha se casou com um comissário de café. No início do século XXI, a Sociedade vendeu o terreno, mas a casa foi preservada.

         De acordo com o IBGE, nessa época, 80% dos habitantes de Santos eram alfabetizados. A cidade dispunha de 146 unidades de curso médio; 15 ginasiais, 6 colegiais, 8 comerciais, 7 artísticos, 6 pedagógicos e 75 de outro tipo.

Foto: Casarão da FAFIS em 11 de julho de 2009, dia em que os ex-alunos se reuniram para se despedir da velha casa repleta de muitas lembranças, esperanças e decepções..



PONTA DA PRAIA: ANOS 1950.

 

Os anos de 1950 foram importantes para a Ponta da Praia, onde se concentravam as atividades pesqueiras e a colônia nipo-brasileira da cidade. Naquela época, “havia apenas a praia, sem asfalto, sem prédios, sem avenidas litorâneas. Éramos ligados ao cais com a linha férrea Forte Augusto. A única rua existente era a Avenida Rei Alberto I, que já fazia a ligação da cidade de Santos com o Guarujá, através da balsa. Ir ao Macuco, nem sonhando. Tínhamos que atravessar uma pequena floresta. Poucas casas, muita banana e até mexerica havia no sítio dos Maringheli. Havia, também, muitos manguezais”. Trecho de depoimento de antigo morador. (www.novomillenio.com.br em 24 de dezembro de 2007.)

Ali funcionavam pequenos estaleiros onde se construíam e consertavam barcos de pesca; era o local de embarque e desembarque de pesqueiros. O IBGE registrava a existência de 850 pescadores em Santos. A infraestrutura disponível compunha-se de 170 canoas; 40 baleeiras; 76 botes; 2 traineiras; 126 cutters motor; 30 iates; 2 navios; 4 chatas.

No dia 19 de maio de 1953, nascia a Cooperativa Mista de Pesca Nipo-Brasileira, formada por profissionais que acreditavam no trabalho em comum para organizar e racionalizar as atividades do setor e do comércio de peixe. Em 23 de janeiro de 1958, começou a funcionar o Entreposto de Pesca de Santos.

    Como uma coisa leva à outra, trabalho e lazer, no dia 1º de fevereiro de 1957, presidida por Jorge Nakai e secretariada por Tokuji Ono, realizou-se a assembleia de fundação do Estrela de Ouro Futebol Clube. A ata foi registrada no dia 5 de abril e no dia 31 de maio, a entidade comprava o terreno de 15 X 65 m, ao preço de CR$ 225.000,00, com frente para a Rua César Lacerda de Vergueiro. O dinheiro para a aquisição foi levantado com contribuições e a realização de tanomoshi, com a primeira parcela doada ao Estrela, além de outras campanhas de arrecadação de fundos. O primeiro presidente eleito do Estrela foi Jorge Nakai e o vice-presidente, Hisao Nakanishi. A partir de 1959 o clube começou a exibir filmes japoneses e a participar do carnaval santista – que depois de um dilúvio no primeiro baile passou a promover a festa no Restaurante Jangadeiro. Em 31 de janeiro de 1966, por escritura pública, o clube adquiriu o terreno da praia por Cr$ 210.000,00, dando como parte de pagamento o terreno adquirido no Jardim Nova Era, que foi recebido por CR$ 60.000,00.

Para quem não conhece, tanomoshi é um tipo de consórcio de dinheiro que não cobra juros nem taxas. É um costume na colônia japonesa desde o início da imigração ao Brasil e que há muitos anos é aberto a amigos brasileiros.

No dia 23 de janeiro de 1958, foi inaugurado o Entreposto de Pesca de Santos, que dispunha de pier para descarga do pescado, câmaras frigoríficas para a estocagem do pescado, produzia gelo, vendido pelo menor preço da praça, além de outras instalações. Em 1968, Santos contava com 66 empresas de pesca ou armadores de pesca, além de quatro cooperativas de pesca.

A estátua do Pescador, próximo ao Aquário Municipal.

Estrela de Ouro: Av. Rei Alberto I, 372, Ponta da Praia, Santos. Há um restaurante aberto ao público bastante elogiado.

sábado, 13 de agosto de 2022

ANOS 1950, GRANDES MUDANÇAS.

É tarde. Os marujos

ficarão ao largo. Nesta

noite não vão descarregar

suas agonias nas bocas pesadas.

Vão ficar de longe, espiando

os anúncios luminosos que

piscam debochando dos tristes

por esta noite de solidão

Plínio Marcos (1935-1999), dramaturgo santista.

 

O Porto gerou a vila, que gerou a cidade, que enriqueceu o município e a maior parte da população abandonou suas origens: nos anos cinquenta, quase todas as famílias já haviam migrado para os bairros além dos morros, aproximando-se da praia. O centro, já em decadência, cedeu lugar aos prostíbulos, bares baratos, boates de baixo nível frequentadas por marinheiros, marítimos e por um certo público sofisticado que gostava desse submundo bizarro. Em 1957, o Porto de Santos já contava com 6.260 metros de cais em operação, com várias instalações especiais. A ilha de Barnabé, da Companhia Docas de Santos, abrigava 43 tanques de aço, com a capacidade total de 211.102 m³; no cais do Valongo, Saboó e Valongo, mais 16 tanques metálicos destinavam-se a receber óleo cru e óleo combustível. Os Armazéns compreendiam uma área coberta de 301.084 metros.

O café continuava sendo o principal produto de exportação. Segundo dados do IBGE, o índice do preço de exportação de café em 1951 foi de US$ 110,94 a saca e foi aumentando até atingir em 1954 o valor de US$ 127,56 para cair no ano seguinte para US$ 105,60. Em 1952, foi criado o Instituto Brasileiro do Café –-IBC, formado principalmente por cafeicultores. A função do IBC era definir as diretrizes da política cafeeira. Entre as suas primeiras ações incluem-se a regulamentação de embarque de café e a criação de um escritório em Nova York e agências em Santos, Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Vitória, Salvador e Recife além de agências estaduais nas regiões produtoras.

No final dos anos cinquenta, aconteceu a grande revolução nos transportes marítimos de carga com a adoção do sistema de contêineres. As principais consequências do novo modelo foram mais rapidez, segurança e economia, porém, com significativa diminuição dos postos de trabalho.

Foi por essa época que teve início o processo de industrialização da Baixada, que absorveria mão de obra local e ainda atrairia trabalhadores de todo o país.

                                                             Cai cai balão, cai cai balão

Na rua do sabão

Não Cai não, não cai não, não cai não

Cai aqui na minha mão!

Folclore brasileiro.

 

Cubatão já deixara de pertencer a Santos no final dos anos de 1940. A campanha pela emancipação de Cubatão ganhou força com o apoio do deputado estadual Lincoln Feliciano (1893-1971) e em 17 de outubro de 1948 realizou-se o plebiscito que decidiu pela emancipação política do distrito. Foram 1.017 votos pró desmembramento, 82 votos contra e um voto em branco. Com este resultado, o governador Ademar de Barros (1901-1969) sancionou a Lei nº 283 de 24 de dezembro do mesmo ano, fixando o quadro territorial e administrativo do Estado. 

            Os anos cinquenta marcaram o início da industrialização do município, com reflexos sobre toda a Baixada Santista. A primeira a chegar foi a Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA, constituída em 23 de novembro de 1953. De acordo com Martinho Prado Uchoa, um dos fundadores da empresa, a ideia surgiu em 21 de abril de 1951, durante uma visita às instalações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a primeira usina de coque do Brasil. O interessante na história de Plínio é que a sugestão da usina já foi apresentada com nome e endereço: ela seria em Cubatão e batizada como Companhia Siderúrgica Paulista. A ideia foi bem recebida, conseguiu apoio da Assembleia Legislativa e da imprensa. O grupo que se constituíra para implementar o projeto conseguiu comprar o terreno de aproximadamente 70 alqueires, ou seja, cerca de 4,1 milhões de metros quadrados, em Piaçaguera, Cubatão, de propriedade de Adelino da Rocha Brites.

Embora tenha sido pioneira, foi a Refinaria Presidente Bernardes que começou a operar primeiro. A inauguração da primeira parte do projeto da COSIPA – Usina José Bonifácio de Andrade e Silva, entretanto, só aconteceria na década seguinte: 18 de dezembro de 1963.  Em 1993, a COSIPA foi privatizada em leilão, passando a ser controlada pela USIMINAS, mas só em 2009 teve o nome alterado, mas essa é uma outra história... (Ver Museu Virtual da COSIPA.)

            Depois de uma ampla mobilização e de demoradas negociações, em 3 de outubro de 1953, o presidente Getúlio Vargas sancionou a Lei nº 2004, criando a Petrobrás e instituindo o monopólio estatal do petróleo. Na época, o País consumia cerca de 70 mil barris por dia – o principal produtor brasileiro era o Recôncavo Baiano e a complementação era feita com importações da Venezuela e da Arábia Saudita. A Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão começou a operar com uma vazão de treze mil barris por dia. A meta na primeira etapa era processar diariamente 45 mil barris.

            O recrutamento da mão de obra tinha um atrativo especial: os salários já que a maioria dos postos exigia trabalho em turnos, que incluía os fins de semana. Para preparar a mão de obra especializada, além da ajuda do Serviço Nacional da Industria – SENAI, foi organizado o Centro de Treinamento de Cubatão. Os engenheiros foram preparados no Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisas de Petróleo – CENAP.

A inauguração da Refinaria aconteceu em 16 de abril de 1955. Com esta nova fase, acaba uma das tradições de Santos: os balões que nas noites frias de junho que iluminavam os céus da cidade. Uma curiosidade: o balão dos presos fazia parte dessa tradição. Na época das festas juninas, os presidiários lançavam uma campanha de arrecadação de dinheiro a fim de comprar material para confeccionar o balão. A imprensa costumava colaborar, divulgando a pedido dos presidiários e o balanço da arrecadação. Assim, no dia marcado, a população ia ver o balão dos presos subir.

*Barril é medida de volume equivalente a 159 litros. 
Fonte: Santos e o Porto, em 1957, site www.novomilenio.com.br , citando publicação da CDS, da Magazin das Nações - Editora & Publicidade Roman Ltda. (São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Los Angeles).
Monte Serrat: vista parcial do Porto de Santos, 2007.






sexta-feira, 12 de agosto de 2022

SANTOS NOS ANOS DE 1950

 

A segunda metade do século XX começou com esperança renovada (apesar da ameaça nuclear) e festas de réveillon inesquecíveis no Clube XV, no Parque Balneário e no Grill do Atlântico entre tantas outras realizadas na cidade. Enquanto o o presidente Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) preparava-se para deixar o governo, o ex-ditador Getúlio Vargas (1882-1954) arrumava a mudança para o Catete, agora com o aval do voto popular. 

A grande luta de Santos no início dos anos cinquenta foi a reconquista da autonomia política, perdida no período do Estado Novo instalado por Vargas. O deputado federal Antônio Feliciano da Silva (1899-1986) iniciou uma campanha na cidade para que o município reconquistasse a autonomia, apresentou projeto de lei que foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente da República. As eleições para prefeito foram convocadas para 22 de março de 1953. O vencedor foi o candidato Antônio Feliciano da Silva (mera coincidência) cujo mandato foi de 14 de abril de 1953 a 14 de abril de 1957. No período seguinte, assumiu o engenheiro Sílvio Fernandes Lopes, eleito para o período de 1957 a 1961.

Com uma população de 203.562 habitantes, Santos iniciava a nova década com um perfil diferente. Estava, fisicamente, menor – pois perdera Guarujá em 1934 e, em 1948, Cubatão. A infraestrutura urbana compunha-se de 343 logradouros calçados com paralelepípedos ou pavimentados com macadame e asfalto. Havia 42.394 domicílios com água; 39.394 domicílios com luz; mas apenas 21.598 prédios com esgoto. O município dispunha de 24.000 aparelhos telefônicos.

            Em 1956 havia em Santos 450 estabelecimentos industriais – entre grandes e médios com mais de cinquenta pessoas empregadas, além de centenas de pequeno porte. A cidade tinha sete mil operários. O comércio funcionava com 3.530 estabelecimentos varejistas e 138 empresas atacadistas. Havia 53 estabelecimentos de crédito. O setor de serviços contava com 98 hotéis; 191 pensões; cinco hospedarias e cinquenta casas de cômodos. As diárias variavam de CR$ 150 a CR$ 550.

Entre as empresas destacavam-se: A Leoneza (fábrica de doces e goiabadas); Christian e Nielsen – Construção Civil, Companhia Açucareira Santista, Companhia Antarctica Paulista, Companhia Docas de Santos, Companhia Usinas Nacionais (açúcar), Fábrica de Gelo Vila Mathias, Faé & Cia. (metalúrgica de chumbo), Gomes, Santos e Cia. – roupas (SEMOG), Ind. e Comércio Luiz XV – Colchões de Molas, Sofás e Poltronas, José de Matos e Cia. Ltda. Moagem e Torrefação de Café, Moinho Santista, Moinho Paulista, Pereira Mendes Ltda. Moagem e Torrefação de Café, Química Industrial Blume (cera), S. A. Alcyon (sardinhas), S. A. Indústria de Refinação Francisco Matarazzo (moagem de sal), The City of Santos Improvements Co. (eletricidade e gás), Tipografia Carvalho, Usina Hidrelétrica de Itatinga e as Casas Pernambucanas – entre as mais antigas.

            Na orla, os casarões desapareciam, os prédios multiplicavam-se e os jardins da orla já se estendiam do José Menino à Ponta da Praia. Os guarda-sóis coloriam a faixa de areia e, embora muita gente aparecesse de terno ou de vestido para um passeio pela praia, o corpo feminino já era uma atração à parte.

TÚNEL – Santos estava crescendo. Circulavam pela cidade 4.763 automóveis e 2.663 caminhões. O caminho do Centro para a praia poderia ser mais simples e rápido, se houvesse uma passagem sob os morros do Bufo e do Fontana. Em vez de contornar o morro pelas avenidas de São Francisco, Senador Feijó, Rangel Pestana até o Jabaquara, o túnel seria uma excelente alternativa para o trânsito que já preocupava desde o final dos anos quarenta.

O Prefeito Rubens Ferreira Martins decidiu pôr mãos à obra e em 22 de dezembro de 1949 o túnel começou a ser construído sob o Monte Serrat. O projeto e as obras foram executados pelo Departamento de Estradas e Rodagem – DER. O prazo de dois anos previsto no cronograma não foi cumprido por causa dos custos e de problemas financeiros da Prefeitura. A primeira pista do túnel só foi entregue no dia 6 de setembro de 1954, quando o prefeito era Antônio Feliciano; a segunda foi inaugurada em 23 de dezembro de 1955. Elas têm 400m de extensão. O Túnel Rubens Ferreira Martins ganhou esta denominação através da Lei nº 2.756 de 11 de novembro de 1963. (Continua.)

 


Fontes: FERREIRA, Jurandy, Pires – organizador. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Rio de Janeiro: IBGE. 1957.
Fotos: Novo Milênio.

 

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

LEMBRANÇAS

Pelo Terminal Rodoviário do Jabaquara, passam os trens do metrô de São Paulo no subsolo, os ônibus para a Baixada Santista no térreo e aviões que cortam o céu com destino desconhecido. Passageiros que aguardam o embarque para Santos, Guarujá ou Peruíbe podem se gabar de ter sempre oportunidade de observar de perto os trens de pouso das aeronaves sendo recolhidos... A foto é de 10 de agosto de 2018. A TAM não existe mais; desde 2016 faz parte da LATAM.


terça-feira, 9 de agosto de 2022

ANDANÇAS DE AGOSTO

 

Um dia nublado, temperatura agradável (17º), ideal para uma caminhada a pé até a Sé. Cinquenta minutos, apenas uma ladeira no início da rua Conselheiro Furtado. Embora conheça bem o trajeto, sempre há novidades. A loja de produtos para bichos de estimação, por exemplo, restaurou a pintura externa e ficou bem interessante. Na vitrine um gato dorme no cesto (rua Pires da Mota). Já na Conselheiro Furtado, aprecio de passagem os jardins do templo budista, sempre muito bem cuidados. Mais à frente há o Templo Lohan, onde também funciona um museu que qualquer dia visitarei. Quase na esquina da rua da Glória, uma cena deliciosa: a moça passeia com um cachorro simpático – nem grande nem pequeno, quando de uma loja sai um galo já meio passado que, em defesa de seu espaço, ataca o cão. O pet se assusta e se aconchega à dona que bate em retirada. Vitória do galo que faz ponto junto a uma bicicleta estacionada na calçada. Continuo a caminhar pelas ruas Anita Garibaldi, das Flores e do Carmo. Um detalhe importante: esse deve ser o lugar mais perfumado de São Paulo, pois nessas três ruas há dezenas de lojas de essências para todos os gostos e narizes. Na volta da andança fui conhecer o Bombacafé. Eta nome ruim! Inaugurado há um ano no espaço em que funcionou a Associação dos Ex-Combatentes de 32, o café fica ao lado do comando do Corpo de Bombeiros, daí o nome... Toda a decoração homenageia os bombeiros. Enfim, os bolos pareciam muito apetitosos e voltarei para provar uma fatia. Hora de retornar para casa.



Aqui, quem manda sou eu! O cachorrinho já havia batido em retirada... 







domingo, 7 de agosto de 2022

OS SOLTEIROS DE ANTIGAMENTE

 

Estou dando boas risadas com o “Guia Do Solteiro”. Claro que foi escrito antes do “delivery tudo” e do supermercado Oxxo (perto daqui tem três), sem contar que os solteiros (pelo menos os que conheço) mudaram muito, são organizados e adeptos de uma vida saudável. Na verdade, o livro é uma zombaria geral, em especial com os homens que vivem só, escrito no estilo adotado para shows tipo “stand up” ou em monólogos de humor. O escritor, P.J. O’Rourke, foi um jornalista americano (casado) e colaborou com grandes revistas de humor e trabalhos para o cinema. Morreu no início deste ano. Não o conhecia.

    Logo no início do livro ele diz que “Camus estava errado sobre o mito de Sísifo – não é um símbolo da vida, e sim da manutenção da casa.”  Para quem não sabe Sísifo é um personagem da mitologia grega que os deuses condenam a rolar um bloco de pedra montanha acima; porém, quando chega ao cume, a pedra rola montanha abaixo por seu próprio peso e Sísifo recomeça a tarefa que dura para sempre porque se parar ele morrerá.

Um dos problemas que ele ressalta na vida do solteiro é a alimentação. Fazer compras, ter todos os ingredientes para cozinhar e cozinhar – o problema é o resultado, que pode ser um desastre culinário. Assim, o solteiro frequentemente tem que improvisar com o que tem, o que resulta em um pesadelo – como sanduíche de baconzitos, omelete de cereja ao marasquino ou sanduíche de molho de pimenta e maionese.

Ele diz que “nomenclatura é uma parte importante da culinária do solteiro. Se você chamar de “torrada de queijo à italiana”, não é assim tão terrível comer pizza requentada no café da manhã”. Sobre frutas: “Uma fruta é um legume com boa aparência e dinheiro. Além disso, se você deixar a fruta apodrecer ela vira vinho. Uma coisa que a couve-de-bruxelas nunca vai conseguir”.

“Ser um solteirão me transformou em dona de casa. E das piores. E agora tenho uma visão diferente do papel tradicional da mulher na sociedade. Uma dona de casa precisa ser uma química, engenheira, mecânica, economista, filósofa e viciada em trabalho. Só para recolher sua própria bagunça.“ Descobri o livro bisbilhotando as prateleiras da Biblioteca Sérgio Milliet, fiquei curiosa e a leitura valeu pelas risadas neste fim de semana frio e nublado.



“Guia do solteiro: como fazer de sua casa um confortável chiqueiro”, de P.J. O’Rourke (1947-2022). Conrad Livros, 2001.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

ÓTIMA NOTÍCIA

Depois de exatamente quatro anos a rua Nicolau de Sousa Queirós, na Aclimação, será aberta ao trânsito. Na manhã de 7 de agosto de 2018, a Defesa Civil interditou dois prédios que apresentaram problemas na estrutura. Ruídos estranhos alertaram os moradores que tiveram que sair dos apartamentos com a roupa do corpo, documentos e valores. Situação dramática para proprietários, inquilinos e funcionários que de repente ficaram ao léu. As duas linhas de ônibus, que servem a região foram transferidas para a rua Topázio, o que acabou afetando a vizinhança. Além de ter que buscar moradia de uma hora para outra, os proprietários tiveram um problema a mais: as obras de recuperação ficaram bem caras, segundo reportagem da época. A partir de domingo todos estarão de volta. Espero.





Vizinhos solidários prepararam lanches para os moradores que aguardavam decisões.