sexta-feira, 12 de agosto de 2022

SANTOS NOS ANOS DE 1950

 

A segunda metade do século XX começou com esperança renovada (apesar da ameaça nuclear) e festas de réveillon inesquecíveis no Clube XV, no Parque Balneário e no Grill do Atlântico entre tantas outras realizadas na cidade. Enquanto o o presidente Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) preparava-se para deixar o governo, o ex-ditador Getúlio Vargas (1882-1954) arrumava a mudança para o Catete, agora com o aval do voto popular. 

A grande luta de Santos no início dos anos cinquenta foi a reconquista da autonomia política, perdida no período do Estado Novo instalado por Vargas. O deputado federal Antônio Feliciano da Silva (1899-1986) iniciou uma campanha na cidade para que o município reconquistasse a autonomia, apresentou projeto de lei que foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente da República. As eleições para prefeito foram convocadas para 22 de março de 1953. O vencedor foi o candidato Antônio Feliciano da Silva (mera coincidência) cujo mandato foi de 14 de abril de 1953 a 14 de abril de 1957. No período seguinte, assumiu o engenheiro Sílvio Fernandes Lopes, eleito para o período de 1957 a 1961.

Com uma população de 203.562 habitantes, Santos iniciava a nova década com um perfil diferente. Estava, fisicamente, menor – pois perdera Guarujá em 1934 e, em 1948, Cubatão. A infraestrutura urbana compunha-se de 343 logradouros calçados com paralelepípedos ou pavimentados com macadame e asfalto. Havia 42.394 domicílios com água; 39.394 domicílios com luz; mas apenas 21.598 prédios com esgoto. O município dispunha de 24.000 aparelhos telefônicos.

            Em 1956 havia em Santos 450 estabelecimentos industriais – entre grandes e médios com mais de cinquenta pessoas empregadas, além de centenas de pequeno porte. A cidade tinha sete mil operários. O comércio funcionava com 3.530 estabelecimentos varejistas e 138 empresas atacadistas. Havia 53 estabelecimentos de crédito. O setor de serviços contava com 98 hotéis; 191 pensões; cinco hospedarias e cinquenta casas de cômodos. As diárias variavam de CR$ 150 a CR$ 550.

Entre as empresas destacavam-se: A Leoneza (fábrica de doces e goiabadas); Christian e Nielsen – Construção Civil, Companhia Açucareira Santista, Companhia Antarctica Paulista, Companhia Docas de Santos, Companhia Usinas Nacionais (açúcar), Fábrica de Gelo Vila Mathias, Faé & Cia. (metalúrgica de chumbo), Gomes, Santos e Cia. – roupas (SEMOG), Ind. e Comércio Luiz XV – Colchões de Molas, Sofás e Poltronas, José de Matos e Cia. Ltda. Moagem e Torrefação de Café, Moinho Santista, Moinho Paulista, Pereira Mendes Ltda. Moagem e Torrefação de Café, Química Industrial Blume (cera), S. A. Alcyon (sardinhas), S. A. Indústria de Refinação Francisco Matarazzo (moagem de sal), The City of Santos Improvements Co. (eletricidade e gás), Tipografia Carvalho, Usina Hidrelétrica de Itatinga e as Casas Pernambucanas – entre as mais antigas.

            Na orla, os casarões desapareciam, os prédios multiplicavam-se e os jardins da orla já se estendiam do José Menino à Ponta da Praia. Os guarda-sóis coloriam a faixa de areia e, embora muita gente aparecesse de terno ou de vestido para um passeio pela praia, o corpo feminino já era uma atração à parte.

TÚNEL – Santos estava crescendo. Circulavam pela cidade 4.763 automóveis e 2.663 caminhões. O caminho do Centro para a praia poderia ser mais simples e rápido, se houvesse uma passagem sob os morros do Bufo e do Fontana. Em vez de contornar o morro pelas avenidas de São Francisco, Senador Feijó, Rangel Pestana até o Jabaquara, o túnel seria uma excelente alternativa para o trânsito que já preocupava desde o final dos anos quarenta.

O Prefeito Rubens Ferreira Martins decidiu pôr mãos à obra e em 22 de dezembro de 1949 o túnel começou a ser construído sob o Monte Serrat. O projeto e as obras foram executados pelo Departamento de Estradas e Rodagem – DER. O prazo de dois anos previsto no cronograma não foi cumprido por causa dos custos e de problemas financeiros da Prefeitura. A primeira pista do túnel só foi entregue no dia 6 de setembro de 1954, quando o prefeito era Antônio Feliciano; a segunda foi inaugurada em 23 de dezembro de 1955. Elas têm 400m de extensão. O Túnel Rubens Ferreira Martins ganhou esta denominação através da Lei nº 2.756 de 11 de novembro de 1963. (Continua.)

 


Fontes: FERREIRA, Jurandy, Pires – organizador. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Rio de Janeiro: IBGE. 1957.
Fotos: Novo Milênio.

 

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