quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

RAINHA DA NOITE

Último dia de 2020, com “Rainha da Noite”, ária da ópera “A Flauta Mágica”, de Mozart, na belíssima interpretação da soprano alemã Diana Damrau (1971). Diana Damrau é uma soprano coloratura, ou seja, tem a voz mais aguda de todas. Nesta cena, arrebatada pelo desejo de vingança, a ambiciosa rainha exige que a filha mate o rival dela, o sacerdote Sarastro, ameaçando repudiá-la caso ela não a obedeça. Na verdade, o titulo da ária é “A vingança do inferno ferve em meu coração”. Libreto de Emanuel Schikaneder (1751-1812). Amadeus Mozart morreu em 5 de dezembro de 1791 aos 35 anos.


Tradução (desconheço o autor)

A vingança do inferno ferve em meu coração;
Morte e desespero flamejam ao meu redor!
Se Sarastro não sentir as dores da morte por você,
Então nunca mais você será minha filha.

Repudiada será para sempre,
Abandonada será para sempre,
Destruídos serão para sempre
Todos os vínculos naturais
Se Sarastro não for morto por você!
Ouçam, deuses da vingança, ouçam o juramento da mãe!





quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

FELIZ ANO NOVO PARA TODOS

 




Fonte: os gifs foram selecionados na internet.

VOANDO COM SUPER-HOMEM

Em 202 todos nós fomos de certa forma Super-homens e Supergirls.

A trilha musical de "Superman" (1978), filme de Richard Donner, foi a primeira composição de John Williams a merecer Oscar da Academia.



E a sensibilidade de Gilberto Gil

 SUPER-HOMEM (A CANÇÃO)

 Um dia

Vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter

Que nada
Minha porção mulher, que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É que me faz viver

Quem dera
Pudesse todo homem compreender, oh mãe, quem dera
Ser o verão o apogeu da primavera
E só por ela ser

Quem sabe
O super-homem venha nos restituir a glória… 



terça-feira, 29 de dezembro de 2020

UMA NOVA ESPERANÇA

Últimos dias de 2020. Nada como música para encerrar este ano que nos obrigou a repensar comportamento e hábitos, mas foi especialmente terrível para aqueles que vivem em situação de risco e se viram mais desamparados do que nunca. O compositor americano e maestro John Williams (1932) assinou as trilhas musicais de alguns dos melhores filmes de aventuras do século passado e que continuam encantando o público em pleno século XXI. Se todo fã de cinema identifica logo as músicas de “Guerra nas Estrelas” (1977), “Indiana Jones” (1981) e “Superman” (1978), a maioria talvez desconheça o compositor, um simpático senhor de 88 anos que ao longo de uma carreira de 68 anos foi indicado 51 vezes ao Oscar e levou cinco para casa; foi agraciado com cinco Emmys, quatro Globos de Ouro e vinte Grammys. Sempre há esperança.




segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

ÚLTIMA SEGUNDA-FEIRA DE 2020

Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe

o que será. 

[...]

“Não se mate”, Carlos Drummond de AndradeAntologia Poética: Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.

São Sebastião, novembro de 2020. Foto: Hilda Araújo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

NATAL NO MUNDO HQ

Na infância vivemos experiências que marcarão nossas vidas. As histórias que nos leem mexem com nosso imaginário e nos tornam mais criativos. Depois que aprendemos a ler folheamos com prazer os livros de histórias e os lemos muitas e muitas vezes sem nos cansar. Na minha infância, revistas de quadrinhos (HQ) ou gibis não eram bem vistas. O Pato Donald foi a primeira que eu ganhei... Talvez por isso eu goste tanto dele. No decorrer dos anos, apareceram outros personagens marcantes, como o Pica-pau, a Pantera Cor de Rosa e a família Simpson. Aqui estão reunidos alguns em suas comemorações de fim de ano. 









segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

SEGUNDA-FEIRA E A CHEGADA DO VERÃO

Tudo isso e muito mais, porém, em casa. Enquanto isso The Mamas & The Papas para os mais experientes recordarem os anos 1960.

Honolulu, Havaí, setembro de 2017.

domingo, 20 de dezembro de 2020

NATAL


De repente o sol raiou 
E o galo cocoricou: 

‒Cristo nasceu! 

O boi, no campo perdido 
Soltou um longo mugido: 

‒ Aonde? Aonde? 

Com seu balido tremido 
Ligeiro diz o cordeiro: 

‒ Em Belém! Em Belém! 

Eis senão quando, num zurro 
Se ouve a risada do burro: 

‒ Foi sim que eu estava lá! 

E o papagaio que é gira 
Pôs-se a falar: ‒ É mentira! 

Os bichos de pena, em bando 
Reclamaram protestando. 

O pombal todo arrulhava: 
‒ Cruz credo! Cruz credo! 

Brava 
A arara a gritar começa: 

‒Mentira? Arara. Ora essa! 
‒ Cristo nasceu! - canta o galo. 
‒ Aonde? - pergunta o boi. 
‒ Num estábulo! - o cavalo 
Contente rincha onde foi. 

Bale o cordeiro também: 

‒ Em Belém! Mé! Em Belém 

E os bichos todos pegaram 
O papagaio caturra 
E de raiva lhe aplicaram 
Uma grandíssima surra.

VINICIUS DE MORAES
Rio de Janeiro, 1962.

sábado, 19 de dezembro de 2020

MARAVILHOSO DEMAIS PARA PALAVRAS

Esse é o título de uma música americana (tradução livre). Uma homenagem a uma velha amiga que ajudou a pôr no papel as notícias e as histórias que compõem a nossa vida: a máquina de escrever. É verdade que foi recolhida aos museus no final do século passado, contudo, bem antes disso recebeu merecida homenagem do músico americano Leroy Anderson (1908-1975), que compôs “Concerto para Máquina de Escrever”, e neste musical da Warner (1937) em que Ruby Hilda Keeler (19009-1993) sapateia numa máquina de escrever gigante, na cena final do filme “Ready, Willing and Able”, dirigido por Ray Enright. A música é “Too marvelous for words”. 



Foto MAC/USP: exposição “Ecos Mecânicos: A máquina de escrever e a prática artística”.




sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

NATAL? QUEBRA-NOZES.

Há exatos 128 anos estreou no Teatro Mariinsky, de S. Petersburgo (Rússia) o balé “Quebra-Nozes”. A música é de Piotr Ilitch Tchaikovski (1840-1893). O libreto de Lev ivanov (1834-1901) foi baseado em obra de Alexandre Dumas, pai. A história se passa na noite de Natal. American Ballet Theatre.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

BANHO, RITUAL DIÁRIO.

 E não é que o professor James Hamblin, 37 anos, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale, especialista em medicina preventiva, encontrou um meio de se sobressair na multidão? Há cinco anos parou de tomar banho, mas acha imprescindível lavar as mãos com sabão. Ah! E também escova os dentes. Oh! Céus! Hamblin, que garante não cheirar mal, calcula que passamos dois anos inteiros de nossas vidas tomando banho e que isso é desperdício, além de tempo, de dinheiro e água. O professor já escreveu dois livros sobre a pesquisa que faz e, até agora, concluiu que banho não faz falta. Eu não entendo a vida sem pelo menos o banho diário, hábito maravilhoso que herdamos dos nativos brasileiros ‒ antropólogos contam que as mulheres chegavam a se banhar seis vezes por dia!

"O banho" (1867), do belga Alfred Stevens.

Lembrei uma notícia antiga sobre um incidente no aeroporto de Guarulhos. A segurança ou polícia foi requisitada pelos passageiros da fila do check-in por causa de um cidadão que pretendia embarcar no voo para Alemanha e cheirava muito mal, tão mal que o funcionário que atendeu ao chamado teve ânsia de vômito. Enfim, o fedido era um alemão que viera ao Brasil para conhecer a Amazônia, onde passou três meses, período em que não tomou banho porque, relatou, tinha medo de pegar alguma doença por meio da água. Só embarcou no dia seguinte após se apresentar para inspeção sanitária de banho tomado e roupa limpa. Não me perguntem como ele chegou a Guarulhos...

UM DIA ADORÁVEL

Vera-Ellen (1921-1981) foi uma das grandes bailarinas da época de ouro dos musicais de Hollywood. No vídeo cena em que ela dança com Donald O’Connor (1925-2003)  no filme “Sua Excelência, a embaixatriz” (1953). Ela estrelou entre outros filmes “Um dia em Nova York” (1949), dirigido por Stanley Donen e Gene Kelly, que está no elenco junto com Frank Sinatra, e “Natal Branco” (1954), dirigido por Michael Curtis, com Danny Kaye e Bing Crosby.   





quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

AS ESTRELAS DE OLAVO BILAC

Carioca da gema, Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918) estava no quarto ano da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, quando desistiu e veio para São Paulo fazer, imaginem!, Direito. Evidentemente, ficou pouco tempo no Largo de São Francisco. Foi no jornalismo que encontrou seu caminho. Fundou alguns jornais, mas nenhum teve longa duração; foi também no jornalismo que teve sérios problemas por suas posições contundentes contra o presidente Floriano Peixoto (1839-1895), o segundo presidente do Brasil. Perseguido, foi se esconder em Minas Gerais. Fez parte da “geração boêmia de 1880”, que incluía Paula Ney, José do Patrocínio, Artur Azevedo, Raul Pompeia. 

        O jornalismo e a política não sufocaram o talento do poeta. Bilac é considerado o maior poeta brasileiro parnasiano e foi muito popular em sua época. Em um concurso lançado pela revista “Fon-Fon” em 1º de março de 1913 foi eleito “Príncipe dos Poetas Brasileiros”. Sua obra sobreviveu às críticas contundentes dos Modernistas. É também autor da letra do Hino à Bandeira. Olavo Bilac nasceu em 16 de dezembro de 1865 e morreu em 28 de dezembro de 1918. 

           O Centro Acadêmico da Faculdade Direito do Largo de São Francisco (USP) se mobilizou em 1920 para levantar fundos para homenagear o poeta com um monumento. A obra, que continha personagens de vários poemas de Bilac, foi inaugurada no centenário da Independência do Brasil e acabou gerando muita polêmica na cidade. Os puritanos concentraram sua revolta no casal a se beijar (“Idílio” ou “Beijo Eterno”). Enfim, após muita confusão, cansados de tanto bobagem, os estudantes da Faculdade de Direito levaram o casal para o Largo de São Francisco onde até hoje enfeita a calçada.

SONETO XIII

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

 E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

                                                     (PoesiasVIA LÁCTEA, 1888.)

LÍNGUA PORTUGUESA

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que, na ganga impura,
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceanos largos!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

                                                                 (Tarde, 1919.)

"Beijo eterno", obra do suíço William Zagid (1884-1952). 

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

OSCAR NIEMEYER E AS CURVAS

Escrever sobre o arquiteto? Nem pensar! Creio que já foi dito tudo sobre a vida e a obra do carioca nascido em Laranjeiras em 15 de dezembro de 1907. Aos 15 anos acompanhando a construção de Brasília fui entusiasta da modernidade que se erguia no Planalto Central; jovem, não me dei conta de que aquilo era uma vitrine e a cidade, a ilha da fantasia. Que me perdoem os brasilienses. Lindos monumentos de concreto armado ornamentam um espaço urbano que não contempla o homem comum... Apenas a opinião de uma andarilha.

         Curvas? É o que não falta na lista de obras de Niemeyer.

Caminho Niemeyer, Niterói, 2015.

Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, a Oca, Parque Ibirapuera, São Paulo.

Edifício Triângulo, Rua José Bonifácio São Paulo, dezembro de 2019.

Brasília, novembro de 2019. 
Niemeyer morreu em 5 de dezembro de 2012, poucos dias antes de completar 105 anos.         
Fotos: Hilda Araújo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

PRIMAVERA CHEGANDO AO FIM...

A primavera vai chegando ao fim, mas a aproximação do verão não traz a costumeira animação. Aqueles que têm bom senso viram da janela de casa terminar o verão de 2020, passar o outono, se desvanecer o inverno e florescer a primavera... Os que puderam trabalhar à distância também se apoiaram à janela nos momentos de descanso. O perigo invisível continua ameaçador. Contra ele luta-se com isolamento social, água e sabão, álcool gel, máscaras e paciência. Música e livros são companhias muito especiais, estimulantes e enriquecedoras. Nesta segunda-feira, lembrei-me de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa (1888-1935). Escolhi a bela e melancólica poesia que fala do início da primavera! O que importa? Começo ou fim vale a beleza da obra. A ilustração é o quadro “À Janela” (1881) do pintor norueguês Hans Heyerdahl (1857-1913). 


Quando Vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

domingo, 13 de dezembro de 2020

A ENFERMEIRA

Ela nasceu no dia 13 de dezembro há 156 anos em Cachoeira, cidade baiana, situada às margens do rio Paraguaçu. Teria sido mais uma mãe de família dedicada, respeitada em sua cidade, não fosse o fato de que ao completar 50 anos o Paraguai declarasse guerra ao Brasil. Dois de seus três filhos eram oficiais do Exército, assim como o irmão dela, e naturalmente foram para frente de batalha. Anna Justina Ferreira Nery, então viúva, não era mulher de ficar em casa se lamentando. Solicitou permissão ao presidente da província da Bahia para acompanhar os filhos e o irmão e prestar serviços “em qualquer dos hospitais do Rio Grande do Sul, onde se façam precisos, com o que satisfarei ao mesmo tempo os impulsos de mãe e os deveres de humanidade para com aqueles ora sacrificam suas vidas pela honra e brios nacionais…”, escreveu em seu requerimento. Pedido aceito, em agosto de 1865, ela foi incorporada ao 10º Batalhão de Voluntários como enfermeira. 

Anna Neri, como ela tornou conhecida, prestou serviços durante toda a campanha, que se estendeu até março de 1870, atuando nos hospitais de Humaitá, Assunção, Corrientes e Salto e em campos de operações militares. Anna Neri usou recursos próprios para montar um hospital de campanha em Assunção, onde um de seus filhos morreu.

Variam muito os números referentes às perdas no maior conflito bélico das Américas, mas além das mortes em combate, as baixas incluem mortes por má alimentação, falta de higiene e doenças como cólera. No final da guerra, Anna Neri retornou a Cachoeira e teve seu trabalho reconhecido. 

Entre as muitas homenagens recebeu Medalha Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de primeira classe do governo imperial. É considerada pioneira da enfermagem no Brasil e precursora da Cruz Vermelha Internacional, fundada em 1863 pelo suíço Jean-Henri Dunant. Morreu no Rio de Janeiro em 1880.

"Batalha do Avaí", óleo sobre tela de Pedro Américo. A ação ocorreu em 1868.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

UM PASSEIO PELA CIDADE DE PAPAI NOEL

Hoje é dia 8 de dezembro e, portanto, ainda restam 17 para fazer o seu pedido ao bom velhinho - não tão bom como a lenda faz acreditar. Ora, lendas são lendas e enriquecem a cultura popular. As crianças podem enviar cartinhas diretamente para a casa do Papai Noel na Finlândia (Santa Claus, 96930, Círculo Polar, Finlândia), mas (sempre aparece essa adversativa) se Papai Noel entende todos os idiomas, ele só domina sete e entre estes não está o Português. Melhor enviar a correspondência para a Empresa Brasileira de Correios que tem um programa especial para a época: “Papai Noel dos Correios”, 

 http://blog.correios.com.br/papainoeldoscorreios  

Este ano a campanha é digital.  

A cidade de Rovaniemi para onde vão as cartinhas de Papai Noel lançou este ano um calendário natalino ao vivo com atores locais. Trata-se de uma série de eventos diários com duração de 15 minutos transmitidos ao vivo☺. Para quem deseja saber mais sobre a cidade do Polo Norte onde Papai Noel passa o ano aí vai um vídeo.

domingo, 6 de dezembro de 2020

MACHADO DE ASSIS E O NATAL

Machado de Assis (1839-1908) sempre inspirado e inspirador. Carioca, nascido no Morro do Livramento, filho de escravos alforriados de origem açoriana, estudou em escolas públicas, nunca frequentou faculdade e se tornou o maior escritor brasileiro, reconhecido internacionalmente, e um dos fundadores e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (foto), eleito por unanimidade e ocupou o cargo por dez anos até a morte. Neste soneto, Machado de Assis faz a pergunta que ainda fazemos hoje. 

SONETO DE NATAL

Um homem – era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno –
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações de sua idade antiga
Naquela mesma velha noite amiga
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
“Mudaria o Natal ou mudei eu?”


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

NATAL, POESIA E MEIO AMBIENTE

 COMO ARMAR UM PRESÉPIO

José Paulo Paes (1926 -1998)


pegar uma paisagem qualquer

cortar todas as árvores e transformá-las em papel de imprensa

enviar para o matadouro mais próximo todos os animais

retirar da terra o petróleo ferro urânio que possa
eventualmente conter e fabricar carros tanques aviões
mísseis nucleares cujos morticínios hão de ser noticiados
com destaque

despejar os detritos industriais nos rios e lagos

exterminar com herbicida ou napalm os últimos
traços de vegetação

evacuar a população sobrevivente para as fábricas e
cortiços da cidade

depois de reduzir assim a paisagem à medida do homem

erguer um estábulo com restos de madeira cobri-lo de
chapas enferrujadas e esperar

esperar que algum boi doente algum burro fugido algum
carneiro sem dono venha nele esconder-se

esperar que venha ajoelhar-se diante dele algum velho
pastor que ainda acredite no milagre

esperar

quem sabe um dia não nasce ali uma criança e a vida recomeça?


Sagrada família com anjos, c. 1420. Iluminura alemã.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

HOJE É DIA DE SAMBA

No Dia do Samba, homenagem a Ernesto dos Santos (1890-1974), o famoso Donga, autor do primeiro samba gravado: “Pelo telefone”. Donga registrou a obra na Biblioteca Nacional em 27 de novembro de 1916, mas a autoria da obra gerou muita controvérsia já que a composição nasceu numa roda de samba. A data, contudo, parece que foi criada mesmo por motivo bem diferente: teria sido lançada na Bahia para homenagear Ary Barroso que esteve por lá pela primeira vez em um dia 2 de dezembro. 


terça-feira, 1 de dezembro de 2020

DEZEMBRO. VERÃO E PAPAI NOEL CHEGANDO.

WOODY ALLEN

Woody Allen, que completa 85 anos, é o meu diretor americano predileto. Não assisti a todos os filmes que ele dirigiu, mas os meus preferidos são: “Crimes e Pecados” (1989), “Meia-noite em Paris” (2011), “A Rosa Púrpura do Cairo” (1985), “A Era do Rádio” (1987), “Todos Dizem eu te Amo” (1996) e ‘Os trapaceiros” (2000). Há muitos outros, mas estes seis... Escolhi a cena da ponte com ele e Goldie Hawn em “Todos Dizem eu te Amo”; o filme é uma comédia carregada de ironia. 


segunda-feira, 30 de novembro de 2020

ESTÁ NA HORA DE VOCÊ SE TOCAR

Em um posto do SUS vejo o folheto sobre hanseníase, uma doença que era chamada de lepra, palavra que lançava ignomínia ao portador do mal e ao longo dos séculos gerou preconceito contra portadores da doença. A medicina ignorava as causas, o tratamento do mal envolvia “obscuras práticas médicas” e assim os doentes procuravam se esconder para ocultar a deformidade e a sociedade os excluía em leprosários para se salvaguardar. Nesse jogo cruel, o isolamento voluntário ou não se tornou uma das formas para enfrentar a hanseníase.

            Só para se ter uma ideia do tamanho do problema em 1266 a França tinha mais de dois mil leprosários recenseados. Só na diocese de Paris havia 43. No século XII, Inglaterra e Escócia tinham um milhão e meio de habitantes e 220 leprosários. O avanço da doença na Europa se deu, segundo Michel Foucault (1926-1984), a partir da alta Idade Média até o final das Cruzadas, quando se interrompeu o contato com os focos orientais da doença.

Assim, a partir da Idade Média a lepra praticamente desapareceu do mundo ocidental. Os leprosários se esvaziaram. Em 1635 a população de Reims (França) realizou uma procissão para agradecer a deus por ter livrado a cidade do mal. Além do final das Cruzadas, outro fator muito importante, de acordo com Foucault, foi resultado espontâneo da segregação.  

Desde o século passado a doença tem cura, mas ainda há um longo caminho para a erradicação: Índia e Brasil são, atualmente, os países com maior número de doentes de hanseníase: em 2017, a Índia teve 126.164 casos e o Brasil registrou 26.875. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O folheto do SUS explica que a doença tem cura e o tratamento é gratuito. Ela é “transmitida pelo ar, através do convívio com pessoas doentes com hanseníase que não estão se tratando”, e atinge a pele os nervos e pode levar a deficiências físicas. Os sintomas são manchas na pele de cor variada: esbranquiçada, avermelhada ou acastanhada; manchas com diminuição de sensibilidade ao frio, calor, dor e toque; dor, dormência, sensação de choque, agulhadas ao longo dos nervos dos braços e pernas; caroços no corpo; e diminuição da força muscular das mãos, pés ou face.

A doença chegou ao Brasil com os colonizadores e os doentes foram segregados até meados do século passado, quando finalmente a legislação mudou. Encontraram-se referências à lepra em hieróglifos de 1350 a. C. e Hipócrates (c. 460 a. C. - 370 a. C) foi quem deu a denominação à doença.

Na época medieval, os doentes eram obrigados a usar um sino para alertar sobre a sua aproximação. 



Mais informações nos sites:

www.prefeitura.sp.gov.br/convisa ou ligue 156.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-01/

Fonte: Historia da Loucura, Michel Foucault. São Paulo: Editora Perspectiva, 2019.

domingo, 29 de novembro de 2020

DEGAS, VILLA-LOBOS E O FAGOTE.

Último domingo de novembro com arte. Edgar Degas (1834-1917) pintou L'orchestre de l'opéra” em 1870. A obra (óleo sobre tela) encontra-se no Museu d' Orsay, Paris. O maestro Heitor Villa-Lobos (1887-1959) compôs "Ciranda das Sete Notas" para fagote e cordas em 1933. 

L'orchestre de l'opéra (1870), óleo sobre tela de Edgar Degas, Museu de Orsay, Paris.


sábado, 28 de novembro de 2020

QUEM SABE

 Foi bem antes da internet que eu quis comprar uma gravação dessa modinha de Carlos Gomes  (1836-1896). Percorri várias lojas de CDs e ninguém sabia de nada. Lembrei-me de uma loja de música famosa nas imediações da Praça da Sé. Loja de música porque tinha desde instrumentos musicais, partituras, song books até discos/CDs. O vendedor foi até um balcão e trouxe o CD. Para meu espanto vi que se tratava se uma gravação de Agnaldo Timóteo (1936). Naturalmente, eu conhecia vários sucessos do cantor mineiro que frequentara as paradas de sucesso dos anos de 1960/1970. Sem contar que pouco antes da eleição da Assembleia Nacional Constituinte de 1986 eu o entrevistei em Santos onde ia fazer um show. Encontro bizarro. Nunca o havia ouvido cantando Carlos Gomes...  Hoje pesquei o CD numa das pilhas de música brasileira... E para este final de novembro selecionei no youtube esta postagem.




sexta-feira, 27 de novembro de 2020

PASSEIO PARA APROVEITAR O SOL

Programa do dia um pouco diferente: descer a Rua Domingos de Moraes para ir à agência dos Correios. No caminho, aproveito o sol enquanto observo muitas pessoas com sacolas de compras. Ah! Black Friday, que se junta ao dia das bruxas nessa ânsia tupiniquim de imitar Tio Sam. Noto que o endereço fatídico fez nova vítima. Explico: trata-se de uma loja de esquina que já abrigou vários tipos de comércio, mas nada vai além de dois ou três anos. Nem uma famosa casa de comida árabe resistiu. Na papelaria, noto uma oferta imperdível: Agendas de 2020 por R$ 4,90! Comprar em novembro uma agenda do ano corrente já não me parece razoável e em se tratando de 2020 então... Na agência, as coisas não correm muito bem e resolvi que talvez seja melhor consultar o site. Caminhei mais um pouco para refrescar a cabeça, mas o sol estava quase a pino e retornei. Enquanto aguardava o sinal de pedestres (quem liga para isso?), descobri que sem máscara não se entra no Paraíso. O lado bom é que não saio sem máscara. 





quinta-feira, 26 de novembro de 2020

MUITO MAIS QUE COMER E BEBER

Um livro é sempre revelador. Descobrimos coisas sobre o autor, sobre lugares, sobre pessoas desconhecidas e até mesmo sobre nós. Com ele podemos mergulhar em dramas, romances, comédias... Esse amigo mudo nos remete a lugares que visitamos, a que desejamos voltar ou não, ou ainda vir a desbravar, quem sabe, um dia... E o que é mais importante: sempre nos ensina alguma coisa. É o que está acontecendo com a leitura de “O almofariz de Deméter. Uma breve geografia de vinhos, afeições, alimentos e apetites” do jornalista e escritor José Guilherme R. Ferreira. Estou lendo aos poucos para prolongar o prazer da leitura.  

        É bom deixar claro, logo de início, que adoro viajar, mas não tenho grandes interesses em comida, contudo, um bom vinho quem recusa? A primeira crônica (“À mesa, com convicção”) foi uma ótima surpresa porque trata do inspetor Salvo Montalbano, personagem criado pelo escritor italiano Andrea Camilleri (1925-2019), que descobri anos atrás na série de TV da RAI. Ah! E retorno à maravilhosa Sicília cuja paisagem é inesquecível. A crônica é uma ode à boa mesa siciliana, revelada através da obra de Camilleri.

        Foi na segunda crônica (“A sopa do imperador”) que se fez a revelação: em matéria de comida sou como Napoleão Bonaparte “que sempre considerou a comida uma mera necessidade, a ser consumida o mais rápido possível”.  Assim, em minhas viagens raramente me interesso pela cozinha local. Exceções: Portugal, França, Itália, Marrocos e Grécia. Nos Estados Unidos, New Orleans.

      Avanço sem me incomodar com a sequência. Ah! Quero voltar a Taormina (Sicília) e conhecer as Ilhas Cayman (Caribe). E aquele delicioso creme chantilly foi criado pela falta de ovos? Não me lembrava dos figos-da-índia, que em casa chamávamos de figos do inferno e nunca mais vi em feiras e mercados. Respiro aliviada ao saber que o consumo de içás no Brasil não é esquisitice de paulista. Amei a descrição das castanhas europeias...

        Revelações do autor e da leitora: quando o autor se lembra das férias em Santos, nos tempos de criança, “não eram férias de verdade, sem o Opala alaranjado e a raspadinha, colorida de groselha”. E eu, santista, descubro que nunca saboreei raspadinha...

“O almofariz de Deméter. Uma breve geografia de vinhos, afeições, alimentos e apetites.” Santana do Parnaíba, SP: Pioneira Editorial, 2020. 

José Guilherme R. Ferreira é autor de "Vinhos no Mar Azul – Viagens Enogastronômicas". (Editora Terceiro Nome). 

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

PACIÊNCIA

Lenini

 Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma

A vida não para

 

E quando o tempo acelera e pede pressa

Eu me recuso faço hora vou na valsa

A vida é tão rara

 

Enquanto todo mundo espera a cura do mal

E a loucura fingi que isso tudo é normal

Eu finjo ter paciência

 

O mundo vai girando cada vez mais veloz

A gente espera do mundo, o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência

 

Será que é tempo que lhe falta pra perceber

Será que temos esse tempo pra perder

E quem quer saber a vida é tão rara, tão rara

 

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma

Eu sei a vida não para, a vida não para não

 

Será que é tempo que lhe falta pra perceber

Será que temos esse tempo pra perder

E quem quer saber a vida é tão rara, tão rara

 

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma

Eu sei a vida não para, a vida não para não

 

A vida não para e é tão rara

A vida não para a vida é tão rara

A vida não para

  

Oswaldo Lenine Macedo Pimentel, ou Lenine (1959), recebeu vários prêmios ao longo da carreira: Grammy Latino (seis), APCA (dois) e vários de MPB. Lenine é engenheiro químico, músico, compositor, escritor e produtor musical entre muitas outras atividades.


domingo, 22 de novembro de 2020

QUANTAS VEZES LAVOU AS MÃOS HOJE?

Com a pandemia, milhões de pessoas voltaram a praticar com mais empenho um ensinamento que nossos antepassados cansaram de repassar aos pimpolhos: sempre lavar as mãos. Com a facilidade da transmissão do coronavírus-19, tornou-se essencial lavar as mãos frequentemente, tomar banho e trocar de roupa ao voltar da farmácia e supermercados, passar álcool gel em tudo que chega da rua ou água sanitária diluída em água. Nada de cumprimentos, abraços e beijinhos. Rosto protegido por máscaras. Sapatos desinfetados ou de preferência à moda japonesa, deixados do lado de fora da casa ‒ no caso daqueles que saem por necessidade ou se aventuram a sair para alguma atividade saudável. Mas, por favor, não transforme a porta do seu apartamento em uma sapataria desagradável. Mulheres e homens, munidos de vassouras, rodos, aspirador de pó (robôs também?) esfregam a casa para eliminar a possibilidade de que o coronavírus se aloje em algum cantinho estratégico para atacar a qualquer momento. 

        No século XVII, os neerlandeses eram o povo mais limpo da Europa, como registraram vários visitantes estrangeiros. “As cidades brilhavam de limpas graças às horas dedicadas incansavelmente a varrer, escovar, raspar, polir, lustrar, lavar” ‒ conta o historiador inglês Simon Schama (1945). Segundo ele, o fato era “fruto mais de obsessão que preocupação razoável com a salubridade”. Havia até um manual popular que tinha um capitulo com instruções sobre as tarefas que deviam ser realizadas semanalmente. Assim, a entrada da casa tinha que ser lavada todos os dias; segunda e terça eram dias dedicados a espanar e lustrar salas e quartos; quinta, escovar e arear; sexta, limpar cozinha e porão. Todos os dias batiam-se os travesseiros pela manhã, lavavam-se os pratos após as refeições e a roupa. E assim ia a vida nos Países Baixos.

“Minha escova é minha espada; minha vassoura, minha arma,

Dormir não sei o que é, nem repousar. [...}

Nenhum trabalho é pesado demais; nem cuidado é muito grande

Para deixar tudo reluzente e imaculadamente limpo.

Esfrego e areio, lustro e escovo [...]

E não admito que ninguém leve embora minha tina.”

Os versos são de Pieter van Godwijck (1649-1712) e dão uma ideia da preocupação dos holandeses com a limpeza em tempos em que ser limpo equivalia, segundo Schama, a uma afirmação de individualidade: “Limpar era diferenciar e excluir”.  

No século XXI, a pandemia despertou nas pessoas uma preocupação maior com o asseio em geral. Os "manuais" sobre limpeza pessoal e do ambiente proliferam na internet ‒ OMS, instituições ligadas à saúde, empresas farmacêuticas e de produtos de higiene pessoal e ambiental.

Enfim, hoje contamos com a química e a tecnologia para aprimorar e facilitar a faxina diária ‒ naturalmente para quem tem meios para tanto.

(Reprodução: "Sinnepoppen", Houghton Library, Harvard University. e "Lavadeiras (1861), tela de Eliseu Visconti (1866-1944).




FONTE: "O desconforto da Riqueza. A cultura holandesa na época de ouro", de Simon Schama, Companhia das Letras, 1992.

sábado, 21 de novembro de 2020

VOLTAIRE. SEMPRE ATUAL.

François-Marie Arouet tornou-se conhecido como Voltaire. Filósofo iluminista e escritor, Voltaire escreveu poesia, teatro, romances e suas ideias tiveram grande influência tanto na Revolução americana quanto na francesa. Nasceu em Paris em 1694, filho de família rica, estudou com jesuítas; levou uma vida bastante desregrada, adotou o pseudônimo de Voltaire em 1718, quando sua peça “Édipo” estreou. Voltaire, de acordo com biógrafos, tinha dois vícios: jogo e café - bebida cara na época e ele chegava a consumir 20 xícaras por dia. 

Sua defesa do livre pensar levou-o três vezes para a prisão: aos 23 anos passou um ano na Bastilha por causa de sátiras sobre o duque de Orléans; aos 32 anos entre a prisão e o exílio, preferiu ir para a Inglaterra. O período de exílio resultou na publicação das “Cartas Filosóficas” ou “Cartas da Inglaterra”, em que criticava o absolutismo da monarquia francesa. A obra foi queimada em praça pública. Novamente, ele fugiu de Paris para onde retornou em 1735. Em 1746 tornou-se membro da Academia Francesa de Letras. Na velhice, foi viver no campo, mas morreu em Paris. Suas confrontações com a Igreja provocaram a ira de um bispo que proibiu que o corpo fosse enterrado na abadia escolhida pela família, mas a proibição chegou tarde. Entretanto, com o advento da Revolução Francesa (1789), os restos foram transladados para o Pantheon de Paris (antiga igreja de Santa Genoveva), no Quartier Latin. Foto: Estátua de Voltaire do Pantheon, de H.P. Araújo. Reprodução do quadro de Nicolas de Largillière (1656-1746), Wikipedia.