quarta-feira, 28 de agosto de 2019

SOBRE FIGUEIRAS E HISTÓRIA

 Houve um tempo em que viajar era um risco muito grande e o único meio de transporte eram navios a vela. Só os privilegiados viajavam por prazer, a maioria só se arriscava por necessidade ou obrigação, como militares a caminho da Guerra do Paraguai (1864-1870). Em São Paulo, as pessoas costumavam acompanhar familiares e amigos até o início do Caminho do Mar de onde tomavam o rumo do porto de Santos para embarcar. Ali, se seguiam os abraços e a choradeira costumeira pela separação e pelo futuro incerto. Foi desse modo que o lugar passou a ser conhecido como Estradas das Lágrimas (Ipiranga) e que mais tarde se oficializou. Se tudo mudou no entorno, resiste um marco vivo daqueles tempos incertos: uma figueira sob a qual aconteciam os adeuses e as angústias se projetavam em lágrimas.  

Foto: HPPA, 27/08/2019. 
Ela é a majestosa Figueira das Lágrimas (não podia ser outro o nome) que, de acordo com a Prefeitura de São Paulo, data de 1916. Há quem acredite que ela já estava lá nos tempos da Independência. Entretanto, o jornalista Emilio Zaluar (1826-1882) a caminho de Santos ali descansou e registrou: “Pouco adiante de Ipiranga, encontra-se uma belíssima figueira-brava, cujos galhos bracejando em sanefas de verdura, formam um dossel em toda a largura da estrada. É este o sítio das despedidas saudosas. Aqui vêm abraçar-se e jurar eterna amizade aqueles que se separam, para opostas direções da estrada seguirem depois, e quantas vezes na vida, um caminho e um destino também diversos”. A mesma figueira? Ou outra? Quem sabe?
O clone no Parque Villa-Lobos. FOTO: JAPS.
Nos anos de 1980 a Secretaria de Estado do Meio Ambiente* a incluiu na lista de vegetação significativa no município de São Paulo. Recentemente, os botânicos Ricardo Cardin e André Santos clonaram a Figueira das Lágrimas "para perpetuar a importância histórica, cultural e botânica da árvore" mais antiga da cidade, com apoio do designer Hugo França e do empresário Lauro Andrade.  O clone encontra-se no Parque Estadual Heitor Villa-Lobos.
O importante é que a Figueira das Lágrimas, testemunha centenária da História, sobrevive a décadas de descaso (uma placa com versos foi roubada). A boa notícia é que a prefeitura iniciou em julho deste ano obras de requalificação do entorno da Figueira das Lágrimas (Estrada das Lágrimas, 513). 
*Atual Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente.

REMINISCÊNCIAS

No início dos anos 1950, quando era criança, uma família vizinha de origem espanhola arrumou as malas para rever a terra natal. Tempos em que o avião ainda era um luxo, a viagem era de navio, ou seja, a travessia transatlântica durava quinze dias. A aventura mereceu um bota-fora para amigos e vizinhos. Como era muito pequena, lembro-me vagamente do almoço de despedida em um clube da cidade. Em pouco mais de meio século, tudo mudou. Uma viagem para Europa é bem mais acessível e fácil. O avião popularizou-se. Do Brasil ao Velho Continente, leva-se cerca de doze horas. Ninguém dá festas de despedida a menos que o viajante esteja partindo para viver em outras plagas.




segunda-feira, 26 de agosto de 2019

PORQUE É SEGUNDA-FEIRA...


“O jornal da manhã”, pastel sobre papel, do pintor escocês James Guthrie (1859-1930). Acervo: Fine Art Society, Londres.

domingo, 25 de agosto de 2019

O MÁGICO DE OZ

OS 80 ANOS DE UM CLÁSSICO

No dia 25 de agosto de 1939, o estúdio Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) lançou nos Estados Unidos o filme “O Mágico de Oz”, dirigido por Victor Fleming (1889-1949) e estrelado por Judy Garland (1922-1969). O filme, que não fez grande sucesso de bilheteria apesar de merecer duas estatuetas da Academia, foi o mais caro realizado até aquela época: US$ 2,7 milhões. O mundo vivia um momento difícil. A Europa estava às vésperas da guerra e parecia muito improvável que sonhos se realizassem onde quer que fossem sonhados.
Foi a televisão, muitos anos depois, que lhe deu visibilidade e o merecido reconhecimento. O roteiro foi adaptado do livro do escritor norte-americano L. Frank /Baum (1856-1919), publicado em 1900. O sucesso da obra estimulou Baum a criar uma série sobre Doroty, personagem principal da obra.
A música, Oscar de Melhor Canção Original, foi composta por Harold Arlen (1905-1986) e Yip Harburg (1896-1981) escreveu a letra.

Um ótimo motivo para ver ou rever “O Mágico de Oz”.


segunda-feira, 19 de agosto de 2019

UM BAIRRO PARA VOAR...


Sexta-feira propícia para caminhadas. Continuei a explorar a Zona Norte. Queria ver de perto o 14-Bis, a réplica do dirigível que Alberto Santos-Dumont (1873-1932) pilotou em 23 de outubro de 1906, no Campo de Bagatelle, em Paris. Quantas vezes fiz aquele caminho como passageira ou dirigindo e não me incomodei com a praça... O melhor trajeto para caminhantes é pela estação Tietê na Avenida Cruzeiro do Sul, à direita na Rua Padre Ildefonso, Voluntários da Pátria, Paineira do Campo e, enfim, a praça. Claro, que pedi informações. O caminho é bem monótono. 
   A surpresa desagradável foi a descoberta que a praça é uma ilha intransponível, serve como rotatória de um trânsito infernal. Pedestres dispõem de uma passarela para atravessar a Avenida Santos Dumont e olhe lá! Bem reveladora é a vista da Zona Norte com seus arranha-céus formando um paredão de concreto. Contentei-me em observar à distância o monumento em bronze - pesa três toneladas e mede 10 metros por 12 metros. É obra de três artistas: Oswaldo e Enivaldo Luppi e Luís Morrone.

        A andança continua. Passo pelo Clube de Aeromodelismo de Santana (Rua Marechal Leitão de Carvalho) e avanço pela Avenida Olavo Fontoura, que até 1972 se chamava Avenida Marginal Direita do Rio Tietê. Olavo Fontoura (1910-1968) foi oficial da Força Aérea Brasileira, condecorado com a Cruz da Aviação e a Medalha da Batalha do Atlântico Sul. Formado pela Faculdade de Farmácia da USP, foi diretor do Instituto de Medicamentos Fontoura S/A e diretor-presidente da VASP.





Em um ponto do ônibus noto uma declaração de amor no informativo sobre os coletivos que param ali. Algum romântico (ou adolescente) perdido em meio a este marasmo de concreto. O Campo de Marte, criado em 1929, foi primeiro aeroporto de São Paulo, mas hoje recebe principalmente helicópteros e aviões de pequeno porte, enquanto o Aeroclube de São Paulo, fundado em 1931, mantém em plena atividade uma escola de aviação civil. Há uma também uma filial do Bar Brahma.

Do lado oposto, há o Parque Anhembi e o Sambodromo, que deixei para outro dia. O destaque é o imenso prédio amarelo do Holiday Inn Parque Anhembi, dono de uma história bem comum em São Paulo (acho que no Brasil de modo geral). A obra começou nos anos 1970, foi abandonada até ser retomada em 2000. O hotel, inaugurado em 2004, tem treze andares e 780 apartamentos; é um dos maiores da cidade e, graças à localização, no Carnaval, chega a receber quatro mil hóspedes. (Fonte: site da empresa.)

Hora de retornar. Apesar do inverno, temperatura de verão.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

MANHÃ NO PARQUE


 Dia perfeito. Céu azul, sol ameno, algumas nuvens navegando para lá e para cá.  Resolvi ir caminhar no Parque da Juventude (sem comentários) na Zona Norte. Moro pertinho do Parque da Aclimação, mas ele está sempre lotado não importa a hora. A estação Carandiru do metrô é do lado do parque que, como imaginava, estava como eu gosto: quase vazio. Há um grupo de adolescentes se exibindo sobre skates, algumas pessoas passeiam com seus cães; outras aproveitam o sol ou a sombra conforme a roupa. Funcionários limpam o gramado. Um rapaz está entretido com o celular sentado em um canto do espaço que outrora foi uma cela do presídio. Estranho refúgio. Ruim mesmo é o cheiro que emana do córrego Carandiru, que atravessa o parque. Mais adiante, uma moça parece trabalhar em um quiosque - pelo menos tem pastas e cadernos sobre a mesa. Outro grupo bate papo sob uma frondosa árvore. Passo pela “Espheropeia” - uma escultura cheia de boas intenções, mas muito feia. Está meio deteriorada. Resolvo fotografar “El Peregrino” do caminho de Santiago (lembro-me do amigo Cebola, conhecedor dos caminhos que levam a Santiago de Compostela), escultura de José María Acuña. Um presente de Castilla e Léon (Espanha) para a cidade de São Paulo. De longe vejo tenistas em ação, mas não me animo a ir até lá. As outras quadras também parecem movimentadas. Na saída, mudo de planos. Decido ir a pé até o Tietê e deixar o restante do programa para amanhã. No caminho, tento me empolgar com as obras do Museu de Arte Urbana, mas creio que sou exigente demais.

domingo, 11 de agosto de 2019

CURSOS JURÍDICOS: 191 ANOS.

Edifício neocolonial, concluído em 1941. Projeto de Augusto Severo.
No dia 11 de agosto de 1827, o imperador D. Pedro I sancionou Lei aprovada pela Assembleia Geral Legislativa criando os cursos jurídicos em Olinda (PE) e São Paulo, os primeiros de nível superior no Brasil. Em São Paulo, o curso jurídico começou em 1º de março de 1828 no convento de São Francisco – havia apenas cinco frades na cidade e todos estavam no Recolhimento da Luz. No convento já funcionava desde 1825 uma Biblioteca Pública criada pelo governo da Província.
 “O Farol Paulistano”, primeiro jornal impresso da cidade, fez uma ampla reportagem da aula inaugural da Academia. A primeira turma tinha 33 alunos matriculados e apenas dez eram da cidade. Os demais acomodaram-se em repúblicas, a maioria delas ficava na Rua da Palha (Sete de Abril); os mais abonados alugaram até chácaras e alguns mais pobres resignaram-se a morar mesmo na Academia, onde ocuparam celas dos frades que haviam ido para a Luz.
A Academia deu novos ares à provinciana cidade de São Paulo. Ao longo desses 191 anos os estudantes e egressos da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco participaram dos principais movimentos políticos do país – como o Abolicionista, o Republicano, o Constitucionalista de 1932 e pelas Diretas-Já. Nove presidentes da República saíram do Largo de São Francisco, além de vários governadores e prefeitos de várias cidades brasileiras. 
Mas eles fizeram suas estudantadas também. E uma das primeiras aconteceu na Rua da Cruz Preta (Quintino Bocaiuva), que tinha esse nome por causa da enorme cruz de madeira que havia em frente a um dos sobrados. Era um lugar de devoção popular e no dia 3 de maio costumava haver uma festa no local. Certa noite a cruz desapareceu por obra de um grupo de estudantes que a lançou no rio Anhangabaú de onde foi recolhida por um morador.
 Estiveram atentos à vida da cidade e interferiram sempre que percebiam injustiça ou preconceito tanto da parte da sociedade como dos políticos. Como o caso que envolveu o alemão Júlio Franck (1808-1841), contratado como professor do Curso Anexo da Academia, que nada mais era do que um cursinho preparatório para os estudantes que estavam iniciando a faculdade. Franck criou uma sociedade secreta (Burschenschaft) e se tornou um mito. Quando morreu, foi-lhe negada sepultura em solo católico porque era protestante. Os estudantes não deixaram por menos: abriram uma sepultura no pátio da Faculdade para o alemão, que foi preservada quando se demoliu o prédio original nos anos trinta do século passado e pode ser visitada ainda hoje.
Em 1920, os estudantes se mobilizaram para homenagear o poeta Olavo Bilac (1865-1918) com um monumento. Levantaram fundos e encomendaram a obra ao sueco William Zagid (1884-1952). A prefeitura a colocou no final da Avenida Paulista e a inauguração ocorreu durante os festejos do centenário da Independência do Brasil. Foi o início de uma polêmica que se arrastou por quatro décadas. O monumento reunia, entre outras, as figuras do poeta, do bandeirante Fernão Paes Leme e  de um francês e uma índia se beijando (“Idílio”).
A obra despertou manifestações negativas: uns diziam que ela atrapalhava o trânsito, outros que era feia demais, enquanto os puritanos de plantão consideravam um escândalo a representação do “Idílio”. A Prefeitura desmontou o monumento e espalhou os grupos pela cidade. Exceto o casal apaixonado que, após um período no deposito municipal, foi para o Cambuci, mas os moralistas atacaram outra vez. Novo recolhimento até que nos anos 1960 o par enamorado foi levado para o jardim do Túnel Nove de Julho, mas nem ali encontraria paz: um vereador se insurgiu contra a escultura, que considerava “obra do demônio”. Foi a gota d’água: os estudantes, que afinal haviam pago pelo monumento, roubaram a escultura e a levaram para o Largo de São Francisco, onde os enamorados encontraram, enfim, um endereço fixo.
Entre as famosas estudantadas e a ação política, os acadêmicos de Direito realizam um trabalho social muito respeitado: a assistência judiciária gratuita, que este ano completa um século de existência. Essa é outra grande história da Faculdade de Direito da USP.


Passarela de ligação entre o prédio histórico e o Edifício de Apoio, construído entre 1992 e 1995. 
"O Idílio",de William Zagid.

sábado, 10 de agosto de 2019

AINDA UMA VEZ, ADEUS.


Gonçalves Dias (1823-1864)                                                                            

Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti!
II
Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludíbrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!
III
Louco, aflito, a saciar-me
D'agravar minha ferida,
Tomou-me tédio da vida,
Passos da morte senti;
Mas quase no passo extremo,
No último arcar da esperança,
Tu me vieste à lembrança:
Quis viver mais e vivi!
IV
Vivi; pois Deus me guardava
Para este lugar e hora!
Depois de tanto, senhora,
Ver-te e falar-te outra vez;
Rever-me em teu rosto amigo,
Pensar em quanto hei perdido,
E este pranto dolorido
Deixar correr a teus pés. (...)
XVII
Adeus qu'eu parto, senhora;
Negou-me o fado inimigo
Passar a vida contigo,
Ter sepultura entre os meus;
Negou-me nesta hora extrema,
Por extrema despedida,
Ouvir-te a voz comovida
Soluçar um breve Adeus!
XVIII
Lerás porém algum dia
Meus versos d'alma arrancados,
D'amargo pranto banhados,
Com sangue escritos; - e então
Confio que te comovas,
Que a minha dor te apiade
Que chores, não de saudade,
Nem de amor, - de compaixão.


Cento e vinte e três anos do nascimento do poeta maranhense Antônio Gonçalves Dias, que nasceu em 10 de agosto de 1823 na cidade de Caxias (MA).

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

SOBRE DICIONÁRIOS E REIS

Houve um tempo em que ter em casa um “Aurélio” era essencial. Estudante que se prezava tinha um Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de autoria do professor, filólogo e crítico literário Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989). Se o consultava, era outra história. Os ignorantes costumam chamar o dicionário de “pai dos burros”, numa pobre justificativa para não estudar, porque a curiosidade é o primeiro passo para desenvolver o conhecimento. Todos nós somos ignorantes já que estamos muito longe do dominar todas as áreas do conhecimento. 
         Mas voltando ao tema, o carioca Aurélio Buarque de Holanda começou a lecionar Português aos 14 anos, quando vivia com a família em Maceió (AL); formou-se pela Faculdade de Direito de Recife em 1936 e em seguida iniciou carreira de professor, que continuou no Rio de Janeiro para onde mudou em 1938. Aurélio Buarque de Holanda, entretanto, dedicou-se a várias atividades intelectuais. Foi em 1975 que lançou o famoso dicionário, que ficou conhecido como “Aurelião”, pelo volume avantajado da publicação. 
       



    Em 1961 o professor foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Foi o quarto ocupante da cadeira 30, sucedendo a Antônio Austregésilo (1876-1960). Como acadêmico, o professor participava dos eventos oficiais da entidade vestido de acordo com o protocolo, ou seja, com o fardão de cor escura bordado com fios de ouro e o chapéu preto com plumas brancas, além do colar e da espada. Foi assim trajado que ele entrou apressado em um táxi com destino à Academia. Na primeira oportunidade, o motorista não resistiu e perguntou singelamente ao passageiro: “Sois rei?”.  Segundo a matéria da Revista de História da Biblioteca Nacional (ANO 2/Nº 24/ 2007), constrangido, o professor Aurélio Buarque de Holanda teria respondido: “Não, estou indo para um ensaio de escola de samba”.     


sábado, 3 de agosto de 2019

LEMBRANÇAS DE SALÔNICA


A história de Salônica é maravilhosa. Mais antiga do que Roma, foi conquistada pelo Império Romano e em 1453, com a queda de Constantinopla, foi anexada ao Império Otomano. Tornou-se um grande centro comercial, ponto de ligação entre Europa e Oriente. Ali, conviveram pacificamente judeus, cristãos e islâmicos. “Os judeus da Europa e outros países, perseguidos e banidos, foram para lá a fim de encontrar refúgio e essa cidade os recebeu com amor e afeição como se fosse Jerusalém aquela velha e piedosa mãe nossa”, escreveu Samuel Usque, poeta marrano. A cidade não tinha guetos nem se dividia em guildas. No final do século XIX, os judeus constituíam sessenta por cento da população.
Com a queda do Império Otomano (1912), Salônica passou para o poder da Grécia com o nome de Tessalônica. Vieram as mudanças e em 1917 um enorme incêndio destruiu quase toda a cidade e a sua história. Da época de fausto sobraram parte das muralhas na cidade alta, as ruínas do castelo e mais algumas construções. A Torre Branca foi transformada em Museu. Sítios arqueológicos foram descobertos trazendo ao presente vestígios da época greco-romana. Em meio às discórdias administrativas reconstruíram a cidade que ganhou um ar francês. Pelo menos na orla banhada pelo Egeu.

Assim, tudo que eu queria ver não existe mais; porém, não foi surpresa para mim. Afinal, não foi por acaso que o professor Mark Mazower, da Universidade de Colúmbia (NY/USA), deu este título ao seu livro: “Salônica. Cidade de fantasmas: cristãos, muçulmanos e judeus. 1430-1950.” 


E olhem quem encontrei em meu primeiro dia em Tessalônica! Aristóteles! Observando a paisagem e os cidadãos que passam indiferentes àquele que tratou em sua obra sobre a cidade ideal.

      Tessalônica é a segunda maior cidade grega (pouco mais de 235 mil habitantes). O santo padroeiro é São Demétrio (270-306) cujo santuário reconstruído após o incêndio reabriu em 1949. A igreja original, entretanto, datava do século IV quando foi erguida no local em que havia uma terma Romana. Com o tempo sofreu vários incêndios. Foi reconstruída no VII. No período otomano, funcionou como mesquita até que no incêndio de 1917 foi praticamente destruída. 

Igreja de S. Demétrio.

Das igrejas ortodoxas gregas lembrarei sempre do perfume...
Igreja de Sta. Sofia: uma das mais antigas da cidade; foi transformada em mesquita e no século passado voltou a ser cristã. 


A Torre Branca oferece bela visão da cidade.

Ágora de Tessalônica perdida entre os prédios...


Arco de Galério e o que sobrou das belas esculturas das colunas. Foi erguido no século IV para comemorar a vitória do Imperador Romano Galerius contra os Persas Sassânidas. 
A caminho do de Eptapyrgio, uma fortaleza bizantina situada no canto
nordeste da Acrópole de Salônica, na cidade alta.

Apesar do dia nublado, calor intenso...

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

FÃ DE RIGOLETTO

Quarta-feira, 31, na plateia do Theatro Municipal de São Paulo, um ouvinte atento da ópera “Rigoletto”, de Giuseppe Verdi. O cãozinho recebeu afagos de muitos espectadores admirados com a presença dele. Não era um cão-guia, mas um amigo inseparável. Comportou-se muito bem. Na foto, ele aguardava o início do espetáculo, enquanto o dono acariciava seu pelo dourado. Foto: Elides Ribeiro.