quarta-feira, 28 de outubro de 2020

ELA TEM 134 ANOS E É UM SUCESSO

Em 1776 o inglês Thomas Paine (1737-1809), um dos fundadores  dos Estados Unidos, disse que o Novo Mundo era “o refúgio para os amantes perseguidos da liberdade civil e religiosa”; porém, foi um francês em 1782 quem acendeu “a vela da esperança que cruzaria oceanos e continentes para iluminar milhões”, como belamente escreveu o historiador Simon Shama sobre J. Hector St. John de Crèvecoeur* (1735-1813), autor do livro “Cartas de um fazendeiro americano”. Na obra, Crèvecoeur descreve uma sociedade perfeita: ”Aqui o homem é livre como deve ser.”

        Em resumo a América há muito tempo tornou-se o sonho dourado dos insatisfeitos do mundo. E então em 1886 os Estados Unidos ganharam de presente da França uma estátua imensa ‒ uma mulher empunhando uma tocha na mão direita enquanto segura na esquerda uma tábua com a data da Declaração de Independência americana (4/7/1776). “A liberdade iluminando o mundo” ‒ este o nome da obra do escultor Frédéric Auguste Bartholdi (1834-1904); porém há muito tempo ela é chamada simplesmente de Liberdade. O local escolhido para a estátua não poderia ter sido mais estratégico: uma ilhota na entrada do porto de Nova York.

A inauguração aconteceu em 28 de outubro de 1886 com uma grande festa. O famoso poema “The New Colossus” é de Emma Lazarus (1849-1887), poeta, escritora e jornalista, foi escrito em 1883 para levantar fundos para a construção do pedestal da estátua. Emma não foi à festa e a placa de bronze com os versos só foi colocada no pedestal em 1912.   

Enfim, 134 anos depois ela atrai multidões de turistas do mundo todo que embarcam numa lancha para ir conhecer de perto ou de longe a velha senhora. Apesar de todos os problemas que a sociedade americana enfrenta, ela ainda é 

O Novo Colosso


Não como o gigante de bronze da antiga fama,

Cujos membros subjugam os campos de baixo de si;

Aqui cintilando aos portões do crepúsculo, vê-se

Uma dama robusta com um farol cuja flama

É o relâmpago aprisionado, e ela se chama

Mãe dos Exilados. Da mão que, meiga, se estende

Brilham boas-vindas; o seu olhar compreende

O porto que as nobres cidades gêmeas defendem.

"Segurai, antigas terras, vossa pompa!" diz ela

Com lábios quietos. "Dai-me vossos pobres fatigados,

As multidões que por só respirarem livres zelam,

Resíduos miseráveis dos caminhos fervilhados.

Mandai-os a mim, desabrigados, que a minha vela

Os guiará, calmos, através dos portões dourados!”

 (Tradução: Carl Youngblood, Wikipédia.)

A estátua da Liberdade mede 46m de altura, o pedestal tem 46,90m. Foi dourada, mas com o tempo o cobre ganhou um tom verde-azulado. Se alguém estiver muito animado a explorar o interior da estátua é bom saber que são 389 degraus do topo do pedestal até a tocha.

Fotos: Hilda Araújo, setembro de 2013.

* J. Hector St. John de Crèvecoeur ou Michel Guillaume Jean de Crèvecœur teve uma vida extraordinária. 







terça-feira, 27 de outubro de 2020

"O DONO DA CALÇADA"

O encontro de Nelson Antônio da Silva ou Nelson do Cavaquinho (1911-1986) com Nelson Gonçalves (1919-1998). E precisa mais?  

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

ENCONTRO COM MILTON NASCIMENTO

Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero- Milton Nascimento. 

Estação da Luz, São Paulo, talvez 2016. Foto: Hilda Araújo.



Museu da Imigração do Estado de São Paulo, Mooca, 2007.Foto: Hilda Araújo.

domingo, 25 de outubro de 2020

PABLO PICASSO

Não precisa de apresentações. Basta lembrar que nasceu há 139 anos em Málaga, Espanha. O retrato é de Dora Maar (1907-1997), poeta, fotógrafa e pintora francesa, na época, amante de Picasso. 

"Mulher chorando" (1937), óleo sobre tela. Tate Galery. 

Pablo Picasso, 1962.

E um poema de VLADIMIR MAIAKOVSKI (1893-1930) que combina com Picasso.

Brilhar sempre,
brilhar em todo lugar
até os últimos dias do guerreiro
brilhar –
e sem desculpa nenhuma!
Eis o meu lema –
e do sol. 




sexta-feira, 23 de outubro de 2020

A IDA AO PARAÍSO

Manhã de sol, ideal para uma expedição além do bairro, onde passei os últimos sete meses. Decidi caminhar até a Avenida Paulista devidamente protegida. No caminho, a maioria das pessoas de máscara, mas há muitos rebeldes. Até olhei vitrines, coisa que não é do meu feitio. Uma ou duas pessoas nos pontos de ônibus, bem diferente do que costuma ser normalmente, mas agora nada é normal. No Paraíso, um novo empreendimento imobiliário ao lado da estação do metrô. Que bom rever este cenário com o Obelisco ao fundo.  Os paredões da Avenida Vinte e Três de Maio estão floridos... Muito bonitos. Na Avenida Bernardino de Campos, uma placa chama atenção pela prioridade dada aos produtos: cervejas no topo! A Igreja Santa Generosa está com as portas escancaradas, mas vazia. Na Praça Oswaldo Cruz, o índio continua procurando no lago a lança que empunhou até que um vândalo a levou há muito tempo... O jardim da Casa das Rosas também está florido; o Centro Cultural Itaú funciona, mas o SESC mantém apenas algumas atividades pré-agendadas. Com o sol a pino e a temperatura mais alta, melhor retornar. Há uma nova padaria na Bernardino de Campos. Muito convidativa. “Abrimos há oito dias. Venha conhecer” ‒ diz o segurança entusiasmado com a curiosidade da possível freguesa. Prometo voltar em breve. Retomo o caminho de casa, agora uma descida suave. E cheia de sombra. 


ANIVERSÁRIO DE DOIS ARTISTAS MINEIROS

Hoje comemora-se o centenário de nascimento da artista plástica mineira Lygia Pimentel Lins ou LYGIA CLARK (1920-1988) e os 80 anos de Edson Arantes do Nascimento, PELÉ. Lygia Clark nasceu em Belo Horizonte, numa família de juristas, mas foi a arte que a conquistou: como pintora e escultora ganhou prestígio internacional. Ela fez parte do movimento do Neoconcreto surgido no Rio de Janeiro em 1959. Suas obras caracterizam-se pela utilização de objetos tridimensionais; por promover a participação do público em suas obras; usar os mais diversos materiais (madeira, metal flexível e até mesmo borracha). Em 2013 a obra “Contra Relevo” foi arremata da por US$ 2,2 milhões em leilão em Nova York.

PELÉ não precisa de apresentação. Sua arte apaixonou o mundo. Edson Arantes do Nascimento nasceu em Três Corações em uma família pobre, que mais tarde mudou para Bauru (SP). O talento precoce lhe proporcionou a ida para o Santos F. C. em 1956 e daí para a seleção brasileira e o campeonato mundial de futebol em 1958. O resto é história. Quem o viu jogar, jamais o esquecerá.

Pelé com Gilmar dos Santos Neves na Copa do Mundo de 1958, na Suécia.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A MARAVILHOSA LUCERO TENA

LUCERO TENA (1938) é o nome artístico da María de la Luz Tena Álvarez. Espanhola com nacionalidade mexicana, Lucero nasceu em família de artistas; estudou bale clássico e dança espanhola; teve sua própria companhia de dança. Quando parou de dançar, tornou-se concertista de castanholas, instrumento que ela já dominava, inclusive interpretando obras eruditas. Em 1966 o compositor Joaquín Rodrigues (1901-1999) dedicou-lhe a obra “Dos Dances”. 

As castanholas de orquestras são diferentes: os pratos de madeiras são articulados em uma vareta: o músico agira a vareta ou golpeia os pratos contra a outra mão ou contra o joelho.  

terça-feira, 20 de outubro de 2020

DIA DO POETA.

Confesso que não gosto muito de poesia, mas FERNANDO PESSOA (1888-1935) é extraordinário. Poesias selecionadas do "Cancioneiro". 

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

 

E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

 

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

 

MAR. MANHÃ

Suavemente grande avança

Cheia de sol a onda do mar;

Pausadamente se balança,

E desce como a descansar.

 

Tão lenta e longa que parece

De uma criança de Titã

O glauco seio que adormece,

Arfando à brisa da manhã.

 

Parece ser um ente apenas

Este correr da onda do mar

Como uma cobra que em serenas

Dobras se alongue a colear.

 

Unido e vasto e interminável

No são sossego azul do sol,

Arfa com um mover-se estável

O oceano ébrio de arrebol.

 

E a minha sensação é nula,

Quer de prazer, quer de pesar...

Ébria de alheia a mim ondula

Na onda lúcida do mar.

 

VISÃO

 Há um país imenso mais real

Do que a vida que o mundo mostra ter

Mais do que a Natureza natural

À verdade tremendo de viver.

 

Sob um céu uno e plácido e normal

Onde nada se mostra haver ou ser

Onde nem vento geme, nem fatal

A ideia de uma nuvem se faz crer,

 

Jaz — uma terra não — não um solo

Mas estranha, gelando em desconsolo

A alma que vê esse pais sem véu,

 

Hirtamente silente nos espaços

Uma floresta de escarnados braços

Inutilmente erguidos para o céu.


III

Só quem puder obter a estupidez

Ou a loucura pode ser feliz.

Buscar, querer, amar... tudo isto diz

Perder, chorar, sofrer, vez após vez.

 

A estupidez achou sempre o que quis

Do círculo banal — da sua avidez;

Nunca aos loucos o engano se desfez

Com quem um falso mundo seu condiz.

 

Há dois males: verdade e aspiração,

E há uma forma só de os saber males:

É conhecê-los bem, saber que são

 

Um o horror real, o outro o vazio —

Horror não menos — dois como que vales

Duma montanha que ninguém subiu.


"Fernando Pessoa. Obra Poética." Rio de Janeiro, RJ, Editora Nova Aguilar, 1983. 

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

SEGUNDA-FEIRA COM ARTE

 

                    "O Despertar" (1876), óleo sobre tela de EVA GONZALÈZ (1849-1883). Acervo: Kunsthalle Bremen, Alemanha. 

domingo, 18 de outubro de 2020

GRANDE, GRANDE OTELO.

Sebastião Bernardes de Souza Prata ou, simplesmente, Grande Otelo, nasceu no dia 18 de outubro de 1915 em Uberlândia, Minas Gerais. Um dos maiores atores brasileiros do século passado. Do drama à comédia, dançando ou cantando, ele era extraordinário. Morreu em Paris a caminho de Nantes, onde seria homenageado no Festival dos Três Continentes em 1993.  

 


sábado, 17 de outubro de 2020

A VASSOURA ELÉTRICA

 Em 2015 visitava o Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, quando vi este objeto entre os equipamentos caseiros. Lembrei-me de minha avó Maria Luiza. Ela nasceu em uma fazenda no interior de São Paulo em 1894 e, portanto, uma enceradeira elétrica ao substituir um pesado escovão foi um grande avanço tecnológico nas lides domésticas. Cresci em uma casa muito grande, com soalho de madeira corrida, que após ser encerado, ganhava brilho com a enceradeira. Um dia na escola, lá pelos anos de 1950, uma colega, deduziu que eu era uma menina muito rica. “Como assim? Minha família não é rica.” Então ela esclareceu que só gente muito rica teria uma vassoura elétrica. Eu fique surpresa porque todas as famílias que eu conhecia tinham vassoura elétrica em casa, objeto que ela desconhecia. Então expliquei como funcionava o “estranho” aparelho e ela riu muito. Coisas da minha avó que raramente se referia ao objeto como enceradeira. Eu gostava quando me deixavam pilotar a vassoura elétrica, pois eu era pequena e magra e tinha a impressão de que era ela que me levava pela casa. A nossa era uma EPEL (Indústrias Reunidas Indian) que já estava no mercado desde os anos de 1930. Vi outra semelhante no Museu da Energia de São Paulo (foto abaixo).

 


Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, Praça Marechal Âncora.

Museu da Energia de São Paulo, Alameda Cleveland, 601, Campos Elísios.  


sexta-feira, 16 de outubro de 2020

OSCAR WILDE

OSCAR WILDE nasceu no dia 16 de outubro de 1854 e faleceu em 30 de novembro de 1900. É autor de “O retrato de Dorian Gray”, uma obra-prima. Para lembrá-lo escolho um excerto de “Um marido ideal” (1895), peça publicada em 1896, um ano após a montagem.

 Why can’t you women love us, faults and all? Why do you place us on monstrous pedestals? We have all feet of clay, women as well as men; but when we men love women, we love them knowing their weaknesses, their follies, their imperfections, love them all the more, it may be, for that reason. It is not the perfect, but the imperfect, who have need of love.”

 

Achei no velho livro do Curso Clássico (1966): English Literature, de M.S. Hull e Machado da Silva, Livraria Francisco Alves.

 TRADUÇÃO LIVRE: “Por que vocês mulheres não podem nos amar, com defeitos e tudo? Por que vocês nos colocam em pedestais monstruosos? Todos nós temos pés de barro, tanto mulheres quanto homens; mas quando nós homens amamos as mulheres, as amamos conhecendo suas fraquezas, suas loucuras, suas imperfeições, as amamos ainda mais, talvez, por esse motivo. Não são os perfeitos, mas sim os imperfeitos, que precisam de amor.”

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

DIA DOS PROFESSORES

Sem professores eles não viveriam momentos tão importantes em suas vidas... 

Jovens posam para o álbum de fotografias da formatura em frente ao prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Domingo, 15 de novembro de 2015.

Jovem formando com a família após cerimônia de formatura na Catedral de Saint Paul em Londres. Julho de 2015.

Escola de Educação Infantil na Aclimação, São Paulo.


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O CÉU É PARA POUCOS

Charles Yeager tem 97 anos. Numa época em que aceitamos todas as novidades sem nos incomodarmos em saber quem foi o responsável por elas, só soube da proeza dele lendo “Os eleitos”, de Tom Wolfe (1930-2018). Wolfe foi um dos grandes jornalistas americanos e nesse livro narra no melhor estilo jornalístico a trajetória dramática da formação dos pilotos que se tornaram astronautas. E lá está Charles Yeager (1923) abrindo as portas para a concretização do programa espacial americano ao ultrapassar a velocidade do som (Mach 1 = 1.200 km por hora ou 1.050 km por hora dependendo da altitude) no dia 14 de outubro de 1947. E o fez com duas costelas quebradas dois dias antes da missão, num acidente cavalgando à noite pelo deserto. Escondeu o fato dos superiores, mas no dia descobriu que não poderia fechar a porta da cabine do avião por causa da dor intensa. Confidenciou o problema para o piloto e mecânico do projeto Jack Ridley, que resolveu a questão com um banal cabo de vassoura para travar a porta da cabine. 
        O projeto desenvolveu-se na Base de Muroc no deserto do Mojave, na Califórnia, atual Base de Edwards. Embora a Força Aérea só tenha divulgado o fato em junho de 1948 por questões de segurança, Yeager tornara-se uma lenda entre os pilotos. Em 1952 os ingleses produziram um filme (“Sem barreira no céu”) sobre o projeto, estrelado por Ralph Richardson (1902-1983) e dirigido pelo cineasta David Lean (1908-1991). O problema é que o filme foi baseado na morte do aviador britânico Geoffrey de Havilland (1910-1946) e as pessoas saiam do cinema acreditando que fora um inglês que rompera a barreira do som. E assim, por muito tempo, o público achou que Yeager fora o primeiro americano a ultrapassar a barreira do som. Apesar de tudo, Wolfe afirma que “Breaking the sound barrier por acaso foi um dos filmes sobre aviação mais absorventes que já se fez”. O livro de Wolf foi adaptado para o cinema em 1983 com o mesmo título (Os Eleitos) e merece ser visto.

        Yeager continuou a carreira militar e em 1962 foi designado diretor de operações dos voos de provas da Escola de Pilotos para Pesquisas Espaciais (ARPS) na Base de Edwards (USAF). Nessa época o programa espacial norte-americano estava em pleno andamento. Em dezembro de 1963 “na qualidade de comandante da ARPS, aproveitou a oportunidade para testar o NF-104”, um superavião que os engenheiros presumiam que poderia atingir uma altitude entre 36.000 e 46 mil metros. Tom Wolf dedica faz uma narrativa de tirar o fôlego sobre o final do voo que terminou na queda e destruição da aeronave, a ejeção do piloto, a sua descida junto com o assento ejetado e a queda no deserto. 

        Um jovem testemunha “a descida”. E o recepciona com um “Nossa!... você está horrível. (...) O Bom Samaritano, versão 1963! E médico! E acaba de anunciar seu diagnóstico! É só isso que o cara precisa... ter quarenta anos de idade, cair 30.000 malditos metros em um parafuso chato, se ejetar, fazer um buraco de um milhão de dólares no chão, conseguir carbonizar metade da cabeça e a mão e ter o olho praticamente arrancado do crânio...” F

        Felizmente, ele se recuperou totalmente, mas naquele dia antes do acidente o programa espacial militar foi cancelado pelo governo. Entrou para a reserva em 1975. Participou de filmes e documentários. Em 14 de outubro de 2012 comemorou o 65º aniversário do seu feito a bordo de um McDonnell Douglas F-15 Eagle como copiloto do capitão David Vincent da Base Aérea de Nellis.

"Correio da Manhã", 1/09/1963. Acervo: Fundação Biblioteca Nacional. 

FONTE: "Os Eleitos". Tom Wolfe. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. 


terça-feira, 13 de outubro de 2020

NO TEMPO DA ATLÂNTIDA (1941-1962).

Para encerrar os dez dias dedicados a atores, lá vai esta preciosidade que encontrei no youtube e que me traz à memória as tardes de domingo na infância, quando minhas tias me levavam ao Cine Carlos Gomes em Santos (SP) para vê-los. Aí estão Grande Otelo e Oscarito, Zé Trindade, José Lewgoy, Anselmo Duarte, Norma Bengell entre muitos grandes artistas brasileiros.

NA TV, UMA COMÉDIA E UM POLICIAL COM HUMOR.

Para encerrar a brincadeira, pensei nos atores de TV e depois de hesitar entre três acabei escolhendo estes dois: SIMON HELBERG (1980) e ALEX O'LOUGHLIN (1976). O americano Simon Helberg interpretou Howard, um dos três amigos de Sheldon (Jim Parsons) na série “The Big Bang Theory”, que teve doze temporadas (2007-2019). Parson virou estrela, mas Helbert me conquistou para sempre. Ele é simplesmente ótimo. Alex O'Loughlin é australiano, começou no teatro e depois passou para o cinema e televisão. Protagonista da série “Hawaii Five-0” (2010-2020), interpreta um militar em função policial. Drama e comédia, com muita pancadaria. Gosto muito dele embora esteja longe de ser um superastro. 


segunda-feira, 12 de outubro de 2020

ALÔ, DOÇURA!

Eva Wilma (1933) é uma artista completa: bailarina clássica, estudou piano, violão, canto e ainda achou tempo para o curso de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, mas foi como atriz de cinema, televisão e teatro que alcançou o sucesso e ganhou muitos prêmios. Foi protagonista com John Herbert (1929-2011) de uma das primeiras séries da TV brasileira: “Alô Doçura”, que foi exibida pela antiga TV Tupi de 1953 a 1963. Eva Wilma continua em atividade. No início deste ano, foi homenageada com o Prêmio Cesgranrio de Teatro.  (Foto: Roberto Filho, Brazil News.)


JOGOS INFANTIS

 "Um poeta contemporâneo disse que para cada homem existe uma imagem que faz o mundo inteiro desaparecer; para quantas pessoas essa imagem nao surge de uma velha caixa de brinquedos?" Walter Benjamin (1892-1940) em "Brinquedo e brincadeira.

Um desafio para este feriado sem graça: quais as brincadeiras que você identifica no quadro renascentista e que fazem parte da sua história?

“Jogos Infantis”, óleo sobre tela do neerlandês Pieter Bruegel, o Velho (1526-1569). Acervo: Museu de História da Arte de Viena.


domingo, 11 de outubro de 2020

O MONSTRO SAGRADO

MARLON BRANDO (1924-2004). Gostei de tudo o que pude assistir com Brando. É verdade que às vezes acho que ele exagerava nas caretas, mas sem dúvida foi um ótimo ator. Uma curiosidade: em 1978 fez a narração do documentário “Raoni”, escrito e dirigido por Jean-Pierre Dutilleux e Luiz Carlos Saldanha sobre o cacique brasileiro. Em 1961 ele dirigiu o faroeste “A Face Oculta”, depois da dispensa de Stanley Kubrick. Muito bom, mas claro que causou vários problemas para a produção.

 

sábado, 10 de outubro de 2020

FRANCÊS OU RUSSO, SEMPRE DEPARDIEU.

Beleza e elegância não são os principais atributos do ator francês (agora russo) GÉRARD DEPARDIEU (1948), mas graças ao talento que ele esbanja transita do personagem romântico ao rústico conquistando fãs pelo mundo afora. Assisti a muitos filmes com ele entre os quais “1900” (1976), de Bernardo Bertolucci; “Danton” (1982), de Andrzej Wajda. “Green Card” (1990), de Peter Weir; e o mais recente foi “Minhas tardes com Margueritte” (2011), de Jean Becker. Escreveu alguns livros e em 2017 lançou “Monstro”, em que faz reflexões sobre a vida e a carreira.



sexta-feira, 9 de outubro de 2020

JOSÉ LEWGOY, SEMPRE PERFEITO.

 JOSÉ LEWGOY (1920-2003) foi um ator extraordinário. Brilhou nas telas do cinema e da televisão. Costumam dizer que ele foi o grande vilão do cinema e da TV brasileira, mas isso é reduzir seu talento. Fez de tudo no cinema nacional: chanchada, pornô chanchada, Cinema Novo e ganhou o mundo com o diretor alemão Werner Herzog (“Fitzcarraldo”). Franco Rossi (“Uma Rosa para todos”) e Paul Mazursky (“Luar sobre Parador”). Como diria um dia: "Em nome da sobrevivência, gastei meu Shakespeare num monte de filmes ruins". Estudou artes cênicas na Universidade de Yale (Connecticcut/USA), graças a uma bolsa de estudos. Fez várias novelas a partir de 1973. Em uma reportagem especial para o JORNAL DO COMÉRCIO, de Porto Alegre, o jornalista Márcio Pinheiro, cita uma entrevista em que o ator se compara ao transatlântico do filme “E la Nave va” (Fellini): “imenso, adora ópera, anda balançando e tem uma tripulação numerosa ‒ os personagens que carrega”.



quinta-feira, 8 de outubro de 2020

SEMANA DAS ESTRELAS: OS MOCINHOS.

Se MORGAN FREEMAN (1937) estiver no elenco de um filme, assistirei, pois se o filme não for bom (“Uma viagem a Vegas”, 2013) ainda terá valido a pena vê-lo porque é sempre perfeito. Assisti “Tempo de Glória” (1988), mas foi em “Conduzindo Miss Daisy” (1989) que me conquistou ‒ um filme que lhe valeu muitos prêmios. O Oscar ele recebeu só em 2005 por “Menina de Ouro”, dirigido por Clint Eastwood. Perfeito em “Antes de partir” (2007), filme de Rob Reiner, com o eterno alucinado Jack Nicholson.  

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

O BRILHO DE SOPHIA LOREN

Outra grande dama do cinema é SOPHIA LOREN (1934) que foi concorrente de Gina Lolobrigida (1927) e a superou. Começou a carreira em 1950 com pequenos papeis e aos poucos consolidou-se como atriz. O sucesso internacional aconteceu em 1962 com o filme franco-italiano “Duas Mulheres”, dirigido por Victorio De Sicca. O papel principal rendeu-lhe três principais prêmios internacionais de melhor atriz (Oscar, British Academy Film Awards, Festival de Cannes). O filme ganhou ainda o Globo de Ouro na categoria melhor filme de língua estrangeira. A partir desse filme o céu era o limite para Sophia Loren, que contracenou com os grandes galãs da época - de Charlton Heston a Marlon Brando, de Clark Gable a Peter Sellers, de Marcello Mastroianni a Paul Newman. O primeiro filme que vi com Sofia foi “A Lenda da Estatua Nua”, (1957), com Alan Ladd, mas lembro que uma revista de fotonovela publicou “A Bela Moleira” (1955), que ela estrelou com Marcello Mastroianni. Vi vários filmes com ela ‒ a maioria muitos anos depois do lançamento ‒, como “Pão, Amor e...” (1955), “Boccaccio 70” (1962), “Matrimônio à Italiana” (1964), “A Condessa de Hong Kong” (1967), “Dois velhos mais rabugentos” (1995), “Prét-à-Porter” (1994).



terça-feira, 6 de outubro de 2020

DE OFÉLIA A FILOMENA, SEMPRE PERFEITA.

JUDI DENCHI (1934) é uma atriz britânica maravilhosa. Nasceu em York, a bela cidade murada. Estreou no teatro no papel de Ofélia, de “Hamlet” de Shakespeare aos 23 anos e nunca mais parou de representar expandindo sua atuação para cinema, rádio e televisão. Seu talento pode ser avaliado pela grande lista de prêmios ao longo da carreira, o que inclui seis British Academy Film Awards e um Oscar de melhor atriz coadjuvante (“Shakespeare apaixonado”, 1999). Creio que só vi três ou quatro filmes com ela e todos excelentes: “Henry V” (1989), “Filomena” (2013) e “O extraordinário Hotel Marigold” (2012); guardo ótimas lembranças da série britânica “As time goes by” (1992-2002), que ela estrelou com outro grande ator britânico Geoffrey Palmer (1927) ‒, aliás, estão juntos em “Henry V”.


Escolhi um vídeo da série romântica "As time goes by" em que ela contracena com Geoffrey Palmer. 


JULIETA DOS ESPÍRITOS

Se alguém disser que Giulietta Masina (1921-1994) só fez sucesso porque se casou com Federico Fellini, está tremendamente enganado. Ela foi uma atriz perfeita. Começou durante o curso de Filosofia e Letras que fazia na Universidade de Roma, participando das temporadas de teatro universitário de 1941/1942. Em 1943 casou-se com Fellini, mas só estreou no cinema após a guerra: em 1946 fez “Paisà”, de Roberto Rossellini e dois anos depois “Sem piedade”, de Alberto Lattuada. Com o marido ela começou a trabalhar apenas em 1954 em “A Estrada”. Giulietta fez cerca de trinta filmes com grandes diretores, mas é lembrada principalmente pelos trabalhos realizados com Fellini: “A Trapaça” (1955), “Noites de Cabiria” (1957), “Julieta dos Espíritos” (1965) e “Ginger e Fred” (1985). Gostei de todos, entretanto, os preferidos são “Noites de Cabiria” e “Ginger e Fred”. 






segunda-feira, 5 de outubro de 2020

SEMANA DE ESTRELAS

No Facebook um amigo me convidou a postar durante dez dias consecutivos fotos de dez atores ou atrizes de cinema e/ou séries de TV de quem eu gosto ou cujo trabalho admire. Sem justificativa. É muito difícil escolher apenas dez. Entretanto, a brincadeira ajuda a passar o tempo e resolvi começar selecionando atrizes. A primeira foi Simone Signoret (1921-1985), uma extraordinária atriz francesa, que citei dias atrás ao comentar “O gato”, filme ótimo baseado no livro de George Simenon. Simone que nasceu na Alemanha, mudou para a França e mais tarde se naturalizou. Era uma mulher muito bonita. Casou-se duas vezes. O segundo casamento foi com o cantor, ator e ativista político italiano naturalizado francês Yves Montand (1921-1991). Ganhou vários prêmios entre osquais o Oscar em 1960 pelo trabalho em “Almas em Leilão” (1959); trabalhou com grandes diretores europeus e americanos. Com Yves Montand fez vários filmes, incluindo “Paris está em chamas?” (1966), de René Clement, e “A Confissão” (1970), de Costa-Gavras. Simone escreveu alguns livros. Descobri por acaso um deles na Biblioteca Mário de Andrade: “Adeus, Volodia”, um ótimo romance que narra a vida de judeus da Europa Central que imigraram para a França no início do século passado. 








domingo, 4 de outubro de 2020

DIA DA NATUREZA E DOS ANIMAIS

 

Assis, Itália, 2011.




Fólio de um manuscrito ilustrado do século XVII do poema “A Linguagem dos Pássaros”, de autoria do persa Farid al-Din 'Attar (século XII). A miniatura é assinada por Habiballah de Sava. Material: tinta, aquarela, ouro e prata em papel. Acervo do Metropolitan Museum of Art de Nova York.

DOMINGO NA SÉ

Catedral da Sé, 13 de março de 2020.

O VAGABUNDO

Álvares de Azevedo (1831-1832)

Eu durmo e vivo ao sol como um cigano, 

Fumando meu cigarro vaporoso, 

Nas noites de verão namoro estrelas, 

Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!


Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas...
E quem vive de amor não tem pobreza.

Não invejo ninguém, nem ouço a raiva
Nas cavernas do peito, sufocante,
Quando, à noite, na treva em mim se entornam
Os reflexos do baile fascinante.

Namoro e sou feliz nos meus amores,
Sou garboso e rapaz... Uma criada
Abrasada de amor por um soneto,
Já um beijo me deu subindo a escada...

Oito dias lá vão que ando cismando
Na donzela que ali defronte mora...
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora...

Tenho por meu palácio as longas ruas,
Passeio a gosto e durmo sem temores...
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.

O degrau das igrejas é meu trono,

Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta
E a preguiça a mulher por quem suspiro.

Escrevo na parede as minhas rimas,
De painéis a carvão adorno a rua...
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.

Sinto-me um coração de lazzaroni,
Sou filho do calor, odeio o frio,
Não creio no diabo nem nos santos...
Rezo a Nossa Senhora e sou vadio!

Ora, se por aí alguma bela
Bem dourada e amante da preguiça,
Quiser a nívea mão unir à minha
Há de achar-me na Sé, domingo, à missa. 


sábado, 3 de outubro de 2020

SÁBADO DIVERTIDO. COM MÚSICA.

A música faz parte da trajetória do Homem como mostram estas peças arqueológicas guardadas em museus espalhados pelo mundo. A flauta é um dos instrumentos musicais mais antigos de que se tem notícia e, no princípio, era feita de ossos. Outros que se perdem nos tempos são xilofones e tambores feitos de madeira e pedra. As vibrações de um arco de caça originaram a criação da harpa, que tem a forma triangular. Ela é citada em poesias, vista em desenhos em tumbas no Egito e em esculturas gregas. A lira faz parte do cenário da Antiguidade Greco-romana, mas provavelmente teve origem na Ásia. 


Mas para sábado escolhi um coelho, um piano e Franz Liszt (1811-1886). O piano é bem mais recente, data do início do século XVIII.


quinta-feira, 1 de outubro de 2020

DIA INTERNACIONAL DA MÚSICA

A música faz parte da nossa vida. Não importa onde vivemos. Sempre podemos contar com a música para embalar os bons os momentos e nos consolar nos mais tristes. Responda: qual o grande sucesso musical do ano em que você nasceu? Posso dizer que  que no mês de julho de 1945 o grande sucesso foi a música "Sentimental Journey", gravada por Doris Day (1922-2019) com Les Brown e Orquestra. No Brasil, Nelson Gonçalves (1919-1998) liderava a preferência popular com a valsa “Maria Bethania”, composição de Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa, 1904-1997). Época de grandes cantores e grandes orquestras. A interpretação de Doris Day é simplesmente maravilhosa.