sábado, 29 de abril de 2023

DIA MUNDIAL DA DANÇA

Hoje é sábado. Um sábado perfeito para ver ou rever “Embalos de sábado à noite”, filme de 1977 com John Travolta (1954), afinal hoje é Dia Mundial da Dança. O filme fez um grande sucesso e Travolta virou um astro internacional. Melhor ainda: ir a um dos bons bailes que há em São Paulo.

Grandes pintores celebraram a dança em suas obras: Heitor dos Prazeres (1898-1966), Degas Edgard Degas (1834/1917), Toulouse-Lautrec (1864-1901), Fernando Botero (1932) e Pablo Picasso (1881-1973).

“A linguagem corporal é a forma de comunicação mais instintiva da Humanidade”, escreveu a coreógrafa chinesa Yang Liping. Lançada em 1989, a data homenageia Jean-Georges Noverre (1727-1810), considerado o fundador do ballet moderno, que nasceu em 29 de abril. Para Klauss a dança “deixa de ser uma profissão, uma diversão, uma ginástica, deixa até de ser uma arte no sentido mais e restrito do termo, para ser entendida e vivida como um caminho de autoconhecimento, de comunhão com o mundo e de expressão do mundo”.



https://www.youtube.com/watch?v=tyJDYTG5leQ 


Heitor dos Prazeres.

Fernando Botero.

Edgar Degas. 

Pablo Picasso.

Toulouse-Lautrec. 


sexta-feira, 28 de abril de 2023

JORNADA CULTURAL REALEJO


Abril chega ao fim com um fim de semana prolongado. Programa para quem vai a Santos ou não planeja vir ao Planalto. 



 

quarta-feira, 26 de abril de 2023

ADEUS A HARRY BELAFONTE

Morreu Harry Belafonte (1927-2023), um novaiorquino que foi muito mais que um cantor e ator de grande sucesso: teve importante ativista pelos direitos civis. Ele usou o seu carisma e sua influência para mobilizar e arrecadar fundos para o movimento. Amigo e apoiador do reverendo Martin Luther King Jr., atraiu celebridades para a Marcha da Liberdade em Washington em 1963, quando King proferiu seu histórico discurso "Eu tenho um sonho" e participou da marcha de Selma a Montgomery, no Alabama; idealizou a gravação da música “We Are The World” para levantar fundos para combater a fome e doenças na África e que foi entoada por um coral formado pelas principais celebridades de 1985 entre os quais Bob Dylan, Michael Jackson, Lionel Ritchie, Tina Turner, Kenny Rogers e Bruce Springsteen. O single, o álbum e o videoclipe renderam 55 milhões de dólares.

A imprensa dedicou-lhe várias e merecidas páginas nesta quarta-feira, reconhecendo o importante trabalho que ele desenvolveu paralelamente à carreira artística, muitas vezes pondo em risco a própria segurança. Harry Belafonte foi, reconhecidamente, um rebelde. Respondendo à pergunta “Onde mora o coração rebelde?” ele disse:

 “Sem o coração rebelde, sem as pessoas que entendem que não há sacrifício que possamos fazer que seja grande demais para recuperar o que perdemos, estaremos para sempre distraídos com posses, bugigangas e títulos.”  

Filho de família pobre de origem jamaicana, Belafonte lutou na II Guerra, na volta apaixonou-se por o teatro para pagar os estudos cantava em night clubs. O sucesso como cantor aconteceu em 1956 quando seu álbum Calypso vendeu mais de um milhão de cópias, algo inédito. Ele fez teatro, televisão e cinema – ganhou um prêmio Tony por seu trabalho na Broadway. Foi embaixador da Boa Vontade da UNICEF.

Em 2013, ele recebeu a maior honraria da NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor), a Medalha Spingarn, o Kennedy Center Honor em 1989, a National Medal of Arts em 1994 e o Grammy Lifetime Achievement Award em 2000. 

Entre tantas músicas que ele gravou, escolhi “Matilda”.



https://www.youtube.com/watch?v=jBd0YqO_-2I

sábado, 22 de abril de 2023

VIDA DE REPÓRTER

Para quem não é do ramo, foca é todo jornalista no início da profissão. Comecei a estagiar em abril de 1970, quando ainda cursava o quarto ano da faculdade. Tudo novidade. Na redação, havia vários colegas da faculdade e alguns conhecia de vista desde os tempos do colégio Canadá, como Tomás de Aquino, que devia estar com uns 23 anos e já se destacava no jornalismo.  Na época, havia uma pedreira no bairro do Marapé que causava grandes transtornos para a vizinhança e, vira e mexe, os moradores iam até o jornal reclamar, pedindo que as autoridades tomassem providências contra a empresa extratora de pedras. 

Foi por isso que a secretaria de saúde informou ao jornal que em tal dia faria uma operação surpresa e eventual interdição da pedreira caso a empresa estivesse infringindo a lei. Não sei o motivo que levou a chefia a escalar uma foca para cobrir o evento. Talvez os experientes estivessem ocupados com coisas muito mais importantes. O fato é que me deram todas as orientações possíveis e avisaram que, eu e o fotógrafo, só deveríamos aparecer quando a fiscalização chegasse. Em outras palavras: deveríamos ficar na moita até a hora H. Fomos cedinho para o local e abandonados nas imediações da pedreira. E assim passaram-se os minutos e as horas, e a manhã chegou ao fim sem que ninguém da Secretaria de Saúde se materializasse. Na pedreira, o trabalho seguia o ritmo, como pudemos constatar a cada explosão, seguida de nuvens de poeira. Meu horário de trabalho era de 8 às 13 horas. O repórter fotográfico já estava irritado, queria ir embora; munida de uma ficha telefônica, fui procurar um telefone para ligar para o jornal. Atendeu Tomás de Aquino. Expliquei a situação e concluí, como boa foca, que meu horário de saída era às 13 horas. Ele era um gentleman. “Hilda, jornalista não tem hora para sair, mas se você quiser mesmo vir embora eu envio um carro e um jornalista para o local.” Uma lição inesquecível dada com toda classe.

Lembre-me dessa história porque hoje é dia de Tiradentes. Ainda cursava o colegial no colégio Canadá, quando assisti no anfiteatro do colégio a uma montagem do julgamento de Tiradentes feita pelos estudantes. Tomás de Aquino fazia o papel de advogado do inconfidente e, observando seu desempenho, imaginei que ele faria Direito. Foi uma surpresa encontrá-lo no jornal, onde já se destacava. Inteligente, bonito e elegante, dirigia um jipe descoberto. Faleceu no mesmo ano num acidente automobilístico em Guarujá.

    Por falar em pedreira... Eu já não era foca. Estava trabalhando um sábado à noite cobrindo folga ou férias de algum colega. A reportagem geral é bem abrangente, pode até incluir um show, normalmente atribuição do pessoal de Variedades, ou um crime, setor da equipe de polícia. Naquele sábado, entre várias outras coisas, eu tinha que ir conferir uma assembleia do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Santos, cuja sede era na Vila Mathias, numa região repleta de hotéis de “curta permanência”, botecos e casas, por assim dizer, suspeitas, embora todo mundo soubesse o que acontecia por lá. Quanto a isso nenhum problema porque o jornal ficava nas imediações da velha “boca do lixo” de Santos. Minha missão naquela noite era conversar com o presidente da entidade sobre as reivindicações e combinar para pegar no dia seguinte o resultado assembleia e seguir com o fotógrafo para a próxima reportagem.

O sindicato funcionava num sobrado – subi as escadas, localizei o salão, abri a porta e lá estavam dezenas de trabalhadores esperando sentados que a reunião começasse. A mesa que conduziria os trabalhos ficava de frente para a porta e, ao me ver, um dos líderes gritou indignado:

– A senhora queira se retirar imediatamente! Esta é uma casa de respeito!

Todas as cabeças se viraram para ver a indigna senhora que ousara invadir o local. Suspirei fundo e respondi que eu era jornalista e estava ali por causa da assembleia. Risadas da plateia e constrangimento do presidente que tratou de se desculpar e me deu toda atenção tentando remediar a situação.

A NOITE DAS VAIAS

O jornal planejara um caderno especial sobre a história do Carnaval de Santos. Uma equipe de repórteres foi atrás dos diretores dos blocos e escolas de samba mais antigos para entrevistá-los e localizar velhos foliões para narrassem suas aventuras “momísticas”. Isso foi em meados dos anos 1970. Na minha lista, constava o “Agora vai...”, bloco que desfilava apenas uma vez por ano no sábado anterior ao Carnaval. Não gosto de Carnaval. Quando era criança, a rua em que eu morava fazia parte do trajeto dos blocos e minhas tias me levaram algumas vezes para assistir “Dona Dorotéia, vamos furar aquela onda?” – um desfile que acontecia na orla da praia.

Na época da entrevista o “Agora vai...” estava em decadência. O diretor da agremiação marcou a entrevista à noite, na sede da Tricanas de Coimbra, que era num sobrado no centro da cidade, onde aconteciam os ensaios. Como sempre os repórteres dividiam a viatura do jornal e nessa ocasião estávamos eu, o fotógrafo e cronista social. Na porta do sobrado, me identifiquei, mas o leão de chácara me impediu de subir; expliquei que tinha entrevista marcada com a diretoria do bloco. Ele estava irredutível. O cronista social resolveu intervir e, para minha surpresa, teve permissão para entrar. Furiosa, aguardei o retorno dele e fui autorizada a subir. Como a maioria dos sobrados, o térreo é um espaço destinado a comércio com uma entrada lateral com a escada de acesso ao piso superior.  No prédio em questão, a escada terminava num amplo salão com as janelas abrindo-se para a rua à esquerda e à direita uma série de portas para os demais cômodos. Assim que pisei no salão fui recepcionada por uma estrondosa vaia dos foliões que só pararam com a gritaria quando uma porta se abriu e uma pessoa aos berros disse que eu era jornalista e ia entrevistá-lo. Artistas, políticos e atletas costumam amargar vaias em suas carreiras, mas jornalistas.? A pessoa era o diretor da agremiação, que me introduziu na sala, pediu desculpas pelo comportamento dos foliões e explicou que o “Agora vai...” se tornara um bloco gay e mulheres não eram admitidas nos ensaios. Na saída, todos se comportaram e ainda ganhei adeusinhos que ignorei solenemente.

De acordo com J. Muniz, colaborador do jornal CIDADE SANTOS, a agremiação teria surgido no antigo Café d’Oeste na Praça José Bonifácio em 1947. A partir de 1952 o bloco incluiu carros alegóricos com críticas e teve seu apogeu em 1958. Naquele ano, estava em completa decadência. Lembro que as mulheres já desfilavam em escolas de samba, mas eram poucas ainda em blocos e ranchos.

"Baco", tela de Caravaggio, 1596.


terça-feira, 18 de abril de 2023

A DIFÍCIL ARTE DE VENDER SEU PEIXE

Todos os dias passam sob minha janela os vendedores de frutas fresquinhas, ovos, pamonha e o padeiro, além do amolador de facas, tesouras e alicates oferecendo seus serviços. O padeiro usa moto e uma buzina azucrinante para vender os pães acomodados em uma caixa gigante, enquanto o amolador usa a tradicional gaita, que não ofende os ouvidos de ninguém. Os demais aparecem de carro e com um sistema de som capaz de levantar defuntos. Pensava eu com meus botões se a publicidade não teria nascido com o comércio, afinal, na feira cuja origem se perde no tempo, quem não grita não vende sua mercadoria.

            Os primeiros anúncios de que me lembro eram transmitidos pelas ondas do rádio, pois cresci ouvindo rádio que ocupava um lugar de destaque na sala. Nas revistas e jornais, havia propagandas em preto e branco, pois publicações em cores eram raras até mesmo em CRUZEIRO, a principal revista brasileira que circulava em casa. Na edição de 13 de janeiro de 1945, que encontrei em um sebo anos atrás, a atriz americana Evelyn Keyes* (quem lembra dela?) recomenda “PAN CAKE MAKE UP BATON TRU-COLOR ROUGE E PÓ em Harmonia de cores, a criação exclusiva da Max Factor em preto e branco”. O anúncio, entretanto, não é colorido.

Sabonetes, cremes, remédios, material de limpeza movimentavam as páginas das publicações. Na mesma edição encontro o tradicional sabonete Lifebuoy, o creme Rugol (‘20, 30 ou 40 primaveras... sempre conquistando corações – graças a Um Só Creme!”), Eno “sal de fructa” entre tantos outros. A velha e boa Guaraná Antárctica... E as canetas tinteiro Parker 51, um sonho de consumo...

         Havia ainda os anúncios da Cera Parquetina – naquela época ainda se encerava a casa que brilhava lindamente, quando se terminava de passar a enceradeira. (A fábrica foi comprada nos anos 1990 pela Reckitt Benckiser e desapareceu do mercado.) O anúncio do Biotônico Fontoura, único remédio que eu gostava de tomar, dizia que “Todo mundo lá em casa tem saúde por isso toma Biotônico Fontoura. Quem não toma Biotônico Fontoura é um só Au Au Au, o tadinho do Totó.” Em casa só eu tomava o biotônico porque era muito magrinha e não gostava de comer. O reforço era a detestável colherada do “óleo de fígado de bacalhau”.

E para terminar o jingle da Auris-Sedina que também era muito bom para os ouvidos dos ouvintes de rádio, pois a intérprete era ninguém menos que Dircinha Batista (1922-1999), considerada patrimônio nacional nos anos 1940.



https://www.youtube.com/watch?v=sVGdHiCOTII

*Evelyn Keyes (1916-2008) fez o papel de irmã da Scarlett O’Hara em “...E o vento levou” entre muitos outros filmes e casamentos.



 










domingo, 16 de abril de 2023

FEIRA DE LIVROS

Sábado chuvoso. A agenda informa que ainda acontece a Feira de Livros da Unesp na Barra Funda – termina amanhã (hoje). Vou cedo porque imagino que o público prefira dormir até mais tarde. O local é em frente à estação do Metrô, mas uma faixa me deixa confusa embora seja enorme. Faltou apenas um item nela – e fundamental: a seta indicando a direção da entrada. O espaço está lotado. Leitores de todos os tipos e tribos. Queria tanto passear entre os estandes tranquilamente para descobrir novos livros e autores, mas entre um empurrão e outro vou abrindo caminho pelas ruas estreitas da feira. Afinal, é uma feira.

Aqui estão os infantis; ali os de autoajuda; acolá uns que me parecem de terror (pelo menos as capas). Lá estão os clássicos – os que não tenho, li e leio emprestados das bibliotecas... Foi então que vi alguns livros de autores japoneses – entre os quais Mishima (1925-1970) – e ao espiar as publicações da editora que, aliás, não conhecia, um título me atraiu: “Afirma Pereira”, do escritor italiano Antonio Tabucchi (1943-2012), editora Estação Liberdade. (Uma das minhas grandes falhas é sempre esquecer de colocar na mini bolsa os óculos de perto e o jeito é apelar para a boa vontade das pessoas.) Sou atendida por uma pessoa muito bem preparada. Muito mais que um vendedor. Um leitor que vende livros. Ele me introduz à obra de Tabucchi, um professor italiano apaixonado por Portugal, conta a trama do livro escolhido e ainda me fala de outro: “Os últimos três dias de Fernando Pessoa” cujo tema é o encontro do poeta português com seus heterônimos – Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Infelizmente esgotado.

A história de “Afirma Pereira” acontece em Portugal, e o protagonista é o editor da seção cultural de um jornal lisboeta às voltas com um foca contratado para escrever, antecipadamente, obituários de pessoas importantes porque “um bom necrológio não se improvisa”. Corre o ano de 1936 – quando a fina flor da ditadura na Europa está no poder: em Portugal Antônio Salazar há quatro anos; a vizinha Espanha enfrenta a Guerra Civil, enquanto Mussolini (Itália) e Hitler (Alemanha) parecem dominar solidamente seus países. Nesse quadro político, o jornalista novato, entretanto, não se conforma em fechar os olhos à realidade e... Bem, é melhor ler o livro para saber o que acontece. “Afirma Pereira” recebeu o Prêmio Super Campiello, Scanno e Jean Monnet de Literatura Europeia e, em 1995, ganhou uma versão cinematográfica, dirigida por Roberto Faenza (1943), com Marcello Mastroianni no papel de Pereira. Agradeço as informações do leitor que me atendeu e deixo a feira feliz com este novo amigo.



Local da Feira da UNESP: 
Rua Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271, ao lado da Estação Palmeiras - Barra Funda do Metrô.

sábado, 15 de abril de 2023

JORNADA CULTURAL

 Um programa especial em Santos.

Neste sábado o bate-papo será com o jornalista Moacir Assunção, autor de "Os homens que mataram o facínora" sobre Lampião e "Nem heróis nem vilões" sobre a guerra do Paraguai. 

A Livraria REALEJO fica na Av. Mal. Deodoro, 2 - Gonzaga.



sexta-feira, 14 de abril de 2023

DESCULPE, FOI ENGANO!

Sala de espera da clínica. Aguardo com outras pessoas minha vez para um exame ergométrico para fazer atividades físicas. Nada interessante em volta. Uma porta se abre e aparece uma moça de touca, máscara e avental que vem em minha direção, se inclina e, pondo o rosto bem perto do meu, mostra uma folhinha de caderneta e me diz baixinho, toda atenciosa:

– Senhora, fiz uma lista dos hospitais e...

Hospitais? E eu nem fiz o teste? Que eficiência!

– Hospitais? Não preciso de hospital.

Ela “repara” o erro rapidamente:

– Desculpe, pro seu marido.

– Marido? Não tenho marido!

Ela ainda não se convenceu:

– A senhora não é dona Elisa?

– Não, você está enganada.

– Ih! Acho que errei de paciente.

E a atrapalhada sai em busca da dona Elisa.

Bem, pelo menos foi divertido e, logo em seguida, me chamaram. Fui tranquila para a esteira porque pelo menos sabia que já tinham uma lista de hospitais para emergência. 



domingo, 2 de abril de 2023

APRIL LOVE

Pat Boone (1934) é um cantor e ator norte-americano que foi bastante popular em meados do século passado. Tinha uma carinha bonita, uma voz agradável e totalmente olvidável. Lembrei-me dele por causa de uma canção – April Love, tema do filme "Primavera de Amor" (1957) que fez sucesso por aqui. Continua na ativa aos 88 anos.

https://www.youtube.com/watch?v=VGkOLdzW-0E