quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

RAINHA DA NOITE

Último dia de 2020, com “Rainha da Noite”, ária da ópera “A Flauta Mágica”, de Mozart, na belíssima interpretação da soprano alemã Diana Damrau (1971). Diana Damrau é uma soprano coloratura, ou seja, tem a voz mais aguda de todas. Nesta cena, arrebatada pelo desejo de vingança, a ambiciosa rainha exige que a filha mate o rival dela, o sacerdote Sarastro, ameaçando repudiá-la caso ela não a obedeça. Na verdade, o titulo da ária é “A vingança do inferno ferve em meu coração”. Libreto de Emanuel Schikaneder (1751-1812). Amadeus Mozart morreu em 5 de dezembro de 1791 aos 35 anos.


Tradução (desconheço o autor)

A vingança do inferno ferve em meu coração;
Morte e desespero flamejam ao meu redor!
Se Sarastro não sentir as dores da morte por você,
Então nunca mais você será minha filha.

Repudiada será para sempre,
Abandonada será para sempre,
Destruídos serão para sempre
Todos os vínculos naturais
Se Sarastro não for morto por você!
Ouçam, deuses da vingança, ouçam o juramento da mãe!





quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

FELIZ ANO NOVO PARA TODOS

 




Fonte: os gifs foram selecionados na internet.

VOANDO COM SUPER-HOMEM

Em 202 todos nós fomos de certa forma Super-homens e Supergirls.

A trilha musical de "Superman" (1978), filme de Richard Donner, foi a primeira composição de John Williams a merecer Oscar da Academia.



E a sensibilidade de Gilberto Gil

 SUPER-HOMEM (A CANÇÃO)

 Um dia

Vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter

Que nada
Minha porção mulher, que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É que me faz viver

Quem dera
Pudesse todo homem compreender, oh mãe, quem dera
Ser o verão o apogeu da primavera
E só por ela ser

Quem sabe
O super-homem venha nos restituir a glória… 



terça-feira, 29 de dezembro de 2020

UMA NOVA ESPERANÇA

Últimos dias de 2020. Nada como música para encerrar este ano que nos obrigou a repensar comportamento e hábitos, mas foi especialmente terrível para aqueles que vivem em situação de risco e se viram mais desamparados do que nunca. O compositor americano e maestro John Williams (1932) assinou as trilhas musicais de alguns dos melhores filmes de aventuras do século passado e que continuam encantando o público em pleno século XXI. Se todo fã de cinema identifica logo as músicas de “Guerra nas Estrelas” (1977), “Indiana Jones” (1981) e “Superman” (1978), a maioria talvez desconheça o compositor, um simpático senhor de 88 anos que ao longo de uma carreira de 68 anos foi indicado 51 vezes ao Oscar e levou cinco para casa; foi agraciado com cinco Emmys, quatro Globos de Ouro e vinte Grammys. Sempre há esperança.




segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

ÚLTIMA SEGUNDA-FEIRA DE 2020

Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe

o que será. 

[...]

“Não se mate”, Carlos Drummond de AndradeAntologia Poética: Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.

São Sebastião, novembro de 2020. Foto: Hilda Araújo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

NATAL NO MUNDO HQ

Na infância vivemos experiências que marcarão nossas vidas. As histórias que nos leem mexem com nosso imaginário e nos tornam mais criativos. Depois que aprendemos a ler folheamos com prazer os livros de histórias e os lemos muitas e muitas vezes sem nos cansar. Na minha infância, revistas de quadrinhos (HQ) ou gibis não eram bem vistas. O Pato Donald foi a primeira que eu ganhei... Talvez por isso eu goste tanto dele. No decorrer dos anos, apareceram outros personagens marcantes, como o Pica-pau, a Pantera Cor de Rosa e a família Simpson. Aqui estão reunidos alguns em suas comemorações de fim de ano. 









segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

SEGUNDA-FEIRA E A CHEGADA DO VERÃO

Tudo isso e muito mais, porém, em casa. Enquanto isso The Mamas & The Papas para os mais experientes recordarem os anos 1960.

Honolulu, Havaí, setembro de 2017.

domingo, 20 de dezembro de 2020

NATAL


De repente o sol raiou 
E o galo cocoricou: 

‒Cristo nasceu! 

O boi, no campo perdido 
Soltou um longo mugido: 

‒ Aonde? Aonde? 

Com seu balido tremido 
Ligeiro diz o cordeiro: 

‒ Em Belém! Em Belém! 

Eis senão quando, num zurro 
Se ouve a risada do burro: 

‒ Foi sim que eu estava lá! 

E o papagaio que é gira 
Pôs-se a falar: ‒ É mentira! 

Os bichos de pena, em bando 
Reclamaram protestando. 

O pombal todo arrulhava: 
‒ Cruz credo! Cruz credo! 

Brava 
A arara a gritar começa: 

‒Mentira? Arara. Ora essa! 
‒ Cristo nasceu! - canta o galo. 
‒ Aonde? - pergunta o boi. 
‒ Num estábulo! - o cavalo 
Contente rincha onde foi. 

Bale o cordeiro também: 

‒ Em Belém! Mé! Em Belém 

E os bichos todos pegaram 
O papagaio caturra 
E de raiva lhe aplicaram 
Uma grandíssima surra.

VINICIUS DE MORAES
Rio de Janeiro, 1962.

sábado, 19 de dezembro de 2020

MARAVILHOSO DEMAIS PARA PALAVRAS

Esse é o título de uma música americana (tradução livre). Uma homenagem a uma velha amiga que ajudou a pôr no papel as notícias e as histórias que compõem a nossa vida: a máquina de escrever. É verdade que foi recolhida aos museus no final do século passado, contudo, bem antes disso recebeu merecida homenagem do músico americano Leroy Anderson (1908-1975), que compôs “Concerto para Máquina de Escrever”, e neste musical da Warner (1937) em que Ruby Hilda Keeler (19009-1993) sapateia numa máquina de escrever gigante, na cena final do filme “Ready, Willing and Able”, dirigido por Ray Enright. A música é “Too marvelous for words”. 



Foto MAC/USP: exposição “Ecos Mecânicos: A máquina de escrever e a prática artística”.




sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

NATAL? QUEBRA-NOZES.

Há exatos 128 anos estreou no Teatro Mariinsky, de S. Petersburgo (Rússia) o balé “Quebra-Nozes”. A música é de Piotr Ilitch Tchaikovski (1840-1893). O libreto de Lev ivanov (1834-1901) foi baseado em obra de Alexandre Dumas, pai. A história se passa na noite de Natal. American Ballet Theatre.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

BANHO, RITUAL DIÁRIO.

 E não é que o professor James Hamblin, 37 anos, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale, especialista em medicina preventiva, encontrou um meio de se sobressair na multidão? Há cinco anos parou de tomar banho, mas acha imprescindível lavar as mãos com sabão. Ah! E também escova os dentes. Oh! Céus! Hamblin, que garante não cheirar mal, calcula que passamos dois anos inteiros de nossas vidas tomando banho e que isso é desperdício, além de tempo, de dinheiro e água. O professor já escreveu dois livros sobre a pesquisa que faz e, até agora, concluiu que banho não faz falta. Eu não entendo a vida sem pelo menos o banho diário, hábito maravilhoso que herdamos dos nativos brasileiros ‒ antropólogos contam que as mulheres chegavam a se banhar seis vezes por dia!

"O banho" (1867), do belga Alfred Stevens.

Lembrei uma notícia antiga sobre um incidente no aeroporto de Guarulhos. A segurança ou polícia foi requisitada pelos passageiros da fila do check-in por causa de um cidadão que pretendia embarcar no voo para Alemanha e cheirava muito mal, tão mal que o funcionário que atendeu ao chamado teve ânsia de vômito. Enfim, o fedido era um alemão que viera ao Brasil para conhecer a Amazônia, onde passou três meses, período em que não tomou banho porque, relatou, tinha medo de pegar alguma doença por meio da água. Só embarcou no dia seguinte após se apresentar para inspeção sanitária de banho tomado e roupa limpa. Não me perguntem como ele chegou a Guarulhos...

UM DIA ADORÁVEL

Vera-Ellen (1921-1981) foi uma das grandes bailarinas da época de ouro dos musicais de Hollywood. No vídeo cena em que ela dança com Donald O’Connor (1925-2003)  no filme “Sua Excelência, a embaixatriz” (1953). Ela estrelou entre outros filmes “Um dia em Nova York” (1949), dirigido por Stanley Donen e Gene Kelly, que está no elenco junto com Frank Sinatra, e “Natal Branco” (1954), dirigido por Michael Curtis, com Danny Kaye e Bing Crosby.   





quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

AS ESTRELAS DE OLAVO BILAC

Carioca da gema, Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918) estava no quarto ano da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, quando desistiu e veio para São Paulo fazer, imaginem!, Direito. Evidentemente, ficou pouco tempo no Largo de São Francisco. Foi no jornalismo que encontrou seu caminho. Fundou alguns jornais, mas nenhum teve longa duração; foi também no jornalismo que teve sérios problemas por suas posições contundentes contra o presidente Floriano Peixoto (1839-1895), o segundo presidente do Brasil. Perseguido, foi se esconder em Minas Gerais. Fez parte da “geração boêmia de 1880”, que incluía Paula Ney, José do Patrocínio, Artur Azevedo, Raul Pompeia. 

        O jornalismo e a política não sufocaram o talento do poeta. Bilac é considerado o maior poeta brasileiro parnasiano e foi muito popular em sua época. Em um concurso lançado pela revista “Fon-Fon” em 1º de março de 1913 foi eleito “Príncipe dos Poetas Brasileiros”. Sua obra sobreviveu às críticas contundentes dos Modernistas. É também autor da letra do Hino à Bandeira. Olavo Bilac nasceu em 16 de dezembro de 1865 e morreu em 28 de dezembro de 1918. 

           O Centro Acadêmico da Faculdade Direito do Largo de São Francisco (USP) se mobilizou em 1920 para levantar fundos para homenagear o poeta com um monumento. A obra, que continha personagens de vários poemas de Bilac, foi inaugurada no centenário da Independência do Brasil e acabou gerando muita polêmica na cidade. Os puritanos concentraram sua revolta no casal a se beijar (“Idílio” ou “Beijo Eterno”). Enfim, após muita confusão, cansados de tanto bobagem, os estudantes da Faculdade de Direito levaram o casal para o Largo de São Francisco onde até hoje enfeita a calçada.

SONETO XIII

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

 E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

                                                     (PoesiasVIA LÁCTEA, 1888.)

LÍNGUA PORTUGUESA

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que, na ganga impura,
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceanos largos!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

                                                                 (Tarde, 1919.)

"Beijo eterno", obra do suíço William Zagid (1884-1952). 

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

OSCAR NIEMEYER E AS CURVAS

Escrever sobre o arquiteto? Nem pensar! Creio que já foi dito tudo sobre a vida e a obra do carioca nascido em Laranjeiras em 15 de dezembro de 1907. Aos 15 anos acompanhando a construção de Brasília fui entusiasta da modernidade que se erguia no Planalto Central; jovem, não me dei conta de que aquilo era uma vitrine e a cidade, a ilha da fantasia. Que me perdoem os brasilienses. Lindos monumentos de concreto armado ornamentam um espaço urbano que não contempla o homem comum... Apenas a opinião de uma andarilha.

         Curvas? É o que não falta na lista de obras de Niemeyer.

Caminho Niemeyer, Niterói, 2015.

Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, a Oca, Parque Ibirapuera, São Paulo.

Edifício Triângulo, Rua José Bonifácio São Paulo, dezembro de 2019.

Brasília, novembro de 2019. 
Niemeyer morreu em 5 de dezembro de 2012, poucos dias antes de completar 105 anos.         
Fotos: Hilda Araújo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

PRIMAVERA CHEGANDO AO FIM...

A primavera vai chegando ao fim, mas a aproximação do verão não traz a costumeira animação. Aqueles que têm bom senso viram da janela de casa terminar o verão de 2020, passar o outono, se desvanecer o inverno e florescer a primavera... Os que puderam trabalhar à distância também se apoiaram à janela nos momentos de descanso. O perigo invisível continua ameaçador. Contra ele luta-se com isolamento social, água e sabão, álcool gel, máscaras e paciência. Música e livros são companhias muito especiais, estimulantes e enriquecedoras. Nesta segunda-feira, lembrei-me de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa (1888-1935). Escolhi a bela e melancólica poesia que fala do início da primavera! O que importa? Começo ou fim vale a beleza da obra. A ilustração é o quadro “À Janela” (1881) do pintor norueguês Hans Heyerdahl (1857-1913). 


Quando Vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

domingo, 13 de dezembro de 2020

A ENFERMEIRA

Ela nasceu no dia 13 de dezembro há 156 anos em Cachoeira, cidade baiana, situada às margens do rio Paraguaçu. Teria sido mais uma mãe de família dedicada, respeitada em sua cidade, não fosse o fato de que ao completar 50 anos o Paraguai declarasse guerra ao Brasil. Dois de seus três filhos eram oficiais do Exército, assim como o irmão dela, e naturalmente foram para frente de batalha. Anna Justina Ferreira Nery, então viúva, não era mulher de ficar em casa se lamentando. Solicitou permissão ao presidente da província da Bahia para acompanhar os filhos e o irmão e prestar serviços “em qualquer dos hospitais do Rio Grande do Sul, onde se façam precisos, com o que satisfarei ao mesmo tempo os impulsos de mãe e os deveres de humanidade para com aqueles ora sacrificam suas vidas pela honra e brios nacionais…”, escreveu em seu requerimento. Pedido aceito, em agosto de 1865, ela foi incorporada ao 10º Batalhão de Voluntários como enfermeira. 

Anna Neri, como ela tornou conhecida, prestou serviços durante toda a campanha, que se estendeu até março de 1870, atuando nos hospitais de Humaitá, Assunção, Corrientes e Salto e em campos de operações militares. Anna Neri usou recursos próprios para montar um hospital de campanha em Assunção, onde um de seus filhos morreu.

Variam muito os números referentes às perdas no maior conflito bélico das Américas, mas além das mortes em combate, as baixas incluem mortes por má alimentação, falta de higiene e doenças como cólera. No final da guerra, Anna Neri retornou a Cachoeira e teve seu trabalho reconhecido. 

Entre as muitas homenagens recebeu Medalha Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de primeira classe do governo imperial. É considerada pioneira da enfermagem no Brasil e precursora da Cruz Vermelha Internacional, fundada em 1863 pelo suíço Jean-Henri Dunant. Morreu no Rio de Janeiro em 1880.

"Batalha do Avaí", óleo sobre tela de Pedro Américo. A ação ocorreu em 1868.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

UM PASSEIO PELA CIDADE DE PAPAI NOEL

Hoje é dia 8 de dezembro e, portanto, ainda restam 17 para fazer o seu pedido ao bom velhinho - não tão bom como a lenda faz acreditar. Ora, lendas são lendas e enriquecem a cultura popular. As crianças podem enviar cartinhas diretamente para a casa do Papai Noel na Finlândia (Santa Claus, 96930, Círculo Polar, Finlândia), mas (sempre aparece essa adversativa) se Papai Noel entende todos os idiomas, ele só domina sete e entre estes não está o Português. Melhor enviar a correspondência para a Empresa Brasileira de Correios que tem um programa especial para a época: “Papai Noel dos Correios”, 

 http://blog.correios.com.br/papainoeldoscorreios  

Este ano a campanha é digital.  

A cidade de Rovaniemi para onde vão as cartinhas de Papai Noel lançou este ano um calendário natalino ao vivo com atores locais. Trata-se de uma série de eventos diários com duração de 15 minutos transmitidos ao vivo☺. Para quem deseja saber mais sobre a cidade do Polo Norte onde Papai Noel passa o ano aí vai um vídeo.

domingo, 6 de dezembro de 2020

MACHADO DE ASSIS E O NATAL

Machado de Assis (1839-1908) sempre inspirado e inspirador. Carioca, nascido no Morro do Livramento, filho de escravos alforriados de origem açoriana, estudou em escolas públicas, nunca frequentou faculdade e se tornou o maior escritor brasileiro, reconhecido internacionalmente, e um dos fundadores e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (foto), eleito por unanimidade e ocupou o cargo por dez anos até a morte. Neste soneto, Machado de Assis faz a pergunta que ainda fazemos hoje. 

SONETO DE NATAL

Um homem – era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno –
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações de sua idade antiga
Naquela mesma velha noite amiga
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
“Mudaria o Natal ou mudei eu?”


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

NATAL, POESIA E MEIO AMBIENTE

 COMO ARMAR UM PRESÉPIO

José Paulo Paes (1926 -1998)


pegar uma paisagem qualquer

cortar todas as árvores e transformá-las em papel de imprensa

enviar para o matadouro mais próximo todos os animais

retirar da terra o petróleo ferro urânio que possa
eventualmente conter e fabricar carros tanques aviões
mísseis nucleares cujos morticínios hão de ser noticiados
com destaque

despejar os detritos industriais nos rios e lagos

exterminar com herbicida ou napalm os últimos
traços de vegetação

evacuar a população sobrevivente para as fábricas e
cortiços da cidade

depois de reduzir assim a paisagem à medida do homem

erguer um estábulo com restos de madeira cobri-lo de
chapas enferrujadas e esperar

esperar que algum boi doente algum burro fugido algum
carneiro sem dono venha nele esconder-se

esperar que venha ajoelhar-se diante dele algum velho
pastor que ainda acredite no milagre

esperar

quem sabe um dia não nasce ali uma criança e a vida recomeça?


Sagrada família com anjos, c. 1420. Iluminura alemã.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

HOJE É DIA DE SAMBA

No Dia do Samba, homenagem a Ernesto dos Santos (1890-1974), o famoso Donga, autor do primeiro samba gravado: “Pelo telefone”. Donga registrou a obra na Biblioteca Nacional em 27 de novembro de 1916, mas a autoria da obra gerou muita controvérsia já que a composição nasceu numa roda de samba. A data, contudo, parece que foi criada mesmo por motivo bem diferente: teria sido lançada na Bahia para homenagear Ary Barroso que esteve por lá pela primeira vez em um dia 2 de dezembro. 


terça-feira, 1 de dezembro de 2020

DEZEMBRO. VERÃO E PAPAI NOEL CHEGANDO.

WOODY ALLEN

Woody Allen, que completa 85 anos, é o meu diretor americano predileto. Não assisti a todos os filmes que ele dirigiu, mas os meus preferidos são: “Crimes e Pecados” (1989), “Meia-noite em Paris” (2011), “A Rosa Púrpura do Cairo” (1985), “A Era do Rádio” (1987), “Todos Dizem eu te Amo” (1996) e ‘Os trapaceiros” (2000). Há muitos outros, mas estes seis... Escolhi a cena da ponte com ele e Goldie Hawn em “Todos Dizem eu te Amo”; o filme é uma comédia carregada de ironia.