Ela nasceu no dia 13 de dezembro há 156 anos em Cachoeira, cidade baiana, situada às margens do rio Paraguaçu. Teria sido mais uma mãe de família dedicada, respeitada em sua cidade, não fosse o fato de que ao completar 50 anos o Paraguai declarasse guerra ao Brasil. Dois de seus três filhos eram oficiais do Exército, assim como o irmão dela, e naturalmente foram para frente de batalha. Anna Justina Ferreira Nery, então viúva, não era mulher de ficar em casa se lamentando. Solicitou permissão ao presidente da província da Bahia para acompanhar os filhos e o irmão e prestar serviços “em qualquer dos hospitais do Rio Grande do Sul, onde se façam precisos, com o que satisfarei ao mesmo tempo os impulsos de mãe e os deveres de humanidade para com aqueles ora sacrificam suas vidas pela honra e brios nacionais…”, escreveu em seu requerimento. Pedido aceito, em agosto de 1865, ela foi incorporada ao 10º Batalhão de Voluntários como enfermeira.
Anna Neri, como ela tornou conhecida, prestou serviços durante toda a campanha, que se estendeu até março de 1870, atuando nos hospitais de Humaitá, Assunção, Corrientes e Salto e em campos de operações militares. Anna Neri usou recursos próprios para montar um hospital de campanha em Assunção, onde um de seus filhos morreu.
Variam muito os números referentes às perdas no maior conflito bélico das Américas, mas além das mortes em combate, as baixas incluem mortes por má alimentação, falta de higiene e doenças como cólera. No final da guerra, Anna Neri retornou a Cachoeira e teve seu trabalho reconhecido.
Entre as muitas homenagens recebeu Medalha Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de primeira classe do governo imperial. É considerada pioneira da enfermagem no Brasil e precursora da Cruz Vermelha Internacional, fundada em 1863 pelo suíço Jean-Henri Dunant. Morreu no Rio de Janeiro em 1880.
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