segunda-feira, 29 de abril de 2024

A BOA MÚSICA DE CHIQUINHA GONZAGA

Para começar a semana e a despedida do mês de abril, "Juracy", composição de Chiquinha Gonzaga. Ao piano Clara Sverner.


https://www.youtube.com/watch?v=nLXkBnjTS8M 



domingo, 28 de abril de 2024

PERGUNTAR DEMONSTRA INTERESSE


Canso de me deparar com funcionários de lojas e empresas que não têm ideia do que fazem na vida. Alguns ainda têm interesse e procuram ajuda. Fiz uma lista.

Passei pela vitrine de uma sapataria onde havia lindas e discretas babuches com 50% de desconto; porém, contrariando as normas, não havia preço em nada. “Qual o preço das babuchas?” – perguntei à vendedora que respondeu que estavam em liquidação. “Eu li, mas qual o preço?”. Ela rispidamente informou que o desconto era de 50%, virou-se e entrou na loja. Fiquei furiosa com a grosseria, mas estava com pressa e, se pretendia voltar, a vontade passou logo. Depois de algumas horas ainda aborrecida com a falta de cortesia da comerciária, me dei conta de que ela não devia saber o que era uma babucha... Custava perguntar? 

Ônibus que uso frequentemente e conheço de vista os funcionários. Sobe um senhor e pergunta ao cobrador detalhes do trajeto. O cobrador cita as avenidas Paulista e Angélica. O passageiro quer saber se, no retorno, passa pela Praça Clóvis Bevilácqua. O cobrador pensa um pouco e diz que não conhece. Não me conformo: ele passa há anos pelo menos duas vezes por dia pela Praça Clóvis Beviláqua e nunca se deu ao trabalho de identificar o trajeto do coletivo! “Sim, passa pela Praça Clóvis Beviláqua” – digo ao senhor. E para o cobrador explico: “A Praça Clóvis é a Clóvis Beviláqua, em frente à rua Anita Garibaldi”. E não é que ele ficou muito surpreso com a novidade?

Queria comprar um presente de aniversário para um amigo, que estava aprendendo a cozinhar e se interessava por especiarias, quando vi um objeto perfeito na vitrine de uma loja. Entrei e perguntei à balconista qual o preço do almofariz. Ela disse que não tinham. “Como não? Está na vitrine!” Ela pediu que lhe mostrasse o objeto. E lá fomos nós para a calçada e, diante da vitrine, mostrei o almofariz. “Ah! Um pilão!”


Eu procurei em vão uma toalha de praia em São Paulo. Até que um amigo me indicou uma loja de esportes, na avenida Paulista. O jovem que me atendeu, gentilmente, me levou para o setor de praia. Bastou uma olhada para saber que não havia toalhas de praia, mas ele não teve receio de perguntar o que é uma toalha de praia. Tive o maior prazer em explicar para ele o que era. 

Perguntar só demonstra interesse, vontade de aprender e melhorar na atividade em que se trabalha. 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

PÉ NA ESTRADA

A serviço no Parque Estadual Ilha do Cardoso, década 1990. Foto: Chuvisco.

Frequentemente, escrevo sobre minhas viagens ao exterior, mas viajei pelo Brasil antes de atravessar as fronteiras do país. Sou paulista e, naturalmente, São Paulo é o estado que melhor conheço. Nasci em Taubaté, cidade que só fui conhecer há nove anos, e cresci em Santos, que é realmente a minha cidade. Posso dizer que conheço bem o litoral paulista – de Norte a Sul. Minha primeira viagem foi a Tambaú, para onde os milagres do padre Donizete Tavares de Lima atraiam centenas de peregrinos. Devia ter uns quatro ou cinco anos. Lembro vagamente da viagem de carro com a família e da terra vermelha da cidade. Depois que minhas tias casaram, ficamos apenas eu e minha avó e às vezes viajávamos para o interior. Saíamos muito cedo de casa para o passeio, tomávamos o ônibus para São Paulo onde nos transferíamos para outro. Foi assim que visitei Araras, Leme, Rio Claro, Campinas e Caçapava. Quando fiz 15 anos, ela me proporcionou um presente tão maravilhoso quanto os livros que me deu ao longo da vida: uma viagem de trem para Minas Gerais. O começo da aventura foi em Bauru, onde voltei outras vezes. 

            Tento me lembrar das cidades que conheço ou visitei a serviço – estas são a maioria, mas é difícil. São poucas, pois o Estado de São Paulo tem 645 municípios. Assis, Campinas, Campos do Jordão, Diadema, Eldorado, Embu das Artes, Franca, Guarulhos, Itapetininga, Itariri, Itu, Jarinu, Jundiaí, Mairiporã, Mauá, Miracatu, Mogi das Cruzes, Osasco, Piracicaba, Pirassununga, Porto Feliz, Registro, Ribeirão Preto, Ribeirão Pires, Santa Isabel, Santa Rita do Passa Quatro (terra natal de minha avó), São Bernardo do Campo, São Caetano, São Carlos, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Teodoro Sampaio.

Todas as vezes que fui a Piracicaba, lembro de ter feito refeições num restaurante à beira rio; de Teodoro Sampaio, boas recordações do Parque Estadual do Morro do Diabo. A primeira cobertura de interdição de uma rodovia por enchente foi em Miracatu.

O litoral de São Paulo possui cerca de 880 km de extensão: Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela, Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Iguape, Ilha Comprida e Cananeia. Cubatão, embora não tenha praia, faz parte do Litoral Sul. Fiz caminhada de um dia de Peruíbe a Iguape duas vezes; acampei várias vezes em São Sebastião; fiz piqueniques em Mongaguá e Peruíbe; em Itanhaém, uma inesquecível Festa do Divino; quantos domingos ensolarados na praia do Tombo em Guarujá ou no Gonzaga em Santos ou no Gonzaguinha, em São Vicente... E por aí vão as recordações.

 

terça-feira, 23 de abril de 2024

DIA DO ESCOTEIRO

Hoje é dia do Escoteiro, a maior organização mundial de voluntariado, voltada para a educação de jovens. Foi fundado em 1907 na Inglaterra por Robert Baden-Powell, um militar britânico. Quando Baden-Powell formulou a Lei Escoteira, não inclui proibições, mas conceitos para a formação de pessoas generosas. O escotismo é praticado ao ar livre e promove o trabalho em equipe. Os conceitos da Lei Escoteira, idealizada por Baden-Powell, pregam honra, integridade, lealdade, presteza, amizade, cortesia, respeito e proteção à natureza, responsabilidade, disciplina, coragem, ânimo, bom senso, respeito pela propriedade e autoconfiança. Após a realização do primeiro acampamento, a ideia espalhou-se rápida e espontaneamente pela Inglaterra.

            Ao Brasil, chegou por meio de oficiais da Marinha do Brasil, que na ocasião souberam da iniciativa e trouxeram as informações e até uniformes para a prática do escotismo.  Com eles estava outro entusiasta do movimento – Mário Sergio Cardim, que conheceu e estudou com Baden-Powel. Cardim foi o responsável por iniciar em 1914 o movimento para “crianças do escotismo feminino”, no estado de São Paulo.

A primeira organização escoteira do Brasil surgiu no Rio de Janeiro (capital do país) com o nome de Centro de Boys Scouts do Brasil. A União dos Escoteiros do Brasil (UEB), órgão regulador do escotismo nacional, reconhece como data oficial do início das atividades do movimento no país o dia 29 de novembro de 1914, quando foi instituída a Associação Brasileira de Escoteiros (ABE), com sede em São Paulo. A UEB foi criada em 1924 e seu primeiro presidente foi Affonso Penna Jr.

De de acordo com o site da entidade, o movimento existe em 607 cidades que reúnem há 1.265 grupos, cerca de oitenta mil escoteiros, enquanto vinte mil adultos prestam serviço voluntário (um adulto para cada três jovens). 

            Na Praça da República em São Paulo, há um busto do fundador do escotismo, doado à cidade pela UBE, por ocasião do centenário de nascimento de Baden-Powell. Obra em bronze sobre pedestal de granito do escultor Vicente Larocca.

            Bons relações públicas do movimento são Huguinho, Zezinho e Luizinho, os sobrinhos do Pato Donald – escoteiros que vivem muitas aventuras em acampamentos sempre com o “Manual do Escoteiro Mirim” debaixo da asa para sair das enrascadas. Maurício de Souza também trabalhou com o tema, mostrando em uma das aventuras do Cebolinha em que o personagem se entusiasma ao descobrir o significado do escotismo.

        

Praça da República. Foto: Hilda Araújo, 24/07/2023.

 





segunda-feira, 22 de abril de 2024

DIA DA TERRA


 Blue Marble  a primeira foto da nossa casa foi feita pela tripulação da Apollo 17 a caminho da Lua em  7/12/1972.  Foto NASA.

domingo, 21 de abril de 2024

AYRTON SENNA, A LENDA.

 




“Hoje – Neste dia de 1985, chovia a cântaros. Numa pista do Autódromo do Estoril completamente alagada, um jovem piloto brasileiro, ao volante de um Lotus que estava muito longe de ser competitivo, obtinha a sua primeira vitória num GP de Fórmula 1. Começava a lenda de Ayrton Senna, brutalmente interrompida nove anos depois.”  (SAPO, portal de notícias português.)

 

sábado, 20 de abril de 2024

LEMBRANÇAS DE VIAGEM

Fiz minha primeira viagem para o exterior em 1993 e eu fiz um roteiro que incluía quatro países: Inglaterra, França, Itália e Grécia. Na época, a VASP estava em agonia e tinha apenas um voo semanal para a Europa e para uma única cidade: Bruxelas. Havia dois problemas: a VASP falir antes de eu voltar e o fato de que meu interesse pela Bélgica era nenhum. Resolvi arriscar e fazer um passeio por Bruxelas e depois conhecer Bruges antes de atravessar o canal da Mancha até Dover (Inglaterra) por Oostende. A viagem foi perfeita. 

Como a volta seria por Bruxelas, 40 dias depois cheguei à cidade na véspera do embarque para São Paulo. Resolvi ir um pouco mais cedo para o aeroporto – fazia muito frio e garoava. Ao entrar no saguão, conferi os voos no monitor (naquela época as telas dos monitores tinham fundo preto com letras verdes). E lá estava “VASP – voo cancelado”! Com o coração um pouco acelerado, fui procurar o balcão da companhia para me informar sobre motivos e providências para resolver o problema. O problema, entretanto, aumentou de tamanho, quando percorri toda área de check-in e não vi nem sinal de VASP. Fiz nova volta e nada. Respirei fundo. Ainda faltavam umas três horas para início do check-in, nenhum conterrâneo à vista e então pensei que era melhor esperar sentada porque assim que os brasileiros chegassem a confusão estaria estabelecida. Dito e feito. Nem precisei esperar muito porque minutos depois localizei a funcionária da VASP puxando a placa da companhia seguida por um batalhão de brasileiros alvoroçados. Juntei-me ao grupo. Sem recursos, a empresa brasileira não tinha um balcão fixo. Alugava um espaço horas antes dos voos. Uma confusão generalizada se estabeleceu junto ao balcão, já com a tabuleta de identificação. Motivo do cancelamento de acordo com o que nos disseram: a VASP tinha apenas um avião na rota e, como fizera um voo extra, ele se atrasou na volta. Nosso voo fora transferido para o dia seguinte. Tivemos direito a um telefonema rápido para o Brasil, fomos levados para um ótimo hotel onde nos serviram o jantar e o café da manhã. Ainda fiz outras viagens pela VASP que, tristemente, encerrou suas atividades após 72 anos de existência. 



quinta-feira, 18 de abril de 2024

"ALÉM DA FANTASIA"

 


O Farol Santander sempre apresenta exposições para públicos de todos os gostos. O artista atualmente em cartaz é o premiado Yoshitaka Amano (1952). Ele é pintor, designer, cenógrafo, figurinista e ilustrador. Uma ótima oportunidade para conhecer os belos trabalhos em que ele une o tradicionalismo japonês com inspirações na arte nouveau, surrealismo e pop art. “Yoshitaka Amano, com sua paleta etérea e estilo distintamente fluído, convida-nos a explorar universos onde a beleza se manifesta tanto na luz quanto na sombra, e onde cada pincelada é um convite para viajar além da fantasia” como diz o curador Antonio Curti no catálogo da mostra “Além da Fantasia”.

A exposição pode ser visitada até 16 de junho. Rua João Brícola, 24 – Centro.









domingo, 14 de abril de 2024

ERA UMA VEZ ZÉLIA MARIA

 

Achei uma matéria que fiz para o JORNAL DA USP em fevereiro de 1992 sobre o retorno da ex-ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello à vida acadêmica na Universidade de São Paulo, logo após deixar o governo Collor. Aqui vai a transcrição de parte da reportagem que acabou gerando muito descontentamento do Conselho Universitário por causa da publicação da charge feita pelo tesoureiro do Centro acadêmico, na época. Para achar o motivo é preciso olhar com muita atenção os detalhes.

Zélia vem aí. E já está na mira dos alunos.

Zélia Cardoso de Mello reassume no dia 24, como professora MS3 de Economia Brasileira Contemporânea. O Centro Acadêmico da FEA vai recepcioná-la, vestindo os calouros com camisetas em que aparece a charge da ex-ministra ao lado dos colegas Sayad, Delfim, Pastore e Macedo. Por Hilda Prado.

Um pouco antes das 9h30 da manhã do dia 24 próximo – uma segunda-feira que ninguém sabe se será ensolarada ou não – uma professora elegante e com uma aparência austera deve tentar entrar no prédio da Faculdade de Economia e Administração (FEA) de forma discreta, como sempre fez. Pode ser que consiga, como todos os seus pares; porém, muito provavelmente, terá que ultrapassar uma barreira de câmaras de tevê, fotógrafos e jornalistas muito interessados em saber como ela vai conciliar a volta ao magistério e sua vida familiar. Imprensa e perguntas indiscretas não a assustam, ela tira de letra, porque fizeram parte do seu cotidiano.

Neste caso, toda essa curiosidade é natural, porque, afinal, queiram ou não, a professora Zélia Maria Cardoso de Mello é notícia. Entre os alunos, nenhum frisson especial, pois estão acostumados a encontrar pelos corredores e a conviver com alguns dos principais monstros sagrados da economia brasileira: João Sayad, Affonso Celso Pastore, Andrea Calabi, Roberto Macedo, Paul Singer e Delfim Netto (que este ano dá a aula magna da FEA).

            Aliás, a última aula que Zélia deu foi exatamente a aula magna da FEA, no Anfiteatro das Convenções, três dias antes de assumir o Ministério da Economia do governo Collor e anunciar um plano tão heterodoxo que deixou o país literalmente aparvalhado. Agora, retorna para dar aula de Economia Brasileira Contemporânea para os alunos do 7º semestre do período diurno. Um detalhe interessante: a maioria dos alunos desta turma já teve esta matéria no semestre passado, mas Zélia não corre o risco de enfrentar uma classe quase vazia, já que muitos estudantes do 6º semestre vão antecipar seus créditos frequentando esta aula.

0 TOQUE DOS ALUNOS – Zélia Cardoso de Mello não foi a primeira mulher a ocupar um ministério, mas certamente foi a mulher que concentrou mais poder no país em todos os tempos. A ex-ministra, a ex-dama de ferro ou ex-Tatcher brasileira polarizou a mídia nacional por quase 13 meses, mas tudo terminou numa sexta-feira (5 de maio de 1991). Quando saiu do governo, Zélia disse que saía magoada, mas estava feliz e lembrou que “a vida dá muitas voltas”. Os problemas da vida privada acabaram se tornando públicos e a ex-ministra lançou um livro, redigido por Fernando Sabino, que lhe rendeu mais críticas do que os 13 meses de governo juntos.

            A professora Zélia (que não respondeu ao pedido de entrevista solicitada pelo Jornal da USP) volta à vida acadêmica. Se fosse ministra estaria ganhando algo em torno de Cr$ 5milhões; como docente MS3 receberá Cr$1.508.380,00 (salário de fevereiro). Por enquanto ela não tem sala (o secretário de Planejamento, Roberto Macedo, ainda mantém a sua) e deverá usar a dos professores. Zélia não veio à USP para regularizar sua volta nem para escolher seu horário, o que foi feito por sua secretária particular.

Embora tudo transcorra rotineiramente lá pela FEA, há uma certa expectativa no ar. No balcão do Serviço de Graduação, funcionários atrapalhados com o acúmulo de trabalho, ouvem frequentemente a pergunta de alunos interessados em saber se “é verdade que a Zélia está voltando”. A confirmação está no quadro, que fica no corredor. Bastava dar uma olhadinha, mas parece que alguns não acreditam. Fazem questão de perguntar.

            Os alunos do Centro Acadêmico “Visconde de Cairu”, que não perdem a chance de fazer “artes”, criaram uma camiseta que vão distribuir entre os calouros, com uma charge em que  Sayad, Delfim, Zélia, Pastore e Macedo aparecem no melhor estilo de bicho, no traço de Giorgio Caputo, tesoureiro do Centro. Como os calouros não terão aulas de Economia Brasileira Contemporânea, Zélia dificilmente se confrontará com a sua caricatura usando “maria Chiquinha” na classe.


Zélia entre Sayad, Delfim, Pastore e Macedo. Reprodução JUSP.

sábado, 13 de abril de 2024

"OLHA O PASSARINHO!"

Vi a cena quando saía da Livraria da UNESP na Sé. Um lambe-lambe nesse mundo da fotografia digital? Não resisti à curiosidade, apesar da pressa, e fui ver o que ele fazia. Deduzi que o modelo dele era o monumento do apóstolo São Paulo, com a epístola na mão. Lembrei-me dos lambe-lambes da Praça dos Andradas, em Santos, onde atendiam àquela clientela que não podia pagar por fotografias de estúdio, num tempo em que máquina fotográfica era artigo supérfluo. Eram fotógrafos que trabalhavam em praças, jardins e praia. Carregavam um tripé onde colocavam uma caixa de madeira com uma lente e, após tirar a foto, o processo de revelação e copia era feito na hora. O que vi ontem me pareceu “inserido no contexto” (ah! o Pasquim!) contemporâneo. E o homem que passava distraído, parou para ler a placa de identificação da escultura curioso, talvez, pelo interesse do fotógrafo.




Praça da Sé, na hora do almoço. O fotógrafo  O homem caminha distraído.(Foto: Hilda Araújo, 10/04/2024.)

O fotógrafo ajusta o foco, analisa a luminosidade, capricha na fotografia enquanto o homem se informa... (Foto: Hilda Araújo, 10/04/2024.)

“Olha o passarinho!” – dizem que a expressão é muito antiga, vem dos tempos em que a tirar fotografia exigia muito tempo e paciência do fotógrafo e do fotografado. No caso de fotografar crianças, era difícil mantê-las imóveis por muito tempo, mas alguém teve a ideia de pendurar gaiolas no estúdio atrás do fotógrafo, que na hora da foto dizia aos pimpolhos “Olha o passarinho!” Deve haver outras versões para a expressão.


domingo, 7 de abril de 2024

DRAMA RÁPIDO

 

Dedo médio da mão machucado e preto. O farmacêutico recomenda que procure um médico para fazer um raio-X porque pode ser osso trincado. No posto, a clínica geral ouve os fatos acontecidos havia três dias, examina a vítima, me encaminha para o raio-X. O técnico faz o serviço em menos de três minutos. Volto para a médica. Alarmada, em tom baixo, diz que a fratura é muito grave. Puxa o monitor do PC, mostra o raio-X e aponta o local em que o osso se rompeu. Hum! Hum! – digo só para dizer algo. “A senhora precisa operar para religar o osso. Vamos interná-la, enquanto a senhora aguarda a ida para o hospital.” Lá pelas tantas ela disse “en passant” que perderia o movimento do dedo. Idosa, mas não lerda. Ora, fazia três dias que o dedo estava preto, não doía quase nada e continuava com todos os movimentos. Operar? Contei até dez e perguntei, educadamente, o que aconteceria se eu não operasse. “A senhora perde o movimento do dedo.” Penso cá com os meus botões que deve ter alguma coisa errada e peço a confirmação: sim – fizesse ou não a operação o resultado seria o mesmo. Ela está quase pegando a guia de internação, mas eu digo que tinha um compromisso naquele dia e voltaria “amanhã”. Ela me dá conselhos e uma receita com anti-inflamatório e analgésico. Pergunto se não pode pôr uma tala no dedo. “Só se a senhora for internada.” Ah! Bom!! Levanto, digo que voltarei “amanhã” sem falta e agradeço a atenção. Hoje fui a um ortopedista. Relato o acidente, a consulta e urgência da operação. Ele examina cuidadosamente a mão, o dedo, o pulso, que não registram nenhuma dor, e tenta disfarçar o sorriso, mas evita comentar o “diagnóstico” da colega. “Não vejo necessidade de operação nem me parece que tenha havido fratura.” Pede novos exames para tirar qualquer dúvida. Estou com Hagar, o Horrível: o que eu queria dizer era “Amanhã, vou mudar de médico”.




ESPERANDO ÔNIBUS

 FIM DE TARDE NA PRAÇA JOÃO MENDES


Foto: Hilda Araújo, 5/4/2024.

                                               Foto: Hilda Araújo, 5/4/2024.


Foto: Hilda Araújo, 5/4/2024.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

DIA DA MENTIRA

ESTA MANHÃ – O Governo irá acabar com o 1.º de Abril, por achar que já ninguém cai nessas coisas, que só os incautos ainda se deixam enganar, e que depois das 'petas' ainda há o trabalho de vir desmentir o que foi dito, não vá uma mentira várias vezes repetida transformar-se em verdade. Assim, o 1.º de Abril irá ser substituído por todos os dias de campanha eleitoral de todas as eleições futuras.” Publicado no portal português SAPO. Hoje.

"O Grito", 1893. Obra do norueguês Edvard Munch.