terça-feira, 31 de dezembro de 2019

OS CEM ANOS DE DONA HELENA. UM EXEMPLO DE VIDA.


Sábado, 28 de dezembro de 2019, foi um dia muito especial: aniversário de 100 anos de Dona Helena Delgado Reis, homenageada com um festa maravilhosa e inesquecível no Clube 2004 em Santos. Dona Helena, mãe das minhas amigas Clea e Cláudia, avó da Raquel e do Vítor, bisavó de Catharina Helena, é uma pessoa que faz diferença na vida de todos que a encontram, que constrói a cada dia laços de sabedoria e carinho ao seu redor, agregando à família maravilhosa que formou, um contingente de pessoas tocadas por esse coração repleto de amor e bondade.

A historiadora Wilma Therezinha Fernandes de Andrade escreveu um artigo publicado ontem em A TRIBUNA, que resume a trajetória de Dona Helena. A filha Clea Noronha Reis, jornalista, escreveu o livro “O MESMO BERÇO” (Editora Criado Mudo. Santos, 2010) sobre a saga das mulheres da família e dedicado à mãe.
Parabéns pelos 100 anos e agradecimentos pelo exemplo de vida que é para todos nós. 
 Dona Helena, com as filhas Claudia e Clea.


PROCURO UMA ALEGRIA


Procuro uma alegria

uma mala vazia
do final de ano
e eis que tenho na mão
- flor do cotidiano -
é voo de um pássaro
é uma canção.

Uma vez mais se constrói
a aérea casa da esperança
nela reluzem alfaias
de sonho e de amor: aliança.

Fazer da areia, terra e água uma canção
Depois, moldar de vento a flauta
que há de espalhar esta canção
Por fim tecer de amor lábios e dedos
que a flauta animarão
E a flauta, sem nada mais que puro som
envolverá o sonho da canção
por todo o sempre, neste mundo.

Quem me acode à cabeça e ao coração
neste fim de ano, entre alegria e dor?
Que sonho, que mistério, que oração?
Amor.

Carlos Drummond de Andrade




CATEDRAL METROPOLITANA ORTODOXA







Em 1982 me instalei no bairro da Aclimação, próximo da Rua Vergueiro. Em todos esses anos, a Catedral Metropolitana Ortodoxa ‒ ou Catedral Ortodoxa Grega de São Paulo ‒ esteve no meu caminho. Sempre admirei a sua beleza, mas nunca entrei. Conheci  belas e perfumadas igrejas ortodoxas na Grécia. Assumi o compromisso de não terminar 2019 sem conhecê-la e esta semana aproveitei um final de tarde para visitá-la. Ela começou a ser construída em 1942 e foi inaugurada no ano do IV Centenário de São Paulo. Bela e elegante. O projeto: arquitetos Igor Sresnewsky e Francisca Galvão Bueno do Escritório Técnico Paulo Taufik Camasmie. Rua Vergueiro, 1515. Estação Paraíso do metrô.





FELIZ ANO NOVO!


“Todos os homens, caro Galião, querem viver felizes, mas, para descobrir o que torna a vida feliz, vai-se tentando, pois não é fácil alcançar a felicidade, uma vez que quanto mais a procuramos mais dela nos afastamos. Podemos nos enganar no caminho, tomar a direção errada; quanto maior a pressa, maior a distância.
        Devemos determinar, por isso, em primeiro lugar, o que desejamos e, em seguida, por onde podemos avançar mais rapidamente nesse sentido. Dessa forma, veremos ao longo do percurso, sendo este o adequado, o quanto nos adiantamos cada dia e o quanto nos aproximamos de nosso objetivo. No entanto, se perambularmos daqui para lá sem seguir outro guia senão os rumores e os chamados discordantes que nos levam a vários lugares, nossa curta vida se consumirá em erros, ainda que trabalhemos dia e noite para melhorar o nosso espírito. Devemos decidir, por conseguinte, para onde vamos nos dirigir e por onde, não sem a ajuda de algum homem sábio que haja explorado o caminho pelo qual avançamos, porque a situação aqui não é a mesma que em outras viagens; nestas há atalhos, e os habitantes a quem se pergunta o caminho não permitem que nos extraviemos. Quanto mais frequentado e mais conhecido que seja o trajeto, maior é o risco de ficar à deriva. Nada é mais importante, portanto, que não seguir como ovelhas o rebanho dos que nos precederam, indo assim não aonde querem que se vá, senão aonde se deseja ir. E, certamente, nada é pior do que nos acomodarmos ao clamor da maioria, convencidos de que o melhor é aquilo a que todos se submetem, considerar bons os exemplos numerosos e não viver racionalmente, mas sim por imitação.”
  
“Da Felicidade”, de Sêneca (4 a.C-65 d.C).Editora L&PM POCKET. Tradução do latim de Lúcia Sá Rebello Ellen Itanajara Neves Vranas.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

SEMPRE BELA

Primavera de 2010.
A grande aniversariante do ano foi a Torre Eiffel: 130 anos. Símbolo de Paris. Grande em todos os sentidos: 300 metros de altura e em importância para a cidade, pois além de emprestar beleza e imponência a Paris, teve utilidades importantes no decorrer do século XX. E para o Brasil tem um significado especial: em 19 de outubro de 1901 Alberto Santos Dumont pilotando o seu dirigível número 6  demonstrou que o homem podia voar e voou de Saint Cloud até a torre e retornar a uma velocidade de 22 km/h.



A torre. Delicada e sempre bela. Primavera de 2010. 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

O EDIFÍCIO ESQUECIDO


O paulista Paulo Abreu (1912-1991) tinha origem humilde, recebeu educação básica e amealhou fortuna com trabalho. Foi operário, ambulante, balconista e comerciante até que aos 24 anos montou a Indústria Têxtil Paulo Abreu S.A. em Itatiba. Esse foi o início porque depois foi diversificando os negócios, que incluíam jornal e rádio, empresa imobiliária até se tornar mais tarde banqueiro. A carreira política começou em 1950, mas isso é outra história.
As informações sobre Paulo Abreu variam conforme a fonte ‒ ele pode ter nascido em Araras ou na cidade de São Paulo, o prédio pode ter sido construído em 1945 ou nos anos 1950. Para sediar seus negócios construiu, no inicio da década de 1950, o prédio em estilo art déco, na Rua Itapura de Miranda, à margem do Rio Tamanduateí.
O Edifício Senador Paulo Abreu ficou conhecido como o prédio do Banco das Nações, que existiu até 1999, quando foi incorporado pelo Bamerindus, que foi incorporado pelo HSBC, que foi comprado pelo Bradesco. Nos anos de 1960, Abreu construiu uma nova sede para o banco, agora na Rua Conselheiro Crispiniano. O Edifício Senador Paulo Abreu domina a paisagem da zona cerealista, mesmo tristemente abandonado. Da rua é possível ver o jardim da cobertura. O relógio perdeu números e não registra a passagem do tempo inglório; a entrada principal está fechada e na lateral funciona uma frutaria. Se estivesse ocupado, as janelas se abririam para o viaduto “Diário Popular” que passa sobre o rio Tamanduateí. Uma paisagem melancólica.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

NATAL SE FOI, CARNAVAL VEM AÍ.

A cidade parece vazia. Poucas pessoas pelas ruas, muitas lojas fechadas, ônibus sem pressa e com poucos passageiros... Parece.  Pensei que era boa ideia ir até a Zona Cerealista para tirar umas fotos, mas, na volta, fui parar na área da Rua Vinte e Cinco de Março, onde encontrei TODO MUNDO! Entre empurrões e cotoveladas para alcançar a estação do metrô ainda observei algumas vitrines com árvores de Natal e Papai Noel, mas o carnaval já sufocou a festa natalina, que agora é pretérito perfeito. Vendedores de água e bugigangas anunciam seus produtos aos gritos; na entrada das lojas, funcionários tentam atrair compradores que espiam as mercadorias. Há até quem tenha paciência para fazer um lanchinho no meio daquele caos. Eu tento fotografar uma casa bem conservada que se tornará centenária no ano que vem, mas só eu devo ter notado isso.   
Acho que foi ao passar pela Rua Comendador Assad Abdalla que senti um cheiro antigo, cheio de boas lembranças, mas que o novo tempo tornou ilegal. Cheiro de lança-perfume! Olho em torno e nada vejo.  Consigo chegar à Rua Barão de Duprat e lá vem a multidão descendo a Ladeira Porto Geral pelas calçadas e ocupando, despreocupada, o espaço dos automóveis. Enfim, a Estação São Bento! E continua chegando gente... Natal passou, Carnaval vem chegando...

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

FESTA DE SÃO NICOLAU


Um dos meus quadros preferidos sobre os costumes natalinos é “A Festa de São Nicolau”, tela do pintor holandês Jan Steen (1625-1679), que faz parte do acervo do Rijksmuseum de Amsterdam. Uma cena familiar. Num canto da sala estão reunidas dez pessoas - cinco são crianças, uma delas no colo do criado, que aponta para a chaminé por onde Sinterklaas lançou os presentes, o que também atrai atenção de um dos meninos. Em primeiro plano desenrola-se o drama: a menina, feliz, abraça a boneca que acabou de receber, enquanto o irmão mais velho chora porque seu sapato foi esquecido por Sinterklaas e ele ficou sem presente (mal comportamento?); o irmão exulta com o desapontamento do mano. O pai observa a cena em silêncio e a mãe parece consolar o chorão e a avó, no fundo, parece buscar algo que surpreenderá o malcriado. O ambiente é de fim de festa: comida pelo chão, um pé de sapato sobrando... O quadro é de 1665.

NATAL COM FRANK SINATRA

Por aqui as pessoas também sonham com Natal branco como se observa nas imagens referentes à data. Desde Papai Noel todo agasalhado, bonecos de neve e lareiras aconchegantes com paisagens brancas entrevistas por janelinhas simpáticas; porém, têm que se contentar com Natal chuvoso, ‒ o que não é nada incomum nessa época do ano ‒, ou ensolarado e muito quente, o que é sempre muito bom. Enfim, um ótimo motivo para ouvir Frank Sinatra (1915-1998).





segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

FESTA DA FAMÍLIA

Natal foi a grande festa da minha infância. Embora a família fosse católica, o dia 25 de dezembro era uma confraternização da família. Nada de troca de presentes entre adultos ‒ estes eram restritos à criança da casa (no caso eu). Uma reunião familiar e íntima em torno da mesa farta e simples. Sem árvore de Natal ou presépio ‒ o costume era visitar o que Catedral de Santos montava todos os anos. Dos tempos da infância todos se foram, mas permaneceram o encanto do Papai Noel, o perfume das rabanadas banhadas em vinho e salpicadas de açúcar e canela, o som dos copos se tocando em brindes inesquecíveis e o sabor da comida temperada com carinho para aquela noite especial, que iria se repetir no último dia do ano, mas desta vez incluindo três ou quatro amigos queridos da casa. Acho que este foi o grande presente que a família me deu. 
A infância é apenas uma fase da vida, que se constitui em um continuo aprendizado. Dos contos infantis que devorei na época, um dos meus preferidos é “Peter Pan”, de Sir James Mattew Barrie (1860-1937), que os estúdios Disney transformaram num desenho maravilhoso em 1953. A vida é crescimento. 




domingo, 22 de dezembro de 2019

PRIMEIRO DIA DO VERÃO!

“Praia com figuras”, de Eliseu Visconti, pintor ítalo-brasileiro (1866-1944). 
Soneto 18

Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.

Às vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.

Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:

Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.

William Shakespeare. 
Mark Shasha (1961), pintor americano contemporâneo.

"Praia José Menino", Benedito Calixto (1853-1927).

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

O RISO CONTRA A IMPOSTURA

Parece que foi ontem. Cinquenta anos de O PASQUIM! O “tabloide especializado em humor corrosivo” é muito bem lembrado na mostra que acontece no SESC São Paulo, na unidade Ipiranga. Aliás, unidade escolhida bem a calhar, já que o bairro do Ipiranga foi palco da Independência do Brasil registrada por Pedro Américo em quadro muito bem guardado no Museu Paulista da USP e que faz parte da história do Pasquim. 
Houve uma época de festivais de música no Rio e em São Paulo. Em 1970, tempos da ditadura militar, o Festival Internacional da Canção no Rio de Janeiro chegava ao quinto ano com muito sucesso. Concorrentes e vencedores à parte, o maestro Erlon Chaves (1933-1974) e sua Banda Veneno roubaram a cena quando apresentaram a música de Jorge Ben (Jorge Ben-Jor) "Eu quero mocotó!", sem nenhuma chance de classificação. Se a música fez um grande sucesso, a apresentação do grupo constituiu um show especial, que culminou com o maestro beijado e acariciado por um grupo de loiras vestidas com malhas cor da pele. É bom que se explique que mocotó era gíria para joelho feminino, que as minissaias revelavam, e também eufemismo para outras partes da anatomia feminina. Erlon Chaves foi parar na delegacia de polícia, acusado de assédio e pornografia e suspenso de suas atividades por um mês!

O PASQUIM não perdeu tempo. Atacou como só ele sabia fazer: publicou um desenho do quadro “Independência ou Morte”, de Pedro Américo (1843-1905), em que D. Pedro gritava “Eu quero mocotó”. O cochilo da censora de plantão na redação valeu-lhe a perda da função. Foi substituída por um general da reserva (ninguém menos que o pai da Garota de Ipanema) que também acabou despedido por deixar passar entrevista com uma antropóloga americana que afirmava que havia racismo no Brasil. Os militares resolveram transferir a censura para o Centro de Informações do Exército em Brasília.
Esta é apenas uma das muitas e muitas histórias desse semanário que foi sem dúvida “o maior fenômeno editorial da imprensa brasileira”, como afirma, na apresentação da exposição, o jornalista Sérgio Augusto, colaborador do semanário. “E ainda que nos primeiros tempos fosse mais folgazão, gozador, festivo e atento a questões de comportamento, aos poucos se deixou contaminar pelo inevitável: a indignação política. Sem, contudo, abrir mão do velho preceito de Horácio: o riso é a melhor arma contra todas as imposturas” ‒ ainda citando Sérgio Augusto. 
Só para dar água na boca, algumas frases:
Na terra de cego, quem lê o PASQUIM é rei.
Um jornal sem família, sem tradição, sem propriedade.
O Pasquim - sempre em alta graças ao nosso baixo nível.
O avião está caindo, mas a paisagem é ótima.

Os idealizadores do PASQUIM: Jaguar ‒ Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe (1932) e Tarso de Castro (1941-1991). O primeiro número circulou em 29 de junho de 1969.

Enfim, foi o riso contra a impostura. Uma exposição imperdível.
SESC-IPIRANGA
Rua Bom Pastor, 822.

Entrada gratuita. Fecha às segundas-feiras.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

QUARTA-FEIRA CHUVOSA

COM ARTE

Rainy Day, do impressionista americano Childe Hassam (1859-1935).



Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...


Fernando Pessoa  (1888-1935): Cancioneiro.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

O MÚSICO, O POETA E O PINTOR.

Hoje é um dia muito especial. Em 16 de dezembro nasceram o alemão Ludwig Von Beethoven (1770-1827), o brasileiro Olavo Bilac (1865-1918) e o russo Wassily Kandinsky (1866-1944). Aqui, um pouco de cada um para começar a semana com alegria e beleza.

Olavo Bilac

NEL MEZZO DEL CAMIN...
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu ti
nha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.

(Poesias, Sarças de fogo, 1888.)

Kandinsky





Uma ótima oportunidade para assistir ao documentário produzido pela BBC The Genius of Beethoven”, disponível no youtube legendado. Assisti nos ENCONTROS CULTURAIS, promovidos pelo Professor Terron, na USP.
  Ode à Alegria (Ode an die Freude) é o poema que Friedrich Schiller (1759-1805) escreveu em 1785 e incorporado ao quarto movimento da Sinfonia nº 9, composta por Beethoven em 1824.


      

domingo, 15 de dezembro de 2019

NATAL EM SAMPA

Domingo sem sol, bom para caminhar. Raros enfeites dão colorido de festa ao Centro de São Paulo.


O Shopping Light usou criatividade para decorar sua vitrine: organizou uma banda só com Papai Noel. Na verdade quatro. Enquanto esperava o sinal abrir para atravessar, distraída como sempre, procurava localizar o cantor até que me dei conta de que ele estava mesmo na vitrine do shopping.

A Prefeitura usou decoração antiga. Discreta.
No viaduto do Anhangabaú, uma fila de ônibus aguardando os passageiros, talvez turistas visitando a região. Um ambulante vendia miniaturas de ônibus junto à murada do viaduto. Pergunto a um guarda municipal se há algum evento especial nas imediações. Ele me diz que só mesmo a “exposição de ônibus antigos ali” e aponta os veículos estacionados. Só então me dei conta que eram todos do século passado! Não tenho conserto.


Encontraram até um motorista da época para participar do evento.
O Largo do Patriarca parecia menos agitado. Uma inusitada árvore de Natal com portas e janelas, a casa de Papai Noel e uma pequena vila de chalés formam o cenário ideal para crianças e marmanjos tirarem fotos. No momento o velhinho não estava em casa, mas deixou as luzes da varanda e do quarto acesas. 

Hora de ir para casa, aproveitando o trólebus que vai lá para a Rua Machado de Assis, na Aclimação, primeira região a ser atendida pelos elétricos que chegaram à cidade em 1954 embora o modelo fosse de 1947. Embarquei em um bem mais moderno.



sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

AS NUVENS DE BRASÍLIA

Gostei do céu de Brasília. As nuvens movimentam-se com rapidez, ora brancas, ora cinzentas, ora negras... Podem se agrupar deixando algumas nesgas de azul. Tudo em questão de minutos, como observo no meu arquivo de fotos. Às vezes se diluem em pancadas de chuva que terminam como começaram, quase de improviso. 
   Um copo interfere na paisagem famosa: campanha contra dengue.

          Tarde chuvosa: novembro de 2019.


quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

ETERNO NOEL ROSA

O Google lembra-nos que hoje Noel Rosa completaria 109 anos. Noel Rosa não precisa de apresentação. Está mais vivo do que nunca para quem aprecia a boa música brasileira.




terça-feira, 10 de dezembro de 2019

HOJE É O DIA DO PALHAÇO.


“Hoje tem espetáculo?” Sempre há espetáculo, embora os grandes palhaços tenham deixado o picadeiro há muitas décadas. Deixaram também saudade, especialmente, das gerações mais velhas, acostumadas a espetáculos em que a ingenuidade predominava, com pitadas de malícia, claro. Piolim, Carequinha e Arrelia e Pimentinha eram cria de famílias circenses. Cresceram no picadeiro. Os tempos mudaram, mas a arte resiste e a Galeria Olido (Avenida São João, 473) é um dos locais em que o circo e os palhaços têm espaço reservado. Ali funciona desde 2009 o Centro de Memória do Circo, organizado a partir do acervo do Circo Garcia, (1928 a 2003), do Circo Nerino (1913 a 1964) e da coleção de Verônica Tamaoki, graduada em artes circenses em 1982 pela Academia Piolin de Artes Circenses.


Abelardo Pinto (1897-1973) é o famoso palhaço PIOLIN, natural de Ribeirão Preto. Com sua arte conquistou os modernistas em 1922. Em 1952 integrou o elenco do filme “Tico-Tico no fubá”, dirigido por Adolfo Celi. A cidade de São Paulo o homenageou trocando o nome da antiga Rua Paissandu por Rua Abelardo Pinto Piolin (República). 



"Como vai? Como vai? Como vai?
Como vai? Como vai, vai, vai?
Eu vou bem! Eu vou bem! Eu vou bem!
 Muito bem! Muito bem! Bem! Bem!”


Waldemar Seyssel (1905‒2005) era o Arrelia, um palhaço elegante, ingênuo e bondoso. Nasceu em Jaguaruaiva (PR). Estreou no circo em 1927, era bacharel em Direito, mas nunca exerceu a profissão. Com a implantação da televisão, formou uma dupla imbatível com o sobrinho Walter Seyssel (1926-1992), o Pimentinha, no “Cirquinho do Arrelia”, na TV Record. O programa durou 21 anos. Homenageado pela Câmara Municipal em 2005: uma rua da Mooca leva seu nome: Rua Waldemar Seyssel - Palhaço Arrelia.

George Savalla Gomes (1915-2006) tornou-se famoso como “Carequinha” e foi o primeiro a ter um programa de televisão, contratado pela Tupi, onde permaneceu por 16 anos, apresentando o “Circo Bombril”, depois “Circo do Carequinha”. Como ator participou de pelo menos sete filmes. Como cantor gravou e fez muito sucesso com músicas folclóricas e do cancioneiro infantil. Alguém se lembra do “Bom menino”?

"O bom menino não faz xixi na cama
O bom menino não faz malcriação*
O bom menino vai sempre a escola
E na escola aprende sempre a lição
O bom menino respeita os mais velhos
O bom menino não bate na irmãzinha...

Ou “Parabéns, Parabéns!”?

Chegou a hora de apagar a velinha
Vamos cantar aquela musiquinha
Parabéns, Parabéns
Pelo seu aniversário...



segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

ANIVERSARIANTE DO DIA

Issur Danielovitch nasceu em 1916 em Amsterdam no dia 9 de dezembro, mas quem comemora hoje 103 anos é Kirk Douglas, o bem sucedido ator e produtor norte-americano. Ah! Amsterdam no Estado de Nova York. Ele trocou de nome legalmente ao entrar para a Marinha onde serviu durante a II Guerra de 1941 a 1945. A programação anunciada no vídeo é de três anos atrás, portanto, nada de se animar. Da longa carreira, assisti a vários filmes protagonizados por ele: “Assim estava escrito” (1952, Vincent Minelli), “A Montanha dos Sete Abutres (1952, Billy Wilder), “Ulisses” (1954, Camerini e Bava), “20 mil léguas submarinas” (1954, Richard Fleischer), ‘Spartacus” (1960, Stanley Kubrick), “Paris está em chamas?” (1966, René Clément) entre outros. 
ATENÇÃO: a programação do vídeo é antiga. 




sábado, 7 de dezembro de 2019

O QUE FIZERAM DO NATAL

Natal                                  

O sino toca fino.
Não tem neves, não tem gelos.
Natal.
Já nasceu o deus menino.
As beatas foram ver,
Encontraram o coitadinho
(Natal)
mais o boi mais o burrinho
e lá em cima
a estrelinha alumiando.
Natal.
As beatas ajoelharam
e adoraram o deus nuzinho
mas as filhas das beatas
e os namorados das filhas
foram dançar black-bottom
nos clubes sem presépio.


Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).

Para os curiosos aqui vai uma mostra do "black-bottom", que fez grande sucesso nos anos de 1920.




Ilustração: Natividade, Painel de  Giovanni di Paolo (c.1403 – 1482), provavelmente  de 1440. 




sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

A AUTOCONFIANÇA DE DOIS JOVENS TALENTOS


Os dois jovens conquistaram em diferentes ocasiões e circunstâncias duas pessoas importantes na vida política e intelectual brasileira do início do século passado e nenhum dos dois conhecidos pelo bom gênio. Os jovens nasceram em 1893 e 1898. O mais novo, em Caruaru (SE) e o outro, em Tatuí (SP).
        Belarmino Maria Austregésilo Augusto de Athayde (1898-1993) tinha 17 anos e preparava-se para ser padre, quando foi dispensado do seminário da Prainha (CE) porque não tinha vocação para o sacerdócio. O reitor reconhecia que ele era bem comportado e estudioso, disse-lhe que com essas boas qualidades seria brilhante em qualquer outra carreira e o aconselhou a ser jornalista. 
      Em meados de julho de 1918, Belarmino desembarcou no Rio de Janeiro, onde foi acolhido por um tio, que o convidou em setembro para um jantar com o advogado e jornalista Assis Chateaubriand (1892-1968), que já sonhava em comprar um jornal. A Grande Guerra (1914-1918) terminara e o jornalista, ao contrário do Belarmino, era pró-Alemanha. Em meio ao jantar, Chateaubriand defendia os alemães quando o jovem convidado o interrompeu, afirmando que lia os artigos dele, porém, não concordava em absoluto com aquelas ideias e expôs sua opinião. A petulância de Belarmino surpreendeu Chateaubriand e logo descobriu que eles discordavam em quase tudo, mas nem por isso a noite se perdeu. Ao se despedir, o convidou para ir remar no Clube Guanabara. Continuaram remando vida afora. A amizade cresceu e mais tarde veio o convite: “Caboclo, quando eu comprar um jornal, você vem trabalhar comigo”.
Austregésilo de Athayde já escrevia em jornal quando, em 1924, Assis Chateaubriand apareceu na casa dele e bem a seu modo anunciou: “Caboclo, não podemos perder tempo! Mãos à obra! Vamos tomar posse de O JORNAL. Acabei de comprar aquele diário e quero você como testemunha na hora de sacramentar o negócio”.
Austregésilo de Athayde e Assis Chateaubriand mantiveram uma relação profissional e de amizade que durou 44 anos. Professor, jornalista, cronista e ensaísta, Austregésilo de Athayde sempre teve total liberdade de expressão nos DIÁRIOS ASSOCIADOS, um privilégio em se tratando de Chateaubriand.  
NUMA TARDE de 1920, Paulo de Oliveira Leite Setúbal (1893-1937) entrou na redação da REVISTA DO BRASIL, propriedade do ranzinza Monteiro Lobato (1882-1948), com suas poesias debaixo do braço. Nem esperou para mostrá-las ao editor. Entrou declamando seus versos e “aquele faiscamento recém-chegado do interior, cheirando à natureza, numa euforia sem intermitência” conquistou o pai do Visconde de Sabugosa*. Monteiro Lobato escreveu depois sobre “a tremenda força de sua simpatia, irradiante, inundante e avassalante”, que o levou a editar sem pestanejar a coletânea de poesias que ganhou o título de “Alma Cabocla”, com ilustrações a bico de pena de Antônio Paim. Paulo Setúbal não era apenas muito simpático. Era um poeta. O livro foi um sucesso imenso. A edição de três mil exemplares esgotou-se em um mês, o que levou a mais duas edições com a mesma tiragem nos meses seguintes. Mais tarde ele se dedicou ao romance histórico (“A Marquesa de Santos”, “As maluquices do Imperador” entre outros) com igual sucesso.

Austregésilo de Athayde, membro da Academia Brasileira de Letras, cadeira 8, ocupante 3.
Paulo Setúbal, membro da Academia Brasileira de Letras, cadeira 31, ocupante 3.

*Lobato começou a escrever para crianças apenas em 1931.  

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

LEMBRANÇAS DE VIAGEM


No mundo das comunicações em tempo real, cartão postal pode parecer um anacronismo. Afinal, você faz a foto e manda na hora para seus amigos e vizinhos, via celular. Contudo, os postais resistem como se pode observar nas bancas de jornal e lojas de lembranças pelo mundo afora. 
       Em outubro deste ano o Cartão Postal completou 150 anos. A ideia foi de um austríaco. Em 1869 a ideia do professor de Economia Política da Academia Militar Emmanuel Hermann para uma correspondência rápida, com mensagem curta, sem necessidade de envelope e em papel cartonado com gravuras foi implantada pelo Império Austro-Húngaro. A novidade foi um sucesso, especialmente, por causa do baixo custo. Mais tarde a fotografia foi integrada à composição do cartão. Os cartões postais se tornaram uma forma de mostrar a realidade de países distantes, disseminar as diferentes culturas, curiosidades enquanto aproximam as pessoas. 
Museu Nacional dos Correios, Brasília.


“No Brasil, o Cartão Postal foi instituído pelo Decreto nº 7695 de 1880 pelo Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, conselheiro Manuel Buarque de Macedo.”

Para marcar o sesquicentenário dos cartões o Museu Nacional dos Correios em Brasília organizou a mostra “O Mundo em suas mãos: a arquitetura em formas cores e beleza”. Através dos cartões-postais o público pode observar a arquitetura do Brasil e de outros países. 
Costumo comprar postais para mim e tenho uma caixa repleta de lembranças de viagem. Estes são apenas alguns... 







Museu Nacional dos Correios: Edifício Apollo SCS, Setor Comercial Sul, 256 - Asa Sul, Brasília - DF.