domingo, 31 de julho de 2022

O PEQUENO PRÍNCIPE


“Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), escritor e aviador francês que morreu durante a II Guerra, numa segunda-feira, 31 de julho de 1944. Ele é o autor de “O Pequeno Príncipe”, livro lançado em 1943 e que nestes 79 anos vendeu 200 milhões de cópias em todo o mundo. 



sexta-feira, 29 de julho de 2022

SILÊNCIO


"Quem não enlouqueceu um dia ao ouvir seu vizinho cortando a grama sistematicamente todos os domingos na hora da sesta? Quem não ficou obcecado com o inofensivo vizinho assobiando? Como se a vida estivesse sempre pronta para assobiar? Empenho-me contra o ruído envolvente em todas as suas formas, o ruído que te impede de pensar; desabafo contra todos estes ruídos que nos atingem e incomodam, mas sobretudo um hino ao silêncio." Tradução livre. Jean-Michel Delacomptée (1948)


Ilustração: REST (1882), óleo sobre tela de Ilya-Repin (1844-1930). Acervo Tretyakov Gallery, Moscou. 

quarta-feira, 27 de julho de 2022

HAVIA UM BANCO NO CAMINHO...

 

“Sentada ali num banco, a gente não faz nada: fica apenas sentada, deixando o mundo ser.”

 (Clarice Lispector)

Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro, 2022.

Parque Villa-Lobos, São Paulo.

Praça Fernando Prestes. Sempre uma sombra acolhedora.



Dois bancos e muitas lembranças: jardim da antiga Faculdade de Filosofia de Santos.

Praça Fernando Prestes, Bom Retiro.



Parque da Juventude: um banco tosco, nada convidativo.

Banco da cidade de Algeciras, Espanha, Pode não ser confortável, mas é muito bonito. 2010.





terça-feira, 26 de julho de 2022

DELÍCIAS DO JORNALISMO

Nos anos de 1980 trabalhei alguns meses em uma agência publicitária, onde fazia assessoria de imprensa de alguns clientes. Um dia o dono da empresa me chamou para dizer que havia um empresário investindo na popularização de um produto alimentício pouco consumido no país. “E o que seria? – perguntei. “Escargot!” Argh! Não fiquei nem um pouco entusiasmada com a novidade. Afinal, nem tudo que o francês ama, é apreciado por outros povos. Nem precisa ir tão longe: os paulistas comiam (e ainda comem em algumas cidades) saúva e nem por isso eu provaria a iguaria. Enfim, fui ao escritório do empresário, ouvi toda a história e comecei o trabalho. Ao contrário de todos que contratam assessores de imprensa e querem resultados para ontem, aquele não tinha pressa. Nas reuniões no escritório, sempre observava algum caracol passeando pela parede ou se arrastando por um móvel. Sempre preferi fingir que não via. Numa das últimas reuniões, aconteceu o que eu mais temia: “Faço questão que você prove essa delícia!” – disse ele todo sorridente, quando uma assistente entrou na sala levando uma bandeja com torradas e patê. Momentos de agonia.

Tempos atrás assistia a um episódio da série Havaí 5-0 em que os dois protagonistas conversavam na cozinha enquanto um deles preparava o café da manhã. Para minha surpresa, o personagem de Alex O’Loughlin coloca manteiga no café para horror do amigo (Scott Caan), que faz um discurso acalorado sobre a insensatez. A minha surpresa, entretanto, tinha outro motivo. Nos anos de 1970, durante uma entrevista com a vereadora de Santos Graciana Miguel Fernandes, ela me serviu um café com manteiga para meu espanto. Não fiz nada semelhante ao personagem da série que, aliás não se impressionou com os benefícios da mistura que eu nem registrei, mas Graciana me garantiu que aquilo era muito bom (?). Eu? Eu adoro um expresso sem açúcar.

Os gostos diferem de uma pessoa para outra. O que é delicioso para um pode ser execrável para outro. O que é atraente para alguém pode ser repelente para outra pessoa.


quinta-feira, 21 de julho de 2022

ESCOLA PORTUGUESA: COMEMORAÇÃO DOS 100 ANOS.

Exposição de fotografias e lançamento de livro sobre a história da instituição marcam a comemoração do centenário da Escola Portuguesa (Santos/SP), amanhã (22) a partir das 18 horas na Câmara Municipal.

Endereço: Praça Tenente Mauro Batista de Miranda, nº 1 – Centro. 



quarta-feira, 20 de julho de 2022

O PRAZER DA JORNADA

 


“Acima de tudo nunca perca a vontade de caminhar. Todos os dias, eu caminho até alcançar um estado de bem-estar e me afasto de qualquer doença. Caminho em direção aos meus melhores pensamentos e não conheço pensamento algum, que, por mais difícil que pareça, não possa ser afastado ao caminhar.”
Kierkegaard
(1813-1855) filósofo dinamarquês.  (Considero que afastar de qualquer doença é um exagero do filósofo – ele morreu aos 42 anos de uma doença na coluna e, provavelmente, tuberculose.) Foto: Rio de Janeiro.

domingo, 17 de julho de 2022

FUI AO ITORORÓ


 “Esta é uma história para ser lida na cama, numa casa antiga, numa noite de chuva.”* Desisto: não gosto de ler na cama, não vivo em uma casa antiga e o sol brilha lá fora... Vou passear. Gostaria de ir ao Itororó...



Em Santos há uma biquinha que se chama Itororó e que dá nome a uma rua do Centro Histórico. Em São Paulo há o riacho Itororó, nas proximidades do Hospital da Beneficência Portuguesa, devidamente canalizado. Na Bahia, existe um município com esse nome que em tupi significa “jorro d’água”. A música faz parte do cancioneiro folclórico do Brasil.

Fui no Itororó
beber água não achei
achei bela morena
que no Itororó deixei

Aproveite, minha gente,
que uma noite não é nada
Se não dormir agora,
dormirá de madrugada

Ó dona Maria,
Ó Mariazinha,
entrarás na roda
e dançarás sozinha

Sozinha eu não danço
nem hei de dançar
porque eu tenho o fulano
para ser meu par.

* John Cheever: "Até parece o Paraíso". Companhia das Letras.
A música faz parte do folclore brasileiro. 


quarta-feira, 13 de julho de 2022

PATRIMÔNIO HISTÓRICO PERDIDO

 


Destruída domingo último em incêndio a  pequena igreja Ortodoxa Antioquina da Anunciação à Nossa Senhora – Rua Cavalheiro Basílio Jafet, 115 – Centro Histórico de São Paulo. Foi a primeira igreja ortodoxa do Brasil, construída há 118 anos às expensas de Michel Assad. Com o passar dos anos, a igreja foi demolida para a construção do prédio, sendo mantida apenas a nave cujo acesso passava quase despercebido no burburinho da região.

terça-feira, 12 de julho de 2022

PARA MATAR O TEMPO


Em busca de novos autores de livros policiais, escolhi Richard Osman (1970), livro de estreia do jornalista inglês e que se tornou um sucesso de vendas. Sucesso de vendas, contudo, não é o tipo de escolha recomendada, apesar do título atraente: “Clube do Crime das Quintas-feiras” (Editora Intrínseca. 2021). Ruim não é, mas... A história (longa demais) se desenrola num condomínio para idosos nada convencionais a começar pelo fato de que dinheiro não parece ser problema para eles. Uma das moradoras, ex-agente da CIA, resolve usar a sala de quebra-cabeças no intervalo de duas horas entre os cursos de História da Arte e Conversação em Francês das quintas-feiras para outras atividades menos recomendadas por geriatras e policiais. Não, nada de cometer crimes, mas resolvê-los. A mocinha (nem tanto) é Elizabeth que tem como acólitos Joyce (que escreve um diário), Ron e Ibraim. O time é bem animado para a idade e os problemas físicos, mas álcool ajuda. Às vezes tem chá. Capítulos curtos, vocabulário básico, situações improváveis e algumas passagens divertidas, mas é só. A obra não é “extremamente divertida” como o Wall Street Journal disse, de acordo com a contracapa do livro, e muito menos “maravilhoso do começo ao fim”, segundo o Daily Mirror. Está mais para leitura em aeroportos, se não tivesse 400 páginas.



quinta-feira, 7 de julho de 2022

AS MORTES DE MEDUSA

A quarta série policial tcheca que tenho a pretensão de indicar é As mortes de Medusa (Hlava Medúzy, 2020). Esta série tem uma mulher encabeçando a delegacia de homicídios de Brno, segunda cidade mais populosa da República Tcheca - cerca de 380 mil habitantes. A primeira vez que ouvi falar de Brno foi em um romance de John Le Carré cujo enredo se desenrola na época da Guerra Fria, quando o país ainda se chamava Tchecoslováquia. Em 1993, houve a divisão pacífica em duas repúblicas: a Tcheca (Chéquia para os portugueses) e a Eslovaca.  No primeiro episódio, a equipe investiga um crime numa galeria de arte e que envolve o quadro A Medusa de Caravaggio. Para quem não lembra Medusa é uma figura da mitologia grega que em vez de cabelos tinha serpentes na cabeça e transformava em pedra todos que a encarassem. A sinopse do Eurochannel informa que o diretor Filip Renč aproveitou a figura mitológica relacionada ao mal e ao medo que despertava para desenvolver as histórias dos oito episódios da primeira temporada. A série mostra também o cotidiano da cidade – trabalho, aspirações e os problemas pessoais da detetive cujo irmão tem sérios problemas psicológicos. O elenco é formado por Jitka Cvancarová, Jirí Dvorák, Michal Isteník. Disponível no Eurochannel e Amazon Prime.





quarta-feira, 6 de julho de 2022

ANATOMIA DE UM ASSASSINATO

Gostei muito da série Anatomia de um Assassinato (Detektivové od Nejsvětější Trojice), com a atriz Klára Melíšková (1971). A primeira temporada tem apenas três episódios e me pareceu mais um filme dividido em três partes, com direção de Jan Hřebejk (1967) que, de acordo com a divulgação do Eurochannel, é um dos melhores diretores da República Tcheca. A trilha musical também merece destaque. A série começou em 2015 e já está na quinta temporada com episódios de 68 minutos. Elenco: Klára Melíšková, Stanislav Majer, Miroslav Krobot, Tereza Voříšková. Disponível também no Amazon Prime. As histórias se passam no interior da República Tcheca, em alguns cenários bucólicos que, entretanto, escondem muitos segredos e maldades.  



domingo, 3 de julho de 2022

TV NAS FÉRIAS

A Fúria (Rapl, 2016). As histórias se desenvolvem em torno de um detetive (Kuneš) que, como punição por seu temperamento explosivo, foi designado para uma região remota no interior da República Tcheca, onde a violência é preocupante. O time enfrenta bandidos e seus próprios problemas pessoais. Uma ótima oportunidade para conhecer um pouco da área rural desse país e suas paisagens bucólicas. A primeira temporada teve treze episódios com duração de sessenta minutos cada. Os protagonistas são Hynek Cermák, Lukás Príkazský, Alexej Pysko. A série recebeu uma indicação para o prêmio Leão Tcheco (os filmes de maior prestígio e prêmios de TV da República Tcheca) e um no Prix Europa de melhor série de ficção para TV.






sábado, 2 de julho de 2022

OS MISTÉRIOS DE PRAGA


Para quem se cansou das séries policiais americanas para televisão, com heróis repetitivos e discursos batidos, há muitas novidades à disposição. Descobri por acaso, e gostei muito, das produções da República Tcheca, disponíveis no Eurochannel e no Amazon Prime. Meu único problema é guardar o nome dos atores e dos personagens, em que sobram consoantes e faltam vogais, o que também aprecio bastante porque é novidade para ouvidos acostumados com idiomas ocidentais. As narrativas são construídas de forma diferente do padrão americano assim como as cenas de sexo não acontecem exatamente sob os lençóis. 

    Selecionei quatro séries para os próximos dias, pois afinal esta é uma ótima oportunidade para conhecermos um pouco mais sobre os países do Leste da Europa cujos povos viveram sempre momentos de turbulência. Uma das séries tchecas, por exemplo, tem como cenário Brno. A primeira vez que ouvi falar de Brno foi em um romance de John Le Carré cujo enredo se desenrola na época da Guerra Fria, quando o país ainda se chamava Tchecoslováquia, denominação que recebeu após a II Guerra Mundial (1939-1945), pois antes fizera parte do Império Austro-Húngaro, desfeito após o conflito quando ficou no âmbito da União Soviética até dezembro de 1991. Em 1993, houve a divisão pacífica do país em duas repúblicas: a Tcheca (Chéquia para os portugueses) e a Eslovaca. Enfim, é apenas uma síntese rápida dos eventos recentes.

        A República Tcheca tem pouco mais de dez milhões de habitantes e um alto nível de desenvolvimento humano (HID). A capital é Praga, cidade com um belíssimo patrimônio urbano e cultural; a população: pouco mais de um milhão e meio de habitantes. A Universidade de Carlos remonta ao século XIV e a Universidade Técnica foi fundada no século XVIII. O compositor Antonín Dvořák e os escritores Franz Kafka e Rainer Maria Rilke nasceram em Praga.

        Quando comecei a assistir à série Mistérios de Praga (Zlociny Velké Prahy, 2020), fiquei um pouco frustrada porque pouco se vê da cidade, o que é compreensível por se tratar de uma história situada nos anos de 1920. O personagem principal é o inspetor Budik (Jaroslav Plesl), casado com uma aristocrata que perdeu o título com o fim da monarquia, ganha uma promoção, entretanto, não para o cargo em Praga, mas para o subúrbio. É assim que um dândi vai conhecer o lado humilde da cidade. Ele tem dois ajudantes: o inspetor Havlik (Jirí Langmajer) e o novato Martin Novacek (Denis Safarík), que parece, mas não é nada tolo. A primeira temporada tem dez episódios com uma hora de duração.