segunda-feira, 31 de agosto de 2020

DOMINGO COM MÚSICA

Último domingo de agosto, mais um mês de isolamento social... Que tal iniciar a semana com “Infernal Galop”, da opereta “Orphée aux enfers”, de Jacques Offenbach (1819-1880)? E que venha setembro!


Cartaz criado por Henri Toulouse-Lautrec.

O "Moulin Rouge", tradicional cabaré parisiense (1889), um dos polos difusores do cancã. Paris, 2012.

(Em tempo: a postagem foi feita no domingo, 30, mas deletei a publicação sem querer na segunda e por isso a data não combina.)

sábado, 29 de agosto de 2020

PINTORAS ITALIANAS RENASCENTISTAS

 

SOFONISBA ANGUISSOLA (1532-1625) foi uma pintora renascentista italiana, filha de família nobre e pobre de Cremona. Dizem que o talento da jovem foi reconhecido por Michelangelo (1475-1564) e Antoon van Dyck (1599-1641). Esteve em Roma e mais tarde foi convidada pelo rei Filipe II da Espanha para ser dama de honra da rainha Isabel de Valois e se tornou pintora oficial da corte. Após a morte da rainha retornou à Itália, onde continuou a pintar com sucesso. 



Autorretrato, 1556.
“A partida de xadrez” (1575), óleo sobre tela. Grupo familiar.

FEDE GALIZIA (1578-1630) foi outra pintora italiana que se destacou principalmente no gênero de naturezas mortas com frutas e do qual foi pioneira na Europa. Ela nasceu em Milão, era filha de um pintor de miniaturas e com quem ela aprendeu a pintar. Muito jovem já recebia encomendas. Fede tinha 18 anos quando fez o “Retrato de Paolo Morigia” para a igreja de S. Jerônimo em Milão, onde se observa a preocupação da artista com os detalhes: nas lentes dos óculos que o sacerdote segura é possível notar o reflexo da sala onde ele se encontra. Fede significa fé em italiano. 




Cesta de pêssegos e jasmins.

Retrato de Paolo Morigia (1595), Pinacoteca Ambrosiana de Milão.


segunda-feira, 24 de agosto de 2020

AS PINTORAS POUCO LEMBRADAS

Nos Países Baixos, outra pintora se destacou entre os séculos XVII/XVIII: Rachel Ruysch (1664-1756). O pai era professor de anatomia e botânica e Rachel costumava desenhar as coleções científicas do pai, o que contribuiu para o aprimoramento da técnica de desenho; na adolescência estudou com um pintor especialista em flores e arranjos florais e aos 18 anos já era uma profissional. Não é de admirar que tenha sido a melhor pintora de flores do século XVIII, superada apenas por Jan van Huysum (1642-1749), segundo os críticos. Rachel casou-se com o pintor Juriaen Pool e teve dez filhos, o que não a impediu de continuar seu trabalho artístico. Manteve-se em atividade até os 80 anos. 

 

Retrato de Raquel Ruysch por Godfried Schaçcken

“Still-life with bouquet of flowers and plums” (1704). 

Artemísia Gentileschi (1593-1652), pintora barroca italiana, foi a primeira mulher a ser aceita na Academia de pintura de Florença. Aprendeu a pintar com o pai e sua pintura, segundo os críticos, tem grande influência do estilo de Caravaggio. Sua primeira obra é “Suzana e os anciões” (1610). Em 1611 Artemísia foi estuprada pelo pintor Agostino Tassi que foi denunciado e, apesar de condenado, não cumpriu a pena (leve).  

Suzana e os anciões seu primeiro trabalho, em 1610 (Coleção Schönborn). (Esquerda)

Autorretrato como música de alaúde (1616). (Direita)


domingo, 23 de agosto de 2020

DOMINGO COM ARTE

A pintura dos séculos XVII/XVIII contou com a arte da veneziana ROSALBA CARRIERA (1673-1757) e da suíça ANGELIKA KAUFFMANN (1741-1807). 

Ainda criança Rosalba Carreira ajudava a mãe a fazer rendas, mas quando a situação econômica da família piorou, começou a pintar miniaturas para tampas de embalagens comerciais, aprimorou sua arte, desenvolveu a técnica com marfim e logo estava fazendo retratos em pastel. Seu trabalho teve ampla aceitação e foi prestigiado pela nobreza europeia.

Lady in a Turkish Costume - Felicita Sartori. Uffizi Museum.

        O pai de Angelika Kauffmann era pintor e muralista e a educou para ser sua assistente, mas a menina mostrou talento excepcional, prova disso é o fato de ser membro fundador da Royal Academy of Arts da Inglaterra (1768). Foi a primeira pintora a expor uma obra baseada na história medieval inglesa (1770). Mais tarde estabeleceu-se em Roma.

Angelika Kauffmann: “Autorretrato” (1770-1775).

sábado, 22 de agosto de 2020

ARTISTAS DO SÉCULO XVII

 Hoje a arte de duas pintoras neerlandesas, que viveram no Século de Ouro dos Países Baixos: Judith Leyster (1609-1660) e Gertruid Roghman. Duas visões diferentes de mundo, ambas importantes porque eram raras as mulheres que se dedicavam à vida artística. 

    O historiador Simon Schama diz que ainda não se tem muitas informações sobre Gertruid Roghman que seria irmã, filha ou sobrinha de um famoso paisagista, Roelant Roghman. Gertruid Roghman produziu gravuras em que enfatiza a lida doméstica feminina e o Schama ressalta que o predominante "nessas composições é o caráter rude e penoso do trabalho".

 "Mulher fiando", gravura. Década de 1650, Atlas van Stolk, Roterdã. 

Filha de um cervejeiro, Judith Leyster teve um papel relativamente importante na época e, inclusive, lecionou pintura. De acordo com Simon Schama, ela “adaptou as grandes figuras caravaggianas - dramaticamente iluminadas, focalizadas em posturas heroicas, avolumadas até as bordas do quadro - aos temas nada heroicos da vida cotidiana”. Judith Leyster foi casada com o pintor Jan Miense Molenaer (1610-1668).

"Autorretrato" (1635). National Gallery of Art, Washington, D.C.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

O FRIO VERÃO DAS TERRAS ALTAS

 Primeiro dia do verão de 2015 nas Terras Altas da Escócia. Um frio exatamente igual ao de hoje em São Paulo: 10 graus.




UM LUGAR ACONCHEGANTE

Em noites frias, a cama tem um apelo especial. Depois de um dia de trabalho, nada como esgueirar-se sob as cobertas para ler, escrever, ouvir música, ver um filme e, especialmente dormir. Há outras atividades possíveis, claro, e isso fica por conta de cada um. Esse móvel simples – um suporte para o estrado, que tem o colchão como complemento – é o centro do quarto, o local mais íntimo da moradia. Essa simplicidade pode ser muito sofisticada e tudo depende do poder aquisitivo da pessoa: materiais nobres para o móvel e tecnologia de ponta para os colchões, sem contar os revestimentos dignos das mil e uma noites.

Deitado confortavelmente entre lençóis perfumados, quem se interessa pelas dificuldades do homem para enfrentar as noites de inverno no início dos tempos, antes de dominar o fogo? Dormir todos juntos para aproveitar o calor dos corpos? O interior de cavernas por certo ajudava e a origem da cama deve ter sido o revestimento do chão com folhas para diminuir a friagem do solo; depois veio o forro de peles e, quando aprendeu a fiar e tecer, envolveu as folhas ou a palha no tecido, o que seria o princípio do colchão.

Por milhares de anos a cama foi um privilégio e era sempre coletiva. No século XVIII, no interior da Normandia, ainda se dormia sobre palha, sem lençol. Catres e enxergas são o leito dos pobres desde sempre. Em outros lugares (pelo menos na Europa), aqueles que podiam construir uma cama e ter um colchão, procuravam fazê-la alta para evitar o frio do chão e muitas vezes era preciso um banquinho para subir ao leito.

Os colchões também eram altos e quanto mais altos melhor. Ali, dormia toda a família. Os lençóis raramente eram trocados. Uma situação que se prolongaria ainda por muitos séculos, como testemunha um pesquisador francês da primeira década do século passado: “Os camponeses dormem quarenta anos sobre o mesmo acolchoado, sem trocá-lo e sem nem ao menos arejar as penas”. 

Outra solução foi a cama armário. Durante o dia era um móvel e à noite abrigava até duas pessoas, que dormiam com as cortinas fechadas. O móvel podia ser bem grande e “guardar” uma população maior. O geógrafo Elisée Reclus descreveu em 1875 esta cena em uma habitação alpestre na França: “À noite, fecham-se todas as saídas (da casa), para impedir que o frio do exterior penetre nos quartos: velhos, pai, mãe e filhos, todos dormem em uma espécie de armário com andares, cujas cortinas ficam fechadas de dia e onde se acumula, durante o sono das noites, um ar ainda mais impuro que o do resto da cabana”.  

Evidentemente, conforto e higiene eram coisas desconhecidas. Custavam muito caro. Foi a Igreja que estabeleceu as regras de uso, definindo a ocupação dos espaços nas camas. As camas armários vistas em museus parecem pequenas demais aos nossos olhos do século XXI, farto de proteínas e vitaminas. As pessoas, além de serem baixas e magras, não se deitavam para dormir – posição que atribuíam aos mortos. Alguns acreditam que o costume também é uma decorrência das epidemias de cólera, quando o doente largado sobre o leito corria o risco de ser considerado morto.

Nossos silvícolas, vivendo em clima mais ameno, na época do descobrimento usavam a rede, que o europeu adotou e o brasileiro manteve. A história paulistana registra o status da cama em princípios do século XVIII. A Câmara de São Paulo, em nome do rei, invocou o direito de requisitar a cama de propriedade de Gonçalves Pires, dono da única cama em condições de ser oferecida a um visitante ilustre da vila e que insistiu em não emprestá-la. O móvel foi levado e ao ser devolvido Gonçalves Pires recusou-se a usá-lo novamente. 

Foto: Museu Casa de Rembrandt, Amsterdam. Ao fundo, a cama armário do pintor. Wikipedia.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

HOMENAGEM A UMA CINQUENTONA DE PESO

Teteia, nascida em Córdoba, na Argentina, mãe de dez filhos e certo sobrepeso, passou desta para melhor após cinco semanas com um quadro clínico grave. Ninguém falou do pai dos filhos dela. Viúva? Separada? Sabe-se lá. Ah! Teteia pesava míseras 4,5 toneladas. Enfim, Teteia nada tinha de teteia – era um hipopótamo, que vivia no Zoológico de São Paulo desde 1964. Estava com 53 anos. Viveu oito anos além da média dos hipopótamos em cativeiro, mas um dos problemas do animal era uma severa artrose e, apesar da atenção especial de veterinários, biólogos e tratadores morreu ontem.

Nem o diretor presidente da instituição na época, Paulo Magalhães Bressan, escapou de dizer algo para a posteridade: “Com mais de 40 anos de formado em medicina veterinária, já presenciei a morte de animais queridos. Não podia imaginar o nível de emoção que me tomaria ao ter que participar da decisão da eutanásia da Teteia. Ela era especial”. Com esse desabafo, deve ter tirado um peso do coração. Teteia “recebia atenção especial dos veterinários e biólogos com acompanhamento geriátrico, reforço de vitaminas na alimentação e protetores de articulação”. Teteia dividia o teto com a caçula, suave criatura que atende por Sininho e vai substituir a mãe nos passeios noturnos pelo Zoo.

A falecida deixa ainda em São Paulo a filha Colônia. O neto Pororó vive no Zoo Safári. O restante da filharada está espalhado pelos zoos de Brasília, Goiânia, Americana, Leme e São José do Rio Preto. O hipopótamo torna-se adulto aos seis anos de vida, a gestação dura cerca de 240 dias e normalmente nasce um filhote que pesa em média 30 Kg. Ágil dentro e fora da água é considerado o terceiro maior mamífero terrestre do planeta (perde apenas para o elefante e o rinoceronte). As principais ameaças a essa espécie são perda de habitat e caça ilegal. (Adaptação de texto original de 5/8/2011.)

FICHA TÉCNICA

• Classe: Mammalia

• Ordem: Artiodactyla

• Família: Hipopotamidae

• Distribuição geográfica: África.

• Peso: até 4,5 toneladas.

• Tamanho: 4m de comprimento e 1,5m de altura

• Expectativa de vida: 45 anos

• Alimentação na natureza: pastagens (capim) e algas

• Alimentação no zôo: capim, ração, abóbora e silagem

• Status: Vulnerável (IUCN, 2006).


segunda-feira, 17 de agosto de 2020

ARTE E POLÍTICA

No dia 30 de junho de 1939 realizou-se, no Grand Hotel National em Lucerna (Suíça), um leilão de 126 pinturas e esculturas. As obras reunidas neste evento eram de 39 artistas modernos entre os quais Matisse, Picasso, Van Gogh, Klee, Kokoschka e Braque. Era um leilão incomum tanto por causa da origem das obras como pelo contexto político em que se realizava. As obras pertenciam aos principais museus públicos da Alemanha e o dinheiro arrecadado, todos sabiam, financiaria o Partido Nazista, embora o leiloeiro garantisse que os lucros seriam destinados aos museus alemães. O salão do hotel reuniu mais suíços curiosos do que grandes compradores e a arrecadação foi muito abaixo da esperada. Os museus dilapidados de obras-primas modernas que os nazistas consideravam “degeneradas”, naturalmente, não viram a cor do dinheiro. 

        O lote de pinturas incluía entre outras preciosidades “O bebedor de absinto” e o “Acrobata e o jovem arlequim”, de Picasso; o “Autorretrato de Van Gogh”; “Banhistas com uma tartaruga”, de Matisse. O jornalista e editor americano Joseph Pulitzer III (1913-1993) adquiriu “Banhistas com uma tartaruga” por 9.100 francos suíços. “Desejando salvar essa arte para a posteridade, eu comprei - que ousadia!” - comentou depois.

        Os nazistas lucraram com a “arte degenerada” para financiar seus desígnios e durante a ocupação da Europa lançaram-se avidamente ao saque de obras de arte de pessoas, instituições e empresas. À frente da quadrilha que se formou estavam Adolf Hitler (1889-1945) e H. Goering (1893-1946), os verdadeiros degenerados. Essa história é meticulosamente contada por Lynn H. Nicholas em seu livro “Europa saqueada. O destino dos tesouros artísticos europeus no Terceiro Reich e na Segunda Guerra Mundial” (São Paulo: Companhia das Letras, 1996), que estou relendo desta vez me debruçando nas obras de arte perdidas e recuperadas, graças à ação de aliados e de alemães, mas isso é outra história.

ABAIXO: “Acrobata e o jovem arlequim” e “O bebedor de absinto”, de Picasso (1881-1973). Esta última obra foi vendida por 42,1 milhões de euros em leilão realizado em 2010 em Londres.





Henri Matisse (1869-1954): “Banhistas com uma tartaruga”.

domingo, 16 de agosto de 2020

ARTE EM DIA CHUVOSO

 

“Rua Parisiense. Dia Chuvoso”, 1877, óleo sobre tela de Gustave Caillebotte (1848-1894). Instituto de arte de Chicago.

"Le Bouquet de fiançailles", de Henri Fantin-Latour (1836-1904).

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

REFLEXÕES SOBRE O ISOLAMENTO

Quase 150 dias em isolamento social, saindo apenas para as compras necessárias, quando aproveito para ver o que acontece pela vizinhança e desfrutar o sol. Se no início pensei em diário, logo abandonei a ideia pela rotina desinteressante da vida entre quatro paredes embora tenha empregado meu tempo para ler bastante, fazer visitas virtuais a museus e galerias, ouvir música, assistir a filmes clássicos e tentar achar algo bom na TV e... Lavar as mãos. Entretanto, importante mesmo foi me distanciar aos poucos das redes sociais, que se tornaram pouco interessantes, embora nas primeiras semanas muita gente ao redor do mundo tenha produzido vídeos bastante criativos. 

Ao vivo e em cores nas minhas saídas necessárias vejo os conhecidos do bairro e sempre trocamos ideias à distância, protegidos por máscaras. Causa tristeza ver o número de avisos informando a mudança ou fechamento de pequenos negócios do bairro, cartazes caseiros oferecendo serviços. Se mercados e mercadinhos florescem graças ao sistema de entrega domiciliar, cabeleireiros e bancas de jornal têm encontrado dificuldades para continuar ‒ pelo menos por aqui nos arredores.

As leituras têm sido muito agradáveis e bem variadas. Como os excelentes “Conquistadores”, de Roger Crowley e “Patriotismo”, de Yukio Mishima. Ou reler “Modesta Proposta” de Jonathan Swift e “Os três mosqueteiros”, Alexandre Dumas. Folheei sem grande entusiasmo o livro de João Rossi e Paulo de Assunção sobre SÃO PAULO IMPERIAL.

Numa tarde chuvosa, por insistência do jornaleiro comprei Agatha Christie e, como era de esperar, li e não gostei. Em compensação comprei e me diverti com “The Rubber Band”, de Rex Stout. Aliás, por causa de uma revista (“Signos de um novo tempo. A São Paulo de Ramos de Azevedo.”) me dispus a caminhar sete quilômetros (ida e volta) da minha casa à Praça João Mendes. Um dia de sol quente, ruas quase vazias. Valeu o sacrifício. Sacrifício, sim, porque a volta não foi das mais entusiasmantes já que não peregrinava pela cidade há meses... E me recuso a entrar em ônibus ou táxis.

Logo no início do que achavam que seria uma quarentena (quarenta dias) estava em meio do livro "História da Loucura", de Michel Foucault. Acho que preciso reler alguns capítulos por causa da experiência enlouquecedora de não poder ir ao cabeleireiro cortar o cabelo, uma exigência diária que o espelho me fazia... Quando foi autorizada a reabertura dos salões, subi a pé até a Estação Ana Rosa do metrô, tomei uma chuveirada de desinfetante que juram durar três horas e desci duas estações depois para caminhar ao encontro de minha cabeleireira de confiança... Ah! Quando saí, era outra pessoa e o mundo parecia ótimo, apesar da ameaça do Coronavirus pairar pelo Planeta.

Não custa tentar: antes de passar pela catraca, uma chuveirada de desinfetante.


quinta-feira, 13 de agosto de 2020

QUINTA-FEIRA, 13 DE AGOSTO...

Para os supersticiosos 13 de agosto pode ser um dia aziago, mas hoje é uma quinta-feira como outra qualquer. Bisbilhotar sempre rende algum conhecimento inútil, como o de saber que se chama parascavedecatriafobia o medo da sexta-feira 13, mas o medo simplesmente do número 13 é denominado frigatricaidecabobia. Como eu morreria sem saber disso? Dois palavrões absolutamente descartáveis de nossos vocabulários. Não sou supersticiosa e fico espantada de ver que a superstição chega ao ponto de eliminar de prédios o 13º andar ‒ como se isso fosse possível! 

Há 121 anos nasceu Alfred Hitchcock (1899-1980) que dirigiu muitas loiras e encheu nossas vidas de mistérios com filmes clássicos como “Psicose”, “Vertigo” e os “Pássaros”, só para citar alguns. É sempre um prazer rever “Janela Indiscreta” e “Ladrão de Casaca” para admirar a beleza e elegância de Grace Kelly (1929-1982), sem contar Cary Grant (1904-1986) que está neste e também em “Intriga Internacional”.  Entre um crime e outro o diretor inglês ainda encontrava um jeito a mais de entreter o espectador: encontrá-lo em uma das cenas dos filmes. 

Num dia 13 de agosto morreu o pintor romântico francês Eugène Delacroix (1798-1863). A família de Delacroix tinha prestígio, era bem relacionada e o jovem artista teve como patrono Charles-Maurice de Talleyrand (1754-1838), que foi primeiro ministro da França durante o reinado de Luís XVIII.  Suas obras abrangem temas literários, históricos e políticos. A primeira obra foi “A Barca de Dante” (1822) e a mais conhecida é “A Liberdade guiando o povo” (1830), ambas pertencentes ao acervo do Museu do Louvre. Embora duas belas telas, escolhi “A Liberdade guiando o povo”.


terça-feira, 11 de agosto de 2020

CURSOS JURÍDICOS NO BRASIL: 193 ANOS.

Os cursos jurídicos no Brasil foram criados em 11 de agosto de 1827 com a criação simultânea da Faculdade em São Paulo (SP)e em Recife (PE).  

A Faculdade de Direito começou nas instalações do Convento de São Francisco em 1827.

Prédio de 1930, projeto de Augusto Severo.

Nas escadarias, os vitrais da Casa Conrado Sorgenicht.




domingo, 9 de agosto de 2020

PAPAI SABE TUDO

A série americana (1954-1960) foi exibida no Brasil pela TV Tupi, mas sua origem foi o rádio onde começou em 1949 já com Robert Young (1907-1998) no papel do pai. Na televisão a família era representada por Jane Wyatt (1910-2008), a mãe, e Elinor Donahue (1937), Billy Gray (1938) e Lauren Chapin (1945), como os filhos do casal.

       Para os curiosos, saudosistas e insones: a série passa na Rede Brasil nas madrugadas das terças-feiras.

A partir da esquerda: Lauren Chapin, Jane Wyatt , Robert Young, Elinor Donahue e Billy Gray. 

sábado, 8 de agosto de 2020

DOMINGO EM CASA COM FESTA

Eu, particularmente, considero que todo dia é dia dos pais; mas a data surgiu nos Estados Unidos e foi comemorada pela primeira vez em 1910 e oficializada em 1966 e desde então festejada no terceiro domingo de junho. No Brasil, chegou mais tarde, agosto de 1953, com a realização de um concurso para premiar o pai mais velho (98 anos), o mais jovem (16 anos) e aquele com maior número de filhos (31 rebentos). O sucesso da iniciativa levou à criação do Dia dos Pais, no segundo domingo de agosto. 

Como amanhã deverá ser um dia festivo para muita gente, que tal receitinhas roubadas de Gilberto Freyre (1900-1987)? Para filhos que tenham familiaridade com fogão, claro. Há desde beijos, bolinhos Cavalcanti (caso o homenageado tenha esse nome), bolo de estouro, bolo Luis Filipe, pudim de peroba (hum!) ou bolo espirradeira. Mais simples e mais seguro é o tradicional bolo de festa. Os que desconhecem o caminho para a cozinha sempre têm a padaria da esquina ou algum bufê sofisticado para resolver o problema.

      “Bolo Espirradeira: 6 ovos sendo 3 sem claras, 1 ½ (260g) de açúcar. Bate-se como para pão-de-ló, em seguida deita-se leite de 1 coco e ½ libra (250g) de farinha. Leva-se ao forno em forma untada com manteiga.”*

*(“Açúcar: uma sociologia do doce, com receitas de bolos e doces do Nordeste do Brasil.” São Paulo: Global Editora, 2007.)

Dick Sargent (1911-1979), um dos ilustradores de "The Saturday Evening Post". 
Norman Rockewell (1894-1978), também ilustrador de ""The Saturday Evening Post". 

Pintor impressionista francês Edgar Degas (1834-1917): "Visconde Lepic e suas filhas". 

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

FÉRIAS NA ITÁLIA

Vez por outra assisto à série sobre aeroportos internacionais da National Geographic que mostra os bastidores desses locais, revelando o trabalho cotidiano dos funcionários, esclarecendo questões legais, os equipamentos disponíveis para promover a segurança de todos, traçando o perfil de passageiros e, em alguns lugares, como no Brasil, Peru e Colômbia, com ênfase na luta contra o crime organizado.

A produção caprichada inclui alguns momentos de bom humor, como o impedimento da primeira viagem internacional de Trevor, um sapo, porque não havia garantia de que pudesse desembarcar no México. Ou os frangos assados na bagagem de uma senhora, sem falar de outra que trouxera quase toda feira do país que visitara para deixar no lixo do aeroporto de Nova Iorque.

Ou ainda o caso das quatro senhoras procedentes da República da Moldávia que atraíram a atenção da imigração italiana no Aeroporto Leonardo Da Vinci (Roma). Eram simples ‒ no trajar e na atitude; idade indefinida, mas com certeza acima dos cinquenta anos. Não se conheciam, haviam se encontrado por acaso no aeroporto, mas suas histórias eram exatamente iguais: ajudar uma irmã doente durante três meses na Itália.

Levadas para a entrevista individual tentaram convencer um experiente agente sobre o motivo de suas viagens. Quando ele pediu à primeira que escrevesse o nome da irmã, ela se atrapalhou, parecia não lembrar, mas acabou escrevendo algo no papel. Quanto dinheiro tinha para a estadia: € 100. Enfim, ela ganhou o bilhete de volta à Chisinau capital da Moldávia. A segunda contou a mesma história de uma irmã doente e tinha a mesma quantia da primeira. Novo bilhete de volta. A terceira não foi diferente; entretanto, a última se mostrou mais despachada, convenceu o agente a levá-la à ATM para mostrar o saldo do seu cartão e no caminho bem à vontade já foi colocando a mão na cintura do rapaz, que riu divertido, mas tratou de se livrar polidamente. E ela que garantira ter € 1.000, tinha precisamente € 994. Na entrevista, estava confiante, afinal tinha € 1.000 e até desenhou na mesa com o dedo o valor que lhe parecia aceitável para os três meses. Em vão. Entrada recusada.

Na sala onde esperariam a ordem de deportação, nem um pouco abaladas por terem os planos frustrados e as irmãs não poderem contar com a ajuda delas, as quatro se confraternizaram e até fizeram uma foto “das férias na Itália”. O agente comentou que se elas não se conheciam como afirmaram, depois da aventura italiana certamente seriam amigas para sempre.

A Moldávia estava perdida em algum escaninho da minha memória, talvez relacionada a alguma guerra no Leste Europeu, aprendida durante a época escolar. Nem sabia que  havia se tornado um país (3,5 milhões de habitantes) cuja capital é Chisinau...

Foto: Hilda Araújo. Aeroporto Internacional Leonardo da Vinci, Roma, 29 de junho de 2019.

RESISTIR É PRECISO

A pequena igreja ortodoxa, que se recusou a ceder seu espaço para a modernização de Atenas, acabou entre os pilares de um prédio que, atualmente é um hotel. A igreja (século XVI) é dedicada à Virgem Maria e, tradicionalmente, as mulheres grávidas vão a Agia Dynami pedir por um parto seguro. Ela passou por duas restaurações no século passado. Nesse local teria existido na Antiguidade um templo destinado a Hércules, na Mitologia grega, um semideus. Mapa: Google. Foto: Hilda Araújo. Junho de 2019. 


segunda-feira, 3 de agosto de 2020

UMA VIDA POR UM FIO

Clássicos não têm idade. É o caso do filme noir dirigido por Anatole Litvak (1902-1974) em 1948 e que rendeu à atriz Barbara Stanwyck uma indicação ao Oscar. O título em português é perfeito. Muito melhor que o original, “Sorry, wrong number”. A roteirista Lucille Fletcher (1912-2000­) adaptou o texto de um programa de rádio que escreveu em 1943, protagonizado por Agnes Moorehead (1900-1974).


Logo na abertura do filme veem-se as telefonistas em suas mesas de operação enquanto se lê a explicação de que “Nas entrelaçadas redes de comunicação de uma grande cidade, o telefone é o elo invisível entre milhares de vidas... É o servidor de nossas necessidades comuns. O confidente de nossos segredos mais ocultos. Vida e felicidade aguardam do outro lado da linha, horror e solidão... e morte!”

 
    O enredo é bem simples: a milionária Leona Stevenson
(Stanwyck) está doente e fica sozinha em casa quando o marido se atrasa e a enfermeira faltou ao serviço. Assim, só lhe restam o telefone, o rádio e os cigarros sobre a mesinha de cabeceira, onde se encontra também um retrato do casal. Quando ela pede à telefonista uma ligação para o escritório do esposo (3-5097), as linhas se cruzam e ela ouve dois homens combinando um crime. Após desligar, ela avisa a polícia em vão, porque suas as informações são vagas. Enquanto tenta, desesperadamente, localizar o marido, vamos conhecer o passado dela e o que ele, de origem pobre, anda fazendo desde que se conheceram. À medida que a narrativa se desenvolve, mistério, medo e angústia vão crescendo até o insuportável já que não tem condições de se locomover.

     

Quando se revê um filme ou se relê um livro, sempre descobrimos algo mais. Neste filme, 72 anos depois o telefone ganha ainda mais destaque na história. Para as novas gerações acostumadas com as facilidades dos aparelhos celulares e, portanto, muito mais conectadas, deve ser bem estranho observar como funcionavam os velhos telefones e o terror vivido pelo personagem de Barbara Stanwyck.

       Na primeira metade do século passado, as ligações ainda eram feitas através de telefonistas que de uma mesa telefônica faziam as conexões solicitadas pelo assinante. Se X queria telefonar para Y, ligava para a telefonista que completava a ligação. A privacidade era tênue. No decorrer do filme quase todos os personagens estão ao telefone e a cada telefonema que fazem chamam por elas. Nos telefones públicos, as telefonistas interrompiam as conversas para que o usuário colocasse mais moedas no aparelho quando o valor da chamada estava chegando ao fim.

     Lembro-me que em Santos, nos anos 1950, as chamadas interurbanas ainda eram feitas por meio de telefonistas e demoravam horas para ser realizadas. A era dos telefones fixos está chegando ao fim.

Agnes Moorehead ficou famosa como a bruxa Endora, mãe de Samantha (Elizabeth Montgomery) na série “A Feiticeira” (1964-1972).