sábado, 26 de março de 2022

OS SAPATOS ABANDONADOS

 


Já vi muitas coisas estranhas pelo caminho... Este par de sapatos, entretanto, é intrigante. Perdido? Não me parece. Fica a critério de cada um imaginar o que possa ter acontecido para deixar sapatos quase novos abandonados na calçada. Quem dera fosse uma Cinderela correndo para pegar um ônibus antes da meia-noite e um rapaz solitário o bastante para saia pela cidade em busca dessa mulher misteriosa e apressada, mas já se foram os tempos de contos de fadas... Cambuci, sexta-feira de manhã.

segunda-feira, 21 de março de 2022

PREZADA DONA BRITES

 

Embora saiba que a senhora não irá ler esta carta, já deixo claro que estou ciente de que não se lembraria de mim, pois fui uma aluna comum numa classe de quarenta adolescentes. A senhora, entretanto, é inesquecível ‒ seus cabelos brancos impecavelmente penteados contrastando com o luto eterno que vestia, os sapatos ortopédicos e a sua falta de paciência com o excesso de hormônios das meninas que se enfileiravam todas as manhãs para cantar o Hino Nacional.

Confesso que não foi a senhora a primeira pessoa de que me lembrei hoje ao ler os jornais, mas de Dona Zulmira, que me deixou uma herança inesquecível: o bom uso da língua portuguesa. Naturalmente, o mundo mudou bastante e isso é muito bom. Lembro que a senhora fazia um escândalo quando percebia que uma das meninas não usava combinação. Pelos seus critérios, hoje nenhuma entraria em sala de aula. As moças nem sabem o que seja combinação. Sem contar que as meninas não têm mais exclusividade: o liceu é misto. O que acho muito bom.

Se a senhora se espanta com as novidades, imagino Dona Zulmira folheando os jornais! Foi dela que me lembrei ontem, por ao ler a manchete que trazia um “INCAÍVEL” com tipos muito maiores que o normal (talvez para ninguém duvidar do que lia). A palavra não existe em dicionários, portanto, é um erro crasso. Algumas páginas adiante um aviso de que “É preciso focar na aprendizagem e nas relações socioemocionais”. Focar... Ah! Essa existe, mas é um galicismo (uso altamente reprovado por dona Zulmira), que serve de muleta para editores na hora de fazer um título. Incentivar, apoiar, ater-se... E por aí vai.


Dona Olga Melchert, que lecionava Geografia, também estranharia estes tempos. Ainda folheio vez ou outra o velho “Atlas Geográfico Melhoramentos do Padre Geraldo José Pauwels” cuja primeira edição é de 1936. O meu exemplar é de 1959 e a cada página descortinam-se as grandes mudanças ocorridas na geografia política do mundo em mais de sessenta anos. Tive que comprar um novo atlas porque há muitos livros que gosto de ler com o atlas do lado para visualizar melhor a ação (livros de História, narrativas como Lawrence da Arábia, Sir Richard Burton etc.). Ela teria gostado porque renovaria o conteúdo da matéria.

O que teria sentido Dona Laurentina quando lesse o artigo de Francis Fukuyama (1952) sobre o fim da História? É possível que nos mandasse rezar uma oração pela salvação de sua alma, como fez no dia da execução do bandido da Luz Vermelha, o americano Caryl Chessman (1921-1960), condenado por estupro e homicídio na Califórnia. Oh! Céus!

Por hoje é só. Sei que não ficará aborrecida com a carta nem com os comentários (assim como as mestras citadas). Lembranças para dona Delta.



domingo, 20 de março de 2022

FOLHAS DE OUTONO

The falling leaves drift by the window
The autumn leaves of red and gold
I see your lips, the summer kisses
The sun-burned hands I used to hold

Since you went away the days grow long
And soon I'll hear old winter's song
But I miss you most of all my darling
When autumn leaves start to fall

Since you went away the days grow long
And soon I'll hear old winter's song
But I miss you most of all my darling
When autumn leaves start to fall



Nathaniel Adams Coles, nome verdadeiro do cantor e pianista americano Nat King Cole (1919-1965), tinha uma voz maravilhosa e suas interpretações eram muito especiais. Fez grande sucesso, mas morreu jovem ‒aos 45 anos, vítima de câncer de pulmão. Dizem que Nat King Cole fumava três maços de cigarro por dia. Apresentou-se no Brasil em 1959. Nunca se abateu contra a humilhação do racismo, evitando apresentações em locais segregacionistas e tomando posições firmes. Foi alvo da Ku Klux Klan pelo menos duas vezes. Entre seus grandes sucessos há um delicioso álbum em que ele canta em espanhol. Participou de vários filmes, inclusive em Cidadão Kane (1941) como pianista; mas me lembro especialmente de “Dívida de Sangue” (1965) em que ele interpreta a balada de Cat Ballou

(Recebi este maravilhoso link de um amigo e aproveitei a ocasião para relembrar um ótimo cantor e marcar o início do outono no hemisfério sul.)

https://www.youtube.com/watch?v=Gnp58oepHUQ&list=RDGnp58oepHUQ&start_radio=1

sábado, 19 de março de 2022

ÚLTIMO DIA DESTE VERÃO...

 Todas as estações têm seus encantos, mas o verão tem um apelo especial. 

Verão de 2019, Santos.

NO ENTARDECER dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...

Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos ... 

XLI ‒ Fernando Pessoa: Obra poética. Volume único. Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 1983.

Praia de São Vicente, verão de 2019.

MR. MONK

People think I'm crazy, 'cause I worry all the time…”

Quando foi lançada a série policial americana MONK (2002-2009), assisti a poucos episódios, pois a indicação era de comédia, mas eu senti profunda antipatia pela forma como tratavam o personagem título, o detetive Adrian Monk (Tony Shalhubb), e logo desisti de acompanhar as aventuras do grupo. Para quem nunca viu a série, Adrian Monk é uma pessoa extremamente perturbada: sofre de transtorno-obsessivo-compulsivo, tem dezenas de fobias (principalmente germofobia) e com o brutal assassinato da esposa entra em profunda depressão sendo afastado do departamento de polícia, onde gozava de grande prestígio. Evidentemente, nada disso é engraçado.

Após vários anos sem sair de casa, os amigos tentam ajudá-lo e o contratam como consultor ‒ simultaneamente ele faz terapia e contrata uma enfermeira. Embora não possa mais usar uma arma, sua inteligência, a capacidade para observar minúcias e sua ótima memória ‒ que ele considera um dom e uma maldição ‒ garantem a nova posição.

        Há alguns dias resolvi assistir à série toda. Naturalmente, deve ser extremamente difícil, num ambiente de trabalho tenso e sombrio, conviver com uma pessoa com tantos problemas. Tony Shalhubb foi muito sensível e compôs maravilhosamente o personagem, que está longe de ser engraçado: Monk tem plena consciência de seus problemas: sofre dor, solidão, medo, angústia... Ele não vive, sobrevive estabelecendo em seu entorno um mundo de ordem e limpeza. Em momentos de grande tensão aflora o homem que ele almeja ser.

As situações engraçadas, por assim dizer, são vividas principalmente pelos companheiros de trabalho que se veem muitas vezes em palpos de aranha com o comportamento de Monk. Mesmo o grande amigo, o capitão do departamento de polícia, frequentemente perde a paciência. O que chama atenção é o fato de que as pessoas tentam convencê-lo de que não tem importância se um quadro estiver torto na parede, se não houver dez flores num vaso, dez bombons numa caixa; que não deve tocar nos objetos, que não faz mal um grão de poeira sobre o móvel... Não funciona assim. Não adianta falar, recriminar o comportamento dele porque ele sabe o que faz e o faz porque é incontrolável. As sessões com o psiquiatra são bem elucidativas desse drama da doença que o personagem vive.

A primeira enfermeira tinha um comportamento autoritário e parecia mais interessada no salário, em arranjar um namorado. A troca do personagem foi em decorrência da saída da atriz do elenco; a nova enfermeira, logo alçada à posição de assistente do detetive, trata Monk com respeito, procura entendê-lo, embora às vezes também se desespere com o paciente/parceiro de aventuras. Bem divertido episódio em que Natalie (Traylor Howard) entra em crise por causa de um caso que envolve vodu e Monk assume os cuidados com a assistente para espanto do capitão. Especialmente tocante, a relação de Monk com o cachorro que fica sob sua guarda quando a dona morre.

Enfim, desta vez vi com calma e gostei muito da série, criada por Andy Breckman, e que está disponível no Amazon Prime. Shaloub venceu um Globo de Ouro e três Emmys por sua performance em "Monk". A música tema, que recebeu o Emmy de 2004, é do pianista, compositor e cantor Randy Newman (1943), que ao longo da carreira foi indicado 18 vezes para o Oscar e levou dois.


O encontro de Natalie (Traylor Howard) e Sharona (Bitty Schram), as duas enfermeiras/assistentes de Monk (Tony Shalhubb). Episódio 10, 8ª temporada.

MR. MONK

Randy Newman

 

It's a jungle out there
Disorder and confusion everywhere
No one seems to care
Well, I do
Hey, who's in charge here?

It's a jungle out there
Poison in the very air we breathe
You know what's in the water that you drink?
Well I do, and it's amazing

People think I'm crazy, 'cause I worry all the time
If you paid attention, you'd be worried too
You better pay attention
Or this world you love so much might just kill you
I could be wrong now, but I don't think so
'Cause it's a jungle out there
It's a jungle out there

It's a jungle out there
Violence and danger everywhere
It's brother against brother
Pounding on each other
Like they were Legionnaires

It's a jungle out there
It's a jungle in here too
You got a tap right on your phone
A microphone and camera checking out everything you do
Call it paranoia, as the saying goes
Even paranoids have enemies
I'm not the one who's crazy, I'm not afraid of them
They're afraid of you and me
I could be wrong there, but I don't think so
'Cause it's a jungle out there
It's a jungle out there

It's a jungle out there
Even the cops are scared today
So if you see a uniform
Do exactly what they say or make a run for it
I'm only kidding with ya
'Cause it's a jungle out there
It's a jungle out there

quarta-feira, 16 de março de 2022

DIA DO CONSUMIDOR

Ontem, foi dia do consumidor e, por acaso, fui ao Shopping Light, no Anhangabaú. Não sou uma consumidora contumaz, daquelas que não perdem uma liquidação ou uma oferta de ocasião. Não gosto de shoppings, prefiro as lojas de rua. Nos últimos dois anos, além de alimentos, comprei dezenas de livros, ou seja, fui a supermercados ‒ confesso que adoro supermercados ‒ e frequentei o site da livraria Martins Fontes. Ao sair ontem vi as nuvens negras pairando pelos lados do Centro, mas não voltei para pegar o guarda-chuva, pois o shopping fica a alguns metros da Estação Anhangabaú. Ao chegar à rua Xavier de Toledo, gotículas de chuva começavam a salpicar a calçada. Enfim, uma tarde surpresas. O shopping mudou muito desde a última vez que fui lá. A loja procurada fechou e como a tempestade prometida já era uma realidade o jeito foi passear pelos corredores do belo Edifício Alexandre Mackenzie, concluído em 1929.

Poucas pessoas e raras fazendo compras. Uma novidade: o espaço da Polícia Federal (setor de passaportes) agora é ocupado pela Receita, que só cuida de casos relacionados ao CPF de acordo com o papel pregado na porta de vidro. E só atende por meio de agendamento. Mais adiante um idoso relaxava em uma das muitas cadeiras de massagem. Em isolamento social completo. Notei que havia mais gente pelos corredores; claro, a chuva... Fui até o subsolo, visitei duas lojas. Um tédio. Na volta, as escadas rolantes estavam desligadas por causa da enxurrada que invadiu o prédio e um rapaz me indicou o elevador. No térreo, funcionários munidos de rodos e vassouras lutavam contra a água que teimava em entrar. O saguão cheio de gente. Aproveitei para fazer uma foto da claraboia do saguão. Linda. Que tal um cafezinho? Com sorte consegui uma mesa e fiquei observando a distinta clientela que passava sem pressa. Como eu, a maioria não trazia guarda-chuva. Alguns conversavam animadamente. Do meu lado estacionou uma família ‒ mãe, pai, uma criança e a sogra de um deles. Falam espanhol e estão carregados de pacotes ‒ são a exceção.

Fui até a entrada, analisei a situação e resolvi sair e caminhar até a estação protegida pelos toldos que acabam formando uma espécie de corredor. Que bom que não carreguei guarda-chuva!


segunda-feira, 14 de março de 2022

OS FÍSICOS TEÓRICOS E O POETA

 

Há fatos curiosos que não têm nenhuma importância, apenas ajudam preencher o tempo e lacunas de pesquisas. Um bom exemplo: o físico Albert Einstein nasceu no dia 14 de março de 1879 e o físico Stephen Hawking morreu no dia 14 de março de 2018. A relevância desses dois acontecimentos é a importância dos dois cientistas para a física teórica. Einstein recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1921 e Hawking, laureado com dezenas de prêmios ao longo da vida, incluindo a Medalha Albert Einstein em 1979. Duas vidas completamente diferentes, duas épocas distintas, marcadas por duas mentes brilhantes, que amaram tanto as estrelas e o universo invisível aos nossos pobres olhos humanos que dedicaram a vida a desvendá-los.  

Olavo Bilac (1865-1918), que não era físico teórico, mas poeta, também amava as estrelas e muito antes já “ouvia” estrelas...  

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.*

Em 1931, o engenheiro americano Karl Guthe Jansky (1905-1950) descobriu ondas de radio emanando da Via Láctea e, graças aos radiotelescópios que ele desenvolveu, podemos “ouvir” o universo.

Ah! Por falar em poesia, foi também em um dia 14 de março que nasceu o poeta baiano Antônio Castro Alves (1847-1871), mas esta é outra história para ser contada em outro contexto.

                                                                      


Galáxia em formato de um disco voador (Foto: Divulgação/Nasa, 2012)


 *(PoesiasVia Láctea, 1888.)

sexta-feira, 11 de março de 2022

NÚMEROS DA PANDEMIA EM 2 ANOS

Há dois anos a Organização Mundial de Saúde caracterizou o Coronavírus ‒ COVID-19 como uma pandemia. Pelo menos 446 milhões de casos e mais de seis milhões de mortes foram registrados desde o início da pandemia, havendo uma quantidade “incontável de pessoas lutando com a piora da saúde mental”. De acordo com a OMS o total semanal de novos casos diminuiu 5% enquanto o número de mortes caiu 8% na última atualização global, mas o chefe da organização diz ser um “erro grave” considerar que o COVID-19 tenha terminado; e a primeira dose ainda não chegou a três bilhões de pessoas. Nas últimas 24 horas, no Brasil, morreram 559 pessoas.  

sábado, 5 de março de 2022

ALÔ, ALÔ, RESPONDE...

Sábado de Aleluia ainda em tempo de pandemia. Na saída da estação do metrô Sé, me deparo com uma cena inusitada: ninguém a circular pelo grande hall e um solitário usuário dos orelhões. O que seria tão urgente? Lembro-me do samba "Alô, alô", composição de Mário Reis (1907-1981) e André Filho (1906-1974), grande sucesso dos 1930, gravado por Carmen Miranda (1909-1955) e Mário Reis. 


Alô, alô responde

Se gostas mesmo de mim de verdade
Alô, alô responde
Responde com toda a sinceridade (alô, alô).

Tu não respondes e o meu coração em lágrimas
Desesperado vai dizendo alô, alô.
Ai! Se eu tivesse a certeza desse teu amor
A minha vida seria um rosal em flor (responde então).

Alô, alô responde
Responde com toda a sinceridade
Alô, alô responde
Se gostas mesmo de mim de verdade.

Alô, alô continuas a não responder
E o telefone cada vez chamando mais
É sempre assim… Não consigo ligação, meu bem
Indiferente não te importas com meus ais.


Link para a gravação:

https://www.youtube.com/watch?v=NS1hG3myF70 

quarta-feira, 2 de março de 2022

TRÁGICA HISTÓRIA DE UM PALACETE

A cidade de São Paulo ganhou um castelinho em 1912, em plena República. Situado na Rua APA, 236 (Santa Cecília), o palacete era propriedade do professor e empresário Virgílio Guimarães dos Reis, casado com Maria Cândida. O casal teve dois filhos. Em 1937, Virgílio morreu. Na época, Maria Cândida estava com 73 anos e tinha como companhia uma empregada que morava com o marido na edícula, sem comunicação com a casa. Os filhos, ambos advogados e solteiros, moravam nas vizinhanças.

Na noite do dia 12 de maio de 1937, ela jantou sozinha e mais tarde os rapazes chegaram para visitar a mãe. A empregada contou a polícia que os tiros foram ouvidos por volta das 21 horas. Quando a polícia chegou, encontrou os três corpos e um grande mistério que nunca foi desvendado. Após investigação constataram que foram usadas duas armas, uma delas de uso privativo do Exército, e ao todo foram disparados sete tiros. Quem atirou em quem? Havia uma quarta pessoa na casa? O motivo? A manchete sensacionalista (e mal escrita) do CORREIO DE S. PAULO dizia: “Matando a mãe e o irmão a tiros de ‘Parabellum’ advogado suicidou-se”. Suspeitou-se à época que fosse desentendimento sobre a divisão da herança de Virgílio dos Reis.

Enfim, o caso não foi resolvido. Sem herdeiros, o palacete tornou-se herança vacante e passou para o patrimônio da União. Nos anos de 1950, tornou-se residência da família Otávio Manzaro que lá morou até 1982. Depois o imóvel foi do abandono ao uso irregular como depósito para catadores de papel. O processo de tombamento, iniciado em 1991, se concretizou em 2004; mais treze anos até começar o restauro. Atualmente, é sede de uma ONG.

        Nos anos de 1990, foi cenário de uma peça que envolvia a plateia: o público acompanhava os atores pelos diversos cômodos da casa e, no final, todos participavam de um jantar cujo valor estava incluído no ingresso. 

    PS. ‒ Como alguém me perguntou por que a rua se chama Apa, informo que se trata do nome de um rio na fronteira do Brasil com Paraguai. 

Foto: Hilda Araújo, 27/02/2022. 

Fonte: Fundação Biblioteca Nacional.