“People think I'm crazy, 'cause I worry all the time…”
Quando foi lançada a série policial americana MONK (2002-2009), assisti a poucos episódios, pois a indicação era de comédia, mas eu senti profunda antipatia pela forma como tratavam o personagem título, o detetive Adrian Monk (Tony Shalhubb), e logo desisti de acompanhar as aventuras do grupo. Para quem nunca viu a série, Adrian Monk é uma pessoa extremamente perturbada: sofre de transtorno-obsessivo-compulsivo, tem dezenas de fobias (principalmente germofobia) e com o brutal assassinato da esposa entra em profunda depressão sendo afastado do departamento de polícia, onde gozava de grande prestígio. Evidentemente, nada disso é engraçado.
Após vários anos sem sair de casa, os amigos tentam ajudá-lo e o contratam como consultor ‒ simultaneamente ele faz terapia e contrata uma enfermeira. Embora não possa mais usar uma arma, sua inteligência, a capacidade para observar minúcias e sua ótima memória ‒ que ele considera um dom e uma maldição ‒ garantem a nova posição.
Há alguns dias resolvi assistir à série toda. Naturalmente, deve ser extremamente difícil, num ambiente de trabalho tenso e sombrio, conviver com uma pessoa com tantos problemas. Tony Shalhubb foi muito sensível e compôs maravilhosamente o personagem, que está longe de ser engraçado: Monk tem plena consciência de seus problemas: sofre dor, solidão, medo, angústia... Ele não vive, sobrevive estabelecendo em seu entorno um mundo de ordem e limpeza. Em momentos de grande tensão aflora o homem que ele almeja ser.
As situações engraçadas, por assim dizer, são vividas principalmente pelos companheiros de trabalho que se veem muitas vezes em palpos de aranha com o comportamento de Monk. Mesmo o grande amigo, o capitão do departamento de polícia, frequentemente perde a paciência. O que chama atenção é o fato de que as pessoas tentam convencê-lo de que não tem importância se um quadro estiver torto na parede, se não houver dez flores num vaso, dez bombons numa caixa; que não deve tocar nos objetos, que não faz mal um grão de poeira sobre o móvel... Não funciona assim. Não adianta falar, recriminar o comportamento dele porque ele sabe o que faz e o faz porque é incontrolável. As sessões com o psiquiatra são bem elucidativas desse drama da doença que o personagem vive.
A primeira enfermeira tinha um comportamento autoritário e parecia mais interessada no salário, em arranjar um namorado. A troca do personagem foi em decorrência da saída da atriz do elenco; a nova enfermeira, logo alçada à posição de assistente do detetive, trata Monk com respeito, procura entendê-lo, embora às vezes também se desespere com o paciente/parceiro de aventuras. Bem divertido episódio em que Natalie (Traylor Howard) entra em crise por causa de um caso que envolve vodu e Monk assume os cuidados com a assistente para espanto do capitão. Especialmente tocante, a relação de Monk com o cachorro que fica sob sua guarda quando a dona morre.
Enfim, desta vez vi com calma e gostei muito da série, criada por Andy Breckman, e que está disponível no Amazon Prime. Shaloub venceu um Globo de Ouro e três Emmys por sua performance em "Monk". A música tema, que recebeu o Emmy de 2004, é do pianista, compositor e cantor Randy Newman (1943), que ao longo da carreira foi indicado 18 vezes para o Oscar e levou dois.
MR. MONK
Randy Newman
It's a jungle
out there
Disorder and confusion everywhere
No one seems to care
Well, I do
Hey, who's in charge here?
It's a jungle out there
Poison in the very air we breathe
You know what's in the water that you drink?
Well I do, and it's amazing
People think I'm crazy, 'cause I worry all the time
If you paid attention, you'd be worried too
You better pay attention
Or this world you love so much might just kill you
I could be wrong now, but I don't think so
'Cause it's a jungle out there
It's a jungle out there
It's a jungle out there
Violence and danger everywhere
It's brother against brother
Pounding on each other
Like they were Legionnaires
It's a jungle out there
It's a jungle in here too
You got a tap right on your phone
A microphone and camera checking out everything you do
Call it paranoia, as the saying goes
Even paranoids have enemies
I'm not the one who's crazy, I'm not afraid of them
They're afraid of you and me
I could be wrong there, but I don't think so
'Cause it's a jungle out there
It's a jungle out there
It's a jungle out there
Even the cops are scared today
So if you see a uniform
Do exactly what they say or make a run for it
I'm only kidding with ya
'Cause it's a jungle out there
It's a jungle out there
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