sábado, 29 de fevereiro de 2020

ANO BISSEXTO


Fevereiro é um mês simpático, principalmente, porque não se parece com nenhum outro. Normalmente, tem 28 dias, mas de quatro em quatro anos aparece no calendário com mais um e lá vamos nós para um ano bissexto. Poderíamos acrescentar que em fevereiro tem Carnaval, mas nem sempre. Jorge Ben se enganou. Depende da lua. Então é um mês de lua também.
O dia a mais não interfere em nada na vida das pessoas, mas o tão esperado holerite (contracheque) dos trabalhadores não chega mais cedo. Ah! E não é que Herman Hollerith (1860-1929), o engenheiro e inventor americano que criou as máquinas que permitiam a leitura dos cartões perfurados e precedeu a era dos computadores, nasceu em um ano bissexto? O nome dele, pelo menos no Brasil, se tornou sinônimo do contracheque. 
O Brasil acolheu um inventor nascido em ano bissexto: o franco-brasileiro Hércule Florence (1804-1879), creditado pela criação da fotografia três anos antes de Louis Daguerre. Ele também foi quem criou a palavra fotografia. Morreu em Campinas.
 O compositor italiano Gioachino Rossini (1792-1868) também nasceu em 29 de fevereiro, assim como a atriz francesa Michelle Morgan (1920-1916). Rossini é o autor de 39 óperas ‒ “O Barbeiro de Sevilha”, “Otelo” e “Guilherme Tell” destacam-se entre as mais populares. Quanto à bela Michelle Morgan, née Simone Roussel, fez muito sucesso no cinema francês e americano, no século passado. Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o cartunista Jaguar, comemora hoje 88 anos. Junto com os jornalistas Sérgio Cabral e Tarso de Castro, ele fundou O PASQUIM em 1969.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

QUARTA-FEIRA DE CINZAS


“Quarta-feira de Cinzas pela manhã”, 1893. Obra de Angelo Agostini (1843-1910), desenhista e caricaturista ítalo-brasileiro, considerado o criador da primeira história em quadrinhos brasileira. 

“No coração da baiana [também] tem / Sedução, ô, cangerê, ilusão.”

(NO TABULEIRO DA BAIANA TEM..., 1936. Composição de Ary Barroso (1906-1964). Revista O CRUZEIRO.. Péricles de Andrade Maranhão, 1924-1961.


terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

AMÉLIA


 Mário Lago (1911-2002), além de um grande ator, foi compositor, poeta, escritor, teatrólogo e radialista. Como compositor deixou-nos músicas inesquecíveis. As feministas que me perdoem, mas que tal Ai, que saudades da Amélia?” Esta música, de 1942, foi em parceria com Ataulfo Alves (1909-1969). Ninguém quis gravá-la porque “era bonita, mas parecia marcha fúnebre”. Ataulfo gravou. Resultado: um estrondoso sucesso.  

         Amélia foi uma mulher de verdade, quer dizer, existiu mesmo. Mário contou a história dela em entrevista à revista RADIOLÂNDIA em 1953. Ela era lavadeira de Aracy de Almeida (1914-1988) e do irmão dela, o baterista Almeidinha. Amélia era pessoa dedicada à família e aos amigos, por quem fazia qualquer sacrifício; vivia bem humorada, sem se aborrecer com os desgostos da vida. Almeidinha, depois de ouvir os infortúnios amorosos dos amigos, costumava arrematar as histórias com uma espécie de bordão: Ai, a Amélia! Aquilo sim é que era mulher! Lavava, engomava, cozinhava, apanhava e não reclamava”.
         Mário achou que a história dava samba, escreveu a letra e Ataulfo Alves musicou depois. O fato está no dicionário Cravo Alvim da Musica Popular Brasileira e na biografia de Mário, escrita por Mônica Velloso. Amélia deixou de ser apenas um nome de mulher e tornou-se um verbete de dicionários. No Houaiss, é definido como “substantivo feminino que designa a mulher amorosa, passiva e serviçal“. Claro, que os tempos mudaram, mas nem por isso as “Amélias” desapareceram.  


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA


Há 129 anos foi promulgada a primeira Constituição republicana do Brasil. Ela aboliu as instituições monárquicas, separou a Igreja do Estado, instituiu o sistema a Federação, adotou o regime presidencialista; as províncias passaram a ter denominação de Estados e estes tinham suas constituições elaboradas a partir da Constituição federal. O voto era direto, mas não secreto. O Artigo 3º da Constituição de 1891 dava à União a propriedade de uma área 14.400 km² no Planalto Central para a transferência da Capital do Brasil no futuro  o que aconteceria 69 anos depois. A Carta foi promulgada pelo Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), proclamador da República e chefe do governo provisório (1889-1891) que se instalou após a derrubada da monarquia. Ele era tio do presidente Hermes da Fonseca, que governou o país no período de 1910-1914.


domingo, 23 de fevereiro de 2020

J. CARLOS, ALCEU E PÉRICLES.


Aqui, um pouco do Carnaval, no traço elegante do cartunista carioca J. Carlos de Brito Cunha ou simplesmente J. Carlos (1884-1950), que colaborou para as principais revistas do início do século passado.  

 













Cresci lendo a revista O CRUZEIRO. Havia duas seções de que gostava especialmente: “Garotas” e o “Amigo da Onça”. O cartunista, ilustrador e figurinista mineiro Alceu Penna (1915-1980) desenhou “Garotas” de 1939 até 1964. Elas eram graciosas, pareciam soltas na página e as roupas, um encanto.



 “O Amigo da Onça” foi uma encomenda da direção da revista ao cartunista pernambucano Péricles de Andrade Maranhão (1924-1961) em 1943, quando ele então criou o personagem. Mau caráter, cínico e irreverente "O Amigo da Onça" frequentou as páginas da revista até pouco depois da morte do cartunista em 1961.






sábado, 22 de fevereiro de 2020

COM QUE ROUPA?

Esta música tem 89 anos, mas nós continuamos perguntando “com que roupa?”. Noel Rosa (1910-1937) morreu com apenas 26 anos, mas nos deixou um legado musical maravilhoso, insuperável. 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

LÁ VEM O ZÉ PEREIRA. DE NOVO!


MANHÃ CINZENTA. VÉSPERA DE CARNAVAL.


SÃO PAULO: A CONVIVÊNCIA DO CONCRETO COM O VERDE. 
ESTAÇÃO SUMARÉ DO METRO 


terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

BRINCADEIRAS ANTIGAS

O tempo anda curto. Saí cedo para ver a exposição de Eunice Coppi sobre BRINQUEDOS ANTIGOS no Centro Cultural dos Correios. Ela usa a técnica papel e goma com um resultado bem interessante. Tudo muito colorido. Ela trabalhou brincadeiras de rua ‒ do tempo em que a garotada podia se divertir com os vizinhos sob o olhar atento da mãe que, em meio aos afazeres, ficava de olho no que acontecia lá fora pronta para resolver as pendengas ou desobediências às suas regras.
                           
Os bonecos de Eunice brincam de cobra-cega (ou cabra-cega), pula-carniça (sela ou mula), jogo do pião, balanço e tantas outras invencionices de criança. A comerciante me lembrou da barraquinha de feira que eu tive, mas foram as duas meninas fazendo bonecas que me trouxeram uma recordação perdida no baú do tempo.


Eu gostava de ganhar retalhos para “costurar” as roupas para as bonecas, coitadas, sempre mal vestidas porque com certeza a costureira era de quinta categoria. Elas acabavam usando mesmo as roupas com que vinham de fábrica. Acho que eu gostava era de juntar os tecidos diferentes, coloridos que iam chegando, levados por amigas da família.

Eunice Coppi é mineira de Sabará e mora em São José dos Campos (SP). 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

DAS LARANJINHAS AO LANÇA PERFUME

ENTRUDO FAMILIAR, do pintor inglês AUGUSTUS EARLE (1793-1838), que viajou pelo Brasil entre 1820 e 1824. 

O carnaval veio para o Brasil com os portugueses, os africanos quando foram trazidos para a Colônia gostaram e deram à festa um caráter especial e o entrudo conquistou todas as camadas sociais a ponto de infernizar a vida nas cidades. O professor Luiz Felipe de Alencastro (UNICAMP) conta que foi uma trupe italiana falida de passagem pelo Rio de Janeiro que inventou o Carnaval de salão carioca por volta dos anos 1840. “Separou-se a festa da rua, popular e negra, embora de origem portuguesa ‒ o entrudo ‒, da festa de salão branco e segregado, o Carnaval.” A Companhia Lírica Italiana, sem dinheiro, resolveu promover um carnaval veneziano de máscaras no Teatro São Januário para levantar um dinheiro. Foi um sucesso. A imprensa aplaudiu, afinal “é mais próprio de um povo civilizado e menos perigoso à saúde” (Jornal do Commercio). Explica-se assim a presença de Pierrôs, Colombinas e Arlequins, personagens da commedia dell’arte no Carnaval. Clubes passaram a organizar os bailes. São Paulo aderiu à moda no verão de 1856.
       A separação não diminuiu o entusiasmo do povo, que continuou por muito tempo ainda se divertindo com as laranjinhas.
         No início do século XX, surgiu o lança perfume, produto francês à base de éter, clorofórmio, cloreto de etila e uma essência perfumada, acondicionado em ampolas de metal (ou vidro). Ao ser lançado nas pessoas causava uma sensação gelada e perfumada. Secava rapidamente, mas o perfume persistia. Fabricado pela Rhodia, era inicialmente importado da argentina até que em 1922 em decorrência do enorme sucesso no carnaval, a Rhodia passou a produzir em São Paulo. Entretanto, a brincadeira inocente dos primeiros tempos tornou-se um problema quando muita gente passou a inalar com fins entorpecentes com sérias consequências (aceleração da frequência cardíaca, a destruição irreversível de células cerebrais, alucinação, dor de cabeça, náuseas e depressão). Em 1960 o presidente Jânio Quadros (1917-1992) proibiu o lança perfume e desde então seu uso ou porte pode levar à prisão por posse ou tráfico de droga.


 Luiz Felipe de Alencastro - “Vida privada e ordem privada no império”, em História da vida privada no Brasil - Império: a corte e a modernidade nacional, volume 2, Companhia das Letras, 1997.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

A GUERRA DAS LARANJINHAS PERFUMADAS



Jean-Baptiste Debret (1768-1848) registrou várias cenas do carnaval ou entrudo. Nesta aquarela sobre papel (1823), a mulher sentada à porta tem um tabuleiro cheio de laranjinhas, enquanto o garoto usa uma bisnaga para esguichar a água nos passantes. Dos escravos ao imperador, todos se envolviam na brincadeira.

Trecho de lembranças do advogado, professor e político Jorge Americano (1861-1969) sobre o Carnaval.

Conversavam em nossa casa em 1900:
‒ Mas é incrível como permitiam aquilo. A gente passava um mês ou dois fazendo laranjinhas de cera em forminhas. Enchia d’água perfumada e esperava na janela os conhecidos que passavam.
‒ As pessoas vinham suadas, não sei como não havia pneumonias.
‒ Isso não é nada. Quando as laranjinhas acabavam, iam-se buscar copos d’água. Depois, regadores. Depois baldes d’água. Depois dava aquela loucura, os rapazes saíam pela rua e pegavam qualquer que passasse, traziam-no à força e jogavam dentro de uma tina ou tanque cheio de água. Não sei como não saiam brigas horrorosas.
‒ Às vezes saíam. Foi bom que a polícia proibisse. Proibidas também as laranjinhas, só ficaram as bisnagas. Afinal, uma bisnaga feita em chumbo esguicha um borrifo de água, que não faz mal.
‒ Você já viu o lança-perfume? É uma bisnaga nova, de vidro, que não precisa espremer. Basta comprimir a mola, que o éter jorra e seca imediatamente.

“SÃO PAULO NAQUELE TEMPO (1895-1915). Edição Saraiva, São Paulo, 1957.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

ESQUENTANDO OS TAMBORINS

O carnaval de Heitor dos Prazeres (1898-1966), cantor, pintor e compositor  carioca.

Óleo sobre madeira (s/d), acervo: Banco Itaú. 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

BANCO DE SÃO PAULO E O ESPLENDOR DA ART DÉCO


No apagar das luzes do Império, D. Pedro II autorizou a criação do primeiro banco de São Paulo: 5 outubro de 1889. A partir de 1927, quando Vicente de Almeida Prado (1876-1954) assumiu a superintendência da instituição, o banco teve um crescimento exponencial. No início dos anos 1930, o arquiteto Álvaro de Arruda Botelho foi contratado para fazer o projeto da nova sede do banco no Triângulo. A obra estendeu-se por três anos (1935/1938) e o resultado foi o belíssimo prédio em estilo art déco, composto por dois blocos interligados por meio de corredores de circulação ao redor do poço interno de ventilação dos edifícios. O bloco com entrada pela Rua XV de Novembro, 380 tem 16 andares e dois subsolos; o outro, que se abre para a Praça Antônio Prado, 9 tem 13 pavimentos. A construção ficou a cargo de duas empresas: Companhia Constructora Nacional e Sociedade Constructora de Immoveis, enquanto os elementos decorativos foram executados pelo Liceu de Artes e Ofícios. Mármore, granito, ferro, bronze e madeiras de lei são alguns dos materiais usados na edificação. O engenheiro responsável foi Cícero Costa Vidigal.
Na parte externa, do lado esquerdo da entrada, há uma caixa fundida em bronze para depósitos bancários efetuados após o horário comercial. Ao passar pela porta giratória trabalhada com motivos florais geométricos, o visitante tem a seus pés um maravilhoso piso mosaico de grés e uma ampla visão da agência em que o luxo e o bom gosto pontificam. Luminárias em alabastro circundam o imenso salão, onde se destaca o balcão de atendimento enorme e em forma de ferradura. No centro, há três mesas para os clientes preencherem cheques ou manipular seus documentos. As mesas ficam sobre um desenho diferenciado do piso que à distância parecem pequenos tapetes coloridos e brilhantes.  Detalhe: o autor do trabalho deixou-nos um cartão de visita pouco usual e que não se perde com o tempo: impresso no piso pode-se ler Ferdinando Gennari. Rua Vergueiro, 385. Telefone: 7-1875.

Painéis e esculturas que adornam a agência são dos artistas plásticos João Batista Ferri (1896-1978) Roque de Mingo (1890-1972) e Gervásio Furest Muñoz (1893-1968).
O prédio não foi ocupado apenas pelo banco. Alguns andares destinavam-se a locação comercial e entre os locatários estava o Jockey Club Paulistano. Se hoje os bancos não têm relógios, no Banco de São Paulo ele é visto assim que se entra no saguão e tem um mecanismo que ilumina os algarismos. Modernidade para a época. No mezanino, de onde se tem uma da visão ampla da agência, encontra-se a sala da presidência. Hora de ir ao cofre, no subsolo. Equipamento alemão, blindado. É melhor conferir pessoalmente. As visitas guiadas pela arquiteta Ivone Faddul Alves (Secretaria de Esportes), que narra a história do prédio e as lendas que povoam o lugar de uma forma bastante criativa e estimulante, enfatizando a importância da preservação do patrimônio artístico da nacional. 
       
Escultura de Moñoz,

Detalhe do piso.


Em tempo: após a morte de Vicente de Almeida Prado, o filho dele, José Adhemar de Almeida Prado, assumiu a superintendência do banco, e em 1960 o irmão Nelson Prado passou a fazer parte da diretoria da instituição. Em 1973, idosos e sem descendência, o Banco de São Paulo foi vendido para o BANESPA (Banco do Estado de São Paulo, 1909-2001). Atualmente, abriga a Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo.

       Em 2003 o prédio foi tombado pelo CONDEPHAAT por ser
 "Exemplar dos mais representativos da linguagem art déco na arquitetura paulistana da década de 1930, apresenta entre suas características principais, o emprego de materiais nobres, requinte nos acabamentos e fatura esmerada dos diversos elementos construtivos. O refinamento artístico alcançado pela obra, aliado ao apuro técnico do projeto arquitetônico, conferem ao edifício um caráter de excepcionalidade em relação ao conjunto de testemunhos dessa corrente existente no Estado de São Paulo. Por suas qualidades construtivas e presença marcante na paisagem construída da cidade, é referência obrigatória para todo estudioso do tema".

O edifício também é tombado pelo COMPRESP desde 2002 e está incluído no conjunto de bens culturais da cidade.
Vicente de Paula de Almeida Prado foi casado com Francisca de Paula Almeida Prado. O casal teve cinco filhos. Vicente afastou-se por alguns meses da direção do banco em 1931 quando assumiu a presidência do Banco do Brasil.

Porta do cofre alemão blindado.
Relógio marca hora e data da visita (13/02/2020).

















Visitas: segunda e quinta-feira, das 10 às 11 horas e das 13 às 14 horas.
Endereço: Praça Antônio Prado, nº 9, Centro, São Paulo-SP. Estação São Bento do Metrô.
E-mail para agendamento e informações:
Responsável – Ivone Alves
ifalves@sp.gov.br | visitabsp@gmail.com

Telefone: (11) 3241-5822 (ramal 1200).


FONTES: “Edifício de escritórios em São Paulo”, tese de Roberto Novelli Fialho, FAU/USP.
“A Tipografia Arquitetônica como protagonista de um sistema de identidade cultural”, dissertação de mestrado de José Roberto D’Elboux, FAU/USP.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

OS 98 ANOS DA SEMANA DE ARTE MODERNA

Os promotores da Semana de Arte Moderna, realizada no Theatro Municipal de São Paulo de 11 a 18 de fevereiro de 1922, posam no Hotel Terminus. Oswald de Andrade à frente, sentado no chão.  




 







Do alto a partir da esquerda: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti Del Picchia, Manuel Bandeira, Di CAvalcanti, Anita Malfatti e  Brecheret.

OS OCTOGENÁRIOS DO CINEMA

Tom & Jerry comemoram 80 anos de brigas, correrias, trapaças, trapalhadas e, principalmente, muita diversão para todas as idades. O gato e o rato eram personagens novos, desenvolvidos por Willian Hanna (1910-2001) e Josephe Barbera (1911-2006) para o cinema, ao contrário de Pinóquio que foi criado em 1883 pelo italiano Carlo Colodi (1826-1890), e que teve sua versão cinematográfica também em 1940, quando Disney lançou o desenho do boneco de madeira cujo nariz crescia sempre que contava uma mentira. As animações não envelheceram com o tempo e continuaram alegrando as gerações que se seguiram.

 Em 1940, quando a Europa estava em guerra, a produção cinematográfica norte-americana dominou a cena nos países que ainda não haviam se envolvido no conflito. Aliás, os Estados Unidos já haviam começado a expandir esse mercado para outros continentes na Grande Guerra (1914-1918).


 

Muitas produções de 1940 se tornaram clássicas: O GRANDE DITADOR, de Charles Chaplin; VINHAS DA IRA, dirigido por John Ford, com roteiro baseado no livro de John Steinbeck; REBECCA, A MULHER INESQUECÍVEL, dirigido por Alfred Hitchcock, adaptação do livro de Daphne du Maurier; ORGULHO E PRECONCEITO, direção de Robert Z. Leonard, baseado no livro de Jane Austen; e A CARTA, com direção de William Wyler, adaptação da peça de Somerset Maugham.

Rebbeca ganhou o Oscar de Melhor Filme e John Ford levou a estatueta como melhor diretor por Vinhas da ira. Alguns filmes daquele ano também merecem ser vistos pela qualidade do elenco: NUPCIAS DE ESCÂNDALO, de George Cukor, estrelado por Cary Grant e Katherine Hepburn, uma dupla que sempre atraía público. MELODIAS DO MEU CORAÇÃO, o musical de Joseph Stanley, apresentava Rita Hayworth e Tony Martin. O GAVIÃO DO MAR, de Michael Curtiz, costuma ser citado como o melhor filme de capa e espada que se fez. O astro do filme, Errol Flynn, o grande galã de Hollywood na época.

O ano de 1940 marcou o primeiro fracasso de bilheteria de Shirley Temple (1928-2014), com “O Pássaro Azul”, lançado com a expectativa de suplantar “O Mágico de Oz”, dirigido por Victor Fleming, no ano anterior.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

UM BRASILEIRO EM PARIS


O sergipano Cândido Aragonez de Faria (1849-1911) é considerado um dos mais importantes artistas gráficos da sua geração e seu nome está estreitamente ligado ao cinema, pois vivia em Paris, quando o cinematógrafo surgiu e em 1902 fez o primeiro cartaz da história do cinema para o filme "Les victimes de l'alcoolisme"*, de Ferdinand Zecca, produzido pela Societé Pathé Frères. Nunca tinha ouvido falar de Aragonez e conheci a obra dele no lugar mais improvável possível: Museu Vivo da Memória Candanga, em Brasília! 
         A partir dessa experiência no Pathé Frères, Aragonez de Faria criou cartazes e anúncios para filmes, óperas e musicais que acabaram funcionando como divulgadores de seu trabalho pela Europa, onde foi reconhecido pela qualidade e criatividade. Cândido nasceu em Laranjeiras (SE), era filho de família de classe média. Mudou para o Rio de Janeiro, estudou na Academia Imperial de Belas Artes e logo começou a trabalhar como ilustrador na imprensa carioca; mais tarde com o irmão fundou o jornal "O Mosquito" e se tornou um dos mais requisitados ilustradores do Rio. 
          Inquieto, foi para a Argentina, onde trabalho por algum tempo até mudar para Paris em 1882, onde se estabeleceu e, a partir do primeiro cartaz para o Pathé Frèresm trabalhou intensamente. Chegou a produzir até novel mil cartazes em três meses. Fez um grande sucesso. Cândido foi casado com Beatriz Emília da Rosa; eles tiveram um filho, Jacques de Faria ‒ artista como o pai, também produziu cartazes para os grandes estúdios, dedicou-se à pintura e expôs com sucesso. Atualmente, o neto Philippe de Faria dedica-se à preservação do legado do avô e do pai.

(Visitei o Museu em novembro de 2019.)




*Filme disponível no youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=5Ie2YFix5Jc

domingo, 9 de fevereiro de 2020

sábado, 8 de fevereiro de 2020

MÁRIO DE ANDRADE

Carnaval Carioca (1923)
a Manuel Bandeira

A fornalha estrala em mascarados cheiros silvos
Bulhas de cor bruta aos trambolhões
Setins sedas cassas fundidas no riso febril…
Brasil!
Rio de Janeiro!
Queimadas de verão!
E ao longe, do tição do Corcovado a fumarada das nuvens pelo céu.

Carnaval…
Minha frieza de paulista
Policiamentos interiores,
Temores da exceção…
E o excesso goitacá pardo selvagem!
Cafrarias desabaladas
Ruínas de linhas puras
Um negro dois brancos três mulatos, despudores…
O animal desembesta aos botes pinotes desengonços
No heroísmo do prazer sem máscaras supremo natural.

Tremi de frio nos meus preconceitos eruditos
Ante o sangue ardendo do povo chiba frêmito e clangor
Risadas e danças
Batuques maxixes
Jeitos de micos piricicas
Ditos pesados, graça popular…
Ris? Todos riem…

(...)
"Arcos da Lapa", de Heitor dos Prazeres (1898-1966).

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

HORA DOS REMÉDIOS!

Botica, aquarela de Jean-Baptiste Debret (1768-1848, acervo Museu Castro Maya, Rio de Janeiro.

Quando arrumaram os baús para a viagem ao Brasil a fim de catequizar os nativos, que até então eram felizes e não sabiam, os jesuítas providenciaram também a arca com os remédios. À medida que os portugueses prosseguiam na colonização das novas terras, chegaram profissionais em busca de fama e fortuna (mais fortuna do que fama) e entre eles os boticários, como eram então chamados os farmacêuticos. Estavam longe de ter o prestígio do médico, que encabeçava a hierarquia da área da saúde na época, especialmente porque trabalhavam com as mãos, o que era vultar, na perspectiva da metrópole. Curiosamente a maioria compunha-se de cristãos novos, fugitivos da Inquisição ou deportados pelos tribunais do Santo Ofício. 
        Os boticários preparavam os remédios (medicinas) e comercializavam plantas medicinais, pós e elixires. Em geral, o laboratório e a botica funcionavam junto à residência deles. Se você lamenta o preço alto dos remédios, fique sabendo que essa queixa já se fazia nos tempos coloniais. A historiadora Vera Regina Beltrão Marques diz que embora a matéria-prima fosse abundante na Colônia, as plantas medicinais eram importadas de Portugal. “O preço cobrado pelos remédios, considerado muitas vezes exorbitante, somado ao preconceito contra os judeus, rendeu aos boticários a má fama de ladrões.”
       A historiadora conta que o sucesso dos boticários era restrito às grandes cidades, pois nas vilas afastadas e na zona rural, a população preferia medicamentos caseiros. Na verdade, desenvolveu-se uma farmácia nativa e rústica praticada por benzedeiras, garrafeiros e curandeiros, que concorria com a portuguesa (europeia). Em 1648 foi publicado em Amsterdam o primeiro inventário da flora e dos saberes indígenas, organizado pelo médico Guilherme Piso e pelo astrônomo e cartógrafo Jorge Marcgrave: “História natural do Brasil ilustrada”. Os autores eram membros da comitiva do príncipe Mauricio de Nassau, que governou Pernambuco (1637-1644). 
        Quando o caso exigia um vomitivo ou expectorante, os nativos brasileiros usavam a raiz de poaia (Cephaelis ipecacuanha), com a qual também combatiam a disenteria. Um médico francês levou-a para a Europa em 1672, mas o reconhecimento de suas qualidades só aconteceu quando o rei Luis XIV a usou com sucesso (não se sabe se o rei sol estava com disenteria). Nada como um rei esclarecido, pois Oliver Cromwell (1599-1658), político e religioso inglês, morreu de impaludismo por ter se recusado a se tratar com a Cinchona ledgeriana ‒ a quina, um “medicamento jesuíta”, pois foi o padre espanhol Calancha que divulgou a planta americana no Velho Mundo. A quina continua até hoje indispensável no combate à malária. 

Fonte: NOSSA HISTÓRIA, Editora VEra Cruz, RJ, julho de 2005.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

GRÉCIA, VERÃO 2019.

A Grécia é assim: azul, branca, florida, perfumada... Para desfrutar da beleza vale o sacrifício, como o da senhora subindo a estrada numa ilha em que o transporte é o lombo de burricos. Ou barcos que singram o azul sem fim.