segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

UM BRASILEIRO EM PARIS


O sergipano Cândido Aragonez de Faria (1849-1911) é considerado um dos mais importantes artistas gráficos da sua geração e seu nome está estreitamente ligado ao cinema, pois vivia em Paris, quando o cinematógrafo surgiu e em 1902 fez o primeiro cartaz da história do cinema para o filme "Les victimes de l'alcoolisme"*, de Ferdinand Zecca, produzido pela Societé Pathé Frères. Nunca tinha ouvido falar de Aragonez e conheci a obra dele no lugar mais improvável possível: Museu Vivo da Memória Candanga, em Brasília! 
         A partir dessa experiência no Pathé Frères, Aragonez de Faria criou cartazes e anúncios para filmes, óperas e musicais que acabaram funcionando como divulgadores de seu trabalho pela Europa, onde foi reconhecido pela qualidade e criatividade. Cândido nasceu em Laranjeiras (SE), era filho de família de classe média. Mudou para o Rio de Janeiro, estudou na Academia Imperial de Belas Artes e logo começou a trabalhar como ilustrador na imprensa carioca; mais tarde com o irmão fundou o jornal "O Mosquito" e se tornou um dos mais requisitados ilustradores do Rio. 
          Inquieto, foi para a Argentina, onde trabalho por algum tempo até mudar para Paris em 1882, onde se estabeleceu e, a partir do primeiro cartaz para o Pathé Frèresm trabalhou intensamente. Chegou a produzir até novel mil cartazes em três meses. Fez um grande sucesso. Cândido foi casado com Beatriz Emília da Rosa; eles tiveram um filho, Jacques de Faria ‒ artista como o pai, também produziu cartazes para os grandes estúdios, dedicou-se à pintura e expôs com sucesso. Atualmente, o neto Philippe de Faria dedica-se à preservação do legado do avô e do pai.

(Visitei o Museu em novembro de 2019.)




*Filme disponível no youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=5Ie2YFix5Jc

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