domingo, 31 de maio de 2020

OS 90 ANOS DE CLINT EASTWOOD

Dizer o quê? Preferi fazer uma lista dos meus filmes preferidos estrelados por ele, alguns que ele também dirigiu.


Por um punhado de dólares a mais, 1964. Direção: Sergio Leone.
O bom, o mau e o feio, 1966. Direção: Sergio Leone.
Os abutres têm fome, 1970. Direção: Don Siegel. Western.
Os guerreiros pilantras, 1970. Direção: Brian G. Hutton.
Cidade Ardente, 1984. Direção: Richard Benjamin.
Cowboys do Espaço, 2000. Direção: Clint Eastwood.
Bird, 1988. Direção: Clint Eastwood.












"Os abutres têm fome". 

quinta-feira, 28 de maio de 2020

DIA MUNDIAL DE BRINCAR


Brincar inclui o jogo que tanto ajuda o raciocínio lógico da criança como desenvolve as habilidades físicas e promove a interação social. As histórias infantis ou as fábulas contadas pelos mais velhos junto à fogueira ou à lareira nas noites frias ajudavam a passar o tempo em que os folguedos ao ar livre se restringiam. Estimulavam a imaginação da criança enquanto ministravam lições de moral e do papel de cada um na sociedade. 
Qual era sua brincadeira preferida? Eu gostava de brincar de professora (os alunos eram as bonecas), casinha ‒ quarto da boneca, a cozinha com fogão e panelinhas; tinha até uma barraquinha de feira para brincar de comerciante... Havia um triciclo que pedalava pela área pondo em risco pernas de cadeiras e as samambaias de metro... Às vezes fazia roupas para as bonecas que nunca se pareciam com os modelos das revistas... Pular amarelinha ou corda, duas atividades de que gostava.
Em São Paulo, a Galeria dos Brinquedos (Galeria Itapetininga) é um paraíso tanto para colecionadores quanto saudosistas, já que as lojas trabalham com brinquedos antigos. Para os mais jovens, acostumados com os eletrônicos, uma viagem ao túnel do tempo. (Rua Sete de Abril, 356.)
Na minha barraca, não havia OMO nem Viva. 

quarta-feira, 27 de maio de 2020

NELSON RIDDLE: OS INTOCÁVEIS E ROTA 66.

Boa música, muitas lembranças do tempo em que a 
televisão "sofria" interferência, as antenas eram 
um problema e Bombril ganhou mais uma utilidade.

SÉRIES DE TV IMPERDÍVEIS


Uma lembrança puxa outra. Em 1958 a série CIDADE NUA, criada por Stirling Silliphant (1918-1996), estreou nos Estados Unidos. Inspirada no filme de 1948, dirigido por Jules Dassin em formato de documentário, a série foi ao ar até 1963, teve problemas de audiência, houve mudança de elenco e acabou se tornando cult. As histórias têm como cenário Nova York; policiais, vítimas e criminosos ganham uma dimensão mais humana e todas os episódios terminam com a mesma frase: “Há oito milhões de histórias na cidade nua. Esta é mais uma delas”.
        O elenco inicial era formado por James Franciscus e John McIntire, mas com a saída dos dois a produção continuou com Paul Burke, Horace McMahom e Harry Bellaver. Entre os novos e desconhecidos atores convidados a cada episódio há alguns nomes que hoje são consagrados como Alan Alda, Dustin Hoffman, Dennis Hopper, Jon Voight entre muitos outros.
        Nessa mesma época Stirling Silliphant criou outra série: ROTA 66, que também teve trilha musical marcante, composta e executada por Nelson Riddle (1921-1985). Apesar do nome, a famosa rodovia americana (liga Chicago a Santa Monica na Califórnia) pouco aparece no seriado que trata das aventuras de dois jovens que viajam sem destino pelo país a bordo de um Chevrolet Corvette conversível. No trajeto param em pequenas cidades onde fazem trabalhos avulsos para prosseguir a viagem e acabam se envolvendo em problemas locais.
Martin Milner (1931-2015) estrelou toda a série, mas George Maharis (1928) só atuou nas duas primeiras temporadas e se afastou por motivos de saúde, sendo substituído por Glenn Corbbet.

O maestro e compositor Nelson Riddle, que ganhou Oscar pela trilha musical do firme "O Grande Gatsby (1974), é o autor também do tema musical de outra ótima série da época “OS INTOCÁVEIS” (1959-1963), estrelada por Robert Stack (1919-2003) e produzida pela Desilu (Lucille Ball e Desi Arnaz). Os episódios foram adaptados do livro de memórias do agente do Tesouro Elliot Ness responsável pela prisão do gangster All Capone nos anos 1930.

Não poderia faltar COMBAT! (1962-1967), a mais longa série de TV sobre a II Guerra Mundial. O seriado trata do cotidiano de um pelotão americano após o Desembarque na Normandia (França) em batalhas, seus dramas pessoais e dos franceses, e os encontros com o inimigo. As filmagens aconteceram na Califórnia e na França (Vale do Loire). Um dos produtores foi Robert Altman (1925-2006), que também dirigiu “Survival”, incluído na lista dos 100 melhores episódios de séries de TV de todos os tempos da TV Guide.


Jason e Morrow.
Jason e Morrow.
Elenco: encabeçado por Rick Jason e Vic Morrow; coadjuvantes Pierre Jalbert, Jack Hogan e Dick Peabody em todas as temporadas. Entre os atores convidados destacam-se James Caan, Lee Marvin, James Coburn, Dennis Hopper, Robert Duval, Telly Savalas, Frank Avalon, Mickey Rooney, Beau Bridges, Tom Skerrit e Charles Bronson...
Um fato curioso é que todos os atores serviram nas Forças Armadas americanas: Morrow, Hogan e Peabody na Marinha e Jason, na Aeronáutica. Relançada há alguns anos em DVD, a série não perdeu a qualidade e os episódios nos levam a refletir sobre a condição humana, ética e liderança.
Todos estas séries são em preto e branco. Só a última temporada de "Combate" foi filmada em cores.

terça-feira, 26 de maio de 2020

ERROS DO PASSADO E A INDIFERENÇA


Infelizmente, corremos o risco de repetir o mesmo erro do início do século passado. Refiro-me à Revolta da Vacina que pôs o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, em pé de guerra, quando o médico, microbiologista sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917) iniciou a vacinação da população contra a varíola. A diferença é que o problema era localizado, a saúde pública era irrisória e havia falta de informação. Igual, só mesmo as diferenças políticas inconciliáveis em detrimento do bem comum.
Hoje pessoas estão indo para a rua contra a quarentena para salvaguardar a economia do país, desobedecendo a orientações da Organização Mundial de Saúde, médicos e de cientistas. O Coronavírus 19 é altamente contagioso e os que se recuperam testemunham que o processo infeccioso é extremamente doloroso. Ao colocar em risco a própria vida e a de todos que tentam se proteger, essas pessoa promovem a insustentabilidade do sistema de saúde, criando inclusive problemas para os não infectados, mas com necessidade de internamento por outros motivos não menos graves. Essas pessoas demonstram, acima de tudo, uma grande insensibilidade com o semelhante.
É sempre bom lembrar que não há economia sem pessoas. O número de mortos cresce. Pelo que se lê (e não falo de Facebook, Whatsapp, Instagran entre outras redes, mas de jornais de prestígio) quase nada se sabe sobre o Coronavírus e a vacina tão esperada ‒ que ironia! ‒ ainda deve demorar. Então não há razão para desrespeitar as orientações da OMS e dos médicos e cientistas.  
Ainda relembrando o caso da “Revoltada da Vacina”, o governo (por questões políticas) voltou atrás e suspendeu a obrigatoriedade. Resultado: em 1908 eclodiu um novo surto com cerca de dez mil casos! A briga nas ruas rendeu trinta mortos, 110 feridos e 945 prisioneiros. A varíola (graças à vacina) foi erradicada em todo o mundo em 1980.
Seria muito bom se aqueles que não trabalham em setores essenciais (supermercados, farmácias, saúde, segurança, transporte...), ficassem em casa. Poderiam contribuir para a diminuição de casos de transmissão e de mortes pelo vírus e, provavelmente, ultrapassarmos essa fase de isolamento social mais rápido.  
“Um povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la.” Edmund Burke (1729-1797).
CORONAVÍRUS 19: CASOS E MORTES 
No Brasil:
Confirmados
376.669
Recuperados
153.833
Mortes
23.522
+807
Global

Confirmados
5.495.061
Recuperados
2.232.593
Mortes
346.232

 Fonte: 
https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/05/26/casos-de-coronavirus-e-numero-de-mortes-no-brasil-em-26-de-maio.ghtml


segunda-feira, 25 de maio de 2020

BOA MÚSICA NÃO SE ESQUECE

Assim, sem mais nem menos, lembro uma série de TV do final dos anos cinquenta. Na verdade, nem foi da série que recordei, mas da música. Se a série PETER GUNN, criada por Blake Edwards (1922-2010), durou apenas de 1958 a 1961, a música de abertura da trilha sonora de Henry Mancini (1924-1994) ganhou prêmios (um Emmy e dois Grammys) e foi gravada e regravada sempre com muito sucesso. Mancini declarou que a composição deriva mais do rock and roll do que de jazz. A letra foi criada bem mais tarde em 1965 por Jay Livingston e Ray Evans, e Sarah Vaughan (1924-1990) foi a primeira a gravá-la.

O personagem Peter Gunn era um detetive particular que entre uma investigação e outra apreciava um bom jazz. O “escritório” de Gunn era um bar cuja cantora era sua namorada. O detetive sempre elegante foi interpretado pelo ator Craig Stevens (1918-2000). Como a televisão só chegou em casa em 1960, foi por essa época que vi os primeiros episódios da série. 

domingo, 24 de maio de 2020

VAMOS DANÇAR?

Domingo. Já que não podemos ir dançar, sempre é possível apreciar um belo filme japonês de 1996: "DANÇA COMIGO?". Os americanos fizeram uma refilmagem que não vi nem quero ver porque a história do filme japonês não pode ser adaptada para a cultura ocidental. 
          A direção é de Masayuki Suo. Elenco: Koj Yakusho e Naoto Takenaka.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

JANELAS E A VIDA LÁ FORA...

 
Sou uma pessoa repleta de contradições. Neste período imprevisto que vivemos, meu lado nômade já se acostumou ao sedentarismo, o que não significa que deseje continuar em casa indefinidamente. Longe de me sentir presa desfruto o tempo que antes dedicava às caminhadas e passeios em atividades que relegava para amanhã.
Há sempre o conforto dos livros, da música e da mídia que me dá acesso ao mundo exterior, ao passado e ao futuro. E, naturalmente, as janelas que sempre abro logo cedo para ver se chove, faz sol, frio ou calor... Melhor do que consultar o site de meteorologia. Antes, via as pessoas caminhando para o trabalho, para correr no parque ou ir simplesmente à padaria ou à banca de jornal; peruas escolares apanhando as crianças e os funcionários dos prédios varrendo calçadas; depois começava o congestionamento ‒ no céu, helicópteros; na terra, ônibus, motos e carros por quase toda a manhã. Agora, silêncio, quebrado pelo caminhão dos ovos e pelo vendedor de pamonhas que aparecem à tarde. O homem das frutas comparece de vez em quando. Os carros continuam estacionados ao longo das calçadas, com jeito de abandono. Os taxistas abandonaram o ponto e só recentemente o mais jovem reapareceu, mas desistiu por falta de freguesia. Hoje ouvi algo estranho e fui investigar: um helicóptero! Até mesmo o excêntrico atleta e seu treinador sumiram. Talvez porque as Olimpíadas tenham sido adiadas...

O bairro é basicamente residencial. As casas estão desaparecendo dando lugar a enormes prédios de apartamentos. O comércio é, basicamente, de serviços: padarias, restaurantes, lavanderias, farmácias, supermercados e mercadinhos, que permanecem em funcionamento dentro das novas regras sanitárias.  O movimento, entretanto, é mínimo, porque prevalecem as entregas domiciliares. Nesse novo panorama noto a ausência dos idosos que encontrava diariamente, nos pontos de ônibus, nas esquinas conversando fiado; muitos que vivem sozinhos procuravam companhia para uma boa conversa, na pracinha, na banca de jornal, na loja do jogo do bicho ou em uma das lavanderias; afinal, televisão não é companhia. Nesses locais privados há até banquinhos para que eles fiquem confortáveis. Quase todos sumiram. Exceto um idoso cadeirante que vive sozinho. Todos os dias vai até a banca onde passa as horas. Um esforço imenso porque somos muito bem servidos de ladeiras. Bem poucos encontro quando vou ao supermercado ou ao banco.
Estranhos e tristes tempos. Essa é uma visão da minha janela, da minha rua... Não sou indiferente ao sofrimento que não vejo. Sofrimento pela doença, sofrimento pelo desamparo econômico, a falta de perspectivas ou perspectivas ruins...

Ilustrações: telas do pintor belga Henri de Braekeleer (1840-1888).

quinta-feira, 21 de maio de 2020

quarta-feira, 20 de maio de 2020

MUSEUS EM TEMPO DE QUARENTENA

 Museu Paulista


Rua Bom Pastor, 731. Ipiranga, São Paulo. 2012. (Em restauro.)
Museu da Imprensa - Imprensa Nacional
Endereço: Lote 800 Quadra 06, SIG Qd 6 - Cruzeiro / Sudoeste / Octogonal, Brasília - DF. 2019.
 Ilha Fiscal
 Complexo Cultural do Serviço de Documentação da Marinha (DPHDM), Rio de Janeiro, 2015.
Semana Nacional dos Museus (18 a 24 de maio).

terça-feira, 19 de maio de 2020

LAWRENCE DA ARÁBIA


Há 85 anos morria Thomas Edward Lawrence (1888-1935), o britânico que, na I Guerra Mundial, atuou no Oriente Médio durante a Revolta Árabe de 1916-1918, promovendo o movimento nacionalista necessário para a vitória britânica. Ficou conhecido como Lawrence da Arábia. T. E. Lawrence tornou-se uma celebridade. Formado em Oxford, participou de escavações arqueológicas no Rio Eufrates para o Museu Britânico, época em que provavelmente ingressou no serviço secreto; durante a I Guerra foi enviado para o Oriente Médio e para cumprir sua missão passou a pensar e a se identificar como um árabe.  A sua imersão na cultura do povo com quem conviveu intensamente por três anos foi um sucesso. Ele cumpriu o compromisso com a Grã-Bretanha, empenhou a palavra com os árabes e, no final, todas as suas promessas e garantias foram ignoradas pelo governo britânico, o que o deixou extremamente decepcionado. Quando retornou à Inglaterra, voltou à vida militar e procurou o isolamento.
Lawrence escreveu um belíssimo livro: “Os Sete Pilares da Sabedoria” (1926). Não é biográfico. “Nestas páginas, a história não é do movimento árabe, mas de minha participação nele. É uma narrativa da vida cotidiana, acontecimentos insignificantes, pessoas sem importância. Não há lições para o mundo, não há revelações que possam chocar as pessoas. Está repleta de coisas triviais, em parte para que ninguém cometa o equívoco de encarar como história os fragmentos que algum homem poderá utilizar um dia para recontar a história, em parte pelo prazer que proporcionou recordar o companheirismo da revolta.” (Capítulo de Introdução)
Lawrence sofreu um acidente de moto em 13 de maio de 1935, ficou em coma seis dias, faleceu em 19 de maio e, no dia 21, realizou-se o enterro na Igreja de S. Nicolau em Dorset, com a presença de notáveis da Inglaterra, como Winston Churchill.
Churchill considerou “Os Sete Pilares da Sabedoria” “um dos maiores livros já escritos na língua inglesa”. O livro foi adaptado para o cinema em 1962. Dirigido por David Lean (1908-1991), o filme foi um grande sucesso de crítica e público e recebeu (merecidamente) o Oscar de Melhor filme. O elenco, encabeçado por Peter O’Toole (1932-2013) no papel de Lawrence, contou ainda com Alex Guiness (1914-2000), Anthony Quinn(1915-2001) e Omar Shariff (1932-2015). Numa pesquisa realizada por um jornal britânico com renomados cineastas em 2004 foi eleito o melhor filme da história do Reino Unido.
A dedicatória de “Os Sete Pilares da Sabedoria” é um poema que Lawrence escreveu para uma pessoa identificada apenas pelas iniciais.
Para S.A
Eu a amei e por isso tomei em minhas mãos estas marés de homens
              e minha vontade nas estrelas pelo céu imprimi
A fim de ganhá-la, Liberdade, a casa digna dos sete pilares,
    para que seus olhos por mim pudessem brilhar
                                               Quando chegarmos.

A morte parecia me servir pelo caminho, até ficarmos perto
e a vermos à espera;             
E quando você sorriu, por triste inveja ele se adiantou
                             e para um lado a levou;
                                              Ao seu repouso.

O amor, em exaustão, por seu corpo tateou, breve onda,
                                         nossa por um momento,
Antes que a mão insidiosa da terra a seus contornos explorasse
                                    e os cegos vermes engordassem
                                                                   Com a sua substância.

Homens me rogaram que o trabalho iniciasse, a casa inviolada,
                                         como uma memória de você.
Mas por monumento justo a destruí, inacabada, e agora
         As ínfimas coisas se arrastam para erguer choupanas
                                                  na sombra desfigurada
                                                               De nossa dádiva.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS


Hoje é o Dia Internacional dos Museus e no Brasil início da Semana Nacional dos Museus. Data que este ano deve ser marcada por visitas virtuais, já que, infelizmente, estão todos fechados por causa da pandemia do Coronavírus.

Para marcar a data escolhi algumas fotos de museus, quando permitidas. 

Versalhes,França, 2012.

Entrada do Museu d'Orsay, Paris, 2012.

Independence Seaport Museum, Pensilvania, 2013.

USS Bowfin Submarine Museum & Park, Pearl Harbour,Hawaii. 2017. 

O Museu Nacional do Ar e do Espaço do Instituto Smithsoniano, Washington, 2013.

TRÊS MULHERES


Largo do Arouche: "DEPOIS DO BANHO", obra de Victor Brecheret em bronze e granito (c.1941).
 Estação Sé do Metrô: obra de Alfredo Ceschiatti, em bronze e granito (1979).

Arte tumular: autor desconhecido. Propriedade particular. Cemitério do Araçá. 

domingo, 17 de maio de 2020

QUARENTENA. FIQUE EM CASA. COM ARTE.

Interior de Mônaco (1925), obra de Anita Malfatti (1889-1964). Acervo: MASP.

Henri Fantin-Latour. "Nature Morte aux fleures et fruits". Acervo: Museu d'Orsay. 

sábado, 16 de maio de 2020

E POR FALAR EM ISOLAMENTO...

La Domenica del Corriere”, jornal italiano semanal que circulou entre 1889 e 1989. Nesta edição de 1962, publicou esta visão futurista sobre o trânsito nas grandes cidades em 2022.😏 As capas da revista são famosas até hoje pela criatividade.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

QUARENTENA: VISITA VIRTUAL AO BECO DO COLÉGIO.

Se o Beco da Cachaça desapareceu por causa das inúmeras reurbanizações do centro da cidade, o Beco do Pinto mantém-se muito bem conservado. O beco liga as ruas Roberto Simonsen e Bittencourt Rodrigues por escadaria com degraus de granito com vários lances revestidos de pedras portuguesas. A entrada fica entre a Casa Número Um (ou Casa da Imagem) e o Solar da Marquesa de Santos, na Rua Roberto Simonsen. 
        Na época colonial, a população se concentrava nas proximidades do Pátio do Colégio e para ir até a Várzea do Carmo e ao rio Tamanduateí usava aquela passagem, conhecida também como Beco do Colégio. A atual Rua Roberto Simonsen chamava-se Rua de Santa Teresa por causa do abrigo de moças denominado Recolhimento de Santo Teresa lá situado; em 1865, a Câmara mudou o nome do logradouro para Rua do Carmo em referência à Igreja do Carmo que, naquela época, ficava no limite da via.
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, documentos indicam que entre 1739 e 1754 havia quatro casas de taipa de pilão na Rua do Carmo e a junção de duas dessas casas teria originado o Solar da Marquesa. Em 1821 o Brigadeiro José Joaquim Pinto de Moraes Leme recebeu a casa como pagamento de dívidas, sendo ele o primeiro proprietário identificado comprovadamente.
Portão do Beco do Colégio. Wikipedia.
O Brigadeiro, entretanto, teve sérios problemas por causa da localização da propriedade. O beco era usado pelos escravos para levar o lixo doméstico para a várzea e buscar água no rio e muitos preferiam jogar as porcarias pelo caminho. O Brigadeiro resolveu fechar a passagem, mas a Câmara vetou a iniciativa. Anos depois o Brigadeiro construiu um muro que ampliava sua propriedade. Novamente, a Câmara interferiu e o muro demolido em 1826 e ganhou o nome oficial de Beco do Colégio. E foi por causa do Brigadeiro que a passagem ficou conhecida como Beco do Pinto.
Foi então que em 1834 Domitila de Castro Canto e Melo (1797-1867), a Marquesa de Santos, comprou a casa e pediu a reconstrução do muro e a reinstalação do portão para garantir a segurança da propriedade. O pedido pela Câmara foi atendido em 1849. O Beco do Colégio perdeu sua função em 1912 com a abertura da Ladeira do Carmo (Avenida Rangel Pestana). O local foi tombado em 1988.

Casa da Marquesa, Rua Roberto Simonsen, 136.


quinta-feira, 14 de maio de 2020

NA QUARENTENA, SÓ PASSEIOS VIRTUAIS.


Há outras pequenas ruas fora do Triângulo (Direita, São Bento e Quinze) e tão antigas quanto a cidade, como a ANCHIETA que sai do Pátio do Colégio até a Rua Quinze de Novembro. Já se chamou rua ou Beco do Bispo e no século XIX era a conhecida como Travessa do Colégio. O nome atual data de 1887, quando a Câmara homenageou o fundador da cidade dando o nome de José de Anchieta à rua. (Foto: Google Maps.) 
       A Rua FLORIANO PEIXOTO começa na confluência da Praça da Sé com o Pátio do Colégio e termina na Rua Roberto Simonsen, ou seja, fica atrás da Secretaria de Justiça. Tem uma quadra por assim dizer. Ela já se chamou Rua da Fundição e em 1907 recebeu o nome do segundo presidente da República, Marechal Floriano Peixoto (1839-1895). Ele governou o país de 1891 a 1894. Quem foi a Casa da Marquesa de Santos (Rua Roberto Simonsen) com certeza passou por ela.
Que tal um calendário maluco: Três de Dezembro terminando lá por Quinze de Novembro? Bobagens à parte, a pequena Rua Três de Dezembro começa na Rua Boa Vista e termina na Quinze de Novembro em cuja esquina fica uma dos mais bonitos prédios de São Paulo antiga. A data refere-se ao Manifesto Republicano (3/12/1870) lançado em Itu (SP) e publicado pelo jornal “A República”, dirigido por Quintino Bocaiúva (1836-1912). A denominação atual é de 1923 do antigo “Trecho da Rua Boa Vista”.
Mais duas ruas pequenas. Uma homenageia muito justamente o médico e professor carioca Miguel Couto (1864-1934). O nome anterior: Travessa do Grande Hotel. A Rua Dr. Miguel Couto fica entre a Rua São Bento e a Líbero Badaró. (Oficializado em 1934.)




A outra lembra o filantropo João Brícola (1853-1914), que ao morrer deixou seus bens para a Santa Casa de Misericórdia. Brícola viveu em um palacete na Travessa do Rosário, que foi demolido para a construção do prédio do Banespa. O prédio do Mappin também leva o nome dele. Situada entre a Rua Boa Vista e a Quinze de Novembro. (Oficialização: 1914.) Foto: A rua João Brícola e ao fundo o prédio do Banco de São Paulo (não confundir com o Banespa). 

quarta-feira, 13 de maio de 2020

QUARENTENA: O PASSEIO VIRTUAL CONTINUA.



No coração do Centro Histórico de São Paulo há quatro vias que servem de ligação entre as ruas do Triângulo, compondo um grande calçadão. Podemos começar o passeio pela atual RUA DO TESOURO, uma das mais antigas da cidade. Ela foi aberta no século XVII em frente ao Pátio do Colégio e se tornou uma das mais movimentadas de São Paulo. Em 1733 a Câmara Municipal (que administrava a cidade) resolveu construir ali seis casinhas (cubículos) para que os comerciantes pudessem vender “toucinhos e outros mantimentos” à população. Pronto: os moradores logo deram nome ao logradouro: Rua das Casinhas. Parece que os paulistanos não eram nada imaginativos na hora de nomear suas ruas. As casinhas foram precursoras do mercado. (Foto HPPA: Rua da Quitanda com Centro Cultural Banco do Brasil ao fundo.)
Rua Quinze, um sábado de 2019.
        No século XIX, o governo da Província funcionava no antigo prédio dos jesuítas no Pátio do Colégio e o povo tratou de dar prestígio à rua e passou a chamá-la de Rua do Palácio, como registra o mapa da cidade de 1868. Em 1873 as casinhas desapareceram e foram substituídas pelo prédio que sediou o Tesouro Provincial (equivalente à Secretaria da Fazenda). Foi nessa época que a rua passou a se chamar Rua do Tesouro (claro!). Uma curiosidade: a sede do jornal “A Província de S. Paulo” (O Estado de S. Paulo) era no prédio nº 14 da Rua do Tesouro com a Álvares Penteado.
        Não sei dizer se ela é a menor rua da cidade, mas dizer que tem um quarteirão é um exagero. É até irônico que a RUA DO COMÉRCIO da cidade com o maior PIB municipal do Brasil seja tão minúscula. Ela fica entre as ruas São Bento e Quinze de Novembro.
        De acordo com a Prefeitura, deve ter sido aberta no século XVIII para ligar as Ruas do Rosário (Rua Quinze de Novembro) e do Comércio (Álvares Penteado) e chamava-se Beco do Inferno. O cronista Byron Gaspar* explica a origem do nome dado pela população (que desta vez foi original): "Um lugar imundo, esburacado, escuro e mal frequentado. Ninguém podia nele transitar sem o necessário cuidado, tamanha era a sujeira que havia em toda a sua extensão". Em 1865, o vereador Malaquias Rogério de Salles Guerra propôs a alteração do nome do beco para Travessa do Comércio. Quando a Câmara quis exprimir sua gratidão ao conde Álvares Penteado por sua contribuição para a sociedade paulista, a Rua do Comércio foi selecionada para homenageá-lo e o Travessa, promovida à rua.
A Rua Álvares Penteado, antiga Rua do Comércio, não é uma ruela, mas entra no grupo para esclarecimento do motivo da mudança do nome. O fazendeiro e industrial paulista Antônio Álvares Leite Penteado (1852-1912), conde Álvares Penteado socorreu a Escola Prática de Comércio, fundada em 1902 e que se encontrava em sérias dificuldades financeiras: ele doou o terreno e construiu o belo prédio estilo eclético no Largo de São Francisco. Em homenagem ao benfeitor, foi dado ao estabelecimento o nome de "Escola de Comércio Álvares Penteado". Ele deixou parte de sua fortuna para constituição da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Nome oficializado pela Lei nº 977, de 29 de janeiro de 1907.
No caminho da Rua Quinze de Novembro em direção ao Largo de São Bento, encontra-se a RUA DA QUITANDA. Um nome de origem popular, sem dúvida, mas também o que sobrou de uma atividade que existia em todas as cidades até a chegada dos supermercados no século XX. Quitanda é palavra proveniente da língua lunda (Angola) que significa feira ou venda, bem adequado para o espaço onde, no século XIX, havia um comércio miúdo muito movimentado. O botânico e naturalista Auguste de Saint-Hilaire, visitando a cidade em 1819, escreveu: “Os legumes e as mercadorias de consumo imediato são vendidos por negras que se mantêm acocoradas na rua, que por motivo de tal comércio, tomou o nome de Rua da Quitanda”.
        Em 1822 era também conhecida como Rua do Cotovelo porque ela dobrava como um cotovelo, mas a dobra foi suavizada, graças às retificações pelas quais o centro passou em várias ocasiões. Em meados do século XIX era o local preferido pelas vendedoras de miudezas e de alimentos cozidos ou in natura.
E a Rua da Quitanda em determinada época ganhou uma ruela situada entre as atuais ruas Álvares Penteado e Quinze de Novembro e que tinha o significativo nome de Beco da Cachaça. Nem é preciso dizer qual o principal produto comercializado por lá; porém, a Quitanda prevaleceu sobre a cachaça. Ela se estende da Rua Quinze ao Largo do Patriarca. O nome da rua foi oficializado em 1924. 
Rua do Tesouro: imagem Google.
 Fonte: Arquivo Municipal.
*Byron Gaspar é autor do livro “Fontes e Chafarizes de São Paulo”.

terça-feira, 12 de maio de 2020

LITERATURA, EPIDEMIA E ISOLAMENTO.

Josse Lieferinxe 1493-1503).*
O escritor inglês Daniel Defoe (1660-1731) é conhecido, principalmente, por uma obra: “Robinson Crusoé”, publicado em 1719 e por trezentos anos a aventura desse náufrago solitário continua encantando leitores de todos os continentes. Entretanto, Defoe escreveu também “Um Diário do Ano da Peste” (1722), obra de ficção já que ele nasceu após a epidemia que assolou Londres entre 1665 e 1666. A peste negra ou bubônica, transmitida por ratos infectados, matou um quinto da população londrina. O auge da epidemia na Europa ocorreu no século XIV. 
        Obra de ficção de qualidade porque o narrador trata dos fatos e do cotidiano daquele período de uma forma jornalística. À medida que o personagem caminha por Londres devassada pela desgraça, ele fornece um painel vívido da situação enfrentada pelos londrinos. Aqui, transcrevo um trecho sobre o comportamento da população em meio à epidemia:
       “Tal é o temperamento precipitado do nosso povo (se é assim ou não no mundo inteiro, não é da minha conta averiguar), e vi isto claramente aqui, pois, diante do primeiro pavor da epidemia, as pessoas evitavam-se umas às outras e fugiam das casas dos outros e da cidade com um indescritível e, na minha opinião, desnecessário medo. Assim que, nesse momento, espalhando-se a noção de que a doença não era mais tão contagiosa como antes e que contraí-la já não era fatal, ou seja, vendo a abundância de gente realmente doente que se restabelecia todos os dias, o povo adquiriu uma coragem tão precipitada e tornou-se tão despreocupado consigo mesmo e com a epidemia que não considerava a peste mais do que uma febre comum, ou nem mesmo isso.
         Em seguida o narrador explica que tão terrível quanto a doença era o tratamento:
[...]
“havia outra coisa que tornava a mera contração da doença apavorante, a terrível queimadura dos corrosivos que os cirurgiões jogavam sobre os inchaços para que se rompessem e supurassem, pois sem isso o perigo de morte era muito maior, mesmo no final. E também o tormento insuportável dos inchaços que, embora não levassem as pessoas ao delírio e à loucura como antes, do que já dei vários exemplos, mesmo assim expunham o paciente a um tormento indescritível. Os que ficavam assim, embora escapassem com vida, faziam amargas queixas daqueles que lhes disseram não haver perigo, arrependendo-se tristemente de sua imprudência e maluquice ao se arriscar ficando ao alcance da peste”.
[...]
“A razão disso eu considero a imprudente exposição do povo ao perigo, abandonando todas suas precauções e cuidados anteriores, todo o recato que costumava cultivar, acreditando que a doença não o atingiria – ou, se o fizesse, não mataria.”
“Os médicos se opuseram com todo seu poder a esse estado de espírito impensado do povo, lançando instruções impressas que foram distribuídas na city e subúrbios aconselhando o povo a continuar recolhido e ainda empregar as mais extremas precauções na sua conduta cotidiana, apesar do abrandamento da epidemia, e o atemorizava com o perigo de uma recaída em toda a cidade, dizendo que uma recaída poderia ser mais fatal e perigosa do que todo o flagelo que já ocorrera, com muitos argumentos e razões para explicar e provar isso ao povo que são longos demais para repeti-los aqui.
Tudo, porém, foi em vão. As criaturas audaciosas estavam tão possuídas pela primeira alegria e tão surpresas com a satisfação de ver uma grande redução nos registros semanais de óbitos, que ficaram insensíveis a qualquer novo terror e não seriam persuadidas, a não ser de que o amargor da morte passara. Também não adiantava nada conversar com elas, não mais do que com um vento leste. Abriram as lojas, saíram para as ruas, fizeram negócios, conversaram com qualquer um que encontraram para conversar em seu caminho, fosse a negócios ou não, sequer perguntando pela sua saúde, nem mesmo ficando apreensivos de qualquer perigo vindo destes, embora soubessem que não estavam sãos. Essa conduta imprudente e precipitada custou muitas e muitas vidas daqueles que tinham se trancafiado com muito cuidado e precaução, mantendo-se isolados de toda a humanidade como se fazia, sendo, deste modo, sob a providência de Deus, poupados durante todo o clímax daquela epidemia.
“Essa conduta precipitada e maluca do povo foi tão longe, digo, que os sacerdotes afinal chamaram sua atenção para ela, expondo o perigo e a loucura daquilo; o que a conteve um pouco, pois assim o povo tornou-se mais prudente. Isso, porém, teve outra conseqüência que não pôde ser evitada. Quando se espalharam os primeiros rumores, não somente na cidade mas em todo o país, isso teve o seguinte efeito: o povo estava tão cansado de permanecer tanto tempo longe de Londres e tão ansioso por voltar, que veio para a cidade em multidões, sem medo ou previsões, começando a surgir pelas ruas como se todo o perigo tivesse passado. Ver isso foi realmente surpreendente, pois embora ainda morressem lá de mil a 1.800 por semana, o povo, mesmo assim, se aglomerava na cidade como se estivesse tudo bem.
“O resultado disso foi que os registros de óbitos aumentaram outra vez: quatrocentos mortos na primeira semana de novembro e, se devo dar crédito aos médicos mais de três mil ficaram doentes naquela semana, sendo a maioria também recém-chegada.”

*Saint Sebastian interceding for the plague stricken", obra de J. Lieferinxe (1493-1503).

domingo, 10 de maio de 2020

QUARENTENA: A ARTE E O COTIDIANO.


Nesses longos dias de 2020 creio que todos nós já nos encontramos em situações como estas por necessidade ou na tentativa de passar o tempo...
A COZINHAR
"Na cozinha", do alemão Justus Juncker (1703-1763).
A ARRUMAR ARMÁRIOS

“Interior com duas mulheres junto a um armário.” 1663. Pieter de Hooch (1629-1694). Acervo: Rijksmuseum, Amsterdã. 
A LER
"Repouso" (s.d.), Almeida Júnior (1850-1899). 

A INFORMAR-SE

"Conversação confidencial", de  Quirijn Brekelenkan. 
Acervo: Rijksmuseum, Amsterdã.
 A ESPERAR...
"Jovem olhando pela janela", obra do alemão Johann Georg Meyer (1813-1886).
ESPERAR...
"Mulher deitada sob retrato de Cézanne" (1929), impressionista russo Robert Falk (1886-1958). 

MAS SE CUIDE!
"Mulher a pentear-se", de 1892. Obra de Paul Signac (1863-1935).

sábado, 9 de maio de 2020

QUARENTENA: TEMPOS DE DIVÃ.


Uma escultura e duas pinturas em que os 
belos modelos repousam (ou posam) em divãs.

O “Portrait de Madame Récamier” (1800) pode ser visto no Louvre. Obra do pintor Jacques-Louis David (1748-1825). Juliette Récamier (1777-1849) não era apenas bonita, mas incentivava a cultura, promovendo disputados saraus frequentados por artistas, intelectuais e políticos da Europa. Período Neoclássico.


A escultura de mármore é de Antonio Canova (1757-1822) e a modelo é a irmã de Napoleão Bonaparte (1769-1821), Pauline Bonaparte Borghese (1780-1825).  “Pauline Borghese como Vênus” ou “Venus Victrix”, 1808. Acervo: Galeria Borghese, Roma. Obra Neoclássica. 

O pintor Jean-Auguste Dominique Ingres (1780-1867) foi discípulo de Jacques-Louis David e a sua “Odalisca” (1814) é uma obra característica do Romantismo. Acervo: Louvre.