sexta-feira, 15 de maio de 2020

QUARENTENA: VISITA VIRTUAL AO BECO DO COLÉGIO.

Se o Beco da Cachaça desapareceu por causa das inúmeras reurbanizações do centro da cidade, o Beco do Pinto mantém-se muito bem conservado. O beco liga as ruas Roberto Simonsen e Bittencourt Rodrigues por escadaria com degraus de granito com vários lances revestidos de pedras portuguesas. A entrada fica entre a Casa Número Um (ou Casa da Imagem) e o Solar da Marquesa de Santos, na Rua Roberto Simonsen. 
        Na época colonial, a população se concentrava nas proximidades do Pátio do Colégio e para ir até a Várzea do Carmo e ao rio Tamanduateí usava aquela passagem, conhecida também como Beco do Colégio. A atual Rua Roberto Simonsen chamava-se Rua de Santa Teresa por causa do abrigo de moças denominado Recolhimento de Santo Teresa lá situado; em 1865, a Câmara mudou o nome do logradouro para Rua do Carmo em referência à Igreja do Carmo que, naquela época, ficava no limite da via.
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, documentos indicam que entre 1739 e 1754 havia quatro casas de taipa de pilão na Rua do Carmo e a junção de duas dessas casas teria originado o Solar da Marquesa. Em 1821 o Brigadeiro José Joaquim Pinto de Moraes Leme recebeu a casa como pagamento de dívidas, sendo ele o primeiro proprietário identificado comprovadamente.
Portão do Beco do Colégio. Wikipedia.
O Brigadeiro, entretanto, teve sérios problemas por causa da localização da propriedade. O beco era usado pelos escravos para levar o lixo doméstico para a várzea e buscar água no rio e muitos preferiam jogar as porcarias pelo caminho. O Brigadeiro resolveu fechar a passagem, mas a Câmara vetou a iniciativa. Anos depois o Brigadeiro construiu um muro que ampliava sua propriedade. Novamente, a Câmara interferiu e o muro demolido em 1826 e ganhou o nome oficial de Beco do Colégio. E foi por causa do Brigadeiro que a passagem ficou conhecida como Beco do Pinto.
Foi então que em 1834 Domitila de Castro Canto e Melo (1797-1867), a Marquesa de Santos, comprou a casa e pediu a reconstrução do muro e a reinstalação do portão para garantir a segurança da propriedade. O pedido pela Câmara foi atendido em 1849. O Beco do Colégio perdeu sua função em 1912 com a abertura da Ladeira do Carmo (Avenida Rangel Pestana). O local foi tombado em 1988.

Casa da Marquesa, Rua Roberto Simonsen, 136.


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