Um domingo com uma
viagem muito singular por lugares exóticos, regada a vinhos que ao aguçar os
sentidos dão à vida poderes especiais. No fim do dia restou a sensação de que a
jornada deve continuar a qualquer momento... Organizando a estante encontrei Michel
Onfray e, na companhia dele, não resisti a um mergulho em vinhos no Mar Azul. Uma
combinação perfeita.
Explico. Michel Onfray (1959), um pensador francês hedonista, diz que “A
viagem começa numa biblioteca. Ou numa livraria. Misteriosamente, ela tem lugar
ali, na claridade de razões antes escondidas no corpo. No começo do nomadismo,
encontramos assim o sedentarismo das prateleiras e das salas de leitura, ou
mesmo do domicílio onde se acumulam os livros, os atlas, os romances, os
poemas, todas aquelas obras que, de perto ou de longe, contribuem para a
formulação, a realização, a concretização de uma escolha de destino. Todas as
seções de uma boa biblioteca conduzem ao bom lugar: o desejo de ver um animal
extravagante, uma borboleta rara, uma planta quase inencontrável, um veio
geológico numa pedreira, a vontade de andar sob um céu como o fez um poeta,
tudo leva ao ponto do globo cujo sinal carregamos às cegas.”
Concordo plenamente. Os livros têm sido minha bússola nas andanças mundo
afora. Com eles as viagens ganham um significado mais profundo ou o viajante
consegue ver além do óbvio. Que o diga o jornalista e escritor paulista José
Guilherme Rodrigues Ferreira, autor de “Vinhos no Mar Azul ‒ Viagens
enogastronômicas” (Editora TERCEIRO NOME, 2009), um maravilhoso livro de
crônicas, que li pela primeira vez há alguns anos e ontem me presenteei com
algumas crônicas.
Só mesmo os livros nos permitem equilibrar exageros etílicos e viagens
mundo afora, nos levar para fora de casa, quando a ordem é ficar em casa.
Fotos: 2017 - San Diego, California. Grand Canyon, Arizona.
*O título remete a um livro do escritor espanhol Jorge Semprún (1923-2011).
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