sexta-feira, 8 de maio de 2020

QUARENTENA, TEMPO DE VER ARQUIVOS.


O pátio do Colégio, onde a cidade nasceu no século XVI, fica num topo de morro e ainda hoje nos permite uma visão da Várzea do Carmo (Parque D. Pedro II) à margem do Rio Tamanduateí. Há quatro séculos a vista deveria ser bela e acolhedora a ponto de a população denominar de Boa Vista o caminho para a modesta igreja de São Bento (1598). Há registros do nome em 1711 e, segundo a Prefeitura, é uma das raras denominações dadas pela população da cidade e que permanece até hoje. O caminhante do século XXI encontra um ambiente bem agitado: pedestres e veículos disputam o espaço nem sempre de forma cordial. A maioria dos prédios é ocupada por repartições públicas e bancos. Logo no início da Rua Boa Vista encontra-se o prédio da Associação Comercial de São Paulo com o impostômetro, medidor estatístico,  informando o recolhimento de impostos que os cidadãos pagam. Um sucinto roteiro indica a Defensoria Pública, o CEDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), Posto Central do SPTrans, Sicoob (Sistema de Cooperativa de Crédito) e muitos bancos, além de restaurantes, barzinhos e algumas lojas... Mas quem frequenta a Rua Vinte e Cinco de Março, certamente, conhece a Boa Vista, que tem dois acessos à estação do Metrô (São Bento).
Além de agências dos grandes bancos brasileiros, ainda há referência a duas antigas casas bancárias cujos nomes podem ser observados na fachada de dois prédios: Banco Aliança de São Paulo S.A. (128) e Banco Comercial do Estado de São Paulo, este fundado pelo advogado José Maria Whitaker (1878-1970) nos anos 1920 e incorporado pelo Itaú em 1974. No 9º andar do prédio número 280, esquina da Ladeira Porto Geral, encontra-se a sede social do Jockey Club de São Paulo.
Líbero Badaró vista do Edifício Sampaio Moreira.
E a rua que começou num pátio termina no Largo de São Bento, confluência com as Ruas Florêncio de Abreu (especializada em ferramentas) e Líbero Badaró. Aqui vale uma digressão. Florêncio Carlos de Abreu e Silva (1839-1881) foi jornalista e presidente (governador) do Estado de São Paulo enquanto Líbero Badaró (1798-1830), italiano radicado em São Paulo, foi médico e jornalista. O primeiro morreu de tuberculose e o segundo, assassinado na Rua São José, que em 1916 se tornou Rua Líbero Badaró em homenagem a ele. Conta a lenda que nos seus últimos momentos o fundador do jornal “O Observador Constitucional” teria dito, dramaticamente: "Morre um liberal, mas não morre a liberdade".

Fotos de outubro de 2010 e de dezembro de 2019.

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