terça-feira, 19 de maio de 2020

LAWRENCE DA ARÁBIA


Há 85 anos morria Thomas Edward Lawrence (1888-1935), o britânico que, na I Guerra Mundial, atuou no Oriente Médio durante a Revolta Árabe de 1916-1918, promovendo o movimento nacionalista necessário para a vitória britânica. Ficou conhecido como Lawrence da Arábia. T. E. Lawrence tornou-se uma celebridade. Formado em Oxford, participou de escavações arqueológicas no Rio Eufrates para o Museu Britânico, época em que provavelmente ingressou no serviço secreto; durante a I Guerra foi enviado para o Oriente Médio e para cumprir sua missão passou a pensar e a se identificar como um árabe.  A sua imersão na cultura do povo com quem conviveu intensamente por três anos foi um sucesso. Ele cumpriu o compromisso com a Grã-Bretanha, empenhou a palavra com os árabes e, no final, todas as suas promessas e garantias foram ignoradas pelo governo britânico, o que o deixou extremamente decepcionado. Quando retornou à Inglaterra, voltou à vida militar e procurou o isolamento.
Lawrence escreveu um belíssimo livro: “Os Sete Pilares da Sabedoria” (1926). Não é biográfico. “Nestas páginas, a história não é do movimento árabe, mas de minha participação nele. É uma narrativa da vida cotidiana, acontecimentos insignificantes, pessoas sem importância. Não há lições para o mundo, não há revelações que possam chocar as pessoas. Está repleta de coisas triviais, em parte para que ninguém cometa o equívoco de encarar como história os fragmentos que algum homem poderá utilizar um dia para recontar a história, em parte pelo prazer que proporcionou recordar o companheirismo da revolta.” (Capítulo de Introdução)
Lawrence sofreu um acidente de moto em 13 de maio de 1935, ficou em coma seis dias, faleceu em 19 de maio e, no dia 21, realizou-se o enterro na Igreja de S. Nicolau em Dorset, com a presença de notáveis da Inglaterra, como Winston Churchill.
Churchill considerou “Os Sete Pilares da Sabedoria” “um dos maiores livros já escritos na língua inglesa”. O livro foi adaptado para o cinema em 1962. Dirigido por David Lean (1908-1991), o filme foi um grande sucesso de crítica e público e recebeu (merecidamente) o Oscar de Melhor filme. O elenco, encabeçado por Peter O’Toole (1932-2013) no papel de Lawrence, contou ainda com Alex Guiness (1914-2000), Anthony Quinn(1915-2001) e Omar Shariff (1932-2015). Numa pesquisa realizada por um jornal britânico com renomados cineastas em 2004 foi eleito o melhor filme da história do Reino Unido.
A dedicatória de “Os Sete Pilares da Sabedoria” é um poema que Lawrence escreveu para uma pessoa identificada apenas pelas iniciais.
Para S.A
Eu a amei e por isso tomei em minhas mãos estas marés de homens
              e minha vontade nas estrelas pelo céu imprimi
A fim de ganhá-la, Liberdade, a casa digna dos sete pilares,
    para que seus olhos por mim pudessem brilhar
                                               Quando chegarmos.

A morte parecia me servir pelo caminho, até ficarmos perto
e a vermos à espera;             
E quando você sorriu, por triste inveja ele se adiantou
                             e para um lado a levou;
                                              Ao seu repouso.

O amor, em exaustão, por seu corpo tateou, breve onda,
                                         nossa por um momento,
Antes que a mão insidiosa da terra a seus contornos explorasse
                                    e os cegos vermes engordassem
                                                                   Com a sua substância.

Homens me rogaram que o trabalho iniciasse, a casa inviolada,
                                         como uma memória de você.
Mas por monumento justo a destruí, inacabada, e agora
         As ínfimas coisas se arrastam para erguer choupanas
                                                  na sombra desfigurada
                                                               De nossa dádiva.

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