Nos anos de 1980
trabalhei alguns meses em uma agência publicitária, onde fazia assessoria de
imprensa de alguns clientes. Um dia o dono da empresa me chamou para dizer que
havia um empresário investindo na popularização de um produto alimentício pouco
consumido no país. “E o que seria? – perguntei. “Escargot!” Argh! Não fiquei nem um pouco entusiasmada com a novidade. Afinal, nem tudo que o francês ama, é apreciado
por outros povos. Nem precisa ir tão longe: os paulistas comiam (e ainda comem
em algumas cidades) saúva e nem por isso eu provaria a iguaria. Enfim, fui ao
escritório do empresário, ouvi toda a história e comecei o trabalho. Ao
contrário de todos que contratam assessores de imprensa e querem resultados
para ontem, aquele não tinha pressa. Nas reuniões no escritório, sempre
observava algum caracol passeando pela parede ou se arrastando por um móvel. Sempre preferi fingir que não via. Numa das últimas reuniões, aconteceu o que
eu mais temia: “Faço questão que você prove essa delícia!” – disse ele todo
sorridente, quando uma assistente entrou na sala levando uma bandeja com
torradas e patê. Momentos de agonia.
Os gostos
diferem de uma pessoa para outra. O que é delicioso para um pode ser execrável
para outro. O que é atraente para alguém pode ser repelente para outra pessoa.
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