domingo, 7 de abril de 2024

DRAMA RÁPIDO

 

Dedo médio da mão machucado e preto. O farmacêutico recomenda que procure um médico para fazer um raio-X porque pode ser osso trincado. No posto, a clínica geral ouve os fatos acontecidos havia três dias, examina a vítima, me encaminha para o raio-X. O técnico faz o serviço em menos de três minutos. Volto para a médica. Alarmada, em tom baixo, diz que a fratura é muito grave. Puxa o monitor do PC, mostra o raio-X e aponta o local em que o osso se rompeu. Hum! Hum! – digo só para dizer algo. “A senhora precisa operar para religar o osso. Vamos interná-la, enquanto a senhora aguarda a ida para o hospital.” Lá pelas tantas ela disse “en passant” que perderia o movimento do dedo. Idosa, mas não lerda. Ora, fazia três dias que o dedo estava preto, não doía quase nada e continuava com todos os movimentos. Operar? Contei até dez e perguntei, educadamente, o que aconteceria se eu não operasse. “A senhora perde o movimento do dedo.” Penso cá com os meus botões que deve ter alguma coisa errada e peço a confirmação: sim – fizesse ou não a operação o resultado seria o mesmo. Ela está quase pegando a guia de internação, mas eu digo que tinha um compromisso naquele dia e voltaria “amanhã”. Ela me dá conselhos e uma receita com anti-inflamatório e analgésico. Pergunto se não pode pôr uma tala no dedo. “Só se a senhora for internada.” Ah! Bom!! Levanto, digo que voltarei “amanhã” sem falta e agradeço a atenção. Hoje fui a um ortopedista. Relato o acidente, a consulta e urgência da operação. Ele examina cuidadosamente a mão, o dedo, o pulso, que não registram nenhuma dor, e tenta disfarçar o sorriso, mas evita comentar o “diagnóstico” da colega. “Não vejo necessidade de operação nem me parece que tenha havido fratura.” Pede novos exames para tirar qualquer dúvida. Estou com Hagar, o Horrível: o que eu queria dizer era “Amanhã, vou mudar de médico”.




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