segunda-feira, 5 de agosto de 2019

SOBRE DICIONÁRIOS E REIS

Houve um tempo em que ter em casa um “Aurélio” era essencial. Estudante que se prezava tinha um Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de autoria do professor, filólogo e crítico literário Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989). Se o consultava, era outra história. Os ignorantes costumam chamar o dicionário de “pai dos burros”, numa pobre justificativa para não estudar, porque a curiosidade é o primeiro passo para desenvolver o conhecimento. Todos nós somos ignorantes já que estamos muito longe do dominar todas as áreas do conhecimento. 
         Mas voltando ao tema, o carioca Aurélio Buarque de Holanda começou a lecionar Português aos 14 anos, quando vivia com a família em Maceió (AL); formou-se pela Faculdade de Direito de Recife em 1936 e em seguida iniciou carreira de professor, que continuou no Rio de Janeiro para onde mudou em 1938. Aurélio Buarque de Holanda, entretanto, dedicou-se a várias atividades intelectuais. Foi em 1975 que lançou o famoso dicionário, que ficou conhecido como “Aurelião”, pelo volume avantajado da publicação. 
       



    Em 1961 o professor foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Foi o quarto ocupante da cadeira 30, sucedendo a Antônio Austregésilo (1876-1960). Como acadêmico, o professor participava dos eventos oficiais da entidade vestido de acordo com o protocolo, ou seja, com o fardão de cor escura bordado com fios de ouro e o chapéu preto com plumas brancas, além do colar e da espada. Foi assim trajado que ele entrou apressado em um táxi com destino à Academia. Na primeira oportunidade, o motorista não resistiu e perguntou singelamente ao passageiro: “Sois rei?”.  Segundo a matéria da Revista de História da Biblioteca Nacional (ANO 2/Nº 24/ 2007), constrangido, o professor Aurélio Buarque de Holanda teria respondido: “Não, estou indo para um ensaio de escola de samba”.     


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