A história de
Salônica é maravilhosa. Mais antiga do que Roma, foi conquistada pelo Império
Romano e em 1453, com a queda de Constantinopla, foi anexada ao Império
Otomano. Tornou-se um grande centro comercial, ponto de ligação entre Europa e
Oriente. Ali, conviveram pacificamente judeus, cristãos e islâmicos. “Os judeus
da Europa e outros países, perseguidos e banidos, foram para lá a fim de
encontrar refúgio e essa cidade os recebeu com amor e afeição como se fosse
Jerusalém aquela velha e piedosa mãe nossa”, escreveu Samuel Usque, poeta
marrano. A cidade não tinha guetos nem se dividia em guildas. No final do
século XIX, os judeus constituíam sessenta por cento da população.
Com a queda do Império Otomano (1912), Salônica passou para o poder da
Grécia com o nome de Tessalônica. Vieram as mudanças e em 1917 um enorme
incêndio destruiu quase toda a cidade e a sua história. Da época de fausto
sobraram parte das muralhas na cidade alta, as ruínas do castelo e mais algumas
construções. A Torre Branca foi transformada em Museu. Sítios arqueológicos
foram descobertos trazendo ao presente vestígios da época greco-romana. Em meio
às discórdias administrativas reconstruíram a cidade que ganhou um ar francês.
Pelo menos na orla banhada pelo Egeu.
Assim, tudo que eu queria ver não existe mais; porém, não foi surpresa
para mim. Afinal, não foi por acaso que o professor Mark Mazower, da
Universidade de Colúmbia (NY/USA), deu este título ao seu livro: “Salônica.
Cidade de fantasmas: cristãos, muçulmanos e judeus. 1430-1950.”
E olhem quem encontrei em meu
primeiro dia em Tessalônica! Aristóteles! Observando a paisagem e os cidadãos que
passam indiferentes àquele que tratou em sua obra sobre a cidade ideal.
Tessalônica
é a segunda maior cidade grega (pouco mais de 235 mil habitantes). O santo
padroeiro é São Demétrio (270-306) cujo santuário reconstruído após o incêndio
reabriu em 1949. A igreja original, entretanto, datava do século IV quando foi erguida
no local em que havia uma terma Romana. Com o tempo sofreu vários incêndios. Foi
reconstruída no VII. No período otomano, funcionou como mesquita até que no
incêndio de 1917 foi praticamente destruída.
Igreja de S. Demétrio.
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Das igrejas ortodoxas gregas lembrarei sempre do perfume... |
Igreja de Sta. Sofia: uma das mais antigas da cidade; foi transformada em mesquita e no século passado voltou a ser cristã. |
A Torre Branca oferece bela visão da cidade.
Ágora de Tessalônica perdida entre os prédios... |
Arco de Galério e o que sobrou das belas esculturas das colunas. Foi erguido no século IV para comemorar a vitória do Imperador Romano Galerius contra os Persas Sassânidas. |
A caminho do de Eptapyrgio, uma fortaleza bizantina situada no canto
nordeste da Acrópole de Salônica, na cidade alta. |
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Apesar do dia nublado, calor intenso... |
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