Ontem peguei o trem sem destino. E me lembrei de Paul Teroux (1941),
autor de O Grande Bazar Ferroviário:
“(...) as ferrovias são irresistíveis bazares, serpenteando perfeitamente
nivelados qualquer que seja a paisagem, melhorando seu estado de ânimo com sua
velocidade sem jamais derramar seu drinque. O trem pode inspirar segurança em
lugares muito desagradáveis – muito diferente dos suores de pânico provocados
pelos aviões, do odor nauseabundo dos ônibus de longa distância, ou da
paralisia que aflige os passageiros de automóveis. Se um trem é grande e
confortável, pouco importa seu destino: um assento num canto basta e você pode
ser um daqueles viajantes que permanecem em movimento em cima dos trilhos, e
nunca chegam nem sentem que precisam chegar – como aquele homem de sorte que
passa a vida nos trens da ferrovia italiana porque é aposentado e tem um passe
livre”.
Já que não é possível sair de casa sempre há o maravilhoso “Trenzinho do
Caipira” de Heitor Villa-Lobos e a imaginação para nos levar a qualquer lugar. Amo trens.
(Bacchianas Brasileiras
Nº2 - IV Tocata (Trenzinho do Caipira), Orquestra Sinfônica Brasileira, regência
Maestro Roberto Minczuk.)
Palácio das Indústrias, São Paulo. |
Estação da Luz. |
2 comentários:
Feliz recordação. A sua memória e texto acordam minhas lembranças. "...O trem vindo d Galle margeia a costa ao norte, em direção a Colombo, tão próximo do mar que a espuma das grandes vagas que vêm da África chegam às janelas quebradas dos vagões de madeira em mau estado." (O trem das 16h25 vindo de Galle). Muito obrigado!
Fico feliz quando desperto boas recordações com meus textos.
Postar um comentário