quarta-feira, 8 de abril de 2020

VIAGEM EM TEMPO DE ISOLAMENTO

Ontem peguei o trem sem destino. E me lembrei de Paul Teroux (1941), autor de O Grande Bazar Ferroviário:
“(...) as ferrovias são irresistíveis bazares, serpenteando perfeitamente nivelados qualquer que seja a paisagem, melhorando seu estado de ânimo com sua velocidade sem jamais derramar seu drinque. O trem pode inspirar segurança em lugares muito desagradáveis – muito diferente dos suores de pânico provocados pelos aviões, do odor nauseabundo dos ônibus de longa distância, ou da paralisia que aflige os passageiros de automóveis. Se um trem é grande e confortável, pouco importa seu destino: um assento num canto basta e você pode ser um daqueles viajantes que permanecem em movimento em cima dos trilhos, e nunca chegam nem sentem que precisam chegar – como aquele homem de sorte que passa a vida nos trens da ferrovia italiana porque é aposentado e tem um passe livre”.
Já que não é possível sair de casa sempre há o maravilhoso “Trenzinho do Caipira” de Heitor Villa-Lobos e a imaginação para nos levar a qualquer lugar. Amo trens.

(Bacchianas Brasileiras Nº2 - IV Tocata (Trenzinho do Caipira), Orquestra Sinfônica Brasileira, regência Maestro Roberto Minczuk.)



Palácio das Indústrias, São Paulo.
Estação da Luz.

2 comentários:

Unknown disse...

Feliz recordação. A sua memória e texto acordam minhas lembranças. "...O trem vindo d Galle margeia a costa ao norte, em direção a Colombo, tão próximo do mar que a espuma das grandes vagas que vêm da África chegam às janelas quebradas dos vagões de madeira em mau estado." (O trem das 16h25 vindo de Galle). Muito obrigado!

Hilda Araújo disse...

Fico feliz quando desperto boas recordações com meus textos.