segunda-feira, 27 de abril de 2020

CONFINAMENTO: SAÍDAS NECESSÁRIAS.

 Quando supermercado vira programa...


Ficar em casa não é um problema para mim, mas não desfrutar os dias de abril que vai chegando ao fim me frustra um pouco, entretanto, uso as idas ao supermercado para aproveitar pelo menos um pouco desse mês tão simpático. “Mês de lagartear ao sol”, citando Monteiro Lobato. A vizinhança se adaptou aos novos tempos: um idoso caminha pela pracinha das 6 às 7 horas; outro, que jogava tênis, agora corre cerca de um quilometro todas as manhãs; há um terceiro que deve estar se preparando para as Olimpíadas das calendas gregas, pois corre, faz abdominais, saltita sob a supervisão de um “personal trainer” no quarteirão aqui de casa. Um exibido! Só de ver fico exausta. Nessas saídas necessárias, vejo que a prefeitura aproveita para fazer recapeamento da nossa rua; notei que o uso de máscaras aumentou bastante, mas ainda há muitos rebeldes; nos supermercados, há medidas sanitárias evidentes ‒ pelo menos nos três ou quatro que costumo frequentar. Enquanto algumas árvores floriram e já perderam as flores, outras começam a esbanjar beleza e cor. Com a diminuição de veículos nas ruas, semáforos estão no amarelo piscante ou simplesmente desligados. A última vez que peguei um ônibus foi em 12 de março, quando fotografei o cartaz da prefeitura de São Paulo alertando sobre o vírus. E já era a única passageira. Continuam vazios. Se vou ao supermercado no Largo Ana Rosa, uso a passagem subterrânea do metrô, que parece abandonado: ninguém á vista. Uns poucos restaurantes estão abertos, mas a entrada vetada: comida só para levar. As bancas de jornal funcionam e aproveito para comprar um livreto de Sudoko, meu vício.  Bom mesmo é observar que muitos comerciantes adaptaram os negócios aos tempos difíceis: a loja de coisas domésticas funciona, mas ninguém entra: o cliente faz o pedido na porta, onde há uma pequena fila, todos mantendo distância adequada. Uma senhora que faz roupas de bebê, sem clientes, usa os retalhos para produzir máscaras anatômicas e vai bem. Hora de voltar para casa. Sem pressa.


Terminal de ônibus Ana Rosa.


2 comentários:

Nilton Tuna disse...

Sua vizinhança é bem mais comportada do que a minha.

Hilda Araújo disse...

Às vezes as aparências enganam, mas o lugar é geralmente tranquilo.