Os pais de Arnaldo Vieira de Carvalho eram de Santos, mas ele nasceu em
Campinas. O pai Joaquim José Vieira de Carvalho (1841-1899) era
advogado, foi vereador em Santos, deputado no Império, época em que viveu em
Campinas; e vice-presidente da Província de São Paulo (vice-governador) e
senador estadual na República. Arnaldo estudou na Faculdade de Medicina do Rio
de Janeiro (1883-1888) e nas férias frequentava a Santa Casa de São Paulo, onde
atuava seu professor Pereira Barreto. Após a formatura começou a trabalhar na
Hospedaria dos Imigrantes em Santos, vindo depois para a Santa Casa de São
Paulo e em 1895 se tornou o primeiro Diretor Médica da Santa Casa de São Paulo.
Em
gestão de Arnaldo de Carvalho desenvolveu na instituição um ambiente de ensino,
que sempre pautou vida do médico. No início do século XX, São Paulo sofria com
a falta de profissionais para atender à demanda crescente de doentes. A cidade,
com crescente população, ainda não tinha uma faculdade de medicina, deficiência
que Arnaldo de Carvalho tratou de enfrentar, capitaneando a campanha para a
fundação da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo (atual Medicina USP).
Arnaldo
de Carvalho queria a melhor escola e assim viajou durante oito meses pelo
exterior, visitando as melhores escolas
de medicina da época para instalar em São Paulo uma faculdade de medicina de
alto padrão. Enfim, em 1912 o Governo do Estado de São Paulo assinou decreto
criando a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo e no dia 2 de abril de 1913
a Faculdade iniciou suas atividades, nas instalações da Escola de Comércio
Álvares Penteado.
Mais
uma vez investimento em educação voltada para benefício de todos. Arnaldo de
Carvalho “estruturou o curso preliminar de um ano e o geral de cindo anos, com
o total de 28 cadeiras. Segundo sua orientação, o ensino deveria ter base
científica e experimental, com destaque para a pesquisa e os testudos
laboratoriais, o que assegurou inicialmente a contratação de professores
estrangeiros. Mais tarde, a partir de 1916, as concepções vigentes permitiram a
aproximação e posterior efetivação de acordos com a Fundação Rockfeller”.
(Arquivo Histórico/Fundação Faculdade de Medicina da USP, janeiro 2020.)
Com
a Faculdade de Medicina implantada os métodos cirúrgicos foram atualizados e
introduzidas recentes conquistas científicas. Arnaldo Vieira de Carvalho preocupou-se
com os problemas médicos aliados às questões sociais, apoiou as campanhas de
vacinação e defendeu a melhoria das condições sociais da população
(alimentação, moradia, ambiente). Esteve na linha de frente ao combate da epidemia
da Gripe Espanhola em 1918 junto com os alunos, como já havia participado junto
com Oswaldo Cruz do combate à epidemia de febre amarela que atingiu São Paulo e
Campinas em 1889l.
Para
o professor da Faculdade de Direito Frederico Vergueiro Steidel (1867-1926)
“Arnaldo era o médico dos desprovidos, aquele que se inquietava com a dor dos
pacientes da Santa Casa”.
Mostra: Arnaldo Vieira de Carvalho e a Faculdade de Medicina/USP, no Arquivo Público do Estado de São Paulo (janeiro 2020). |
Dr.
Arnaldo participou da solenidade de lançamento da pedra de fundamental do
edifício da faculdade, mas morreu logo depois, vítima de uma infecção causada
por um corte na mão com um bisturi. Novamente, chama atenção a grande
popularidade do médico pela afluência de admiradores ao ao préstito fúnebre. A
Faculdade de Medicina da USP é conhecida como Casa de Arnaldo e a antiga
Avenida Municipal em 1931 ganhou o nome do Dr. Arnaldo.
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