Abril de 2020. Nessa situação
de confinamento que enfrento com livros, discos, DVDs e trabalho caseiro, considero
que estamos em um isolamento peculiar. Se nos recolhemos para nos resguardarmos
do Coronavírus-19 também estamos preservando a saúde de todos que nos cercam.
Parece paradoxal a ideia de que uma atitude egoísta gere solidariedade.
Vivermos no século XXI tem
suas vantagens. Nosso enclausuramento físico, graças à tecnologia, permite que
continuemos a ver e a conversar com familiares e amigos; em muitos casos a
continuar trabalhando e estudando sem sair de casa; saber tudo o que acontece ao
redor do mundo em tempo real e discutir as atitudes de governos diante da crise
mundial de saúde; dar palpites para a solução de problemas de todos os tipos;
brigar pelas ideias (sejam elas quais forem); reencontrar amigos distantes e
até descobrir talentos insuspeitos (alguns até suspeitos) para passar o tempo. Sem
contar toda rede de entretenimento disponível em aparelhos celulares que
funcionam a um toque de nossos dedos. Comida e remédios não são problema (para
quem pode e há milhões de excluídos), basta um telefonema e ela chega.
Feliz ninguém pode estar, quando as notícias são tão amargas e as perdas tão
grandes.Vivemos uma situação de guerra contra um inimigo invisível, preocupados com as consequências,
especialmente econômicas, e psicológicas do confinamento. Em nosso mundo de
conforto, os pequenos incômodos ganham proporções catastróficas.
Pequena estátua de Anne Frank na rua do Museu. |
No diário, ela descreve os dois
anos miseráveis que enfrentaram, vendo apenas as duas ou três pessoas que se
arriscavam para levar comida para eles. Os nazistas localizaram o esconderijo
em agosto de 1944 e todos foram levados para campos de concentração. Anne morreu de tifo no campo de Bergen-Belsen,
na Alemanha em 1945.
A experiência deles não foi
única durante a II Guerra e nem comparo a que vivemos com a dos moradores do
Anexo Secreto, mas sem dúvida é um relato cheio de lições que podemos
aproveitar muito e sempre.
(Visitei a Casa de Anne Frank em Amsterdam em
2008).
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