sexta-feira, 3 de abril de 2020

SEMPRE HÁ O QUE APRENDER


Abril de 2020. Nessa situação de confinamento que enfrento com livros, discos, DVDs e trabalho caseiro, considero que estamos em um isolamento peculiar. Se nos recolhemos para nos resguardarmos do Coronavírus-19 também estamos preservando a saúde de todos que nos cercam. Parece paradoxal a ideia de que uma atitude egoísta gere solidariedade.
Vivermos no século XXI tem suas vantagens. Nosso enclausuramento físico, graças à tecnologia, permite que continuemos a ver e a conversar com familiares e amigos; em muitos casos a continuar trabalhando e estudando sem sair de casa; saber tudo o que acontece ao redor do mundo em tempo real e discutir as atitudes de governos diante da crise mundial de saúde; dar palpites para a solução de problemas de todos os tipos; brigar pelas ideias (sejam elas quais forem); reencontrar amigos distantes e até descobrir talentos insuspeitos (alguns até suspeitos) para passar o tempo. Sem contar toda rede de entretenimento disponível em aparelhos celulares que funcionam a um toque de nossos dedos. Comida e remédios não são problema (para quem pode e há milhões de excluídos), basta um telefonema e ela chega.
      Feliz ninguém pode estar, quando as notícias são tão amargas e as perdas tão grandes.Vivemos uma situação de guerra contra um inimigo invisível, preocupados com as consequências, especialmente econômicas, e psicológicas do confinamento. Em nosso mundo de conforto, os pequenos incômodos ganham proporções catastróficas.
Pequena estátua de Anne Frank na rua do Museu.
Lembrei-me de ANNE FRANK. Há 78 anos em uma manhã chuvosa de Amsterdam (Países Baixos) duas famílias judias e um amigo se esconderam no anexo de um prédio comercial para tentar escapar de um inimigo letal de carne e osso: os nazistas. Cinco adultos e três adolescentes judeus viveram dois anos e dois meses confinados no anexo, cuja entrada ficava escondida atrás de uma estante de livros. A mais jovem integrante do grupo, Anne Frank (1929-1945), escreveu um diário emocionante, que se tornou best seller mundial, traduzido em vários idiomas.
No diário, ela descreve os dois anos miseráveis que enfrentaram, vendo apenas as duas ou três pessoas que se arriscavam para levar comida para eles. Os nazistas localizaram o esconderijo em agosto de 1944 e todos foram levados para campos de concentração. Anne morreu de tifo no campo de Bergen-Belsen, na Alemanha em 1945.
A experiência deles não foi única durante a II Guerra e nem comparo a que vivemos com a dos moradores do Anexo Secreto, mas sem dúvida é um relato cheio de lições que podemos aproveitar muito e sempre. 
(Visitei a Casa de Anne Frank em Amsterdam em 2008).


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