domingo, 17 de março de 2024

DOMINGO É DIA DE PESCARIA

 

Rio de Janeiro, Praça Mauá, 2015. Foto: Hilda Araújo.

(...)

"Todo bom pescador ama o sol,
Todo bom pescador pesca em pé,
Não precisa pescar de anzol,
É só com os olhos, feito jacaré..." 

"PESCADOR"

Marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira.

https://www.youtube.com/watch?v=PF981aKVk6s

quinta-feira, 14 de março de 2024

ALBERT EINSTEIN

A circunferência de um círculo dividida por seu diâmetro tem sempre o mesmo valor 3,14159265358... É o que chamam de constante matemática, representada pela letra grega π (PI). O primeiro estudo científico sobre o valor do PI é atribuído ao grego Arquimedes (287-212 a.C.), mas até hoje não se tem o valor definitivo do PI, que pode chegar a trilhões de dígitos! Considerado um número irracional por não ser uma dízima periódica, é usado para o cálculo de área, volume e comprimento de figuras geométricas arredondadas. E daí, perguntarão muitos? Hoje é o dia do PI ou π, comemorado em alguns países. O motivo seria a forma como os americanos escrevem as datas, ou seja, hoje é 3/14. (Quanta imaginação!) Mas há um fator que poderia explicar melhor a escolha da data para a “comemoração” do dia do PI: o nascimento do físico Albert Einstein (1879-1955).

O 145º aniversário de nascimento de Albert Einstein - E=mc2.


CHARLES DICKENS

 

“Aos doze anos eu era grumete e já havia enfrentado muitas tempestades na vida, no sentido literal e no sentido figurado do termo. Sempre fui de opinião – a partir do momento em que pude formar uma opinião – que um homem que só entende de um assunto é quase tão enfadonho quanto o que não entende de assunto algum. Por essa razão, ao longo da minha vida, procurei aprender tudo o que podia e, embora eu não seja um homem culto, tenho orgulho em dizer que são muitas as coisas pelas quais nutro um vivo interesse.” O NAUFRAGIO DO GOLDEN MARY, de Charles Dickens e Wilkie Collins.

 E este é só o começo... Uma deliciosa aventura.

“Naufrágio de um cargueiro”. Óleo sobre tela do britânico William Turner (1775-1851). Acervo: Calouste Gulbenkian, Lisboa.



quarta-feira, 13 de março de 2024

NO TEMPO DOS CHAPÉUS

              


A foto, publicada no jornal A TRIBUNA de Santos de janeiro de 1930, à primeira vista, parece anúncio de uma chapelaria. Não se engane: trata-se do registro da primeira transmissão de um jogo de futebol pelo telefone na cidade e que foi promovida pelo jornal santista. Um aglomerado de elegantes  todos de terno e chapéu. Ricos ou pobres, a indumentária era obrigatória. A partida era entre Paulistas e Cariocas que reuniu uma multidão em frente de A TRIBUNA.

A disputa realizou-se no Parque São Jorge, em São Paulo e o árbitro da contenda (como se dizia) foi o sr. Carlos Martins da Rosa, do Rio de Janeiro. A Seleção Paulista contou com Athiê, Grané e Del Debbio; Pepe, Amilcar e Serafini; Ministrinho, Heitor, Gambinha, Feitiço e De Maria. A Seleção do Rio tinha Jaguaré, Sylvio e Itália; Tinoco, Fausto e Fortes; Paschoal, Doca, Russinho, Nilo e Teóphilo. Os paulistas venceram por 4x2.

         A primeira transmissão de rádio no Brasil aconteceu em 1922, como parte das comemorações do centenário da Independência e no início dos anos 1930, havia 29 emissoras de rádio em funcionamento no Brasil, transmitindo óperas, músicas e programas instrutivos. Em Santos nesse ano havia apenas a pioneira Rádio Clube. Os aparelhos ainda eram um produto caro e quem tinha precisava ser assinante da estação transmissora.

CURIOSIDADES: ainda lembro dos comentários em casa sobre as qualidades de Feitiço. Athiê tornou-se mais tarde presidente do Santos F.C. na fase áurea do clube e fez carreira política, quando o entrevistei várias vezes.

Ah! Se você tiver tempo e boa vista, tente localizar uma ou duas mulheres entre os torcedores.

Legenda da foto de A TRIBUNA.

Lisboa, 2023. Foto: Hilda Araújo.


terça-feira, 12 de março de 2024

QUEM FOI A PRIMEIRA?

 ISSO IMPORTA?

A paulistana Yde Schloenbach Blumenschein (1882-1963) começou a escrever aos 13 anos e publicou seus primeiros trabalhos no jornal A TRIBUNA, de Santos, ficando conhecida pelo pseudônimo de Colombina. Ela estudou na Alemanha, era poliglota, pianista e cantora. Casou-se, teve dois filhos e desquitou-se para horror da família e amigos. Considerada poeta parnasiana, colaborou com as revistas Fon-Fon, Careta e O Malho. Em 1932 fundou a Casa do Poeta Lampião de Gás, que funcionava na residência dela e onde editou o jornal O Fanal. A Casa ganhou sede própria em 1948. Yde vivia sozinha, fumava, organizava saraus literários em casa e frequentava os meios literários, além de escrever poesia erótica, o que aumentou o preconceito contra ela. O seu último livro foi “Rapsódia Rubra: Poemas à Carne”.

EXALTAÇÃO

Olhas nos olhos meus. E eu vejo neste instante

toda a terra subir a um céu que desconheço.

Olho nos olhos teus. E fica tão distante

o mundo: e todo o fel que ele contem, esqueço.

 

Sorris… e, contemplando o teu lindo semblante,

o ideal de minha vida, enfim, eu reconheço.

Falas… ouço-te a voz, e, impetuosa, radiante,

num gesto de ternura, os lábios te ofereço.

 

Beijas a minha boca. E neste beijo grande

-- como uma flor que ao sol desabrocha e se expande -- ,

todo o meu ser palpita e freme e vibra e estua.

 

Tudo é um sonho, no entanto; o seu beijo… o meu crime.

Mentirosa ilusão! Pobre ilusão que exprime

somente o meu desejo imenso de ser tua!


Há 131 anos nascia no Rio de Janeiro Gilka da Costa de Melo Machado, que começou a escrever muito cedo e aos 14 anos participou de um concurso literário promovido pelo jornal A IMPRENSA, usando o próprio nome e pseudônimos. Ganhou os três prêmios principais. Ficou conhecida como Gilka Machado. Publicou o primeiro livro em 1915 – “Cristais Partidos”, com prefácio do poeta Olavo Bilac. Gilka também foi uma das pioneiras da poesia erótica, o que lhe valeu por parte da crítica o título de “matrona imoral”. A qualidade do seu trabalho superou o preconceito: ela ganhou o título de “melhor poetisa do século XX” em um concurso organizado pela revista O MALHO em 1933. (Um exagero da publicação, pois ainda faltavam 67 anos para o fim do século.) Foi casada com o poeta Rodolfo de Melo Machado (1885-1923) e teve dois filhos: Hélios e Heros. A filha tornou-se uma famosa bailarina, conhecida como Eros Volúsia. Gilka faleceu em 1980. 



Ser mulher…

Ser mulher, vir à luz trazendo a alma talhada

para os gozos da vida, a liberdade e o amor;

tentar da glória a etérea e altívola escalada,

na eterna aspiração de um sonho superior…


Ser mulher, desejar outra alma pura e alada

para poder, com ela, o infinito transpor;

sentir a vida triste, insípida, isolada,

buscar um companheiro e encontrar um Senhor…


Ser mulher, calcular todo o infinito curto

para a larga expansão do desejado surto,

no ascenso espiritual aos perfeitos ideais…


Ser mulher, e oh! Atroz, tantálica tristeza!

ficar na vida qual uma águia inerte, presa

nos pesados grilhões dos preceitos sociais!

Cristais partidos (1915)



domingo, 10 de março de 2024

PORQUE HOJE É DOMINGO

 

VAMOS

“Ver na vida algum motivo pra sonhar/ Ter um sonho todo azul/ Azul da cor do mar”. Tim Maia (1942-1998): Azul da cor do mar". 

MAR EGEU, GRÉCIA, 2019. Foro: Hilda Araújo.

sexta-feira, 8 de março de 2024

SANTOS, OUTROS TEMPOS.

 

Continuo folheando o centenário jornal santista, um bom exercício para conhecer uma época e avaliar os avanços (ou retrocessos) da sociedade em geral. No verão de 1930, as senhoritas estavam alvoroçadas com o concurso de Miss Brasil, instituído pelo jornal A NOITE, do Distrito Federal/Rio de Janeiro, e que em São Paulo era patrocinado pelo jornal A GAZETA. A eleita concorreria ao título de Miss Universo, cujo prêmio era de dez mil dólares, e teria a viagem custeada pelo jornal carioca. As concorrentes tinham que ser brasileiras, ter entre 18 e 25 anos e não podiam ser ou ter sido artistas de teatro, cinema ou outras diversões pagas. As inscrições terminavam em 30 de março. Em Santos, o jornal A TRIBUNA divulgava a competição e a lista das mais votadas da cidade. No dia 15 de janeiro, Joanna Pasquarelli de Rosato liderava as inscritas, com 168 votos – bem distante da mais votada paulistana, srta. Odette Novaes, do bairro da Liberdade, com 682 votos. O nome de uma candidata chama minha atenção: Zezinha Rezende. Seria nossa poeta Maria José Aranha de Rezende (1911 —1999), que sempre foi chamada carinhosamente de Zezinha Rezende? Por que não? Ela foi muito bonita. O concurso terminou com a vitória da gaúcha Yolanda Maria Sabage Pereira (1910-2001), que ganhou o título não reconhecido de Miss Universo, realizado no Texas naquele ano. 



E para encerrar uma crônica de um autor anônimo. Passa quase desapercebida a justificativa para os salários menores para as mulheres. 






quinta-feira, 7 de março de 2024

SANTOS, 1930: OS CARROS ESTÃO CHEGANDO.

 

Em 1930, no Brasil, automóveis eram artigos de luxo e poucos rodavam pelas ruas das grandes cidades. Entre os proprietários de carros já existiam os amantes da velocidade que organizavam corridas em lugares afastados, como Praia Grande, sempre atraindo público. Nem sempre as corridas (rachas?) acabavam bem, como naquele domingo, 26 de janeiro daquele ano. Adelson Barreto era dono de um veículo esportivo conversível da Chrysler, conhecido como Baratinha, e Antônio Domingues Pinto Jr. tinha um Hudson nº 25, mas quem o dirigia era o jovem José Santos Soeiro. Eles competiam há algum tempo e aquela seria a prova decisiva – a baratinha estava invicta. Dessa vez o Hudson estava à frente e, como se não bastasse, ao fazer o retorno próximo ao rio Piassaguassu, Soeiro perdeu o controle do carro que capotou várias vezes e foi lançado à distância, gravemente ferido. O sr. Quíncio Peirão, que assistia à competição, percebendo a gravidade do acidente, prestou os primeiros socorros à vítima, que foi transportada para o hospital na avenida Conselheiro Nébias. O acidente foi notícia de destaque no jornal A TRIBUNA (Hemeroteca do Arquivo Público do Estado de São Paulo).

Quíncio Peirão (1884-1936), considerado herói da revolta paulista de 1932, foi um dos primeiros práticos da barra de Santos, exercendo a função como autônomo. 

Um Chrysler de 1928. 
By HombreDHojalata – Own work, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=39276448

HABILITAÇÃO NOVA

O professor Johann Schult, da Escola Alemã, em São Paulo, havia comprado recentemente um Chevrolet (Placa: 10.674-P) e resolveu aproveitar uma folga para fazer um passeio em Santos. Convidou os colegas de trabalho Werner, Bader e Demer – Demer levou a esposa, Louise. Os excursionistas partiram cedo para Santos, onde visitaram os pontos pitorescos da cidade e em seguida foram para São Vicente, atravessaram a ponte Pênsil e tomaram o rumo da praia de Paranapuã, mas no caminho pararam no Bar Prainha para um “ligeiro piquenique”, segundo o noticiário do  jornal no dia seguinte (5/01/1930). O grupo foi para a praia onde passou um bom tempo: “a beleza natural do lugar foi motivo de êxtase por parte dos visitantes, que ali ficaram em contemplação por mais algum tempo, até que foi resolvido o regresso, afim (sic) de tomarem outro rumo”. O sr. Bader reconheceu os riscos de manobra num local estreito e saiu do veículo, convidando os outros passageiros a imitá-lo. Nada feito: “os demais permaneceram sobre as almofadas do veículo”.

O prof. Schultz, que certamente não era mestre em direção, fez uma manobra infeliz e o carro só não caiu no mar porque um providencial tronco de árvore impediu a queda. O veículo, entretanto, capotou. Demer (45 anos) e Werner (33) ficaram feridos com gravidade e levados para o Hospital de São José. A sra. Louise faleceu no local. O motorista Schult não sofreu nem um arranhão.