Semana
passada circulando na livraria da Unesp vi e comprei “Júlio César”, de
Shakespeare (1564-1616). Nos anos de 1980, quando ainda existia o vendedor de
livros e enciclopédias, que visitava residências, escritórios, redações e
escolas com clássicos da literatura mundial, comprei dois livros com as
principais tragédias e comédias de Shakespeare, onde infelizmente faltaram
algumas obras como “Henrique V” e “Júlio César”. “Henrique V” comprei logo
depois, mas Júlio César lamentavelmente ficou esquecido. Li a peça no mesmo dia. Atemporal como são os
clássicos, a obra provoca reflexões sobre o homem, o poder, a ambição e a
inveja, o amor e a morte.
Procurei
mais informações sobre os eventos que levaram ao assassinato de César e notei
que ele nasceu no dia 13 do mês que os romanos chamavam de “Quintilis”, quinto
mês do calendário romano, que começava em março. Em 44 a. C., ano em que
ocorreu o assassinato de César, o Senado Romano o homenageou trocando a
denominação de mês de seu nascimento para Júlio, daí Julho em Português. Estava
pensando em escrever algo sobre a peça e sobre César, quando abri o site do
CINEMA LIVRE e vi que uma das novidades era exatamente o filme “Júlio César” (1953),
de Joseph L. Mankiewicz (1909-1993), autor do roteiro que manteve fiel ao texto
original.
Que
coincidência! E no elenco James Mason (Brutus), John Gielgud (Cássio) e o jovem
Marlon Brando (Marco Antônio). O filme, indicado para cinco categorias, ganhou
o Oscar de 1954 na categoria de Melhor Direção de Arte em Preto e Branco e
Marlon Brando foi indicado na categoria de Melhor Ator. Assisti ontem ao filme.
Um espetáculo imperdível. Marlon Branco não fica a dever nada ao desempenho de
James Mason, um ator inglês shakespeariano, e a cena de seu discurso diante do
corpo de César é impecável.
No
filme, entretanto, há um anacronismo. O
ano é 44 antes de Cristo: um personagem tira da toga um códice que folheia e
depois o guarda. Naquela época os romanos escreviam em pergaminho que eram
enrolados e guardados em tubos. Foi no início da era cristã, século I d. C., que
surgiram os códices que consistiam no resumo do conteúdo dos rolos feito em
folhas costuradas, o que permitia o manuseio e o transporte mais fácil. Posteriormente,
no filme, Marco Antônio tira da túnica o testamento de César escrito em um
pergaminho como era usual na época.
Meu
interesse por Caio Julius Caesar (100 a.C-44 a. C.) é antigo, pois como
jornalista não poderia ignorá-lo: ele foi o criador das famosas Acta Diurna
Populi Romani ou Acta Publica, que publicava diariamente as atas do Senado,
éditos, discursos dos tribunos e as ocorrências de interesse público da
República – casamentos, óbitos, acontecimentos militares, falências,
espetáculos e banquetes (coluna social?). Isso em 69 a.C. As informações eram
escritas em tábua branca, denominada álbum e afixadas nos muros das cidades.
A Acta Diurna Populi Romani ou Acta Publica circulou até a queda do Império Romano que
ocorreu em 476 d. C.
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