segunda-feira, 14 de julho de 2025

JÚLIO CÉSAR

Semana passada circulando na livraria da Unesp vi e comprei “Júlio César”, de Shakespeare (1564-1616). Nos anos de 1980, quando ainda existia o vendedor de livros e enciclopédias, que visitava residências, escritórios, redações e escolas com clássicos da literatura mundial, comprei dois livros com as principais tragédias e comédias de Shakespeare, onde infelizmente faltaram algumas obras como “Henrique V” e “Júlio César”. “Henrique V” comprei logo depois, mas Júlio César lamentavelmente ficou esquecido.  Li a peça no mesmo dia. Atemporal como são os clássicos, a obra provoca reflexões sobre o homem, o poder, a ambição e a inveja, o amor e a morte. 

Procurei mais informações sobre os eventos que levaram ao assassinato de César e notei que ele nasceu no dia 13 do mês que os romanos chamavam de “Quintilis”, quinto mês do calendário romano, que começava em março. Em 44 a. C., ano em que ocorreu o assassinato de César, o Senado Romano o homenageou trocando a denominação de mês de seu nascimento para Júlio, daí Julho em Português. Estava pensando em escrever algo sobre a peça e sobre César, quando abri o site do CINEMA LIVRE e vi que uma das novidades era exatamente o filme “Júlio César” (1953), de Joseph L. Mankiewicz (1909-1993), autor do roteiro que manteve fiel ao texto original.

Que coincidência! E no elenco James Mason (Brutus), John Gielgud (Cássio) e o jovem Marlon Brando (Marco Antônio). O filme, indicado para cinco categorias, ganhou o Oscar de 1954 na categoria de Melhor Direção de Arte em Preto e Branco e Marlon Brando foi indicado na categoria de Melhor Ator. Assisti ontem ao filme. Um espetáculo imperdível. Marlon Branco não fica a dever nada ao desempenho de James Mason, um ator inglês shakespeariano, e a cena de seu discurso diante do corpo de César é impecável.

No filme, entretanto, há um anacronismo.  O ano é 44 antes de Cristo: um personagem tira da toga um códice que folheia e depois o guarda. Naquela época os romanos escreviam em pergaminho que eram enrolados e guardados em tubos. Foi no início da era cristã, século I d. C., que surgiram os códices que consistiam no resumo do conteúdo dos rolos feito em folhas costuradas, o que permitia o manuseio e o transporte mais fácil. Posteriormente, no filme, Marco Antônio tira da túnica o testamento de César escrito em um pergaminho como era usual na época.

            Meu interesse por Caio Julius Caesar (100 a.C-44 a. C.) é antigo, pois como jornalista não poderia ignorá-lo: ele foi o criador das famosas Acta Diurna Populi Romani ou Acta Publica, que publicava diariamente as atas do Senado, éditos, discursos dos tribunos e as ocorrências de interesse público da República – casamentos, óbitos, acontecimentos militares, falências, espetáculos e banquetes (coluna social?). Isso em 69 a.C. As informações eram escritas em tábua branca, denominada álbum e afixadas nos muros das cidades.

A Acta Diurna Populi Romani ou Acta Publica circulou até a queda do Império Romano que ocorreu em 476 d. C.



Marlon Brando na cena do discurso em louvor a César, que jaz a seus pés.


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