quarta-feira, 7 de agosto de 2024

VILA MARIANA

Agosto, não sei o motivo, despertou minha curiosidade sobre o bairro em que moro: Vila Mariana, onde se localiza a Aclimação. Assim, resolvi fazer uma pausa nas visitas à Zona Leste. Talvez tudo tenha começado com a Mariana que deu nome a essa região da cidade. Descobri que há duas vertentes. Uma delas diz que a iniciativa foi do vereador CARLOS Eduardo de Paula PETIT, que resolveu homenagear a esposa Maria e a sogra Anna, juntou os nomes das duas e daí surgiu a Mariana, ou seja, não homenageou nenhuma delas. A outra conta que Mariana era a denominação da estação de trem local, nome dado pelo engenheiro alemão Georg Albrecht Kuhlmann (1845-1905), que trabalhou na implantação da ferrovia. Mariana era a esposa dele. A denominação estendeu-se ao novo bairro.

Um pouco injusto da minha parte enaltecer outras regiões, quando aqui perto temos história e histórias, cultura, gastronomia, divertimento e tantas outras coisas interessantes e ótimas. O distrito da Vila Mariana faz divisa com os bairros Bela Vista, Liberdade, Cambuci, Ipiranga, Cursino, Saúde, Moema e Jardim Paulista.

No final do século XIX, o Centro (o famoso triângulo) era ligado aos bairros mais distantes por bondes à tração animal, estes posteriormente foram substituídos por pequenas locomotivas a vapor. Santo Amaro era um município vizinho aonde se chegava pelos trens da Cia. Carris de Ferro de Santo Amaro. O trajeto era pela Domingos de Moraes e Avenida Jabaquara, passando pela área do atual aeroporto de Congonhas e Brooklin Paulista. Os trens foram desativados em 1914, quando a Light & Power comprou a empresa e construiu a estação na Vila Mariana (na confluência das ruas Domingos de Moraes e Affonso Celso com a praça Theodoro de Carvalho) e implantou os bondes com novo trajeto pela “área rural”.  

 Hoje é difícil imaginar que um dia a Vila Mariana fosse tão longe da Sé que a administração pública resolveu transferir para lá o Matadouro da rua Humaitá, que estava poluindo o córrego Anhangabaú. Felizmente o matadouro foi reciclado e hoje abriga a Cinemateca Brasileira[1]. O Anhangabaú não teve a mesma sorte: foi soterrado para dar espaço aos veículos.

Até que a história do bairro vem sendo preservada por meio do  tombamento de vários prédios importantes. Um deles é o antigo Reservatório da Sabesp, localizado na esquina das ruas Vergueiro com Carlos Petit. 

Por falar em Cinemateca, a Vila Mariana já teve a sua Cinelândia. O pioneiro Teatro Fênix, por exemplo, teve vários endereços, sempre na rua Domingos de Moraes[2]. Começou a funcionar em 1923. Nessa mesma rua, número 486, foi inaugurado em 1943 o Cine Cruzeiro[3] com capacidade para 2.196 pessoas! O Cine Leblon foi inaugurado em 2 de outubro de 1952; ficava na Liberdade: rua Vergueiro, 934. Tinha 1.200 lugares! No local foi erguido o Centro Cultural São Paulo. Há muito tempo acabaram os cinemas de bairro. Agora funcionam em pequenas salas em shoppings. Vila Mariana tem os shoppings Santa Cruz (Domingos de Morais) e Paulista (rua Treze de Maio). 

O antigo endereço do Cine Cruzeiro vai se perder para sempre com a demolição do prédio.



[1] Largo Sen. Raul Cardoso, 207. Segundo a prefeitura, Vila Mariana.

[2] O cinema funcionou nos prédios números 74, 129 e 896.

[3] Quando fechou, no local funcionou uma padaria e depois uma loja Pão de Açúcar, que encerrou as atividades recentemente, cedendo espaço para um mega empreendimento imobiliário.

Nenhum comentário: