terça-feira, 20 de junho de 2017

RUA SANTO ANTÔNIO

A Rua do Comércio é uma das mais antigas da cidade de Santos (SP), fundada em 1546 junto ao Outeiro de Santa Catarina. A ocupação da vila ocorreu, lentamente, se espraiando para Oeste no início. Ao longo desses anos, ela teve quatro nomes. O primeiro foi Rua de São Francisco por causa do convento que se erguia próximo ao mar. Era essa a denominação em 1765. Parece que em 1822 ela já era conhecida como Rua de Santo Antônio, mas em 1899 passou a se denominar Rua Quintino Bocaiuva. A população, contudo, continuou a chamá-la pelo antigo nome até que a Câmara, na sessão de 13 de janeiro de 1919, aprovou uma homenagem à Associação Comercial de Santos, desbancou o santo casamenteiro e a denominou Rua do Comércio. A oficialização, entretanto, só aconteceu em 1921.
            Ela é pequena e estreita. Começa numa praça e termina num largo. Tem como transversais as ruas XV de Novembro, Conde D’Eu, Gonçalves Dias, José Ricardo e a Comendador Neto. Nem é preciso dizer que é cheia de história e de histórias. A praça é a Rui Barbosa (antiga Praça do Rosário) e o largo, Marquês de Monte Alegre, onde se destacam a Igreja de Santo Antonio do Valongo (século XVII) e a antiga Estação Ferroviária da São Paulo Railway. Com a inauguração da Estação Ferroviária em 1867, a região foi tomada pelos exportadores, tornando-se o centro mercantil mais importante da cidade, com todos os tipos de estabelecimentos comerciais. Ela era a rua do café.
Hoje um passeio por ela mostra o belo prédio onde funciona o Camiseiro, uma construção de 1927, bem conservada. Do lado oposto o centenário Café Paulista, ponto de encontro de políticos, jornalistas, exportadores e corretores de café. Ali, sabia-se de tudo. E de todos. Os destaques da quadra são os edifícios Pedro dos Santos e Barão de Carvalhaes, que ficam frente à frente na esquina com a Rua XV de Novembro. O edifício Pedro dos Santos foi inaugurado na primeira década do século XX. Infelizmente, uma parte foi demolida e o terreno virou estacionamento.
Em 1939, quando se comemorava o centenário da elevação de Santos à categoria de cidade, a Sul América Capitalização (SULACAP) anunciou a construção de um moderno edifício com fachadas para as ruas do Comércio, Conde D’Eu e XV de Novembro. A SULACAP, fundada em 1929, foi a primeira empresa de capitalização do Brasil e a terceira do mundo.  Para a realização da obra, foram necessárias várias demolições – entre os quais o prédio da Repartição de Saneamento, abrindo a Rua Conde D’Eu até a Rua do Comércio.
Na segunda quadra, há uma simpática mistura de prédios antigos e modernos. Alguns restaurados, outros deteriorados. O destaque é o belo edifício de tijolos vermelhos da empresa Hamburg Sud. Na esquina da Rua José Ricardo, outro prédio histórico bem conservado e que abriga a Delegacia da Receita Federal. A estrela da quadra, entretanto, é a Casa Azulejada em estilo neoclássico. O comendador português Manoel Joaquim Ferreira Neto encomendou o imóvel para usa-lo como residência e armazém; entretanto, alguns historiadores acreditam que serviu apenas de moradia. Os azulejos da fachada teriam sido colocados após a morte do comendador pelo sócio dele, Luis Guimarães.
Com a revitalização do centro histórico (lenta, mas contínua), ressurgiu um velho e amado personagem da cidade: o bonde. Ele trilha com galhardia várias vezes por dia a rua de paralelepípedos para delícia dos saudosistas e espanto dos mais jovens. (Foto: Novo Milênio, acervo Waldir Rueda.) 

R. do Comércio: placa indica local do futuro prédio da SULACAP*.

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