Festa portuguesa sem comida não existe. E os festejos juninos que se
encerram hoje são uma herança portuguesa com certeza. Junho, mês dedicado aos
santos do povo: Santo Antônio (13), São João (24) e São Pedro (29). As festas são
ecos das antigas comemorações pagãs do solstício de verão no hemisfério Norte. No
ambiente urbano dos tempos atuais, as comemorações foram transferidas do arraial
para as escolas e igrejas e entidades afins. Sem balão nem fogueira, as mesas
enchem-se com milho verde, caldo verde, sardinha na brasa, batata doce, pipoca,
pé de moleque, canjica, bolo de fubá, maçãs do amor e outras guloseimas que o
patrocinador da festança ache bom incluir.
Como dizem os portugueses “sardinha de são João já pinga no pão”. Não
escapa nem o carneiro do santo: “O são João do convento/ tem aos pés um
carneirinho;/ Vamos comê-lo assado,/ que S. João paga o vinho”. Enquanto a
criançada fica com os sucos, os adultos se empapuçam de quentão ou vinho
quente. Naturalmente, a música é componente importante e sanfoneiros e
violeiros fazem parte do cenário tradicional, mas nos dias de hoje na falta dos artistas, um
aparelho de som resolve o problema.
Lamartine Babo (1904-1963) é o autor da marchinha que reúne os três santos e que
Carmem Miranda (1909-1955) e Mário Reis (1907-1981) gravaram em 1934.
ISTO É LÁ COM SANTO ANTÔNIO
Eu pedi numa oração
Ao querido são João
Que me desse um matrimônio
Matrimônio! Matrimônio!
Isto é lá com santo Antônio!
Implorei a são João
Desse ao menos um cartão
Que eu levava a santo Antônio
São João ficou zangado
São João só dá cartão
Com direito a batizado
São João não me atendendo
A são Pedro fui correndo
Nos portões do paraíso
Disse o velho, num sorriso:
- minha gente, eu sou
chaveiro!
Nunca fui casamenteiro!
São João não me atendendo
A são Pedro fui correndo
Nos portões do paraíso
Matrimônio! Matrimônio!
Isto é lá com santo Antônio
Balões são bonitos, mas fazem parte do passado.
Soltar balões é crime. Eles são também um sério risco para a aviação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário