O QUE NÃO SE VÊ MAIS
NA PAULISTA
Os palacetes dos primórdios da Avenida Paulista garantiram o prestígio do
endereço paulistano e, mesmo depois de vendidos e demolidos, continuam pairando
por lá, acendendo a imaginação de várias gerações. A Vila de Horácio Belfort
Sabino (1869-1950), por exemplo, no final da avenida, ocupava o quarteirão da
Rua Augusta, Alameda Santos e Rua Padre João Manoel (Conjunto Nacional). Sabino
contratou o arquiteto francês Victor Dubugras (1868-1933) para a realização do
projeto de sua casa de campo, pois residia com a família na Rua General Jardim.
A casa em estilo art nouveau ficou pronta em 1904. As visitas
entravam por uma varanda lateral com vitrais que dava acesso ao jardim de
inverno e ao escritório. No térreo, ficavam as salas de jantar e de visitas – destaque
para o piano de cauda Pleyel, a sala de almoço das crianças e de costura; um
corredor conduzia à copa e à escada de serviço. A cozinha ficava separada, um
anexo em que se encontravam também a despensa e o quarto de empregada. O porão
abrigava adega, lavanderia, despensa, quarto de brinquedos e respiradouro. No
piso superior, havia três quartos, três toilettes, um banheiro completo
e dois terraços. A entrada de serviço era pela Alameda Santos, onde se achavam
as edículas destinadas às famílias do copeiro japonês e do motorista, que
conduzia um Mercedes-Benz. O luxo, naturalmente, estendia-se ao mobiliário, que
era importado da França. Na sala de visitas, móveis dourados, mas no resto da
casa imperava o estilo art nouveau. A tapeçaria era Aubusson. Sabino
apreciava a natureza e gostava especialmente de carvalhos – havia plantado um
na entrada principal (Avenida Paulista) e as folhas e frutos dessa árvore eram
o principal ornamento dos lambris, escadas e móveis da propriedade. Sabino,
antes de iniciar a construção do palacete, cuidara de formar o parque, a horta
e um pomar, afinal, seria uma casa de campo.
A fortuna de Horacio Sabino, formado em Direito (Largo de São Francisco),
foi consolidada por meio de transações imobiliárias – foi o primeiro a vender
terrenos a prestações em São Paulo; herdou da sogra terras, que loteou formando
o Jardim América em homenagem à esposa. A área foi negociada com a Cia. City da
qual mais tarde tornou-se sócio. Ele era casado com América Milliet e o casal
tinha quatro filhas – América, Marina, Helena e Sylvia.
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