quinta-feira, 22 de agosto de 2024

MARIA ANTÔNIA

 

Ali, na confluência dos bairros da Consolação e Higienópolis, viveram algumas das mulheres mais importantes de São Paulo. Foram ricas e influentes, algumas à frente do seu tempo, e deixaram um legado histórico para a cidade.


D. Maria Antônia da Silva Ramos, por exemplo, não era paulista. Ela nasceu em Castro, no Paraná, em 5 de julho de 1815. Filha do barão de Antonina, João da Silva Machado, e de Ana Ubaldina Paraíso Guimarães, pais de outras quatro moças, Francisca, Balbina, Ana e Inocência. Três jovens casaram-se em 1835: Maria Antônia casou-se com o tenente-coronel Mariano José da Cunha Ramos, de família tradicional de Atibaia; Balbina com Luís Pereira de Campos Vergueiro, filho do Senador Vergueiro, e Francisca, com o capitão Joaquim da Silva Prado, que era irmão de Martinho da Silva Prado que se casou com D. Veridiana da Silva Prado. Fortunas se reunindo.

Maria Antônia e Mariano tiveram dois filhos, Firmino e Ernesto. Firmino morreu ainda criança e logo depois faleceu Mariano. O que levou o barão de Antonina a se tornar tutor de Ernesto. Maria Antônia morava na chácara situada entre as atuais ruas da Consolação, Dona Veridiana, Major Sertório e Maria Antônia. Em 1874, Maria Antônia vendeu uma parte da propriedade para o reverendo Chamberlain para a construção da Escola Americana, atual Mackenzie. Frequentadora da Igreja de Santa Ifigênia, ela acaba se aproximando da Igreja Presbiteriana de São Paulo, dirigida pelo reverendo George Whitehill Chamberlain, até finalmente a conversão e o batismo em 1878.

Ela foi uma das maiores pagadoras de impostos sobre propriedade da cidade; em 1855, tornou-se acionista do Banco Hipotecário de São Paulo, uma sociedade formada na época por 93 homens e apenas quatro mulheres: Luiza Eufrásia Quartin de Paiva, Maria Cândida de Moura Leite, a  Baronesa de Iguape, Policena Rosa de Jesus e Maria Antônia. Ela também foi acionista da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Em 2 de abril de 1884, de acordo com a Prefeitura, o logradouro já aparece nas Atas da Câmara Municipal identificado como “Rua de D. Maria Antonia”, que foi uma das primeiras a formar o bairro que mais tarde se tornou Vila Buarque, hoje pertencente ao Distrito da Consolação. E em 1886 a rua aparecia como endereço da Escola Americana. Maria Antônia morreu em 1906 e seu corpo foi enterrado no Cemitério da Consolação.

Ernesto Mariano da Silva Ramos, filho de Maria Antônia, foi casado com Maria Amália Rudge, iniciando a família Rudge Ramos; ele exerceu o cargo de presidente da Câmara Municipal de São Paulo entre 1873 e 1877.

2 comentários:

Nilton Tuna disse...

Vivendo e aprendendo. Adoro essas lições de história de São Paulo!

Hilda Araújo disse...

Bom dia, Nilton. Há umas histórias bem interessantes sobre a cidade. Procuro achar algumas. Beijos.