Se você resolveu deixar o carro na garagem, calçar
um sapato confortável e caminhar, vai descobrir muitas coisas interessantes
sobre a cidade. A primeira descoberta é a própria cidade, pois o caminhante tem
uma visão muito melhor dos lugares por onde passa, descobre segredos, mistérios
e a própria realidade, que atrás do volante com olho na sinalização e nos
pedestres, perde de passagem. A segunda descoberta, talvez a mais fascinante, são
as pessoas que transitam de lá para cá, que se deixam ficar num canto esperando
alguém ou alguma coisa, as que correm para não perder ou ganhar tempo, famosos,
anônimos, os loucos, os esquecidos, os injustiçados e tantos outros... A
terceira revelação –à noite a cidade é outra, se transmuda e tanto pode ser sedutora
como amedrontadora, silenciosa ou agitada pelos boêmios, eternos amantes da lua
– não importa se nova ou cheia.
Poética
Vinicius de Morais
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.




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