quarta-feira, 6 de novembro de 2024

A RUMBEIRA E O PROFESSOR

Assisti novamente a um delicioso filme brasileiro: ”Carnaval Atlântida”. Sim, uma chanchada, mas que elenco! Grande Otelo, Oscarito, José Lewgoy, Eliana, os irmãos Farney – Dick e Cyll, Colé Santana e uma artista quase esquecida: Maria Antonieta Pons (1922-2004), o “ciclone do Caribe”. Cubana, naturalizada mexicana, Maria Antonieta fez muito sucesso entre 1939-1959 como atriz, cantora e, especialmente, dançando rumba. Passou uma temporada no Brasil, onde atuou em alguns filmes da Atlântida Cinematográfica.

Enfim, diversão e, por incrível que pareça, nos faz refletir sobre muitas coisas. Para os que torcem o nariz para aqueles filmes, lembro o retorno da chanchada no final do século passado quando a TV Globo exibiu a série “Sai de baixo” (1996-2002); seguiram-se outras – “Toma lá, dá cá” (2007-2009) e “Entre Tapas e Beijos” (2011-2015). 

    Ah! Não se enganem. de ingênuas as chanchadas nada tinham!



https://www.youtube.com/watch?v=7tHSh5Yelm8

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

O PARCEIRO IDEAL

 No baile, é simples assim: o parceiro ideal é aquele com quem você gosta de dançar ou aquele com quem você sente segurança ao deslizar pelo salão. E – surpresa! – pode nem ser uma pessoa que dance bem.

Naturalmente, há algumas coisas essenciais que podem ajudar muito os dançarinos a se tornarem parceiros mais agradáveis, tanto nas academias como nos salões: as boas maneiras. Ou seja, aquelas normas de comportamento, que tornam a vida de todo mundo melhor, a velha etiqueta.

Eis alguns lembretes:

  1. Se por qualquer razão a dama não quiser dançar com um cavalheiro que a tenha escolhido, ela não deve aceitar logo em seguida, o convite de outra pessoa para dançar aquela música. Estar esperando por alguém é uma boa desculpa.
  2. O cavalheiro nunca deverá usar a dama como suporte e evitar todo tipo de falha que o torne antipático.
  3. O cavalheiro, após dançar com uma dama, nunca deve abandoná-la no meio do salão. Deve levá-la de volta à mesa, aos amigos ou apresentá-la a outro parceiro, sempre com os devidos agradecimentos.
  4. A dama deve reservar a primeira e a última dança para dançar com quem a acompanhou ao baile.

5.     É de bom tom que o cavalheiro se aproxime de uma dama para dançar por meio de uma apresentação. Mas se não houver um intermediário, ao abordar a dama, deve pedir licença para depois fazer o convite.

6.     Não ponha as mãos nos bolsos da calça. É um hábito feio e deselegante.

7.     Dance de acordo com as normas. Discrição é uma qualidade. Evite atitudes íntimas e exibicionistas com o parceiro.

8.     Cabe ao cavalheiro dirigir a dama, evitando aborrecimentos com esbarrões nos demais. A direção a seguir deve ser sempre a dos outros: a da direita ou sentindo anti-horário.

9.     Evitar pisadas e joelhadas, pois se isto acontece, a dama por instinto de defesa, torna-se esquiva, fugindo aos pisões e encontrões, resultando daí, desinteligência no dançar.

10.    Nunca se esqueça de que você não está sozinho no salão.

11.    Enfim, um bom hálito é essencial.

  

                        Le Moulin de la Galette, Auguste Renoir (1841-1919). Musée d'Orsay, Paris. 



domingo, 3 de novembro de 2024

UMA SEMANA PARA DANÇAR


"Ela é Dançarina"

Chico Buarque

"O nosso amor é tão bom
O horário é que nunca combina
Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Quando pego o ponto
Ela termina

Ou: quando abro o guichê
É quando ela abaixa a cortina
Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Abro o meu armário
Salta serpentina

Nas questões de casal
Não se fala mal da rotina
Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Quando caio morto
Ela empina
Ou quando eu tchum no colchão
É quando ela tchan no cenário
Ela é dançarina
Eu sou funcionário
O seu planetário
Minha lamparina

No ano dois mil e um
Se juntar algum
Eu peço licença
E a dançarina, enfim
Já me jurou
Que faz o show
Pra mim

Ela é dançarina
Eu sou funcionário
Quando eu não salário
Ela, sim, propina

No ano dois mil e um
Se juntar algum
Eu peço a Deus do céu uma licença
E a dançarina, enfim
Já me jurou
Que faz o show
Pra mim

Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Quando esquento a sopa
Ela cantina
Ou quando eu Lexotan
É quando ela Reativina
Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Viro o calendário
Voa purpurina


No ano dois mil e um
Se juntar algum
Eu peço uma licença
E a dançarina, enfim,
Já me jurou
Que faz o show
Pra mim


Ela é dançarina
Eu sou funcionário
Quando eu não salário
Ela, sim, propina


No ano dois mil e um
Se juntar algum
Eu peço uma licença
E a dançarina, enfim
Já me jurou
Que faz o show
Pra mim."

Fred Astaire era um dançarino maravilhoso. E Rita era ótima.

Filme "Ao compasso do amor" (1941): direção de Sidney Lanfield, com Rita Hayworth e Fred Astaire.

https://www.youtube.com/watch?v=qyYiO51peVc




sábado, 2 de novembro de 2024

ARTE E MORTE

LITERATURA

 “Uma pá e uma enxada,

Uma enxada e um lençol;

Um buraco cavado em terra

A tal hóspede bem convém.”

ShakespeareHamlet,  (Ato V). Tradução: Oscar Mendes




A bela tapeçaria de Bayeux de 69 metros de comprimento e 60 cm de largura, bordada em linho, narra a conquista normanda da Inglaterra e esta é a penúltima cena em que um cavaleiro normando golpeia  Harold II, rei da Inglaterra (1066), na batalha de Hastings. O trabalho está exposto no Musée de la Tapisserie, em Bayeux, França. O trabalho, que foi elaborado entre 1070-1080, está detalhado no site do professor Dr. Ricardo Costa:

https://www.ricardocosta.com/tapecaria-de-bayeux-c-1070-1080

PINTURA


"O enterro do Conde Orgaz" (1586), tela do espanhol El Greco (1541-1614). Igreja de S. Tomé, Toledo (Espanha).


"A morte de Marrat" (1793) é uma tela de Jacques-Louis David (1748-1825), exposta no Musée Royaux des Beaux Arts, em Bruxelas. O jornalista foi assassinado por Charlotte Corday durante a Revolução Francesa por motivos políticos. David era amigo pessoal de Marat. 



FOTOGRAFIA



"A Harvest of Death", fotografia de Timothy H. O’Sullivan feita entre 4 e 7 de julho de 1863, Batalha de Gettysburg, durante a Guerra Civil americana.  Foto: Google Art Project – Wikipedia. 


“A morte de um soldado” (193), foto do correspondente de guerra Robert Capa (1913-1954), durante a Guerra Civil espanhola. 


ESCULTURA

Sé de Lisboa, foto: 2023.

MÚSICA

REQUIEM, Mozart.

https://www.youtube.com/watch?v=MafAZeag1_0 

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

"O MEU TEMPO É SÓ MEU”

 Para terminar outubro, a poesia de Arnaldo Antunes (1960): “o meu tempo não é o seu tempo”.


"O meu tempo não é o seu tempo.
O meu tempo é só meu.

O seu tempo é seu e de qualquer pessoa, 

                                até eu.

O seu tempo é o tempo que voa.
O meu tempo só vai onde eu vou.

O seu tempo está fora, regendo.
O meu dentro, sem lua e sem sol.

O seu tempo comanda os eventos.
O seu tempo é o tempo, o meu sou.

O seu tempo é só um para todos,
O meu tempo é mais um entre muitos.

O seu tempo se mede em minutos,
O meu muda e se perde entre outros.

O meu tempo faz parte de mim,
            não do que eu sigo.

O meu tempo acabará comigo
               no meu fim."

Biblioteca Mário de Andrade - a bailarina* e o poeta.


A bailarina fazia parte de uma exposição na BMA há alguns anos. 

domingo, 27 de outubro de 2024

PARQUE DO CARMO

 

Surpresa: o mais moderno planetário da América Latina encontra-se no Parque do Carmo, Zona Leste de São Paulo! Que tal uma viagem ao céu para ver mais de nove mil estrelas, os planetas do sistema solar, a via Láctea no Planetário Prof. Acácio Riberi? Pode-se até observar o Sol através do celóstato, um instrumento importante para observação de eclipses. Fique sabendo que as duas principais atrações do parque são contemplativas – além do planetário há o Bosque das Cerejeiras que ao florir que atraem milhares de pessoas para apreciarem o espetáculo.

Nada como ter tempo, disposição e muita curiosidade. Sempre achei que o Parque do Carmo, o segundo maior de São Paulo, era muito longe, porém, pensando bem, atualmente, poucos lugares são muito distantes. A Lua é logo ali, já está se tornando ponto turístico! Assim, lá fui eu até Itaquera pegar o ônibus para Itaquera que me deixaria na entrada do parque. No caminho posso refletir sobre o engenheiro e empresário Oscar Americano de Caldas Filho (1908-1974) que deixou para a São Paulo essa área que foi parte da fazenda de café adquirida por ele na década de 1940 e, aos poucos, transformada por ele num paraíso para a família.  

Naturalmente, a região era habitada por índios até a chegada dos colonizadores. No século XVIII, ali se instalaram os religiosos da Ordem dos Carmelitas, mas a catequização dos nativos não deu certo porque os naturais da terra preferiram mudar para outras plagas. Os carmelitas criaram a Fazenda do Caaguaçu e dedicaram-se à agricultura e criação de gado, o que alterou o ecossistema da região. No início do século XX, a propriedade foi vendida para o Coronel Bento Pires, dono da Companhia Pastoril e Agrícola. O coronel investiu também na cafeicultura, mas logo loteou parte das terras, o que resultou na Vila Carmosina e Cidade Líder. Ele também mudou o nome da propriedade para “Fazenda do Carmo”. Na década de 1940, parte da fazenda foi vendida para a Companhia Brasileira de Projetos e Obras – CBPO, de Oscar Americano. Pode-se imaginar o tamanho da fazenda quando se sabe que Oscar Americano também loteou parte da área adquirida, e os terrenos originaram o bairro Jardim Nossa Senhora do Carmo ou Morumbizinho. 

         Oscar Americano ampliou a sede da fazenda, construiu uma casa para uso dos funcionários, outra para os filhos (cinco) e babás; uma casa de hóspedes e um prédio para lazer. As melhorias incluíram o represamento de um córrego para fazer um lago artificial, usado para esportes náuticos. Após o falecimento do empresário em 1974, os herdeiros venderam a fazenda – a maior parte para a Companhia Habitacional (COHAB) e o restante para a prefeitura de São Paulo.

         O Parque do Carmo, inaugurado em 1976, tem 1,5 milhão de metros quadrados – é o segundo maior parque da cidade. Ao longo de 48 anos de existência, recebeu uma infraestrutura com características próprias. Oscar Americano recuperou a flora danificada pelo uso agrícola, atraindo uma fauna diversificada. Enquanto a flora, bem preservada, é formada por remanescentes de Mata Atlântica, eucaliptais, brejos e pomar, ideais para uma variada fauna que inclui desde o gavião-pega-macaco até preguiça-de-três-dedos, tatus e caxinguelês.

A sede da fazenda tornou-se o Museu Parque do Carmo; a casa das crianças é ocupada pela Guarda Civil Municipal; na casa de hóspedes, funciona a Administração do Parque. A figueira

Depois de observar o céu, vamos ao Bosque de Cerejeiras que tem cerca de quatro mil árvores e, quando elas florescem, o visitante respira um perfume suave enquanto se sente envolvido pela delicadeza das flores de um rosa suave. O borque torna-se o lugar ideal para a prática do hanami, ritual japonês bem simples: basta sentar-se sob uma cerejeira e contemplá-las sem pressa. A festa das cerejeiras realiza-se há 44 anos. Fotos, 2023.

 





Av. Afonso de Sampaio e Sousa, 951 – Itaquera. Funcionamento: 5h30 às 20h
Fone: (11) 2748-0010 / 2746-5001. A estação de Metrô mais próxima é a Corinthians-Itaquera, na Linha 3 – Vermelha, distante quase 4km do Parque.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

PROFESSORES

 

Tudo começou com dona Branca Luís da Costa, minha primeira professora (Escola Portuguesa) e ao longo da vida foram muitos professores que me ajudaram a caminhar pela vida, tentando decifrar o mundo. É verdade que esqueci o nome de muitos, o que não significa que tenham tido pouca importância. De alguns lembro comentários marcantes, que até hoje me fazem refletir sobre o assunto. Quando era bem pequena, provavelmente na época em que entrei na escola, ganhei um quadro negro, uma caixa de giz e brincava de professora. As alunas eram muito comportadas – as bonecas.

As brincadeiras mudam com a idade e com as novidades, a maior delas a descoberta dos livros e do fato de que não tinha (nem tenho) vocação para o magistério; porém, em 1964 por seis meses lecionei no Ateneu Progresso Brasileiro, que funcionava num casarão situado na avenida Ana Costa, em Santos, derrubado para a abertura da rua Claudio Doneux. Ali eu tive certeza de que não queria ser professora. Dei aula para os alunos (classe masculina) do segundo ano primário. Eram uns 20 garotos indisciplinados – acho que havia uns três bem comportados. Lembro bem do melhor da turma: Guilherme Navarro. Ele era educado, disciplinado, sempre bem arrumado e cumpridor dos deveres. Muitos anos depois descobri que ele se formara em Medicina. Lembro também do Pedro, que era filho de Jesus. Ele deu trabalho, mas também era bem educado. Guardo dele, com carinho especial, um cartão que acompanhou o presente que me deu no dia dos professores. Como lembro o nome do pai? Era o cartão de visitas de Jesus e Pedro escreveu a mensagem no verso. Está guardado no meu baú.


Hoje, contudo, homenageio a Gislene, professora de educação física, que trabalha com público da terceira idade com muito entusiasmo e nos estimula a superar as dificuldades físicas. Ontem, ela ganhou uma merecida festinha e os mimos de suas turmas de segunda-feira.