domingo, 12 de outubro de 2025

HORA DO CAFÉ

Fred Astaire, que foi um grande dançarino, com Lucille Bremer, bailarina clássica, em cena do filme "Yolanda e o ladrão" (1945), dirigido por Vincent Minelli. 


https://www.youtube.com/watch?v=Gz6jRrObcnw

terça-feira, 7 de outubro de 2025

GAROA BOA

Ontem, calor de 30 graus. Hoje, 18 graus e garoa. Ah! São Paulo da garoa! São Paulo que terra boa! Música de Alvarenga e Ranchinho, que o papagaio lá em casa sabia cantarolar... Café com amiga, muita risada e boas histórias. Final de tarde na Praça da República. Gente para lá e para cá, agasalhada ou à vontade, de guarda-chuva ou como eu, mãos abanando, apreciando o momento. Hora de voltar para casa e descansar os pés.



PRIMAVERA

 

Neste país tropical, estações do ano são pouco definidas, mas a sibipiruna aqui da praça está toda enfeitada. O ipê floriu novamente, talvez para abrigar o sabiá que o escolheu para fazer o ninho. Aliás, com tantas árvores para se proteger do sol, da chuva e de predadores, ele escolheu uma quase pelada para construir o ninho. Pelo menos a ninhada terá uma “casa” com jardim. Flores brancas é o que não falta. Outro sabiá montou residência na árvore que fica embaixo das minhas janelas – canta o dia inteiro e, como se não bastasse, lá pelas quatro da manhã decreta alvorada. Substitui um galo aqui das imediações que por muitos anos saudou as manhãs chovesse ou fizesse sol. Calou-se, levado pelas famílias que venderam as casas substituídas pelos condomínios sem graça.

Por aqui há uma grande variedade de passarinhos – rolinhas-caldo-de-feijão, cambacicas (manhã dessas uma veio me visitar), bem-te-vis e sabiás; há também um bando de periquitos instalados numa palmeira da esquina. José, taxista do ponto ao lado do prédio, me garante que também tem um pica-pau na praça, mas nunca consegui vê-lo. Enfim, boa companhia o ano inteiro.


A "bolinha" preta na parte superior da árvore é o ninho do sabiá.




sexta-feira, 3 de outubro de 2025

POR ONDE ANDEI

 

Quantos lugares, quantas cenas, quantos personagens... Setembro foi um mês de muitas andanças.

Fui conhecer a Casa Piauí, que antiga residência de Francisco de Paula Rodrigues Alves (1848-1919), presidente do Brasil no período de 1902-1906. O casarão em estilo eclético, situado na esquina da Rua Piauí com Itacolomi, foi tombado em 2012, passou por restauro e parte do terreno da propriedade abrigará um prédio de alto padrão.



Na Rua Manoel da Nóbrega, os policiais da Cavalaria da PM costumam fazer uma pausa para descanso das montarias. Cavalos são animais muito bonitos e elegantes. Paro para uma prosa rápida com um dos policiais – queria saber se os animais têm nome ou apenas o número de registro tatuado, se eles são dóceis, se a cavalhada era composta apenas de machos e se os cavaleiros trabalham sempre com o mesmo animal. Enquanto o policial vai respondendo as perguntas, o cavalo toca a cabeça de leve no ombro dele – tem grandes olhos castanhos como a pelagem, numa demonstração (creio eu) de carinho. Sim, os animais têm nome que é registrado, o comportamento varia de indivíduo para indivíduo – uns são mais impulsivos; a cavalaria emprega tanto fêmeas como machos – estes são castrados. As fotos foram tiradas em outra ocasião.





Fiz uma excursão a Caieiras de trem (Linha 7 Rubi) e ônibus pela serra da Mantiqueira que permanecerá bastante tempo na memória pelo desapontamento final. Uma igreja medieval, luxuosa, com toques de Sainte-Chapelle, construída em pleno século XXI escondida numa região pobre. Caieiras é um município situado na sub-região norte da grande São Paulo. O desenvolvimento da cidade aconteceu com a produção de cal e daí veio seu nome – caieira é a denominação do forno de cal. 



Passei pelos "arcos" da Vila Prudente - que suportam o monotrilho - Linha 15 Prata do metrô.



Cruzei o Parque Villa-Lobos em uma tarde de sol.



Estive também no Sacomã, onde este conjunto resiste à insanidade imobiliária.



E ainda fui à Aricanduva, onde estas lindas casinhas dão uma ideia do que já foi o bairro. E a banca de jornal cuida da sua própria história no bairro.


Praça Nossa Senhora do Bom Parto.






quarta-feira, 1 de outubro de 2025

DIA DO IDOSO

No que estou pensando? Hoje é dia do idoso. Já faz pouquinho mais de vinte anos que estou nesse grupo e muito satisfeita por ser baby boomer e ter vivido uma época de transformações fantásticas. Embora adore bondes, mantenha meu DVD player em funcionamento e ache o corte Chanel um luxo (como o Nº 5) não significa que sofra de saudosismo. Espero bater perna por aí ainda por algum tempo – sem exageros. Nada de centenário.    



JORNAL "A TRIBUNA"

Parabéns a alunos, professores e ao diretor Roger Marques Ribeiro da Escola Estadual Parque dos Sonhos, de Cubatão (SP), que recebeu ontem o prêmio World’s Best School Prize, na categoria Superação de adversidades. A premiação é promovida pela T4 Education, uma plataforma global voltada para a melhoraria da educação, oferecendo ferramentas, programas e eventos para professores e escolas.

(JORNAL A TRIBUNA, SANTOS, SP)



terça-feira, 30 de setembro de 2025

MOMENTO DE TERNURA

 

Esperava a luz verde do semáforo na praça Clóvis Bevilacqua, onde o cenário é invariavelmente deprimente, quando notei a cambacica no chão em plena atividade. Ela hesitou quando me viu chegar, mas continuou sua atividade, me observando vez por outra, pronta para voar caso sentisse algum risco. Achei que ela estava comendo, mas estava coletando umas farpas que alguma árvore ou arbusto deixara cair ou o vento trouxera. Havia duas e logo três no bico, uma caiu e ela tratou de pegar novamente, sempre atenta à minha presença. Ora, pensei, ela está recolhendo material para o ninho. Quando chegou outro pedestre, vi que a luz verde se acendera e antes de iniciar a travessia percebi que o passarinho desaparecera. Tão pequena, tão delicada e colorida, abrandando o cenário de concreto e tragédia da praça...

    Fiquei curiosa e pesquisei para saber como é o ninho da cambacica. Elas fazem dois tipos de ninho: um para reprodução e outro para descanso – muito espertas. O primeiro recebe um acabamento melhor com entrada menor para se proteger dos predadores. Ela usa palha, folha, capim e teia de aranha na confecção do abrigo.

Foto: Prefeitura de São Paulo.




domingo, 28 de setembro de 2025

FEIRA EM SANTA CECÍLIA

 


Depois da caminhada pelo Viaduto João Goulart, vulgo Minhocão, decidi que era hora de explorar o entorno dele e nada melhor do que começar pela Rua Sebastião Pereira. Motivo da escolha foi a feira que observei do alto do viaduto. Dizem que é a melhor feira do Centro da cidade, é enorme e costuma ir até as 16 horas.

            Aproveitei o domingo de sol e de temperatura amena para ir até lá via Praça da República. Para variar peguei o ônibus errado e tive que descer na Praça Júlio de Mesquita, que separa a Avenida São João da Rua Barão de Limeira. Na Avenida São João, lembrei-me de uma foto de Claude Levi Strauss, tirada no Carnaval de 1934, de um grupo de foliões. Que diferença! Dela sobrou apenas o prédio do Banespa/Santander. Entro na Rua Pedro Américo e saio na Praça da República, de onde sigo pela Rua do Arouche porque a Avenida Vieira de Carvalho estava fechada para um show.

            Gostaria muito que algum estudioso me informasse qual o polígono que se aplica à configuração do Largo do Arouche. Enfim, lá estão a Academia Paulista de Letras e o restaurante La Casserole; o mercado das flores continua uma atração agradável à vista e ao olfato. Há uma feira de alimentos onde algumas pessoas tomam o café da manhã. Passo pelo restaurante O Gato Que Ri.  Lá o que restou do antigo Cine Arouche, agora dirigido a público adulto – entenda-se programação pornô. Há várias famílias, casais e idosos passeando pelos jardins, mas o pessoal da cracolândia também está presente, dormindo ou alheio à realidade.

            Enfim, passo sob o elevado e estou na Rua Sebastião Pereira e na feira. O público é heterogêneo – vai de donas de casa fazendo as compras da semana, regateando preços, até pessoas como eu, curiosas e mais tentada a consumir um pastel com caldo de cana (que eu não gosto) ou água de coco. Frutas da época em alta – morango e jabuticaba (que eu adoro). Bananas nanicas bonitas com bom preço. Escolho uma barraca simpática e peço o pastel de queijo (que estava bom).

            Das feiras gosto do colorido, do alarido e da única coisa fiada disponível – as conversas entreouvidas nas barracas. Terminei a visita e me dirigi à Alameda Glete, segui até o Terminal Princesa Isabel para pegar o ônibus para casa. O pé dói e o estômago reclama – hora do almoço.




sexta-feira, 26 de setembro de 2025

SÃO PAULO E O TRÓLEBUS HISTÓRICO

O trólebus, aquele veículo enorme, confortável, sem solavancos, seguro, desliza macio pelas ruas da cidade, silencioso, preso por uma alça a uma rede elétrica, faz parte da minha história. Em Santos o trólebus da linha 54 Centro – Orquidário passava em frente à minha casa, na Rua Constituição e, quando fui para a Faculdade em 1967, era ele que eu tomava todas as noites na esquina com a Rua Sete de Setembro para descer na Rua Euclides da Cunha, perto do Orquidário, onde ficava a Faculdade de Filosofia. E, num desses acasos da vida, quando me instalei em São Paulo na Aclimação, novamente, lá estava o trólebus passando em frente do prédio em que morava. Dessa vez, era o 408 A – 10, a linha de trólebus mais antiga do Brasil: 76 anos.  

São Paulo foi pioneira no Brasil na implantação de veículos elétricos. Eles eram importados dos Estados Unidos e Inglaterra e começaram a rodar em 22 de abril de 1949. Inicialmente, o trajeto se estendia da Praça General Polidoro e à Praça João Mendes. Foi bem mais tarde que a linha se estendeu da Aclimação a Perdizes, passando por sete bairros.

            Espero que os trólebus continuem rodando por São Paulo ou pelo menos a linha Cardoso de Almeida/Machado de Assis. Encostá-los é desperdício de dinheiro público, pois significa abandonar toda a rede elétrica e a mão de obra especializada... A Prefeitura ressalta o fato de que os veículos novos movidos à bateria não são poluentes; ora, os – os trólebus (210) também não são poluentes, rodam com energia elétrica.

            Aqui fica a proposta de um passeio de uma hora aproximadamente por sete bairros de São Paulo – Aclimação, Liberdade, Centro, Vila Buarque, Higienópolis, Pacaembu e Perdizes, repletos de pontos históricos, casas de espetáculos, museus, igrejas e paisagens pitorescas. Se der sorte pode ser até que haja um trólebus circulando, o que reforçará o aspecto históricos da viagem.