Era uma vez três irmãos franceses que vieram
para o Brasil em 1896, estabelecendo-se em São Paulo. Chamavam-se Antoine,
Ernest e Henry. Eles não eram imigrantes comuns – procedentes de Marselha, no
Sul da França, eram industriais famosos pela produção de cerâmica de grande
qualidade exportada para toda Europa. Os três pretendiam instalar uma fábrica
no Brasil. Instalaram-se no bairro da Água Branca e, como bons profissionais, começaram
a pesquisar a argila mais adequada para o empreendimento para a produção de
louça e telha, insatisfeitos com o resultado mudaram para Osasco e o resultado
foi insatisfatório. Decidiram então se associar em 1891 a outros três irmãos: os
italianos Emidio, Bernardino e Panfílio Falchi. Com eles fundaram uma olaria na
Vila Prudente; porém, continuaram as pesquisas e em 1893 alugaram um galpão dos
Falchi começaram os testes com a argila do Moinho Velho, próximo à Estrada das
Lágrimas, caminho para o Litoral. Satisfeitos com os resultados, em 1895
fundaram o Estabelecimento Cerâmico Saccoman Frères, que foi a primeira
grande fábrica de cerâmica do Brasil.
A qualidade de alto padrão das louças e telhas produzidas pela empresa garantiram
a popularização das telhas planas conhecidas como telhas francesas ou de
Marselha no Brasil. A família construiu um casarão de quatro andares em estilo
art nouveau, com um grande jardim, que funcionava também como mostruário dos
produtos da empresa. Na parte de trás ficava a vila dos operários. Com a morte de
Antoine em 1921, os irmãos venderam a fábrica para Américo
Paschoalino Samarone, antigo funcionário da empresa, e retornaram para a
França.
Samarone mudou o nome da empresa
para Cerâmica Ypiranga, que funcionou até 1956. Ele fundou um cinema e comprou
um prédio na Rua José Bonifácio, 210, onde instalou seu escritório. A fábrica desapareceu, a cratera de onde a argila
era retirada virou uma lagoa, a “lagoa maldita” como era conhecida porque algumas
pessoas morreram afogadas, e que foi aterrada em 1960.
Saccoman aportuguesou-se para Sacomã,
nome do bairro. Dizem que os passageiros dos bondes em implantação costumavam
usar o nome da Cerâmica para pedir informações ou indicar o destino. Samarone e
a esposa Malvina ganharam, respectivamente, nome de avenida e rua.






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