Quando
o basquete se tornou um produto importante da televisão, o astrônomo e
astrofísico norte-americano Carl Sagan (1934-1996) vislumbrou nesse esporte um
meio para o ensino de Ciência e Matemática. Sagan foi divulgador científico e
explicou muito bem o motivo que o levou a pensar em algo aparentemente tão excêntrico.
Num artigo, ele definiu o basquete como um jogo que se tornou “em seus melhores
momentos – a síntese esportiva suprema de inteligência, precisão, coragem
audácia, intuição e astúcia, espírito de equipe, elegância e graça”.
E
aí pergunta-se, onde entra a ciência nesse coletivo de adjetivos? Sagan explicou
que “para entender uma média de arremesso livre de 0,926 é preciso saber
converter as frações em decimais. Uma bandeja é a primeira lei newtoniana do
movimento posta em ação. Todo arremesso representa o lançamento de uma bola de
basquete num arco parabólico, uma curva determinada pela mesma física
gravitacional que especifica o voo de um míssil balístico, a Terra girando ao
redor do Sol ou uma nave espacial indo ao encontro de um mundo distante. Quando
o jogador enterra a bola na cesta, o centro de massa do seu corpo fica por
breve instante em órbita ao redor do centro da Terra.”
E
ele continua. “Para enfiar a bola na cesta, é preciso levantá-la na velocidade
correta: 1% de erro, e a gravidade deixa o jogador em má situação. Os
arremessadores de três pontos, sabendo ou não, compensam a resistência
aerodinâmica. Cada uma das pancadas sucessivas de uma bola solta fica mais
próxima do chão por causa da segunda lei da termodinâmica. Daryl Dawkins ou
Shaquille O’Neal espatifando a tabela é uma oportunidade para ensinar – entre
outras coisas – a propagação das ondas de choque.”
Essa é a beleza da Ciência. A Ciência e a Matemática permeiam nossas vidas e aprender a encontrá-las é o jogo mais fascinante que se pode praticar – a cada passo sempre há possibilidade de uma nova descoberta.
Carl
Sagan – “O mundo assombrado pelos demônios. A ciência vista como uma vela no
escuro.” Companhia das Letras.