Não
sei como atualmente as crianças aprendem aritmética e matemática, quando as
calculadoras são tão populares. Lembro como era importante aprendermos tabuada
– e quando aprendíamos a do nove, nos sentíamos muito importantes. Essas eram
conquistas com um significado que nos escapava na época – esses exercícios nos
acompanhariam para o resto da vida. As recordações me ocorreram por causa do
livro sobre a história do pensamento matemático da Antiguidade aos nossos dias,
que descobri na biblioteca.
Na Antiguidade, as pessoas usavam os
dedos para contar, pedrinhas e o ábaco, antigo instrumento de cálculo,
provavelmente, com origem na Mesopotâmia há mais 5.500 anos! Gregos e egípcios,
o usaram; chineses e romanos o aperfeiçoaram.
Nossa
educação restringe-se praticamente ao mundo greco-romano, como se não tivesse
existido a cultura mesopotâmica chinesa, egípcia, indiana e árabe entre outras,
onde há muito mais tempo se estudavam matemática, geometria e astronomia para
descobrir o funcionamento do Universo. Imagino como teria sido gostoso ter uma
matéria só sobre a História da Matemática, o que nos ajudaria a confiar mais na
inteligência humana e não superestimar hoje a artificial.
Na
Antiguidade, se o professor grego pedisse a um aluno que contasse até dez, o
menino começaria: dois, três, quatro, cinco... E estava certo porque para os
pensadores gregos o um trata de existência, não de quantidade. “A
multiplicidade é domínio dos números.” Esse conceito mudou com a inclusão do
número Um por Arquitas de Tarento (428 a.C-345 a. C.), filósofo
(pitagórico), matemático, astrônomo, estratego (general do exército na Grécia
Antiga) e estadista.
Com
as facilidades do século XXI, difícil imaginar que no princípio para fazer
contas se usassem pedrinhas, que iam se amontoando, conforme o número e por
causa disso até hoje fazemos cálculos, pois em Latim pedrinha é calc̬ŭlus,
i (pedra = calx, calcis). Na Medicina, a palavra continua em uso –
os urologistas que o digam: “o senhor/a tem cálculos nos rins”. (E tome água!)
Metafísico,
filósofo, matemático e astrônomo, Pitágoras (560 a.C.– 500 a.C.) foi quem
concluiu que “tudo são números”, algo com que os cientistas atuais até
concordam, mas a questão é que a afirmação de Pitágoras tinha um lado místico,
que a afasta da Ciência.
Os
romanos usavam letras para escrever os números (I, II, III, IV, V, VI, VII,
VIII, IX e X, L, C e M), o que dificultava qualquer operação. Um engano comum (pelo
menos na minha geração) é a denominação “arábicos” para os algarismos que
usamos correntemente, que na verdade têm origem indiana. Entre os anos 250 a.
C. e 500 a. C., os hindus desenvolveram os dez símbolos (0-9) e o sistema
decimal. O zero que era um símbolo acabou se tornando um número fundamental. Os
árabes foram os grandes divulgadores do sistema hindu que haviam adotado com
algumas adaptações. A forma atual consolidou-se no Ocidente no século XV e
generalizou-se. Em Português, a origem da palavra zero é o francês – zéro,
pelo vêneto zero. Em árabe, zero significa vazio.
E para terminar que tal o =, + e –? X e ÷? Os sinais de mais e menos: Johannes Widmann (1460-1498), um matemático alemão, usou pela primeira vez os dois sinais em seu livro Aritmética Comercial, publicado em 1489, em Leipzig. Coube ao inglês William Oughtred criar o sinal de multiplicação (x) em 1631. Quanto ao símbolo de divisão, há controvérsias: ele foi introduzido pelo suíço Johann Rahn em seu livro sobre álgebra em 1659, mas para outros teria sido o editor inglês John Pell. Oughtred também usou dois pontos (:).
Ábaco romano reconstruído. Foto: Mike Cow, Wilipedia. - esquerda.
Ábaco
chinês. Foto: Enciclopédia Britânica. 6.302.715.408) - à direita.























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