quinta-feira, 27 de novembro de 2025

PAUL VALÉRY

 


“Já não sei e me pergunto, em meio a meus anéis de fumo, se irei esta tarde ao mar, através das árvores, ou até o monte carregado de rochas, ou então visitar alguns amigos em suas moradas; ou se deixarei puramente escorrer o bom tempo límpido, toda a massa do começo da tarde lento e tépido até a sua última luz? Oscilo, pinto-me o possível e apago. Digo-me sem querê-lo que os animais não o fazem nada mais que o útil. Até suas brincadeiras são justos dispêndios. Mas nós, o excesso de espírito turva e difere, com sua duração, todas as contas de nossa vida. Ganhamos, perdemos tempo, nosso saldo nunca é nulo. Sonho com essa moeda estranha. Ouço uma água que silva e segue não sei onde; um martelo não sei onde que martela não sei o quê...”

ALFABETO, do poeta e filósofo francês Paul Valéry (1871-1945). Tradução: Tomaz Tadeu.

“Je m’interroge au milieu de ma fumée si j’irai tantôt vers la mer à travers les arbres, ou sur le mont accablé de roches, ou bien visiter quelques amis dans leurs demeures; ou si je laisserai couler purement le beau temps limpide, toute la masse de l’après-midi lente et tiède jusqu’à sa dernière leur? Je varie, je me peins le possible et j’efface. Je me dis sans le vouloir que les bêtes ne font rien que d’utile. Même leurs jeux sont de justes dépenses. Mais nous, Le trop d’esprit trouble et differe tous les comptes de notre vie avec sa durée. Nous gagnons, nous perdons du temps, notre solde n’est jamais nul. Je rêve a cette monnaie étrange. J’entends une eau qui chuinte et se suit je ne sais où; un marteau je ne sais où qui martèle je ne sais quoi...”

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

NO MUNDO DOS LIVROS

 

Depois de passar a manhã tentando falar com a atendente eletrônica da Comgás, que não entende o que eu preciso, à tarde fui à Biblioteca Viriato Correia, na Vila Clementino, que só conhecia de passagem. Uma surpresa agradável. Ela é ampla, com farta luz natural e muito convidativa. No momento, tem uma exposição dos trabalhos realizados pelos alunos das seis Escolas Municipais de Iniciação Artística, voltadas para crianças de cinco a treze anos. De acordo com a Prefeitura, o projeto dessas escolas é conduzido por corpo docente composto por artistas e educadores e integra música, dança, teatro e artes visuais em processos criativos. As escolas estão localizadas nas Zonas Norte (Brasilândia), Oeste (Chácara do Jockey), Leste (Chácara das Flores), Noroeste (Perus) e Sul (Parelheiros).

            No início, achei estranhas as obras expostas, mas soube que desde 2008 a biblioteca tem como tema a literatura fantástica.  Confesso que achei muito melhores os trabalhos da garotada do que alguns que tenho visto em espaços nobres da cidade.

Criada em 1952, a Biblioteca Infantil da Vila Mariana ocupou por uma década um sobrado na Rua Domingos de Moraes até mudar em 1962 para o prédio moderno e adequado à finalidade na Rua Sena Madureira, 298. O projeto é do arquiteto José Augusto Barros Arruda. Em 1969, a biblioteca ganhou o nome do escritor maranhense Manuel Viriato Correia Baima do Lago Filho, ou seja, Viriato Correia (1884-1969), um mestre da literatura infantil.

            Não foi por acaso que fui até lá. Há tempos quero ler “O Teorema do Papagaio”, do escritor francês Denis Guedj, e que só está disponível para empréstimo lá. Saí muito satisfeita com o atendimento e com tudo o que vi.

                E já que o tema é infância, fui procurar Papai Noel pela cidade.




domingo, 23 de novembro de 2025

A QUERIDA MARIA-FUMAÇA

 

TREM DE FERRO

Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isto maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!

Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá

Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no Sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

O poeta pernambucano Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho, ou simplesmente, Manuel Bandeira (1886-1968), é o autor do poema . FOTO: Museu da Imigração, 23 de novembro de 2025. Um passeio delicioso e com Vinicius, um ótimo guia.

Rua Visconde de Parnaíba, 1316 - Mooca. Perto da Estação Bresser-Mooca do Metrô. A Maria Fumaça só "trabalha" nos finais de semana. Afinal, é uma senhora centenária.

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

ESMERALDA... QUE ATRIZ!

Esmeralda é feiosa e nada sexy.  Para nossos padrões de beleza está bem acima do peso. Tem uma boca enorme desproporcional à cabeça e ornamentada por um bigode nada discreto. A voz? Um horror – parece um velho portão enferrujado, talvez porque aprecie um bom charuto. E se move sem elegância; não dança, mas gosta muito de música. Felizmente não canta. Nas cenas em que aparece usa apenas um colar. Sim, ela não é recatada e sempre que tem oportunidade dá sonoras beijocas nos companheiros de viagem. É impossível não gostar dessa grande atriz. Esmeralda nunca leria o que acabei de escrever porque se trata de uma foca amestrada que brilha no pequeno papel que tem no filme de Disney “20 mil léguas submarinas”, baseado no livro de Júlio Verne. A foca contracena com Kirk Douglas, que canta para ela a música “A Whale of a Tale” – impagável.  

É sempre um prazer rever esse filme que mostra a genialidade do escritor francês Júlio Verne (1828-1905) e do cineasta norte-americano Walt Disney (1901-1966). O primeiro escreveu sobre máquinas “maravilhosas” que só se concretizaram no século XX; o segundo foi mestre em transformar a ficção em obras cinematográficas impecáveis.

O filme de 1954, dirigido por Richard Fleischer, venceu o Oscar de 1955 nas categorias de melhores efeitos especiais e melhor direção de arte em Cores. No elenco, além de Kirk Douglas (Ned Land) e Esmeralda (ela mesma), estão James Mason (capitão Nemo) e Peter Lorre (Counseil). Disponível para assinantes no Cinema Livre – Filmes Clássicos da Era de Ouro do Cinema. 


https://www.youtube.com/watch?v=CP3_sOEo8gg

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

FESTA DO LIVRO DA USP

A Festa acontecerá entre os dias 26 e 30 de novembro, de quarta a sexta das 9h às 21h e no sábado e domingo das 9h às 19h, na Travessa C, situada entre a a avenida Prof. Mello Moraes e a Praça do Relógio Solar.

Linha 4 Amarela do Metrô, sentido Vila Sonia, estação Butantã; no Terminal de ônibus, linha 8022-10. No local, há várias linhas circulares para os diversos locais da Cidade Universitária. 


quarta-feira, 19 de novembro de 2025

"SALVE, LINDO PENDÃO DA ESPERANÇA"

 

Às 12 horas, os sinos da Sé tocam e acontece uma singela cerimônia promovida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Dia da Bandeira.

O título é a primeira estrofe do Hino à Bandeira, composto por Olavo Bilac (1865-1918) e musicado pelo maestro Francisco Braga (1868-1945).

"Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

NOITE PAULISTANA

 

Ontem, para variar, fui caminhar à noite na Avenida Paulista que, em matéria de decoração natalina, está bem longe de tempos idos e vividos. Calçadas movimentadas e pistas congestionadas, forte policiamento, muitos ambulantes estabelecidos, aquele pessoal que assedia os pedestres tentando interrompê-los para ouvir alguma nova “maravilha” que vai resolver seus problemas existenciais, bicicletas circulando por onde não deviam... Na escadaria da Casper Líbero, jovens se divertiam em um evento musical (depois soube que era a final nacional de um campeonato de Tetris – jogo eletrônico). Bares lotados (como quase sempre). A ornamentação natalina é pouca – gostei do que vi no Conjunto Nacional e no Shopping Paulista (na Rua Treze de Maio). Voltarei em breve.


Uma lembrança de Tomie Ohtake e um símbolo da Paulista.

Conjunto Nacional.

Casper Libero



1313 da Avenida Paulista: FIESP.