domingo, 12 de fevereiro de 2023

A BUSCA DE UM LIVRO

 

Os funcionários da livraria Martins Fontes não deixam o leitor a ver navios (o que até seria difícil ali na Paulista). O jovem que me atendeu encontrou rapidamente um dos livros que eu queria, mas os outros dois estavam esgotados na editora. Quando soube do assunto do meu interesse, logo sugeriu um autor que também tratou do tema e, como me interessei, ele procurou o nome do livro que, infelizmente, também estava fora de catálogo. Anotou o título em um papel para que eu procurasse em um sebo.

    Ontem, pesquisei na internet e achei o livro num sebo na Liberdade. Com a informação de que a loja estaria aberta até as 18 horas, anotei o endereço e fui até lá. O roteiro era simples: descer na altura da rua da Glória e descobrir a tal praça de que nunca ouvira falar. A moça da banca de jornal era uma versão simpática e em carne e osso do Guia 4 Rodas. Batia papo com uma senhora que devia estar varrendo a calçada – pelo menos a vassoura que empunhava indicava essa intenção. “Vire aqui à direita e na próxima também à direita, mas lá não tem livraria nenhuma. Lá só tem um hospital. Deve ser na Praça da Liberdade” – informou, cética. Expliquei que pegara o endereço na internet. A senhora da vassoura já foi acrescentando que o lugar era muito perigoso. “Não vá lá, não.” Falei que tomaria cuidado, agradeci e lá fui eu. Era ali pertinho. Há uma placa indicando a praça que, na verdade, é uma rua de uma quadra só. Área em decadência, vários moradores de rua instalados no lado ímpar. Numa oficina, o mecânico também ignorava a existência de um sebo. Os seguranças do hospital também, mas um deles consultou o Google e confirmou a existência do sebo. Outro sugeriu que eu fosse ao Sebo do Messias. (O pessoal é bem informado.) Fui até o final da quadra e... Nada! Olhando aquele casario decadente, deduzi que o sebo deve ser virtual. A informação correta seria: em funcionamento e não aberto. Na volta, agradeci aos seguranças e resolvi seguir o conselho deles e fui caminhando até a Praça João Mendes.

    O Sebo do Messias, que comemorou 50 anos em plena pandemia, está cheio. Peço ajuda a um funcionário. Ele consulta o terminal e não tem nenhum deles. “Devem ser livros raros” – comenta e me indica a seção onde posso encontrar outros do mesmo assunto. Apesar da preguiça, vou na direção indicada, mas vejo a prateleira dedicada à história de São Paulo e fico por ali bisbilhotando... e não é que acho um livro sobre o tema que procuro e que desconhecia? Ganhei o dia!

Praça João Mendes, fevereiro de 2023.

Praça João Mendes, fevereiro de 2023.



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