Os
funcionários da livraria Martins Fontes não deixam o leitor a ver navios (o que
até seria difícil ali na Paulista). O jovem que me atendeu encontrou
rapidamente um dos livros que eu queria, mas os outros dois estavam esgotados
na editora. Quando soube do assunto do meu interesse, logo sugeriu um autor que
também tratou do tema e, como me interessei, ele procurou o nome do livro que,
infelizmente, também estava fora de catálogo. Anotou o título em um papel para
que eu procurasse em um sebo.
Ontem,
pesquisei na internet e achei o livro num sebo na Liberdade. Com a informação
de que a loja estaria aberta até as 18 horas, anotei o endereço e fui até lá. O
roteiro era simples: descer na altura da rua da Glória e descobrir a tal praça
de que nunca ouvira falar. A moça da banca de jornal era uma versão simpática e
em carne e osso do Guia 4 Rodas. Batia papo com uma senhora que devia estar
varrendo a calçada – pelo menos a vassoura que empunhava indicava essa
intenção. “Vire aqui à direita e na próxima também à direita, mas lá não tem
livraria nenhuma. Lá só tem um hospital. Deve ser na Praça da Liberdade” –
informou, cética. Expliquei que pegara o endereço na internet. A senhora da
vassoura já foi acrescentando que o lugar era muito perigoso. “Não vá lá, não.”
Falei que tomaria cuidado, agradeci e lá fui eu. Era ali pertinho. Há uma placa
indicando a praça que, na verdade, é uma rua de uma quadra só. Área em
decadência, vários moradores de rua instalados no lado ímpar. Numa oficina, o
mecânico também ignorava a existência de um sebo. Os seguranças do hospital
também, mas um deles consultou o Google e confirmou a existência do sebo. Outro
sugeriu que eu fosse ao Sebo do Messias. (O pessoal é bem informado.) Fui até o
final da quadra e... Nada! Olhando aquele casario decadente, deduzi que o sebo
deve ser virtual. A informação correta seria: em funcionamento e não aberto. Na
volta, agradeci aos seguranças e resolvi seguir o conselho deles e fui
caminhando até a Praça João Mendes.
O Sebo do Messias, que comemorou 50 anos em plena pandemia, está cheio. Peço ajuda a um funcionário. Ele consulta o terminal e não tem nenhum deles. “Devem ser livros raros” – comenta e me indica a seção onde posso encontrar outros do mesmo assunto. Apesar da preguiça, vou na direção indicada, mas vejo a prateleira dedicada à história de São Paulo e fico por ali bisbilhotando... e não é que acho um livro sobre o tema que procuro e que desconhecia? Ganhei o dia!
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