Para
começar escolhi Alberto de Oliveira, poeta fluminense que nasceu em 1857 em
Palmital de Saquarema e faleceu em Niterói em 1937. Ocupou a cadeira 8 da
Academia Brasileira de Letras (fundador). “Nem todos cantam tudo; e o erro
talvez da geração nova será querer modelar-se por um só padrão. O verso do Sr.
Alberto de Oliveira tem a estatura média, o tom brando, o colorido azul, enfim
um ar gracioso e não épico”, opinião de Machado de Assis, num ensaio de 1879.
Crescente de Agosto
Alberto de Oliveira
Alteia-se no azul aos poucos o crescente,
O ar embalsama, os cirros leva, o escuro afasta;
Vasto, de extremo a extremo, enche a alameda vasta
E emborca a urna de luz nas águas da corrente.
Na escumilha da teia, onde a aranha indolente
Dorme, feita de orvalho, uma pérola engasta.
Faz aos lírios mais branca a flor cetínea e casta,
Mais brancos os jasmins e a murta redolente.
Faz chorar um violão lá não sei onde... (A ouvi-lo
Na calada da noite, um não sei quê me invade)
Faz que haja em tudo um como estranho espasmo e enlevo;
Faz as cousas rezar, ao seu clarão tranquilo,
Faz nascer dentro em mim uma grande saudade,
Faz nascer da saudade estes versos que escrevo.
In: Poesias, Quarta série. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1928.
(Observação: ouso esclarecer o significado de duas palavras
pouco usadas: cetínea – acetinada, e redolente, aromática.)
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