Aqui me despeço de Roma, da Itália! Um dia de céu azul, sem nuvens. E com música. ❤️
https://youtu.be/4CGN33YcBaM?si=93klsy44CZ33I_SF
Aqui me despeço de Roma, da Itália! Um dia de céu azul, sem nuvens. E com música. ❤️
https://youtu.be/4CGN33YcBaM?si=93klsy44CZ33I_SF
Que tal Adoniran Barbosa? Um pé na bota outro na Bela Vista, sempre querida.
https://youtu.be/NehlFIMngEc?si=v3BPmvliXRuriTy4
Dia de descanso com ajuda dos três tenores: José Carreras, Plácido Domingo e Luciano Pavarotti. Meu preferido, Plácido. Aliás, os três estavam de folga neste divertido concerto.
https://youtu.be/ERD4CbBDNI0?si=awVWYMU29L4xQhui
Há dias tento visitar uma igrejinha graciosa, encarapitada no alto da colina Caperrine de Messina.
O problema é que sempre esquecia de pegar o nome e, finalmente, soube que é o Sanctuaryo de Montalto. Sobe-se por uma escadaria que lembra a do Caminho Monsenhor Moreira, no monte Serrat, em Santos. À medida que subo a vista da cidade se amplia. Faz calor e o Sol está a pino, mas é suportável. Quando chego ao final da subida, a paisagem é muito linda. O mar Tirreno, um ou dois barcos à vela, embarcações em operação, um monstruoso transatlântico e todo aquele azul do céu.
A igreja em tom rosa é modesta e bem conservada. O primeiro templo ali construído foi em 1286 mas a consagração só aconteceu em 1483. O edifício sofreu com o terremoto de 1908 e foi a primeira igreja a ser restaurada.
Em 1988, quando esteve em Messina, o Papa João Paulo II visitou o santuário. Para marcar o evento foi feita uma escultura do papa em escala natural observando o estreito.
Desço a colina e encontro uma cena muito especial na Piazza dell Duomo: os turistas parados ouvindo em silêncio a "Ave Maria" de Gounod e Bach, uma gravação sinfônica, transmitida pelo auto-falante do Duomo, onde se realiza uma missa festiva voltada para militares.
Quando termina a música fico observando as pessoas que voltam a circular pela praça. Hoje há dois navios de cruzeiro no porto. As empresas colocam os passageiros em ônibus, que distribuem a primeira leva num ponto turístico, vão buscar outra e recolhem a anterior que devem ser deixadas para visitar outro lugar bonito. Eles têm pouco tempo e muitos nem notam a beleza do relógio astronômico da torre que move as figuras. (Ele vale uma história especial.)
As pessoas parecem satisfeitas - exceto uma garota que resolve discutir a relação com o rapaz que a acompanha. Marido, namorado, noivo ou amante? Resolvi bater em retirada.
(Revisto. Detesto escrever em celular e ainda tem o corretor de texto que me deixa mais alucinada.)
São 19h50. Hoje a cidade parece vazia, embora tenha chegado um novo transatlântico com mais turistas. Imagino que o programa deles seja corrido - entram em ônibus para conhecer a cidade, vão jantar e no dia seguinte têm outro passeio de coletivo.
A praca Cairole, que fica no centro histórico, está agitada e a maioria das pessoas é italiana. Um ou outro estrangeiro como eu. Os bancos estão todos ocupados. Amigos relaxando, idosos observando o movimento, pais de olho nos filhos que brincando por ali e jovens, muitos jovens, com amigos, namorados, colegas e mesmo na companhia dos pais e irmãos. Há um músico se esforçando, mas ninguém presta atenção nele.
Na avenida em que se concentram as grandes marcas, as pessoas fazem o footing e tomam conta de todo o espaço.
Para o paulista, a Sicília é complicada. A sesta, aquela soneca após o almoço, é uma instituição aqui. E cada um faz seu horário. No horto, o funcionário ia saindo, mas foi gentil suficiente para adiar o fechamento do portão. As lojas costumam ter uma placa indicando o horário de funcionamento, que pode ser de 9 às 13 e das 17 até as 21 horas!
Depois de um dia quente e cansativo, não deu para ir jantar cedo como em São Paulo porque os restaurantes aqui começam a abrir às 20 horas. No Brasil, conheci apenas um lugar em que se fazia a sesta: Porto Velho Roraima). Achei uma bobagem e continuei um passeio, mas logo concordei com a inciativa - impossível fazer qualquer coisa com aquela canícula.
Amanhã tem mais.
Guarda che luna! Hoje é o que importa. Ontem, foi ótimo e amanhã não existe, portanto, temos que aproveitar o momento presente. Admirar a paisagem e tentar absorver um pouco da cultura local que no momento está sofrendo com o turismo de massa.
Lembro dos tempos de Santos, que na temporada de verão se tornava insuportável para nós, moradores: tudo mais caro, filas para compra de pão, falta de água... E falávamos todos a mesma língua. Turistas estrangeiros não eram muito comuns. Nos tempos atuais, o comerciante local se vê às voltas com idiomas de todos os continentes e, compreensivelmente, no meio do dia, já está exausto tentando entendê-los. Muitas vezes são rudes. Muitos não escondem a insatisfação. Torna-se difícil dividir com o outro essa lindíssima lua cheia pendurada na varanda do hotel.
A música de Norman Newell e Riziero Ortolani, gravada por Frank Sinatra, referia-se a um casal apaixonado, eu a uso porque gosto da canção e muito, muito mais de Frank Sinatra. Messina, 20 de setembro.
https://youtube.com/watch?v=sPkL7cw7J7Q&si=rZvK7eUvZBr8oOcX
Acerale. É onde estamos, de acordo com o serviço de informações do trem. Partiremos logo. Sábado em Taormina fui a um casamento que se destaca das aventuras vividas. O restaurante tinha mesinhas na calçada, todas ocupadas, mas em destaque a do centro, onde os noivos estavam sentados. À frente do restaurante um conjunto musical tocava a tarantela. Os noivos sorriam felizes. Turistas tiram fotos. Parece uma festa pública. Contínuo o caminho. Mais tarde passa um cortejo - padrinhos e alguns convidados especiais. Será que poderei cantar "lá vem a noiva de véu e grinalda"? Outra lembrança : Cauby Peixoto! Ah! Que pena! Nem ela nem o noivo aparecem.
A temporada de casamentos continua. A festa é noturna e na Catânia. Os noivos dançam na praça. Uma cantora de voz suave enternece uma pequena plateia de estranhos curiosos. Fotógrafos e cinegrafistas registram momentos de enlevo do casal. Do outro lado da praça um casal mais velho com uma daminha de honra desfila para o público e fotógrafos. A garotinha anda com segurança. Caminha como modelo. A vida é bela, cheia de promessas.
Quem sabe amanhã veja outros.
Evitar sair com pé esquerdo da cama e cortar as unhas dos pés são algumas das superstições relativas à sexta-feira 13. Não sou supersticiosa tampouco lembrei da data ao acordar. Tudo deu certo. Nem percebi que o vento me encheu de areia e areiou minha pele. Aliás, foi um dia de coisas agradáveis, como rever o quase esquecido figo-da-india, fruta cítrica, suculenta e espinhosa, abundante nas diversas feiras da cide. Conhecer o artesanato local, intensamente colorido.
Mas hoje é sábado dia de Taormina. Trem ou ônibus. Vamos de táxi, após negociar o preço com o motorista - o que não é garantia em se tratando de Sicília. Entramos pela Porta Máxima. As ruas estreitas estão repletas de turistas que acrescentam um toque exótico ao ambiente. A moda são vestidos leves, com estampas de cores exuberantes ou qualquer coisa que você pegar na mala ou guarda-roupa, displicentemente, pensando apenas em aproveitar o dia. Para qualquer lado que você olhe, a paisagem é de tirar o fôlego.
Um projeto turístico inteligente une História paisagem com atrações culturais contemporânea como um festival de jazz ou ópera. Depois de provar uma caponata deliciosa e respirar fundo antes de tomar um gelato - e os daqui não desapontam, retoma-se o caminho. Entro numa ruela, sou abordada por um rapaz nervoso de roupa estranha. Quer saber onde vou, explico que me dirijo a Therme. Parece que ele nunca ouviu falar nisso. Está cada vez mais aflito. Vejo um nome de hotel bordado no uniforme e pergunto se ali é um hotel. Sim! Ora, por que não disse antes?
Catânia. Sexta-feira 13. Final de verão tórrido. Interessante como o tempo pode alterar algumas recordações. Vou caminhando em direção ao arco que vejo numa extremidade da rua, onde creio que irei rever o elefante... No caminho um café e um panino com ligeiro sabor de era-doce. O arco está sendo restaurado e entorno pouco tem de atrativo. Um senhor interrompe uma conversa e explica que o elefante fica do outro lado da cidade. As lembranças se misturam. Volto, sem pressa, apreciando a arquitetura, as placas do comércio e tentando sobreviver ao trânsito e aos buzinaços de um povo impaciente.
Chego à Praça do Elefante, que está linda. E repleta de visitantes. Há missa na igreja de Santa Agatha e me dirijo à outra igreja, onde também há missa, que não impede os negócios. Na entrada, vendem-se ingressos para visita à cúpula e concerto com música de Bellini à noite. Lá no altar, o padre celebrante vai chegando à parte principal do ofício. Tem um corte de cabelo moderno e usa sandálias.
Escadarias à vista! No terraço, um vento gostoso ameniza o calor. Um mar de telhados se estende a perder de vista. Lá embaixo as pessoas se movimentam de um lado para outro tentando não perder detalhes da praça, do mercado ou dos citadinos. Num dos cantos do terraço vejo o campanário, os velhos sinos agora silentes.
Hora de ir à cúpula. Ao pé da escadinha um semáforo, que está no vermelho. Aguardo o verde para subir. Lembranças da primeira visita ao Vaticano: uma escadinha estreita, ingrime e lotada. Impossível se arrepender e voltar. Uma péssima experiência. Esta solução é perfeita. Verde: subo com facilidade e chego logo ao tipo. O horizonte se amplia e abrange o Tirreno. Guarda que mare!
Hora de descer. Hora do almoço. Noto que o vento transporta areia que se infiltra entre os cabelos e arranha a pele. Será o velho Siroco que sopra do Saara e transporta areia para o Sul da Europa?
Estou de volta à Sicília, que visitei há 31 anos e conquistou meu coração. Como daquela vez, começo pela Catânia. Em 1997 vim de avião, passagem com desconto para viajantes dispostos a permanecer uma semana na ilha. Agora, nada de repetições. Mais emoções. Chegar de trem. E fui atrás da passagem no balcão da Treni Italia, na Termini. Um atendimento perfeito. Embarquei hoje às 7 h 28 na carroza 4, assento A 11. À minha frente um gordinho carente desejoso de participar da conversa de um grupo masculino viajando a serviço. Acabou incluído. No outro lado do corredor, dois militares.
Em 30 anos, com as novas tecnologias, desapareceu aquele funcionário que agitava a bandeira ou apitava autorizando a partida do comboio, o rapaz do carrinho de café, água, sanduíches e doces, pessoal da plataforma que ajudava confusos como eu... Imagino que o maquinista seja guiado pelo GPS e as ordens sejam dadas pela internet. Máquinas imóveis e sem graça, recheadas de porcarias gordurosas ou salgadas, substituíram os carrinhos. E se você precisar de uma informação tem que importunar passageiros experientes, mas não oniscientes. Sobrou o fiscal de bilhetes.
A viagem foi tranquila. Paisagens bucolicas e urbanas se alternavam nas janelas. Passam ligeiras. Vívidas. Numa das paradas sobe um jovem simpático, gordinho também (o outro continua incluído no grupo). Lembra meu amigo Tonico. Logo noto que fala sozinho sobre o que vê lá fora, algo que viu no celular. Ele parte logo.
Agora vejo o mar Tirreno, tranquilo. Quanta beleza! Agora chega uma família: pai, mãe e filha adulta. Confusos. A mãe briga com o pai, o pai com a mãe e a filha tenta contornar a situação. Liga o filhinho e acontece uma "live"(acho que a expressão é essa) que todo o vagão ouve.
O trem começa a dar marcha à ré. Então percebi que chegamos ao barco. E para minha surpresa vamos atravessar no trem e continuaremos nele na ilha. Descemos para apreciar a paisagem até chegar a Messina.
Valeram as 10 horas de viagem, a convivência com pessoas interessantes, que gostam de ouvir a própria voz e se expressam em uma língua muito bonita.
Quem diria que de férias lembraria da professora dos tempos do Liceu Feminino Santista? Aliás, pensando bem, todos os motivos para lembrar me dela. Ela era professora de História e estou de volta a Roma, que transborda História. Minha professora não se enquadrava no modelo conservador do Liceu. Era bem atrevida para o final dos anos cinquenta.
A caminho de Viterbo, embarco na linha do metrô que vai para Laurentina. Laurentina, era o nome da mestra.
(Oh! Céus! Não é que mudei a mestra de gênero? Que história é essa, Hilda?)
A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias“Não é o solo, como não é a raça, o que faz uma
nação. O solo fornece o substrato, o palco da luta e do trabalho; os homens
fornecem a alma. O homem é tudo na formação dessa entidade sagrada que é
chamada de povo. Nada (puramente) material é suficiente para isso. A nação é um
princípio espiritual, o resultado das profundas complicações da história [...]
O homem não é escravo da sua raça, nem da sua língua, nem da sua religião, nem
do curso dos rios ou da direção das cadeias de montanhas. Um grande grupo de
homens de mente sã e rico de coração cria um tipo de consciência moral que
chamamos de nação. Enquanto essa consciência moral der provas de sua força com
sacrifícios que exigem a abdicação do individual em favor da comunidade, ela é
legítima e tem o direito de existir. (Ernest Renan, citado por Luís Cláudio
Villafañe G. Santos em “O dia em que adiaram o Carnaval”, Editora UNESP.)
Hino Nacional Brasileiro: Letra: Joaquim Osório Duque Estrada / Música: Francisco Manuel da Silva.