quinta-feira, 14 de novembro de 2024

SAPOPEMBA

 


Foi uma viagem trepidante. Explico. Dia desses alguém mencionou que a avenida Sapopemba – 38,5 km – só perde em extensão para a avenida Brasil no Rio de Janeiro, que tem 58km. Olhei um mapa e vi que ela começa perto do Belém e se estende até Ribeirão Pires! Sempre gostei do nome Sapopemba, palavra indígena com três consoantes bilabiais e que ouvi pela primeira em São Paulo porque um colega de trabalho falava sempre do bairro em que morava. Significa em Tupi “raiz protuberante”.

Como o sol havia voltado, pensei em ir até lá para conhecer o Parque Zilda Arns que tem sete quilômetros de extensão. O melhor caminho é sempre o metrô: fui até a estação Vila Prudente e embarquei no monotrilho – Linha Prata com destino ao Sapopemba. Até aí nada demais porque em 2014, quando o metrô promoveu visitas do público às duas primeiras estações prontas fui conhecer a novidade.

Parece que esta é a única linha de monotrilho operando no Brasil e a primeira no mundo destinada ao transporte público com alta capacidade.  Ao contrário do sistema tradicional em que os trens correm sobre dois trilhos, neste caso é usado um único trilho. Como as estações são elevadas – a altura varia entre doze e quinze metros, e os vagões têm janelas mais amplas, é possível ter uma visão panorâmica da região. O trem trepida de vez em quando. A surpresa foi a quantidade de conjuntos habitacionais ao longo do percurso, mas escapam da vista as calçadas. Foi apenas quando vi do lado oposto o trem sobre as pilastras em direção à Vila Prudente, dando a impressão de que está solto, que me lembrei de que estava bem longe do solo. Uma bonita imagem.

No terminal da estação Sapopemba, ninguém conhece o Parque Zilda Arns. Insisto no número que peguei na internet. Indicam um ônibus que vai para o Belém. Belém? “A senhora senta ali na frente e vai olhando a numeração” – aconselha o motorista gentilmente. São Paulo consegue ser sempre surpreendente. Por ser imensa, ignoramos muito sobre ela. O trabalho paisagístico dado à avenida no trecho por onde passa o monotrilho diminui o impacto da obra no ambiente: arborização ladeia a ferrovia suspensa e sob ela há uma ótima ciclovia. Do parque nem sinal. O monotrilho segue por um lado e o ônibus pela avenida famosa. Resolvo continuar até o Belém, onde pegarei o metrô. Enquanto observava o comércio, as pessoas em suas rotinas para lá e para cá, lembrei-me de uma palavrinha que, por preguiça, não anotei: linear, e da informação de que o parque tem sete quilômetros de ‘extensão’. Claro que eu havia passado pelo parque – já que um parque linear acompanha rios, canais e até uma via expressa! A questão é que um dia terei que voltar para conhecer melhor as outras atrações, além da ciclovia, que ele oferece.

Imagem: Wikipédia.


2 comentários:

Nilton Tuna disse...

Muito bom! Vivendo e aprendendo. Quando adolescente, costumava passar uns fins de semana em Ribeirão Pires, no sítio do meu avô. Para chegar ao tal sítio, na estação ferroviária pegávamos um ônibus que ia por uma estrada cujo destino era... Sapopemba!

Hilda Araújo disse...

Bom dia, Nilton. Gosto de saber que desperto lembranças familiares com os registros que faço aqui. Era estrada mesmo que ligava o centro da cidade à zona rural e entrando no município vizinho. Foi o Jânio Quadros, quando prefeito em 1954, que mudou a classificação de estrada para avenida.