O ônibus para, o motorista abre a porta, subo, dou boa tarde,
mas já sei que não terei resposta. O motorista é um mal-humorado crônico. Sentei-me
num banco da frente e lá fomos nós! Dois pontos depois alguns passageiros
aguardam e, entre eles três ou quatro estudantes do ensino básico. Devem ter
dez anos, mas estão agitados. Correm, riem e se estapeiam. O motorista para o
coletivo, os adultos entram e os garotos continuam a brincadeira até que um
gritou para o motorista esperar e coleguinha vem correndo sobe os dois degraus,
ri e desce dizendo que não vai. Do meu camarote imagino a cara do motorista. Com
uma cara marota, o moleque para em frente à porta que o motorista não fechara. Diante
do silêncio, ele joga a isca:
– Por que
não fechou a porta? Eu não vou.
Uma
atitude obviamente desafiadora. Uma isca que o zangado ao volante engoliu,
quando perguntou calmamente:
– O que você está aprendendo na escola?
O rostinho
do moleque brilhou:
–
Porra nenhuma! – gritou o sapeca mal-educado.
Silenciosamente,
o motorista fechou a porta e entrou no trânsito modorrento de uma terça-feira da
última semana de inverno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário