BARRA FUNDA DE ELIAS CHAVES
É estranho caminhar pela Avenida Rio Branco, na Barra Funda,
para visitar um palacete, pois os arredores encontram-se em decadência
progressiva. Os tempos de fausto se foram, mas ainda há resquícios que,
felizmente, a sociedade paulista tenta preservar. Destino Palácio dos Campos
Elíseos.
No final do século XIX, o fazendeiro e empresário Elias Antônio Pacheco
e Chaves (1842-1903) mandou com construir a residência da família no terreno situado
na Alameda dos Bambus (Avenida Rio Branco) com fundos para a Alameda Guaianases, na esquina da Alameda
Glete. Não poupou recursos. Nem precisava porque era uma dos homens mais ricos da
época. Elias Pacheco e Chaves era proprietário da mais importante exportadora
brasileira de café – a Companhia Prado Chaves Exportadora de Café, criada em
1887, com o sogro e os cunhados Antonio Prado e Martinho da Silva Prado Júnior.
O grupo tinha catorze fazendas em
São Paulo com cerca de dois milhões e quinhentos mil pés de café (1906), e
mantinha subsidiárias em Londres, Estocolmo e Hamburgo.
Elias Chaves precisava de uma casa grande. Afinal, ele e Anésia
da Silva Prado tinham dez filhos. Assim, ele encomendou o projeto ao arquiteto
alemão Matheus Haussler e a obra levou seis anos para ser executada
(1893-1899). A finalização foi dirigida pelo cenógrafo italiano Claudio Rossi e
pelo arquiteto alemão Hermann Von Puttkamer; a parte da carpintaria coube a outro
alemão: João Grundt.
Em 1899 a família mudou para o palacete, que dispunha no térreo
de sala de visitas com piano, saleta, salão nobre, sala de jantar, gabinete de
trabalho, sala de bilhar e quarto de estudos; uma escada em caracol conduzia ao
andar superior onde havia oito quartos de dormir, três quartos de vestir e uma
galeria que era usada com área de estar. Havia um único banheiro na casa. No
porão, ficavam as dependências de serviço; havia ainda acocheira com uma
vitória e dois cavalos argentinos e o bebedouro. Havia seis dormitórios para os
empregados. As edículas situam-se no fundo do terreno (Guaianases).
Foi o luxo e o conforto da casa que levaram o governo de São
Paulo a requisitá-la em 1906 para hospedar o secretário de Estado norte-americano
Elihu Root. A família permaneceu na casa até 1911, quando foi comprada pelo governo
paulista para servir de residência aos chefes de Estado. Valor do investimento:
580 contos de réis. Quem estreou a nova moradia foi o Conselheiro Francisco de
Paula Rodrigues Alves (1848-1919), que presidiu o Estado de São Paulo de 1912 a
1916; foi sede do Governo do Estado até a mudança para o Morumbi em 1973 e a
partir de então o palacete sediou várias secretarias de governo.
Prédio tombado pelo CONDEPHAAT em 1977. Fechado, no momento.
Motivo: obras de restauro.
(Campos Elíseos foi parte da propriedade dos alemães
Frederico Glete e Victor Nothmann, conhecida como Chácara dos Bambus. O
projeto de urbanização foi de autoria do engenheiro Hermann Von Puttkamer.)
“O Palacete paulistano
e outras formas paulistanas de morar da elite cafeeira”, de Maria Cecília
Naclério Homem São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
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