Por desejo o homem é capaz de cometer as
maiores loucuras. Foi por desejo que Eva aceitou a maçã, causadora da expulsão de
Adão e Eva do Paraíso, segundo o mito da criação. Zeus, deus dos deuses da
mitologia grega idealizados à imagem e semelhança dos homens, não poupava
esforços para realizar seus desejos: transformou-se em forasteiro, camponês e
nos mais variados animais (cuco, águia, cisne entre muitos outros) e até em
chuva de ouro e labaredas. O mais sábio dos homens, Salomão, não resistiu à
beleza da rainha de Sabá. Herodes desejava Salomé, que desejava João que amava
a Deus sobre todas as coisas, mas nesse jogo de desejos, foi ele quem perdeu a
cabeça. Literalmente.
Da antiguidade até os tempos atuais quase
nada mudou. A indústria do cinema, consolidada no século XX, tornou-se uma
fábrica de desejos. Homens e mulheres ansiando por fama e fortuna na mesma
medida em que se tornam objeto do desejo dos simples mortais do planeta. Marilyn
Monroe – que os homens queriam – desejava ser uma intelectual; antes de se
tornar princesa, Grace Kelly que era objeto do desejo dos homens, sempre fez
dos homens o objeto de seus desejos...
Freud, então, não deixou pedra sobre pedra
quando proclamou que parte da humanidade desejava a mãe e a outra, o pai. E
assim foi todo mundo para o divã tentar curar as taras, que Nelson Rodrigues,
com enorme talento, expôs em sua obra.
Mas o que é o desejo? O desejo é a força motriz
da civilização.
A Fontana
di Trevi (Roma), mais conhecida como Fonte dos Desejos, é prova disso. Não há turista que resista ao impulso de
jogar uma moedinha na esperança de ter seus desejos realizados (certamente
voltar a Roma é o principal).
“Sem desejo não há
frustração” – já dizia filósofo e político romano Marco Túlio Cícero (106-42 a.
C.). Voilà!
(Fotos: Hilda Araújo, 2011.)
(Fotos: Hilda Araújo, 2011.)
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